REJEIÇÃO DE CANDIDATOS EM CAMPANHA ELEITORAL!

1. Alguns analistas e comentaristas tratam as porcentagens de REJEIÇÃO a certo candidato como se fosse alguma espécie de ódio ao candidato. Não é nada disso. A pergunta que é feita para medir rejeição é: Em quais desses candidatos você não votaria de jeito nenhum.

2. Uma pergunta dessas feita meses antes da campanha eleitoral em que os eleitores nem sabem direito quem são os candidatos e quando será a eleição, se aproxima de uma rejeição de fato em relação a não votar. Mas, assim mesmo, é uma aproximação que só vale para quem se conhece. Se um eleitor não conhece bem o candidato, é natural que diga que não vota nele. Pelo menos uma proporção grande desses eleitores.

3. Por exemplo. Serra, no início de setembro de 2011, tinha uma rejeição de 31%. Serra é conhecido de todos e, portanto, se poderia dizer que isso representava uma pré-rejeição ao voto naquele momento e naquela proporção. Aliás, esse é um número normal em políticos conhecidos, num horizonte longo de tempo. Lula, segundo Datafolha, em agosto de 2002 tinha 31% de rejeição e em fevereiro de 2006 tinha 34%. Em ambos os casos venceu a eleição. Ou seja: rejeição ao voto não é ódio pessoal, pois muda conforme a conjuntura e não impede eleição, pelas mesmas razões.

4. Serra, hoje, tem 46% de rejeição, segundo o mesmo Datafolha. O que passou? Simples. Quando o eleitor decide seu voto num certo momento e identifica outro candidato como seu adversário, marca na pesquisa que não vota naquele de jeito nenhum. Não é rejeição pessoal. Naturalmente são eleitores firmes de quem lidera e vê naquele o adversário e eleitores firmes de quem disputa o segundo lugar com ele.

5. Não é coincidência que a “rejeição” a Serra cresceu na mesma proporção do crescimento de Haddad. Isso não obriga que a inversa seja verdadeira, na medida em que Serra apontava para o crescimento de Russomano e não de Haddad. É provável que numa queda de braço Serra-Haddad, daqui para frente, parte crescente dos eleitores de Serra marquem rejeição a Haddad e essa cresça.

6. No Rio é algo semelhante. O candidato-prefeito favorito sabe que a única força política que pode derrotá-lo é a do ex-prefeito, que tinha mais de 20% em pesquisas anteriores à campanha. E, em 2000, com os mesmos números e na mesma situação, derrotou o prefeito favorito. Então a comunicação defensiva do atual prefeito, tendo um enorme espaço de tempo de TV e uma cobertura ampla da imprensa como líder nas pesquisas, aponta contra o ex-prefeito.

7. Seu eleitor militante e interessado encilha a montaria e vai à luta. E passa a marcar rejeição naquele que vê como adversário, embora ainda venha distante em terceiro nas pesquisas atuais. Nesse caso é mais flagrante que a rejeição é disputa de voto, pois, segundo o Datafolha, apenas 23% dizem que o conhecem bem. Ninguém rejeita pessoalmente quem não conhece.

8. Portanto, o índice de rejeição deve apenas ser visto como quem não está indeciso em relação a esse ou aquele por ter decidido seu voto apontando para esse oponente.  Numa eleição em dois turnos, onde se passa para o segundo turno com 15% a 20%, tem pouco significado.