1. Primeiro foi a renúncia do ex-presidente do Banco Central –Henrique Meirelles- da coordenação geral das Olimpíadas 2016. Agora, mais recentemente, foi a renúncia de Maria Silvia Bastos, ex-secretária de fazenda municipal e alta executiva do setor privado. As razões são provavelmente as mesmas: a reversão das expectativas sobre a organização dos JJOO-2016 e os riscos de afetar a imagem desses executivos que têm prestígio no mercado.
2. Este Ex-Blog, há muitos meses, vem alertando sobre os problemas que viriam a ocorrer. O primeiro deles –e o mais evidente- é que, com a disputa da reeleição pela presidente Dilma, o ano de 2014 receberia toda a atenção, inclusive financeira para a Copa do Mundo. Um fracasso dessa a atingiria no meio do processo eleitoral. Ela só trataria dos JJOO-2016 a partir de 2015.
3. Isso já havia passado no PAN-2007. A vitória do Rio ocorreu em 2002, mas o presidente Lula –e sua ministra Dilma- só entraram para valer em 2006, quando a vitória eleitoral estava garantida. Com isso, o peso dos investimentos –diretamente- relacionados com o PAN-2007 recaíram sobre a prefeitura do Rio, afetando sua capacidade de investimento diversificado e a própria conservação.
4. O atual prefeito -desde 2009- repete aonde vai que não repetiria o equívoco do prefeito anterior de assumir o PAN sacrificando sua gestão a partir de 2005. O governo do Estado, que praticamente não colocou um tostão de seus recursos no PAN, apenas aplicando recursos federais, decidiu repetir a dose. Concentrou-se naquilo que tinha que ver com a continuidade de seu grupo político: a Copa do Mundo em 2014 e o Maracanã, assim mesmo recebendo recursos federais. O Metrô, que ficou para 2016, anda na velocidade dos recursos federais e privados.
5. Por tudo isso, a comissão gestora dos JJOO-2016, tripartite (federal, estadual e municipal), e uma exigência do COI, não poderia funcionar. As críticas do COI foram crescendo e ao se aproximar os dois anos dos JJ00-2016, estressaram. Rigorosamente nenhum equipamento novo está ficando de pé, apenas aqueles que vêm do PAN-07, ou a praia e a baía, assim mesmo, essa com as críticas sobre a sujeira nas águas. A despoluição das lagoas da Barra da Tijuca foi esquecida.
6. A esse estresse se chamou “intervenção” do COI. O que traduzindo em miúdos significa que uma equipe do COI passará a fazer a checagem semanal do cronograma das obras. Sobre essa grave situação emerge outra mais. A crise e os desequilíbrios macroeconômicos brasileiros exigirão do próximo presidente –seja ele quem for- um forte freio de arrumação já no início do governo, atingindo o ano anterior aos JJOO-2016.
7. A atenção do presidente eleito estará focalizada nisso e não nos JJ00-2016. Portanto, é urgente que o COB convide os candidatos a presidente para reuniões reservadas, de forma a apresentar em detalhes as necessidades de hoje e especialmente a partir de 1 de janeiro de 2015. Reuniões sem coreografia ou entrevistas: apenas informações –efetivas e realistas- para que a assessoria do próximo presidente saiba desde já o que deve ser feito –física e financeiramente.