LIRA NETO, BIÓGRAFO DE GETULIO, IGUALA O GOLPE DE 1937 AO GOLPE DE 1964!

(Entrevista a Coluna do Ancelmo – Globo, 06) 1. O escritor Lira Neto, afastado do burburinho do mundo para escrever o terceiro volume da sua monumental biografia “Getúlio”, fez um intervalo para traçar aqui um paralelo entre as ditaduras de 1937 e 1964: Ditadura é ditadura. Não existe ‘ditamole’ ou ‘ditabranda’. O Estado Novo, assim como o regime imposto ao país após o golpe de 64, teve todas as características que o definem como um período essencialmente ditatorial.

2. Getúlio fechou o Congresso, extinguiu os partidos, manietou o Judiciário, aboliu o direito de reunião. Para tanto, assim como fariam os golpistas de 64, lançou mão do fantasma do comunismo para justificar o ato de força, buscando legitimação no campo militar — sem o qual não teria instituído o Estado Novo — e também na área civil, incluindo-se aí imprensa, lideranças políticas e empresariado, que ajudaram a dar sustentação ideológica ao plano.

3. Se em 64 alegava-se a ameaça de o país se transformar em uma ‘grande Cuba’, em 37 o falso Plano Cohen sugeria que os comunistas estavam prontos para tomar o poder. Tanto em um caso quanto em outro, pura balela. A polícia política do Estado Novo praticamente institucionalizou a delação e a tortura como métodos de investigação, assim como fizeram os militares pós-64.