(BBC, 20) 1. Líbia está mergulhada na instabilidade desde o derrocamento do coronel Muamar Gadafi em outubro de 2011. Desde então, milícias irregulares ostentam o poder de fato em extensos territórios enquanto cinco governos foram se sucedendo numa luta por assumir o controle do país.
2. Quem controla a Líbia? Ninguém e esse é o problema. Há numerosos grupos armados, uns 1.700, com objetivos muito diferentes, mas com um denominador comum: dinheiro e poder. Trata-se de grupos ideologicamente divididos: alguns são islamitas, outros secessionistas e há também os liberais. E mais: as milícias também se diferenciam por linhas étnicas e regionais, o que faz torna a situação uma explosiva mistura.
3. Não eram aliados? Efetivamente, hoje aparecem divididos e antes estavam unidos pelo ódio ao coronel Gadafi, mas nada mais que isso. As milícias tinham suas bases em diferentes cidades e lutam suas próprias batalhas. Depois de 4 décadas de governo autoritário sabem pouco de democracia. Por isso não souberam forjar alianças e construir um novo regime baseado no estado de direito. Os milicianos tomaram instalações petrolíferas operadas por empresas ocidentais, o que levou a uma enorme queda da produção, ainda que sem impacto notável nos mercados globais.
4. Quais são as principais milícias? Ansar al Sharia é considerado o mais perigoso dos grupos islamitas armados na Líbia. Analistas apontam que teria forjado alianças com outros grupos islamitas. O coronel Kalifa Haftar também possui uma poderosa milícia. Haftar esteve por trás do ataque aéreo de 16 de maio contra uma base aérea militar em Bengasi e no assalto dois dias depois ao parlamento em Trípoli.
5. Quem é o coronel Haftar? O coronel Haftar esteve junto a Gadafi quando tomou o poder em 1969 e jogou um papel fundamental na incursão militar da Líbia no Chade nos 80. Em 1987, foi preso e anos depois após ser libertado fugiu para os EUA. Reapareceu na Líbia durante a rebelião contra Gadafi e formou uma milícia a partir de desertores das forças leais a Gadafi. Para muitos líbios, segue sendo uma figura escura que provoca muita instabilidade.
6. A situação da Líbia é muito mais anárquica porque o exército se desintegrou após a queda de Gadafi, a diferença do Egito. Líbia nunca teve grupos políticos bem organizados que defendam os interesses de suas bases. Dessa forma o governo está à mercê das milícias. De fato, paga a muitos milicianos com a esperança de comprar a sua lealdade e ajudar a construir um exército nacional, mas há muito pouca evidência de que isso esteja ocorrendo.