1. Extra: O senhor deixou de ser candidato a governador para ser candidato a senador no chamado “Aezão”, que, no Rio, apoia o senador Aécio Neves (PSDB) em sua campanha a presidente e o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) à reeleição. Isso é um passo atrás na sua carreira? CM: Não foi uma decisão minha. Foi uma decisão colegiada que tomou como prioridade a eleição presidencial, num momento em que os dois candidatos a presidente se uniram na chapa majoritária do Rio, o que obrigou todos os que estão com Aécio a se unir também. (Cesar se refere à aliança que o senador Lindbergh Farias, do PT, fez com o deputado federal Romário, do PSB. Os dois partidos têm candidatos à Presidência).
2. Extra: Agora, o senhor passa a pertencer ao grupo do prefeito Eduardo Paes (PMDB), com quem rompeu politicamente… CM: Não existe grupo de nenhum de nós. O que existem são partidos e lideranças políticas. Acho que o gesto do PMDB, de abrir mão de sua principal liderança no Rio de Janeiro para que o DEM, o PSDB e o PPS possam entrar na chapa majoritária é o gesto mais importante. / Extra: O senhor acha que tem mais chances de ser eleito senador do que Cabral teria? CM: Eu não posso dizer isso. O Cabral vinha liderando as pesquisas para o Senado. O PMDB tem a direção do governo do estado há oito anos. Esse risco é um risco mais grave do que ganhar ou perder a eleição para o Senado. Então, isso é o que prevalece. Essa decisão foi tomada com base no interesse da eleição do Aécio (presidente) e no interesse da eleição do Pezão (governador). O movimento que Aécio Neves fez no Rio junto com os partidos que lhe dão apoio nacional — DEM e PSDB — é um movimento que fortalece a candidatura de Pezão e fortalece a candidatura dele (de Aécio).
3. Extra: O que mudou nos seus planos de quando o senhor era candidato a governador para agora, que é candidato a senador? CM: As ideias não mudaram. Estou fazendo uma lista de 25 pontos que o senador vai defender e grande parte desses pontos é o que eu ia defender como candidato a governador. Por exemplo, o fortalecimento e dignificação do servidor público; a garantia de continuidade dos recursos que estão sendo aplicados no Rio, com Aécio Neves; os recursos garantidos para Saúde, Saneamento e Educação… Enfim, você muda o verbo. Você sai do “executarei” para o “garantirei, apoiarei” as mesmíssimas coisas.
4. Extra: A popularidade de Romário (candidato ao Senado pelo PSB) é um problema se contraposta ao seu histórico político na disputa pela vaga de senador do Rio? CM: Não é problema. Ele é um candidato forte, popular. Mas caminha numa faixa que não é exatamente a faixa em que eu caminho. Isso, para ele, é cômodo, e para mim também. O eleitor vai decidir entre personagens distintos. Pode ser uma campanha em que as posições são colocadas e que o eleitor possa perceber de um lado “Fla”; do outro lado, “Flu”; e decidir o que é melhor para o Senado. Acho que é uma eleição naturalmente de nível alto pelo perfil dos candidatos. Não sei como vai ser a de governador. Acho que essa vai ser mais estressante.
5. Extra: O senhor sempre fez discurso contra o PMDB. O eleitor vai entender que, agora, o senhor é aliado do partido? CM: O Eduardo (Paes) tem ajudado. Na medida em que ele se diferencia da minha candidatura, todas as críticas que eu fazia a nível municipal se explicam. São líquidos que não se misturam. Ele está me ajudando. Ele está dizendo uma coisa que me ajuda sem que eu precise dizer. Não preciso falar nada. / Extra: A sua presença na coligação isola o prefeito no PMDB? CM: Ele tem todo o direito de não fazer minha campanha. Ele tem todo o direito de pegar os candidatos mais próximos a ele e dar a orientação que ele quiser. Será que isso afeta? Eu acho que não. Se ele fosse candidato majoritário, provavelmente, sim. Mas não é.
6. Extra: Eduardo Paes pode atrapalhar a campanha do senhor? CM: Ao contrário, pode ajudar porque ele se diferencia de mim. Em nível da prefeitura, os servidores, que são multiplicadores, dizem “não, realmente o Cesar está com uma posição distinta da dele”. Ele é que está dizendo. Não sou eu. Agora, na hora em que o Pezão faz lei que reforça, fortalece o servidor, é positivo. (Em junho, o governador enviou à Alerj 45 propostas de reajustes para servidores, incorporações de gratificações e plano de cargos). / Extra: Vocês combinaram isso? CM: De jeito nenhum. / Extra: Você pode dizer “Deus ajudou”? CM: Ajudou. Eu soube pelo (deputado estadual) Luiz Paulo e fiquei entusiasmado. Por que o Pezão toma essa decisão? Porque essa imagem de que o PMDB não tinha o servidor como prioridade tinha entrado. A medida é tomada para essa imagem não se cristalizar. A prefeitura não. Tem um monte de categorias que, de vez em quando, faz uma greve de 24 horas. Estão pressionando para ver se ele (Eduardo Paes) faz 45 projetos de lei…