1. O PMDB é uma confederação. Repare bem, o que está por trás da briga do PMDB com o PT? É óbvio que é regionalmente eleger mais deputados federais que o PT quer fazer o presidente da Câmara e o PMDB quer também. Repare que toda a movimentação do Eduardo Cunha é absolutamente funcional para esse desenho confederado do PMDB porque mostra que o PMDB não tem uma posição unitária e isso atende ao PMDB nacionalmente. -Nós não temos uma posição unitária, dirão. No Rio Grande do Sul pensam de uma maneira, em São Paulo de outra… Vejam: O nosso líder tem uma posição independente. Esse quadro dos conflitos do líder do PMDB, e essa disputa PT-PMDB mostram que o PMDB tem essa consciência dos problemas. E ele não pode se permitir que, nessa eleição, desça mais dois degraus. O que eles querem é afirmar a sua natureza confederada, querem sinalizar ao Brasil todo que eles estarão no governo no caso da vitória do Aécio Neves. Imagine, o grande nome do parlamento hoje do PMDB é o deputado Eduardo Cunha, inquestionavelmente. Se ele afirmou que está com Aécio Neves, estará, porque essa é uma marca da política que ele faz. Então, já tem uma ponte para o governo se o Aécio ganhar. Isso gera um certo conforto no PMDB pelo DNA do PMDB, pela natureza dele.
2. O PFL era um partido muito forte no Nordeste. O presidente Jorge Bornhausen, que está, enfim, aposentado, segundo ele, mas que foi um dos mentores do PSD, o presidente Jorge Bornhausen me procura em 1995, procura Jaime Lerner e diz que para ter uma opção de poder o PFL precisa caminhar para o Sudeste, para o Sul. E nos convida, com total liberdade no Rio de Janeiro: você pode ser de direita, alto, esquerda, eu não quero saber. Essa marca precisa ser forte no Rio de Janeiro. Pediu para eu ajudar, em relação a Jaime Lerner nós dois fomos do PDT e o Jaime Lerner entrou também. Resultado: o PFL elegeu, várias vezes, quatro vezes, o prefeito do Rio de Janeiro (uma via PTB). Elegemos duas vezes o prefeito de São Paulo. Essa era a estratégia do PFL se tornar um partido nacional e essa estratégia é desmontada por quem construiu essa estratégia. Se o PP da Espanha nos influencia para que a gente caminhe para o centro usando a marca no Sudeste e no Sul. E é exatamente aí em que há o desmonte em que o Colombo, governador de Santa Catarina, sai, em que o prefeito de São Paulo Kassab, sai, e ele tem uma marca de bom articulador de muitos anos.
3. Então é claro: se aplica uma estratégia e desmonta essa estratégia pelos mentores da mesma estratégia. Não é simples a recuperação. É preciso recuperar a nossa bancada, aí em torno de 40 deputados. Parar, criar um gabinete de crise para tratar desse assunto pós 2014. Em janeiro de 2013 todos votaram contra a ideia de gabinete de crise. Eu acredito que seja possível, seja viável, uma bancada em torno de 40 deputados e em seguida, sem esperar uma semana, construirmos um gabinete de crise nesse sentido, de como se reconstrói um partido que tem ideologia, um partido que tem uma marca, em um país em que ninguém quer ser conservador e de direita. Esse é um vetor que ocupa 20% do eleitorado, no mínimo. Fusão no Brasil é muito difícil pelas diferenças regionais. Já se pensou nisso muito. Organicamente aquele que seria o nosso associado era aquele que já foi: o PP. Nós éramos um partido só. Mas também não é simples, porque o PP está de cabeça no governo. Porém, há o caso da senadora ao governo do Rio Grande do Sul, Ana Amélia. Essa candidatura da Ana Amélia impossibilita que a Dilma esteja flutuando nessa candidatura. Tarso Genro é candidato à reeleição e Ana Amélia tem sido uma crítica muito dura ao governo federal, até porque a sua origem, enfim, de mídia, etc., ela vai manter essa linha, que é uma linha de fácil exposição nessa conjuntura. Pode ser, depois disso, que se possa fazer um mapeamento e se possa construir uma fusão. Não houve conversa com o PP. Houve conversas, enfim, não importa quais. E no PSDB havia uma disposição, mas aí vem o problema de que espaço que eu ocupo.
4. O Democratas é o único partido no Brasil, além do PT, que faz política internacional. Nós temos um setor de política internacional, do qual eu faço parte, que faz política. Eu sou vice-presidente da ODCA, na América Latina, sou vice-presidente da UPLA na América Latina, sou vice-presidente da poderosíssima Internacional Democrata de Centro, que tem como núcleo o Partido Popular Europeu, que tem maioria no Parlamento Europeu. Agora mesmo tivemos, semana passada, uma reunião em Bruxelas. Nós fazemos política internacional e nós temos o nosso vetor desse tipo de trabalho que resulta muito bem, que começou com o próprio Bornhausen. O PSDB não tem secretário de Relações Internacionais, nesse mundo globalizado. O último foi Arthur Virgílio. Não tem. Como é que pode um partido como o PSDB não ter uma área de Relações Internacionais. Nós temos. Agora, como você faz para ter esse reconhecimento se o Fernando Henrique Cardoso, o relacionamento pessoal dele é com a socialdemocracia europeia, e o nosso é com a centro-direita europeia. O melhor para nós, nesse quadro inorgânico de pluripartidarismo no Brasil, o melhor para nós é voltar a ter uma bancada, repetir 2010, ter uma atenção desdobrada para a estratégia e não pragmática, e ver que partido é esse e para onde que nós vamos.