1 – O sr acompanha atentamente marketing político ao redor do mundo e aqui no Brasil. O que mudou em termos de marketing nesta eleição? Os candidatos estavam mais engessados, excessivamente guiados por talking points?
R- Tivemos uma eleição de marketing politico primário, típico de 50 anos atrás na América Latina com o caudilho orientando o eleitor e ocupando todos os espaços, nas ruas, nas rádios, nos panfletos e agora na TV.
2 – o que o sr acha da estratégia de marketing da Dilma e do Serra?
R- Nenhum dos dois teve estratégia de marketing se usamos como referencia os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. Dilma fazia uma comunicação simplista: de quem quer o caudilho, vote em mim. Serra apostou numa continuidade com melhorias e teve que mudar tudo atropelado pelos escândalos que envolveram o Planalto. Marina começou com o discurso de sustentabilidade e século 21, e cresceu em função do voto evangélico e os valores cristãos que professa. Não houve estratégias.
3 – Há um artificialismo na campanha?
R- Não. Há o relançamento do populismo eleitoral dos anos 50. E por isso fenômenos de voto, nessa mesma linha para parlamentares.
4 – Os debates foram muito engessados? O que deveria mudar?
R- Não houve debates se tomamos como referencia os debates nos EUA, Grã-Bretanha, Espanha e França.
5 – E o horário politico, cumpre a função de informar o eleitor?
R- Serve para isso, mas esse ano foi depolitizador: vote em mim porque ‘papá’ pede.
6 – Faltam figuras políticas carismáticas na eleição atual, como foram em uma era Jânio Quadros, Juscelino?
R- Faltam agendas. Os caudilhos dos anos 50 tinham agenda. Os de hoje apostam na antipolítica no sentido que os cientistas políticos dão.
7 – Por que o sr acha que não foi eleito?
R- Porque o eleitor decidiu votar em meus adversários que, para eles, representavam quem os apoiava, que aparecia todos os dias na TV. A eleição foi limpa. Mas foi unicórdica. O eleitor sabe por que votou, mas não sabe para que votou.