1. Depois de meses de pré-campanha e já com as Convenções em andamento, não se leu, ouviu ou viu, uma palavra sequer dos candidatos sobre Política Internacional. Esse é um vácuo muito importante que diferencia a capacidade dos candidatos de assumirem o país num mundo globalizado, interconectado e com conflitos de antes e de agora.
2. Os discursos presidenciais em campanha sobre Política Internacional não devem ser apenas restritos aos candidatos a chefe de governos nos países mais desenvolvidos, mas a todos e, em especial, àqueles -como no caso do Brasil- de países continentais, geopolítica e economicamente estratégicos.
3. Aí estão os casos do Oriente Médio (gravemente reaberto), da Ucrânia, da expansão populista na América Latina, das crises na África do Norte, do populismo europeu xenófobo redivivo, das nossas relações afetadas com os Estados Unidos, da desintegração do Mercosul, da pujança asiática, etc.
4. Em 29 de março de 1960, em Belém, escala de sua viagem a Havana, o candidato Jânio Quadros, depois vitorioso com 49% dos votos e que inovou em política externa nos meses que dirigiu o país, afirmava: “A primeira condição que se exige daquele que aspira a dirigir nossa pátria, no meu entender, é a objetividade e coragem no campo das relações internacionais. As conveniências dos outros países ou temores da imaturidade não podem orientar-nos na vida exterior, sob pena de graves consequências ao progresso e segurança do bem estar de nossa gente”.