Com a presença de representantes de partidos de 15 países (na maioria vice-presidentes), além do presidente do PPE (partido popular europeu), que tem maioria no Parlamento Europeu, e o presidente e secretário geral da IDC, o diretório da IDC reuniu-se em Bruxelas, dia 19/03. As reuniões preliminares, segunda e terça, facilitaram as decisões.
O presidente da IDC, senador italiano Píer Casini, e presidente da comissão de relações exteriores do Senado da Itália, abriu com uma ampla exposição sobre o quadro político mundial, enfatizando a grave crise, produto da anexação da Crimeia à Rússia e suas repercussões europeias e riscos que retorne o hegemonismo russo nas ex-repúblicas soviéticas. Mostrou que o quadro do Oriente Médio e África do Norte (sigla usada, OMENA) é preocupante, pois há uma clara reversão das expectativas criadas, talvez com a exceção da Tunísia, que recentemente aprovou uma constituição democrática para um estado laico.
A situação da Líbia é fora de controle, com milícias locais exercendo o poder discricionariamente. E a da Síria, que vive ainda um impasse com guerra civil e quase 200 mil mortos. A outra região em crise grave é a Venezuela, sem desdobramentos previsíveis. Na Ásia, um ponto de preocupação no Mar da China é relativo à pressão da China sobre ilhas das Filipinas, afetando a soberania desse país. Na África, os pontos de preocupação são as guerrilhas muçulmanas no Iêmen e Somália e no ocidente, inspiradas pelo Al Qaeda.
Foi levantada a questão do separatismo que vive a Europa. Além da secessão com anexação da Crimeia, ainda há os casos da Escócia, com plebiscito no segundo semestre, o da Catalunha, na Espanha e o de Veneza onde se inicia um processo da volta do estado do Veneto, anterior à unificação italiana no século 19. O secretário de relações exteriores do PP da Espanha disse que são situações que não terão curso, pois para a União Europeia aceitar precisariam de 95% dos votos, o que é inviável. Foi levantado o caso de Kosovo que, em meio à guerra civil na antiga Iugoslávia, conseguiu sua soberania. Outra vez o representante do PP disse que foi um erro, pois só os estados dentro da federação da Iugoslávia poderiam ter este tratamento. E que a Espanha não reconhece o Kosovo, nem nunca reconhecerá, pois é um precedente inadmissível.
Foi debatida a questão do PDC do Chile por estar integrado a um governo com partidos de esquerda, inclusive o comunista, e que, numa situação dessas, suas pretensões de cargos superiores na IDC não poderão ser acatadas. Levantou-se o caso do Brasil, onde o PSD é parte do governo do PT e, nesse momento, Aznar, ex-presidente de governo da Espanha, preside um seminário da FAES (fundação do PP da Espanha) e que Lula foi convidado para conversar com Aznar. Os representantes espanhóis alegaram a autonomia da FAES, mas que levariam o caso ao partido, que de forma alguma respalda tais fatos.
A crise na Venezuela levantou duas propostas: fazer uma reunião conjunta da IDC com a IS (Internacional Socialista) a respeito e enviar uma missão a Caracas para realizar os contatos que permitam avançar uma solução.
Foi aceita por consenso a incorporação à IDC do Partido Democrático do Gabão. A incorporação do Partido Novo do Azerbaijão levou a um longo debate de mais de uma hora. Brasil (Cesar Maia do Democratas) e Portugal (PSD) defenderam a incorporação dentro de um processo de democratização em que o governo tem se mantido independente em relação à Rússia e Irã e com uma constituição laica, etc. Mas o CDU da Alemanha vetou, dizendo que seu partido não concordava, pois não era uma democracia plena. O representante sueco afirmou que não votaria contra a Alemanha. Espanha e a direção da IDC propuseram postergar a decisão e enviar uma missão a BAKU.
Foram aprovados documentos sobre as Ilhas Filipinas, a Região do Oriente Médio e Norte da África, sobre Cuba (não há progressão apesar das promessas), sobre o Auge dos Populismos na Europa, sobre a Superação da Crise Econômica da Europa (sinais positivos em Portugal, Espanha, Irlanda e Grécia), sobre a crise da Venezuela, sobre a Ucrânia, e os informes da IDC sobre África e sobre Ásia. Finalmente abordou-se a eleição para o Parlamento Europeu em 25/05. A preocupação com o avanço dos Populismos nacionalistas foi atenuada pelo presidente do PPE, informando que as pesquisas, embora não garantam hegemonia dos populares e dos socialistas, garantem a estes dois blocos juntos mais que 50% do parlamento europeu, impedindo aventuras. Já há previamente 3 candidatos colocados para presidir a Comissão Europeia no lugar de Durão Barroso, cujo mandato finaliza com essas eleições.
Foi aprovado o relatório financeiro da IDC e marcado para novembro, provavelmente no México, o novo Congresso da IDC.