A ansiedade do prefeito do Rio por fazer qualquer coisa que chame a atenção tem tido a Avenida Rio Branco como foco preferencial. Criar “barrigas” para a imprensa faz parte do cotidiano de comunicação do prefeito. No Natal era uma nova rodoviária na Quinta da Boa Vista, obviamente absurda. No dia seguinte ao anúncio este Ex-Blog advertiu. Não deu outra.
Mas o caso da Avenida Rio Branco se aproxima à paranoia. Talvez por fixação no prefeito Pereira Passos, que entrou para a história com ela, na época Avenida Central.
O primeiro lego da Rio Branco foi transformá-la em um “Parque”. Ou seja, fechá-la para qualquer tipo de veículo. Foram distribuidos desenhos e manchetes. A imprensa acreditou. Em 06/04/2010 o site G1 destacou.
O segundo lego da Rio Branco foi anunciado em 27/01/2013. Foi chamado de “Boulevard Rio Branco”, entre a Avenida Nilo Peçanha e a Rua Santa Luzia, espaço que seria fechado para qualquer circulação viária. O Globo destacou.
Agora vem o terceiro lego da Rio Branco. A imprensa divulgou com gráficos e detalhes no sábado (18/01/2014): A Avenida Rio Branco passará a ter mão dupla, exclusivamente para ônibus e táxis, a partir do dia 8 de fevereiro, quando serão abertas duas faixas em direção à Candelária e três sentido Aterro do Flamengo. Ao lado de videogames para impressionar, foi anunciado o terceiro lego. A explicação –formal- é que se trata de viabilizar o tráfego em função da demolição da Perimetral. Ou seja: a demolição não levou em conta os desdobramentos num sistema de tráfego cuja lógica é a dos vasos comunicantes, em qualquer lugar do mundo.
Pensem sobre o uso de cada uma das transversais à Avenida Rio Branco. Que uso terão? Pensem nas garagens para automóveis dos edifícios? Como chegar? Como sair? O objetivo oculto é inviabilizar o uso de automóveis de passeio? Mas estes não desaparecem. O metrô já está saturado. Os ônibus prestam serviços de baixa qualidade. A Rio Branco será uma coluna vertebral sem uso para as costelas?
O que virá, todos sabem. A primeira hipótese é em mais duas semanas a data fixada ser prorrogada. A segunda hipótese será um experimento no fim de semana. A terceira hipótese será flexibilizar em certos trechos o acesso por transversais de automóveis. A quarta hipótese será desmanchar o lego da mão dupla e começar a pensar em outro.
O fato é que o prefeito está perdido em relação aos transportes. Uma cidade com enorme concentração de acessos radiais ao Centro deveria ter como prioridade a despolarização, mas se faz exatamente o contrário. E depois do estresse com os engarrafamentos vem a improvisação e o pedido de sacrifício aos cariocas, tratados como cobaias. Uma consulta feita por estudantes neste fim de semana, sobre mais esse lego, teve como respostas -em grande maioria- o pedido de exame de saúde mental do prefeito.