Hoje (21/11), depois dos acontecimentos de assaltos, arrastões, na orla toda – foi até o Recreio dos Bandeirantes -, e não apenas no Arpoador, o porta-voz da Polícia, da Secretaria de Segurança, informou que realmente a polícia não se tinha preparado adequadamente para os fatos, que aconteceram também no feriado do dia 15 e no fim de semana. Se aconteceram no feriado do dia 15 e no fim de semana, imagino que algum grupo de crise deveria ter-se reunido para oferecer uma presença que desse às famílias tranquilidade no único lazer gratuito que elas têm. As famílias, e falo aqui das famílias que frequentam as praias da zona sul, as senhoras estão levando, suas bolsas dentro de plástico e estão enterrando ao lado do pau da barraca, marcando o local, com medo de algum tipo de assalto, de algum tipo de arrastão.
Hoje mesmo, as ações da polícia, basicamente na zona oeste, foram de novo muito contundentes, e não foram mais contundentes porque a situação melhorou. Os dados estão aí – acho que já estão atrasadas as estatísticas, são do mês de setembro -, que acompanho há muitos anos – as estatísticas do Instituto de Segurança Pública. Leio, analiso, tenho lá as curvas que faço de cada um dos delitos. Isso tudo se vem agravando. Nem falo de estupro, porque esse cresceu quinhentos e vinte e alguma coisa por cento.
A sensação que se tem – estou falando, aqui de especialistas que procuro, pois fui deputado, fui prefeito – que quando acontece uma coisa dessas, tento desvincular da política, porque é a tranquilidade das famílias, e consultar, delegados, delegados aposentados, oficiais coronéis da Polícia Militar aposentados, que trabalharam e não comigo. E está acontecendo -, e a sensação – espero que seja apenas a sensação de todos é que se vive um momento de descontrole na área de segurança pública.
Talvez o foco positivo em relação às UPP tenha levado a um certo abandono dos outros vetores de segurança pública, que são muitos. Policiamento ostensivo não existe! Ande nas ruas e procure.
A Coluna Gente Boa de O Globo, quase todos os dias, fala da violência e da insegurança naquele corredor, no asfalto e na areia, que vai do Arpoador, que vai da Francisco Otaviano e vai até o Posto 8, o Posto 9, dos assaltos registrados. Cresce até um indicador que vinha caindo muito nos últimos anos, o de roubo de veículos. Também cresceu o número dos homicídios, que vinham numa tendência, que eu diria que é anterior à atual administração, por conta do deslocamento do corredor de exportação de cocaína do sudeste, portos e aeroportos internacionais, para o nordeste. Aí estão os números. Maceió, hoje, acho que é a segunda cidade de grande porte, ou a primeira, que tem a maior taxa de homicídios por cem mil habitantes. Claro, crescimento evidentemente vinculado ao tráfico de drogas.
Então, um quadro de enorme preocupação; um quadro de perda de controle das ruas. Uma sensação de insegurança.
E aí, eu gostaria de falar da minha percepção, um quadro de perda de autoridade a nível estadual, a nível local, onde as pessoas que querem e que têm como vocação delinquir ou que têm como lastro a violência, sentem que não há polícia e sentem que podem buscar, com a liberdade que não tinham antes, realizar essas ações de violência ou de delinquência. É uma situação muito grave porque, com a entrada das UPPs, acho que aplaudida por todos, se criou uma situação de tendência para a construção de uma nova política de Segurança Pública. Ela não veio e, pior, houve um processo de desarranjo, não há um só indicador de Segurança Pública que tenha melhorado no ano de 2013. Eu diria, generalizando, sem medo de errar, que só piora. Bem, as ruas, os violentos, os black blocs, enfrentam a polícia porque há aquela sensação de que têm condição de vitória, que têm chance de enfrentar.
Será que a polícia está inibida por alguma razão? Será que não recebeu da Comandância a orientação adequada? O Ministro da Justiça reúne os Secretários de Segurança de São Paulo e do Rio de Janeiro e busca algum tipo de integração entre os dois Estados, coisa que já se vem tentando há muito tempo.
Quando digo que os assaltos aumentaram, estou afirmando que os arrastões nas ruas aumentaram. Na Linha Vermelha, ocorreram duas vezes nessas últimas três semanas, houve tiroteio parando a Linha Amarela, e agora voltam os arrastões, os arrastões que foram tema da campanha eleitoral de 1992 no Rio de Janeiro. Eu me lembro disso perfeitamente, eu era candidato a Prefeito e chamei a atenção, inclusive em debates. Não é possível.
Naquela época a alegação era que haveria uma relação dos arrastões com as galeras de bailes funk, boêmios do Irajá, São Gonçalo; na verdade, eram lutas entre galeras de bairros diferentes, vinculados a Comandos – Comando Vermelho, Terceiro Comando, etc. -, que estavam na praia realizando uma disputa de conquista de espaço. E agora? Agora não há nenhum tipo de sinal de que exista qualquer tipo de relação ou referência desses arrastões com esse tipo de disputa violenta de espaço por galeras. Agora os arrastões são crimes de rua, na denominação internacional, são furtos e roubos que acontecem à luz do dia, de forma exposta, sem estar ninguém com o rosto coberto, não há nenhum mascarado ali, e vão correndo, não é nem em bloco, vão correndo juntos em espaços diferentes, maiores e menores, e vão tirando o que veem na frente, até um pirulito ou um picolé de uma criança. Arrancam qualquer coisa. Isso não pode acontecer.
Como se chegou a essa situação? Como a polícia, mais uma vez, não foi capaz de prevenir, quando o Secretário de Segurança é um homem da Inteligência? É uma situação muito delicada que atinge o carioca, nascido aqui ou não, e que coloca em estado de perplexidade aqueles que têm recursos para outro entretenimento. Principalmente aqueles cujo entretenimento é comprar uma passagem de ônibus, ir à praia, levar sua família e seu pequeno farnel. É esse o seu lazer. E encontrar um quadro desses, de descontrole e de violência!