20 de julho de 2016

EXPECTATIVAS ANTECIPAM RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA E DA POLÍTICA!

1. Os atores econômicos e políticos já antecipam a expectativa que têm quanto a recuperação da economia e da política brasileiras. A Bolsa de Valores que em janeiro marcava 38 mil pontos fechou a semana passada em 56 mil pontos, num crescimento de quase 50%. Nas últimas semanas aforam registradas quedas contínuas do dólar em relação ao real. Depois de atingir 10,67% no ano passado, o mercado prevê uma inflação pouco superior a 7% em 2016, o que significará uma melhora no poder de compra dos consumidores.

2. A eleição do deputado Rodrigo Maia para presidente da Câmara de Deputados com 62% dos votos contra 38% de Rosso, superando a maioria absoluta, contrariou os prognósticos que acompanharam essa eleição por toda a semana. Esse é também um indicador de antecipação por parte dos deputados da reversão do desmonte político-parlamentar que tem marcado os últimos 4 meses.

3. No fim de semana o Datafolha divulgou os resultados de sua pesquisa nacional de opinião pública. “Na comparação com fevereiro, antes do início do processo de impeachment da presidente Dilma e da posse do governo interino do presidente Michel Temer, o Índice Datafolha de Confiança (IDC) registrou melhora em cinco dos sete indicadores que compõem o índice geral. No conjunto, o IDC registrou 98 pontos, uma alta de 11 pontos em relação a fevereiro.”

4. “O maior salto, de 34 pontos entre fevereiro e agora, foi em relação à expectativa de avanço da situação econômica do país, que passou de 78 para 112 pontos.  Em relação à perspectiva pessoal dos entrevistados, o aumento foi de 17 pontos, passando de 128 para 145.  Pela metodologia do Datafolha, índices acima de 100 são considerados positivos e abaixo disso, negativos.”

5. 50% dos brasileiros acham que o Brasil será melhor com Michel Temer na presidência até 2018 contra 32% que preferem Dilma. A rejeição a Temer –conceitos Ruim+péssimo-  alcançou 31%, menos da metade dos 65% de Ruim+Péssimo de Dilma antes de ser afastada. Pela primeira vez nos úlitmos meses os que acham que a situação econômica do país –38%- vai melhorar, superam os que acham que vai piorar – 30%.

6. O otimismo quanto à economia, a confiança do consumidor, o crescimento do índice Bovespa e a valorização do real vem diretamente relacionada com a mudança de governo. 58% dos brasileiros querem o impeachment de Dilma e 71% acreditam que Dilma será afastada definitivamente.

7. A reversão das expectativas ocorre sem que medidas concretas e de impacto tenham sido adotadas. A sustentabilidade dessa reversão exige que os fatores subjetivos venham acompanhados de fatores objetivos, vale dizer a aprovação de medidas que reorientem a economia.

8. O fato novo é que as expectativas atuais legitimam e criam a base para que mesmo as medidas –ditas- polêmicas, possam ser aprovadas. As condições estão dadas para a reversão dos quadros econômico e político. Mas só a aprovação de medidas econômicas concretas garantirão a sustentabilidade da tendência ascendente deste quadro.

9. Como a sabedoria política ensina que o Congresso não vota contra as “ruas”, então é questão de dar urgência às medidas necessárias para que elas aproveitem a impulsão da opinião pública e construam um novo quadro econômico e político para o futuro.

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BOVESPA TEM 10ª ALTA COM MELHORA DE AVALIAÇÃO DO BRASIL!

(Estado de S.Paulo, 20) 1. A melhora da percepção sobre o Brasil garantiu ontem a décima alta consecutiva da Bovespa, sequência que não se via desde agosto de 2010. Previsões de crescimento da economia brasileira para 2017 feitas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Instituto Internacional de Finanças (IIF) ampararam os mercados locais, apesar da instabilidade no exterior trazida pelo recuo do índice de expectativas econômicas da Alemanha em julho ao menor nível desde novembro de 2012, o que frustrou as projeções dos analistas.

2. Na Bovespa, o fluxo estrangeiro vem garantindo o desempenho favorável do índice. Petrobrás foi destaque positivo, apesar da queda do petróleo, enquanto Vale recuou, em linha com o minério de ferro. No fechamento, o Ibovespa marcou 56.698,06 pontos, na máxima do dia, em alta de 0,38%. Na mínima, o índice chegou a cair 0,42%. Os juros futuros terminaram perto dos ajustes da sessão anterior, com viés de queda no trecho curto e de alta na parte longa, depois de uma manhã de correção a partir de preocupações vindas do exterior.

3. As principais taxas de Depósitos Interfinanceiros (DIs) curtos passaram a exibir leve queda a partir do meio da tarde, com montagem de posições na expectativa de alguma sinalização sobre futuros cortes da Selic pelo Copom, que anuncia hoje a decisão de política monetária, após reunião de dois dias. Quanto à decisão do Copom, permaneceu o consenso de estabilidade da taxa básica em 14,25%. O dólar, por sua vez, reduziu a alta frente ao real em meio à espera de fluxo financeiro, após subir mais de 1% na parte inicial da sessão, acompanhando o desempenho externo. No balcão, o dólar à vista fechou a R$ 3,2572 (0,22%), pouco acima da mínima de R$ 3,2547 (0,15%).

19 de julho de 2016

A AMBIÇÃO “ESPERTA” SERÁ ESTIMULADA NAS CIRCUNSTÂNCIAS DAS ELEIÇÕES DE 2016!

1. Em fins de 1995, o ex-ministro do trabalho do presidente João Goulart, João Pinheiro Neto (falecido em 2006), dizia numa conversa política que o grande erro de JK foi não ter candidato à presidente na eleição presidencial de 1960. Lembrava, no Brasil, apenas nas eleições o eleitor se interessa pela política, e que um governante se ocultar no processo eleitoral para sua sucessão é apagar a memória mesmo dos melhores feitos.

2. Uma prática que vem crescendo no país é um governante bem avaliado não participar da eleição de sua sucessão, com candidato de seu partido com expectativa de derrota, de forma a que volte a ser candidato na eleição seguinte sem ter que levar a marca de derrotado na eleição anterior.

3. Um vetor desta prática é um governante em final de mandato olhando para uma eleição subsequente, num quadro de dificuldades para a eleição do candidato de hoje de seu partido, simular sua participação mas na verdade jogar para a derrota de “seu” candidato.

4. Uma versão mais radical disso é quando o governante escolhe um candidato seu para perder e conta com a incapacidade do governante que o sucederá para ser exaltado depois por comparação. E então ser candidato na eleição seguinte.

5. Outra versão disso, essa mais, digamos, esperta, é quando o governante, aspirando um posto de governo mais alto em que seu partido governa hoje em situação de grande desgaste, jogar para perder na eleição atual e já definir um projeto novo.

6. Ou seja, após a eleição perdida para sua sucessão, troca de partido, de forma a que não carregue o desgaste de seu partido na gestão de hoje, do governo que pretende disputar amanhã. Muitas vezes a negociação -discreta- com o partido para o qual se mudará após a atual eleição já ocorre durante esta.

7. Na eleição para prefeito em 2016 isso já está ocorrendo. O desgaste do PT nacionalmente e de outros partidos em gestões estaduais em estados falidos levarão a prefeitos de hoje, com pretensão a governador em 2018, a optar por uma destas alternativas espertas.

8. Na primeira hipótese, o caso JK, a omissão afetou a memória política da opinião pública. JK não contava com isso. E na eleição indireta do general Castelo Branco votou a favor deste como senador.

9. As demais hipóteses citadas acima dependem das circunstâncias. E as circunstâncias de hoje em nível nacional e de vários estados estimularão a omissão, a participação simulada ou a troca de partido a seguir.

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“PRODUTIVIDADE BRASILEIRA É A PIOR DESDE OS ANOS 50”!

(Estado de S.Paulo, 17) 1. O abismo que separa a produtividade brasileira da americana não para de crescer. Enquanto os Estados Unidos conseguem fabricar um produto com apenas um trabalhador, no Brasil, a mesma peça exige quatro pessoas. É a pior relação desde a década de 1950, quando o País vivia os reflexos da industrialização iniciada 20 anos antes. A má notícia é que, com inúmeros gargalos para serem superados e afundado numa das piores crises da história, o País não esboça nenhuma reação para reverter esse quadro no curto e médio prazos.

2. No fim do ano passado, um trabalhador brasileiro era capaz de produzir US$ 29.583 e um americano US$ 118.826, segundo levantamento do Conference Board, compilado pelo pesquisador Fernando Veloso, do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Nas palavras do Nobel de Economia, Paul Krugman, “produtividade não é tudo, mas no longo prazo é quase tudo”. Na prática, ela está diretamente relacionada às riquezas geradas por um país e seu comportamento determina o padrão de vida da sociedade.

3. Até 1980, o Brasil conseguia melhorar a sua produtividade em relação aos concorrentes e diminuir a diferença para os Estados Unidos – hoje considerada a economia mais produtiva do mundo. “Entre as décadas de 1930 e 1970, havia um crescimento fácil da produtividade brasileira por causa do processo de industrialização que levou parte dos trabalhadores rurais para as fábricas – trajetória vivida hoje pela China”, afirma a diretora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Fernanda De Negri. No melhor momento na relação entre os dois países, em 1980, pouco mais de dois trabalhadores brasileiros produziam o mesmo que um americano. A partir daí, no entanto, o cenário mudou e o Brasil foi ficando para trás.         

4. Com a abertura comercial, até houve um ganho da produtividade das empresas brasileiras, mas a um custo muito alto por causa da quebradeira de várias empresas que não estavam preparadas para a concorrência internacional. “Na indústria, por exemplo, houve um ganho de produtividade muito grande até 1997 e a gente atribui parte à abertura. Ela forçou as empresas a produzir melhor, mas também eliminou as mais ineficientes”, diz Regis Bonelli, pesquisador do IBRI/FGV. Atualmente, a economia brasileira enfrenta um cenário perverso. O setor produtivo tem dificuldade para aumentar a sua eficiência porque passou a conviver com problemas que vão da baixa qualificação do trabalhador ao chamando Custo Brasil, que envolve a elevada e complexa carga tributária, excesso de burocracia e má qualidade da infraestrutura – um dos pesadelos das empresas no País. Sem ferrovias suficientes e com as estradas em condições precárias, qualquer eficiência conseguida dentro da fábrica é achatada pelos custos logísticos.

5. A Weg, multinacional presente em 11 países, sabe bem o que isso significa. “Nos Estados Unidos, um caminhão consegue percorrer 400 quilômetros (km) num dia. Aqui, conseguimos só 45 km”, diz o superintendente Administrativo e Financeiro, André Luis Rodrigues. Ele destaca que o descumprimento de prazos acarreta multas à empresa, já que o atraso pode comprometer o andamento de um projeto. Parte desses problemas é resultado do baixo investimento nos últimos anos – no primeiro trimestre de 2016, ficou em 16,9% do PIB (na China, é de quase 50% e na Índia, 33%). “Menos investimentos significa menos produtividade, do trabalho e de capital. Apenas a qualificação da mão de obra não é suficiente se a empresa não investe em máquinas modernas”, diz o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi),

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OLIMPÍADA: CRESCE A REJEIÇÃO, SEGUNDO O DATAFOLHA (14-15/07/2016)!

1. 50% dos brasileiros são contrários à realização. Em junho de 2013 eram 25%. Há três anos, 64% eram favoráveis aos Jogos. Agora, o número retrocedeu para 40%. A aversão ao megaevento do esporte é maior entre os moradores das regiões Sul e Sudeste, entre pessoas com mais instrução e com renda familiar mensal de cinco a dez salários mínimos. Moradores do Norte e Nordeste e os jovens demonstram apoio maior à realização da Olimpíada.

2. O Datafolha apontou ainda que 63% acreditam que o evento trará mais prejuízos do que benefícios para os brasileiros em geral. Eram 38% na pesquisa de 2013. No Datafolha de 2013, 35% se disseram muito interessados no evento. Agora o índice caiu para 16%. A taxa dos que afirmaram não ter nenhum interesse saltou de 28% para 51%. O percentual dos que se consideraram um pouco interessados pelos Jogos recuou de 37% para 33%.

3. A avaliação é menos negativa entre os moradores da cidade do Rio. De acordo com 47% dos cariocas, os Jogos trarão mais prejuízo do que benefícios. Fazem a avaliação contrária 45%.

18 de julho de 2016

NEM NA BOLSA NEM NA OLIMPÍADA: NUNCA APOSTE TUDO NUMA SÓ AÇÃO!

1. A última (entrevista) do prefeito do Rio sintetiza as entrevistas e declarações anteriores. Ao The Guardian ele disse: “A Olimpíada é uma oportunidade perdida”. Oportunidade perdida para quem? Na verdade foi um ato falho que sucedeu a outras declarações imprudentes e na mesma linha.

2. Após sua reeleição –compulsória, como tem acontecido em quase todos os casos em que o governante tem pelo menos uma avaliação regular-, encheu-se de orgulho e passou a conversar com os seus e a vazar para a mídia que sua meta era a Presidência da República em 2018.

3. Mas como quase sempre acontece, nos segundo governos reeleitos a opinião pública se torna mais crítica. Afinal, os coelhos que o governante tira da cartola no primeiro governo já são previstos no segundo governo, não surpreendem, não impactam. Isso ocorre não só pelos fatos em si, mas pelo estilo e perfil de quem governa que se torna conhecido.

4. O prefeito do Rio mesclou uma certa arrogância com um certo deboche nas suas declarações. E a partir do final de 2013, a curva de sua popularidade declinava cada vez mais. Isso o deve ter irritado e as reações se tornaram mais impulsivas. Chegou até a agredir num bar um músico que o ironizava. Esqueceu-se da máxima de Lacerda (“apoio dos servidores pode não lhe dar eleição, mas a rejeição é garantia de derrota”) e os conflitos com os servidores aumentaram a cada semana.

5. Mas tanto fazia para ele, fatos e pesquisas. Afinal, tinha uma bala de prata no bolso e uma arma precisa para lançá-la: a Olimpíada, que seria a sua consagração e o elevaria aos píncaros de sua consagração política. O Planalto Central era a próxima estação.

6. Mas à medida que o tempo avançava, novos fatos acentuavam seu desgaste junto à população. Se a crise nacional construía um cenário de sombras, a crise estadual –administrativa e econômica- caía em sua cabeça. Procurou se descolar de tudo o que produzia desgaste: seu deputado/chefe da casa civil foi a Brasília votar pelo impeachment de Dilma.

7. O milionário gasto em publicidade já não produzia efeitos. E no meio desse processo, a forte simbologia cênica da queda da ciclovia na orla aparecia como um presságio. Entre mosquitos e balas perdidas seus marqueteiros lhe orientaram: a culpa de tudo isso não é sua, transfira a peteca para quem de direito. No mesmo bairro dos seus palácios, o governador usou a Olimpíada para buscar os recursos federais e cobrir parcialmente o que chamou de calamidade pública.

8. A imprensa internacional repercutiu. Estava na hora de jogar para outros a peteca da crise. Declarou que a crise estadual era de incompetência e que até tentava ajudar. Que na prefeitura está indo tudo bem. E que a segurança pública, de responsabilidade estadual, era “terrível, era horrível”.

9. As inaugurações de final de governo teriam um efeito cumulativo e a apoteose na Olimpíada e na eleição de seu sucessor. As pesquisas continuaram a mostrar desgaste e impopularidade. A eleição pós-olímpica e a presidência da República dos sonhos passaram a pesadelo. Mandou um crítico nas redes sociais se mudar do Rio. E elas repercutiram: Mas não é ele que vai morar em New York após sair do governo?

10. E veio o ato falho final na entrevista ao The Guardian: “A Olimpíada é uma oportunidade perdida”! Perdida para quem? Especialmente para ele mesmo. Subiu à memória a lição de tantos séculos (econômica, militar, política…): Não jogue todas as suas fichas num só número. Não aplique tudo o que tem nas ações de uma só empresa.

15 de julho de 2016

A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DOS SEIS MESES DE MANDATO DO DEPUTADO RODRIGO MAIA!

A. (Editorial do Globo, 15) O mandato de Rodrigo Maia é curto, mas será nele que se decidirá boa parte do futuro do Brasil nos próximos anos.

1. A vitória de Rodrigo Maia (DEM-RJ) na disputa pela presidência da Câmara representa uma limpeza de terreno na Casa, para o governo interino de Michel Temer, com a vantagem adicional de ter aproximado ainda mais Eduardo Cunha do precipício da cassação. Maia, no segundo turno da eleição, na madrugada de ontem, obteve 285 votos contra apenas 170 de Rogério Rosso (PSD-DF), nome de Cunha e do centrão na disputa.

2. Maia assume com uma postura correta: esvaziar as tensões, sepultar o longo período em que o lulopetismo transformou o Congresso em território de caça a inimigos, a que foram convertidos todos os seus adversários políticos. As primeiras declarações de Maia, confirmada a vitória, foram neste sentido. E o tom de restauração da “verdadeira política” foi mantido, durante o dia, em torno dos contatos realizados pelo novo presidente da Casa com Temer, com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o tucano Aécio Neves (MG), este do bloco vitorioso com a ascensão do deputado fluminense.

3. Começa-se a abrir um saudável espaço para o diálogo, essencial no enfrentamento da agenda estratégica das reformas que Temer precisa aprovar, com a finalidade de resgatar o país da crise e dar-lhe segurança e estabilidade numa fase longa e necessária de crescimento equilibrado e de reconstrução.

B. (Editorial do Estado de S.Paulo, 15) 1. O fortalecimento político do governo interino de Michel Temer, o desprestígio de Eduardo Cunha que provocou o esvaziamento do Centrão e a confirmação do papel marginal a que o PT está relegado na cena política são as boas notícias que resultam da vitória de Rodrigo Maia na disputa pela presidência da Câmara dos Deputados, com 285 votos. Além disso, a votação recebida pelo democrata fluminense indica que, com engenho e determinação, ele poderá transformar seu mandato-tampão de seis meses e meio no primeiro passo decisivo para a recuperação plena do papel institucional da Câmara e da hoje extremamente desgastada imagem da chamada classe política.

2. O novo presidente da Câmara estará prestando um grande serviço ao País se der, a partir do diálogo e do respeito e também do estímulo às divergências, os primeiros passos em direção ao objetivo de livrar os deputados do garrote do autoritarismo externo e interno e transformar a Câmara num genuíno foro de ampla discussão dos problemas nacionais e da proposição de medidas para enfrentá-los.

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“RODRIGO MAIA REPRESENTA A NOVA SITUAÇÃO”! “CAIU COMO UMA LUVA”!

(Eliane Catanhêde – Estado de S.Paulo, 15) 1. A eleição de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara foi uma vitória do presidente interino Michel Temer, que atuou o suficiente para render resultados, mas não mergulhar na crise interna nem atrair chuvas e trovoadas. Foi coisa de político hábil e experimente, que precisa agora canalizar essas qualidades para fazer o País andar, a economia reagir e os agentes políticos e econômicos acreditarem minimamente que “yes, he can”.

2. O perfil do vitorioso estava traçado naturalmente, faltava encaixar um nome. Rodrigo Maia caiu como uma luva: 46 anos, quinto mandato, filho do conhecido político Cesar Maia, ele representa a “nova situação” – PSDB, PPS, PSB e o próprio DEM –, transita bem em todos os partidos, não orbitou em torno de Eduardo Cunha e, ao que se saiba, passa ao largo da Lava Jato. Temer fala em “pacificar” a Câmara, Maia disputou e venceu prometendo exatamente “pacificar” a Câmara. É isso que o País precisa e os próprios deputados e funcionários querem desesperadamente. Depois do “nós contra eles” das gestões do PT, da tragédia Eduardo Cunha e do vexame Waldir Maranhão, é preciso paz. Paz para trabalhar, debater, construir e se recompor com a sociedade. Até porque, em algum minuto, as prisões vão começar. É preciso uma casa sólida, confiável.

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“…MÉDIO CLERO COM EXPECTATIVA E CAPACIDADE DE ASCENSÃO”!

(Valor, 15) 1. Pai de Rodrigo Maia (DEM-RJ), eleito presidente da Câmara, o ex-prefeito do Rio por três mandatos Cesar Maia (DEM) afirma que a gestão do filho representará uma inflexão no estilo da Casa, sem levar à frente pautas conservadoras, como defendia o ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “O presidente de um Legislativo democrático não prioriza suas opiniões”, diz Cesar Maia, em entrevista ao Valor.  Noutra distinção em relação a Cunha, que ascendeu na Câmara como líder do Centrão, formado por partidos e deputados sem grande expressão, o ex-prefeito do Rio afirma que Rodrigo Maia não se dirigiu ao baixo clero, quando – em discurso antes da votação do segundo turno, na madrugada de ontem – pregou o fim do “império dos líderes”. “Claramente ele fala ao médio clero, com expectativa e capacidade de ascensão”, pontua o hoje vereador. Para Cesar Maia, a tese de um “plenário aberto”, com as articulações “sem restrições ideológicas”, foi fundamental para a vitória do filho.

2. Em sua visão, o papel de Rodrigo Maia será de cooperação com o governo Michel Temer, dada a seriedade da crise econômica e ressalvadas as preferências da Casa. “A ele cabe a gestão da Câmara dos Deputados e abrir democraticamente o debate, garantindo as forças políticas e em especial o Poder Executivo, num momento grave como esse, que amplia as responsabilidades do Executivo”, diz.  O ex-prefeito diz que quanto à superação da crise fiscal “a iniciativa é do Executivo, nesse momento, pelos prazos”. Economista de formação, Cesar Maia afirma que “há que se avaliar o que o Executivo proporá”, mas considera que, por enquanto, o que Temer defende lhe “parece adequado”, como a proposta de emenda constitucional que prevê um teto de gastos para o governo federal, corrigido apenas pela inflação. “O teto é uma necessidade de transição como um freio de arrumação”, diz.

3. Sobre a flexibilização das dívidas dos Estados e o reajuste do funcionalismo público, Maia considera que são necessários, apesar de irem na contramão do ajuste fiscal. “Num Parlamento pulverizado, a gestão política exige talento, paciência e experiência. Até que as forças políticas se cristalizem com suas teses, as concessões feitas eram inevitáveis para compor maioria e [buscar a] pacificação política e social”, diz.

4. Cesar Maia afirma que não deu qualquer conselho ou recomendação ao filho, durante o processo de candidatura à presidência da Câmara. “Zero. Nenhuma. Até porque meu estilo diferente do dele poderia atrapalhar. Nossas identidades políticas são distintas. Não é ideológico: é estilo. Rodrigo desenvolveu a capacidade de articular, de ouvir, tem paciência de fazer política. Eu sou mais ansioso e mais administrativo”, distingue o ex-prefeito, cujo traço sempre foi mais o gosto pela gestão do que pelas costuras políticas. “Identidades diferentes podem ser eficientes cada uma em seu campo. Como jogadores de futebol”, compara Maia.

5. Na articulação para chegar à presidência da Câmara, Rodrigo Maia se aproximou do PT, histórico adversário dele, do pai e do partido de ambos, o DEM. Em agosto de 2005, o então senador por Santa Catarina e presidente da legenda, Jorge Bornhausen, disse que estava “encantado” com a crise do mensalão “porque a gente vai se ver livre dessa raça [PT], por, pelo menos, 30 anos”. Em 2010, no auge da popularidade, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva pregou “extirpar” o DEM da política brasileira, quando fazia campanha para eleger Dilma Rousseff, num comício em Joinville, reduto de Bornhausen.

6. Cesar Maia diz não se sentir vingado pela vitória do filho, que põe o partido novamente numa posição de destaque no cenário nacional. Será o segundo na linha sucessória. “Nada tem a ver. Isso faz parte de um passado que ele se propõe a superar. Lula recebeu os sinais dele por interlocutores. O segundo turno mostrou isso”, afirma o ex-prefeito, sugerindo que Rodrigo recebeu votos de muitos petistas. “A política da vingança, a política do ‘não perdoa um fato’, tem que ser superada. Se não fosse assim como ele [Rodrigo] se aproximaria como o fez de políticos com quem eu tive tantos e fortes atritos?”, diz.

7. Questionado se a eleição do filho antecipa a vitória de um tucano na próxima disputa pela presidência da Câmara, em fevereiro, ou a cassação de Cunha pelo plenário, Cesar Maia preferiu apontar para outra direção: “[Antecipa] uma reforma política progressiva por consenso e não unanimidade”, prevê.

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“PACIÊNCIA É UMA VIRTUDE DELE”!

(Estado de S.Paulo, 15) 1. Filho do ex-prefeito e atual vereador do Rio Cesar Maia (DEM), o deputado federal Rodrigo Maia, do mesmo partido, cumpre aos 46 anos uma trajetória que outros dois filhos de políticos de expressão nacional percorreram nos últimos 21 anos. Luís Eduardo Magalhães, filho do ex-governador da Bahia Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), assumiu a presidência da Câmara dos Deputados em fevereiro de 1995, aos 39 anos. Era filiado ao mesmo partido de Rodrigo, o PFL que deu origem ao DEM. O outro caso é do atual senador Aécio Neves (PSDB-MG), neto e herdeiro político do presidente Tancredo Neves (1910- 1985). Ele foi eleito para presidir a Câmara em fevereiro de 2001, aos 40 anos.

2. Ao contrário dos antecessores, Rodrigo assumiu o primeiro cargo político contra a vontade do pai. “Ele estava indo muito bem no mercado financeiro”, disse Cesar. Embora não tenha concluído o curso de Economia – que iniciou em 1989 –, Rodrigo trabalhou nos bancos Icatu e BMG antes de ser convidado a assumir a Secretaria de Governo do prefeito Luiz Paulo Conde, em 1997. Eleito com apoio de Cesar, que terminava a primeira gestão como prefeito do Rio, Conde poderia ter convidado Rodrigo a assumir uma secretaria somente como forma de agradecimento. Segundo Cesar, não foi assim. “Ao contrário: fui contra. Era um desvio de rota”, disse. “Pais são sempre conservadores.

3. Rodrigo já participava “intensamente” das campanhas políticas, segundo Cesar. O envolvimento de Rodrigo com a política aumentou durante a campanha de Conde. “A participação dele desenvolveu essa vocação. Não pude impedir”, disse Cesar. Em 1998, Rodrigo elegeu-se deputado federal pela primeira vez – está no quinto mandato.

4. Doze anos após deixar a presidência da Câmara, Aécio concorreu à Presidência da República. Luís Eduardo teve a carreira política interrompida, quando era considerado potencial candidato para suceder a Fernando Henrique Cardoso. E qual o futuro de Rodrigo? Para Cesar, a gestão do filho na Câmara vai dizer se e quando isso poderá ocorrer. “Ele não tem pressa. Essa é uma virtude dele”, disse. “Rodrigo e eu temos identidades políticas distintas. Sua capacidade de ouvir e sua paciência para articular são raras. Eu, ao contrário, sou ansioso.”

Cesar Maia fala sobre a eleição do deputado Rodrigo Maia para Presidência da Câmara

Matéria do Valor Econômico.

Pai vê filho como líder do ‘médio clero’

Pai de Rodrigo Maia (DEM-RJ), eleito presidente da Câmara, o ex-prefeito do Rio por três mandatos Cesar Maia (DEM) afirma que a gestão do filho representará uma inflexão no estilo da Casa, sem levar à frente pautas conservadoras, como defendia o ex-presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “O presidente de um Legislativo democrático não prioriza suas opiniões”, diz Cesar Maia, em entrevista ao Valor. Noutra distinção em relação a Cunha, que ascendeu na Câmara como líder do Centrão, formado por partidos e deputados sem grande expressão, o ex-prefeito do Rio afirma que Rodrigo Maia não se dirigiu ao baixo clero, quando – em discurso antes da votação do segundo turno, na madrugada de ontem – pregou o fim do “império dos líderes”. “Claramente ele fala ao médio clero, com expectativa e capacidade de ascensão”, pontua o hoje vereador. Para Cesar Maia, a tese de um “plenário aberto”, com as articulações “sem restrições ideológicas”, foi fundamental para a vitória do filho.

Em sua visão, o papel de Rodrigo Maia será de cooperação com o governo Michel Temer, dada a seriedade da crise econômica e ressalvadas as preferências da Casa. “A ele cabe a gestão da Câmara dos Deputados e abrir democraticamente o debate, garantindo as forças políticas e em especial o Poder Executivo, num momento grave como esse, que amplia as responsabilidades do Executivo”, diz. O ex-prefeito diz que quanto à superação da crise fiscal “a iniciativa é do Executivo, nesse momento, pelos prazos”. Economista de formação, Cesar Maia afirma que “há que se avaliar o que o Executivo proporá”, mas considera que, por enquanto, o que Temer defende lhe “parece adequado”, como a proposta de emenda constitucional que prevê um teto de gastos para o governo federal, corrigido apenas pela inflação. “O teto é uma necessidade de transição como um freio de arrumação”, diz.

Sobre a flexibilização das dívidas dos Estados e o reajuste do funcionalismo público, Maia considera que são necessários, apesar de irem na contramão do ajuste fiscal. “Num Parlamento pulverizado, a gestão política exige talento, paciência e experiência. Até que as forças políticas se cristalizem com suas teses, as concessões feitas eram inevitáveis para compor maioria e [buscar a] pacificação política e social”, diz.

Cesar Maia afirma que não deu qualquer conselho ou recomendação ao filho, durante o processo de candidatura à presidência da Câmara. “Zero. Nenhuma. Até porque meu estilo diferente do dele poderia atrapalhar. Nossas identidades políticas são distintas. Não é ideológico: é estilo. Rodrigo desenvolveu a capacidade de articular, de ouvir, tem paciência de fazer política. Eu sou mais ansioso e mais administrativo”, distingue o ex-prefeito, cujo traço sempre foi mais o gosto pela gestão do que pelas costuras políticas. “Identidades diferentes podem ser eficientes cada uma em seu campo. Como jogadores de futebol”, compara Maia.

Na articulação para chegar à presidência da Câmara, Rodrigo Maia se aproximou do PT, histórico adversário dele, do pai e do partido de ambos, o DEM. Em agosto de 2005, o então senador por Santa Catarina e presidente da legenda, Jorge Bornhausen, disse que estava “encantado” com a crise do mensalão “porque a gente vai se ver livre dessa raça [PT], por, pelo menos, 30 anos”. Em 2010, no auge da popularidade, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva pregou “extirpar” o DEM da política brasileira, quando fazia campanha para eleger Dilma Rousseff, num comício em Joinville, reduto de Bornhausen.

Cesar Maia diz não se sentir vingado pela vitória do filho, que põe o partido novamente numa posição de destaque no cenário nacional. Será o segundo na linha sucessória. “Nada tem a ver. Isso faz parte de um passado que ele se propõe a superar. Lula recebeu os sinais dele por interlocutores. O segundo turno mostrou isso”, afirma o ex-prefeito, sugerindo que Rodrigo recebeu votos de muitos petistas. “A política da vingança, a política do ‘não perdoa um fato’, tem que ser superada. Se não fosse assim como ele [Rodrigo] se aproximaria como o fez de políticos com quem eu tive tantos e fortes atritos?”, diz.

Questionado se a eleição do filho antecipa a vitória de um tucano na próxima disputa pela presidência da Câmara, em fevereiro, ou a cassação de Cunha pelo plenário, Cesar Maia preferiu apontar para outra direção: “[Antecipa] uma reforma política progressiva por consenso e não unanimidade”, prevê.

14 de julho de 2016

AMÉRICA LATINA: OS FALSOS PROFETAS –POPULISTAS- TERMINARAM DESINTEGRANDO!

1. “Governar é fazer crer”, dizia Maquiavel. As lideranças míticas, sejam políticas, sociais ou religiosas, se afirmam por dois caminhos distintos. De um lado, os líderes cuja autoridade se afirma como guias de seus povos. São os detentores da legitimidade pelas ideias que conduzirão seus povos ao paraíso. Perón e Vargas são exemplos.

2. Outras lideranças legitimam a sua autoridade pela ausência. Representam divindades. O que os legitima está ausente deles, está em outro plano. Padre Cícero, no Ceará, e Santa Dica, em Goiás, são exemplos. Maria de Araújo, beata de padre Cícero, em transe, ao meio de milagres, conversava com os anjos.

3. Santa Dica, em transe, ia até a “corte dos anjos” e voltava com as orientações a serem seguidas. Padre Cícero elegia e elegeu-se. Santa Dica elegeu seu companheiro. O monopólio da legitimação pela ausência trouxe e traz conflitos inter-religiosos. A autoridade legitimada pela ausência não é restrita à esfera religiosa. Líderes políticos, em diversas épocas, ao se incluir no universo dos deuses, assim se legitimavam. Ramsés 2º, Júlio Cesar e Hirohito são exemplos.

4. Em outros, a própria nação é uma divindade. Agitam com símbolos milenares, cenografia e coreografia relativas. Representam essa divindade-nação ausente. Hitler (a raça germânica superior) é um caso. Outras vezes, essa divindade é um autor cujas ideias são estruturadas como dogmas. A legitimação pela ausência se refere a eles e a suas ideias.

5. O líder é quem representa essas ideias da forma mais autêntica. Marx foi usado assim. Depois vieram as suplementações de legitimação derivada: leninismo, stalinismo… Outro tipo de legitimação da autoridade se dá pela contra-ausência. Ou seja, uma ausência que coloca em risco o país e exige a delegação de todos ao líder. O “perigo vermelho” foi usado assim, legitimando líderes e ditadores. “O imperialismo ianque”, idem.

6. Mas há um tipo de liderança mítica que se parece com a do tipo guia dos povos. Apenas se parece. Na verdade, legitima-se também pela ausência. O povo, em abstrato, passa a ser uma divindade. Um povo amalgamado que incorpora todos os valores de fé, justiça e de esperança. E de dentro desse amálgama surge o líder, que é ele, o próprio povo, encarnado em sua pessoa, como redentor.

7. As lideranças míticas são desintegráveis pelo fracasso, pela desmistificação (falsos profetas), pela força ou por outros tipos de líderes míticos. Num regime democrático, a força se exclui. Quando a alternância acontece em uma conjuntura de sucesso, a desmistificação não é tarefa simples.

8. Com isso contaram tantos caudilhos latino-americanos nos últimos anos. Mas quando o ciclo mudou, veio a crise. E a liderança mítica deles –o Povo como divindade- fez ele ressurgirem como Falsos Profetas. Foram desintegrados pelo fracasso. Chávez em primeiro lugar.

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“AGORA EU É QUE PRECISO DOS CONSELHOS DO RODRIGO”!

(Blog Lauro Jardim – por Guilherme Amafo, 14) 1. Cesar Maia estava cabreiro ontem à noite, horas antes da votação ainda do primeiro turno. Dizia que, aos 71 anos, sabia que o melhor seria esperar o resultado antes de cantar vitória. Mesmo tendo assistido a tudo do Rio de Janeiro, Cesar foi citado por Rodrigo no discurso antes da votação final, quando ele contou que pisou na Câmara pela primeira vez em 1988, com o pai constituinte, e no discurso da vitória, em que o primeiro a quem o novo presidente da Câmara agradeceu foi a Cesar.

2. No começo desta madrugada, perguntado sobre que conselho daria ao filho, disse Cesar: — Conselho, eu já dei em 1998 e ele lembrou no discurso. Agora eu é que preciso de conselhos do Rodrigo.

13 de julho de 2016

O CUSTO EFETIVO DO ESTADO!

1. As análises sobre o gasto público brasileiro tratam das despesas registradas na forma da lei, em execuções orçamentárias e balanços. Nos estudos sobre a crise do século 17, Hugh Trevor Roper (ed. Top Books) mostra que o ônus para a população vai muito além disso.

2. Na Inglaterra e na França, as coroas criaram sistemas autorizados de extorsão e corrupção, como a “purveyance” e a “paulette”, em que o Estado (a coroa) autorizava a “cobrança” indireta, fora do sistema formal de tributação. O processo foi sendo ampliado, e certos cargos públicos e mandatos passaram a ser formalmente vendidos aos interessados.           

3. Roper mostra que o “Estado da Renascença” no século 17 foi inchando e o fausto tomou conta de palácios públicos e privados, templos e igrejas. O custo formal do Estado cresceu. E o informal, ainda mais. O sistema de aluguel de cargos produzia uma arrecadação paralela por força de extorsão aos contribuintes, fornecedores dos governos e das coroas, ou receptores de serviços. Estados e cortes se descolaram da sociedade. A crise política era inevitável, abrindo caminho, no século 18, para o Estado do Iluminismo.

4. No mundo de hoje, e o Brasil certamente não é uma exceção, esse sistema permanece, informal e nem sempre tão oculto. A demanda de cargos públicos para nomeação, em boa parte, cria uma renda adicional para campanhas ou… patrimônios.

5. O próprio acesso ao mandato parlamentar ou executivo incorpora em seu valor a possibilidade de usufruir de rendas que ultrapassam em muito as remunerações. A diversidade é grande e vai a comissões, autorizações tarifárias, sobrefaturamento, sonegação consentida, venda de flagrantes, extorsão policial e fiscal, venda/aprovação de novas legislações, autorizações de obras e de atividades econômicas…

6. É claro que nada disso se registra nas despesas governamentais. Mas, sendo um custo adicional pago pela sociedade, se fosse possível calculá-lo, dever-se-ia agregá-lo ao “custo do Estado” e à carga tributária paralela, em rubricas de “purveyance” e “paulette”, para não inventar nomes novos. O aumento do número de edis, recém-aprovado, tem um limite constitucional de 5% às despesas. Mas a possibilidade de que sejam novos concessionários de “purveyances” e “paulettes” não pode ser descartada.

7. A sofisticação econométrica existente, informações reservadas e casos notórios levariam, numa pesquisa bem feita, a chegar próximo dessa sobrecarga paratributária brasileira. Só imaginar que o déficit nominal do governo poucos anos atrás era de 3% do PIB e agora –com a contabilidade real- passa de 10% do PIB. Qual o custo das pedaladas se tivessem sido contabilizadas corretamente? Qual o custo da Lava-Jato no gasto público efetivo? Quantos %s do PIB?

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CONFERÊNCIA “POLÍTICA E ESTRATÉGIAS NACIONAIS”!

Relatório de Antonio Mariano – Juventude Democrata (12/07): palestra do Embaixador e Ex-Ministro Celso Amorim na Escola Superior de Guerra.

1. Dizer que os Estados Nacionais estão perdendo influência em detrimento das organizações internacionais como OMC, ONU, OTAN, etc., é falso. Os Estados nunca estiveram tão fortes e tão presentes nas relações internacionais.

2. A boa vizinhança entre todos os países sul-americanos é de importância fundamental, pois qualquer coisa que aconteça em qualquer país pode reverberar nos demais. Recentemente, por muito pouco, não houve uma guerra entre Colômbia e Venezuela e o Brasil estaria no meio.

3. Para o Brasil a paz é um valor em si, mas que precisa de uma defesa bem equipada, exatamente para que possamos manter vivo este valor. A paz não vem sozinha e precisa de auxílio, por isso uma defesa robusta.

4. Brasil deveria investir mais de seu PIB em defesa. Atualmente o gasto está em cerca de 1,5% do PIB, quando deveria ser de 2%. A média dos BRICs é de 2,5%, mas não deve ser levada tanta em consideração já que Rússia, Índia e China estão em uma intensa corrida armamentista – principalmente os dois últimos.

5. A Aeronáutica precisa ter recursos para implementar de vez seu programa aeroespacial. Brasil é o único país de seu porte que ainda não tem algo do tipo, mesmo já tendo tecnologia para avançar. O único que falta é dinheiro para construir e lançar o veículo lançador.

6. O Exército tem tido dificuldades com os programas de vigilância da Amazônia e de fronteiras, mas também na vigilância cibernética, que é de fundamental importância para a espionagem e contraespionagem brasileira.

7. Já a Marinha tem tido dificuldades para desenvolver seus navios de desenho nacional, como a corveta. O submarino nuclear parece estar caminhando. Marinha tem como plano de defesa a cooperação com países africanos para vigilância do Atlântico Sul. Diversos acordos já foram fechados e a Marinha vem treinando as forças africanas para atividades neste sentido.

8. Ainda na cooperação, a união da América do Sul se faz importante pois sabemos que o Brasil não tem como ser autossuficiente em matéria de equipamentos bélicos. Exemplo disso foi a compra de lanchas fluviais de combate da Colômbia. Todos nós devemos nos ajudar.

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LÍDERES DE AUDIÊNCIA NA TV PAGA!

(Sem Intervalo – Estado de S.Paulo, 13) A GloboNews, um dos canais pagos que mais cresceram este ano (92%), abocanhou um honroso 1.º lugar entre o público AB1 neste primeiro semestre. Ficou 23% acima do 2.º colocado do nicho, o Cartoon Network – que também é vice em audiência geral da TV paga. No ranking de TV paga com o total de indivíduos, a GloboNews ficou com a 8.ª posição. E, filtrando a audiência com mais de 25 anos, o canal de notícias chega ao 4.º lugar.

12 de julho de 2016

O QUE OS CANDIDATOS DEVEM SABER AGORA PARA AS ELEIÇÕES MUNICIPAIS DE OUTUBRO?

1. Alguns fatos alteraram as condições do processo eleitoral neste ano, especialmente no Rio.  Primeiro, o tempo de campanha foi reduzido para 45 dias. Segundo, o tempo de TV/Rádio foi reduzido para 35 dias.

2. Terceiro, as doações por empresas estão proibidas. Quarto, os cartazes nas ruas estão proibidos.  Quinto, os candidatos-vereadores terão apenas as inserções e não mais programas, como os prefeitos. Sexto, essas inserções dos vereadores só podem ser feitas no local onde as emissoras de TV são geradoras.

3. No caso das rádios, a capilaridade será muito maior, especialmente nas cidades menores do interior. Sétimo, as redes sociais ganham muito maior relevância e levam vantagem aqueles que já as usam há muito tempo.

4. Oitavo, levam vantagem também aqueles que são candidatos das máquinas nos governos, pois contarão com muito mais trabalhos voluntários e com custo menor de TV, Rádio e Gráfica, numa espécie de economia de escala relacionada com o passado recente.

5. A fiscalização do TRE/MP será muito mais intensa na medida em que a proibição de doação de empresas poderá estimular o caixa 2. As demonstrações dos candidatos devem compatibilizar sempre e com todo o detalhe os gastos eleitorais com as receitas demonstradas.

6. Na cidade do Rio de Janeiro a Olimpíada ocupará todos os espaços dos meios de comunicação e, com isso, a atenção dos eleitores e a mobilização pelas regiões onde ocorrerão as provas. Mesmo nas modalidades de pouca expressão no país, em pouco tempo as pessoas estarão linkadas nas disputas, especialmente na parte final.

7. Em função disso, duas prioridades deverão ser destacada pelos candidatos: a) campanha de proximidade com multiplicação de reuniões, mesmo com grupos pequenos de pessoas. Importante a partir dessas reuniões fazer um cadastro de e-mails, para contatos sistemáticos e sem custo.

8. b) As campanhas ganharão produtividade nos últimos dias. Sendo assim, tanto os recursos quanto os eventos de maior expressão devem ser guardados para os últimos 15 dias. Levam vantagem os candidatos de opinião pública local ou geral.

9. Os candidatos devem ter na ponta da língua suas opiniões e argumentos sobre a corrupção na política, seja para convencimento do eleitor que pode confiar neles, seja para evitar que a quantidade de Não-Voto (abstenção, brancos e nulos) seja muito grande e os atinja. Afinal, os cargos de vereadores e prefeitos terão que ser preenchidos e é bom que o sejam por quem o eleitor confia.

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THERESA MAY, PRIMEIRA MINISTRA DO REINO UNIDO!

(BBC, 12) 1. Theresa May, que completa 60 anos em outubro, entrou na Câmara dos Comuns pela primeira vez em 1992. Ela é uma das pessoas que permaneceu por mais tempo a frente do Ministério do Interior na história do Reino Unido e figura há anos nas listas de candidatos a liderar os conservadores. E é considerada uma das políticas mais fortes e astutas do Reino Unido.

2. Como ministra, foi elogiada por sua imperturbável condução do difícil Ministério do Interior, ainda que o seu apelo político junto ao grande público ainda não tenha sido testado. Ela foi criticada pelo fracasso do governo em cumprir a promessa de manter o número de imigrantes que entram no país abaixo de 100 mil por ano. E em 2014 ela teve que demitir um de seus assessores mais próximos depois de uma amarga polêmica com o seu colega de gabinete Michael Gove sobre a melhor maneira de combater o extremismo islâmico.

3. Theresa May manteve um perfil relativamente baixo durante a campanha do Brexit, o que aumenta a sua capacidade de diálogo com os parlamentares que estavam a favor de deixar o bloco. E, depois do referendo, May foi clara no sentido de que considera que os resultados devem ser respeitados. “Brexit significa Brexit… Não deve haver tentativas para permanecer dentro da UE, nem tentativas de reintegrá-la pela porta dos fundos ou um segundo plebiscito.”, disse a ministra. Ela também descartou uma eleição geral antes de 2020 ou um orçamento de emergência para o Brexit.

4. Ao definir seus objetivos frente as negociações para sair da UE, May disse que “deve ser uma prioridade permitir que empresas britânicas façam negócios dentro do mercado único de bens e serviços, mas também recuperar o controle sobre o número de pessoas que entram no país a partir da Europa”. “Qualquer tentativa de contornar isso, especialmente por parte dos candidatos que fizeram campanha para sair da UE com foco na questão da imigração, seria inaceitável para os cidadãos”, acrescentou.  E May foi clara ao afirmar que não ativaria o artigo 50 do Tratado da União Europeia, necessário para iniciar o processo de saída da UE, antes do final de 2016, para dar ao Reino Unido tempo para “finalizar” a sua posição nas negociações.

5. May, que em 2013 revelou que sofre de diabetes tipo 1, cresceu em Oxfordshire e é a única filha de um vigário da Igreja Anglicana. Ela conheceu seu atual marido, Philip, na Universidade de Oxford, onde estudou geografia.

11 de julho de 2016

RESPONSABILIDADE E TRANSIÇÃO!

1. Os próximos 2 anos e meio compreendem um período de transição e, portanto, de construção das condições de uma recuperação sustentada do país, seja em nível econômico, como político, como social e como ético. O presidente Temer, no início de sua gestão, tem mostrado claramente que é essa a sua estratégia.

2. Porém, essa é uma tarefa coletiva, que deve ser compreendida por toda a sua equipe de governo, pelo poder legislativo, pela sociedade organizada e até pelas redes sociais. Duas eleições estarão compreendidas neste período: em 2016 as eleições municiais, e em 2018 as eleições nacionais e estaduais.

3. As eleições municipais em outubro são vistas pelos políticos como acumulação de força para as eleições nacionais. Mas não é assim que a sociedade as percebe, pois participa delas para enfrentar seus problemas do dia a dia. Cabe ao governo federal dar o exemplo e não incluir as eleições municipais como um objetivo em si para seu fortalecimento político.

4. Da mesma forma, cabe às lideranças do poder legislativo atuar dentro dessa conjuntura como de um período de transição, que exige foco, prudência, paciência e clareza quanto às prioridades. O ano de 2016 já está dando sinais dessa transição. Os conflitos que cercam o processo de impeachment são naturais e esperados e serão superados até o final do ano.

5. Talvez a Olimpíada abra um interregno de mais tranquilidade. Mas, para isso, os próprios responsáveis políticos por ela devem dar o exemplo e não se exaltar em declarações descontroladas que só fazem abrir frestas nas relações federativas.

6. A gestão política na pré-campanha e na campanha de 2018 será complexa em função da disputa pelo poder presidencial. Crescerá a retórica oportunista, confundindo a população em relação a transição, construindo utopias para colher votos. O governo e as lideranças do legislativo devem enfrentar esse período com firmeza e com uma comunicação pedagógica.

7. Por tudo isso, o ano de 2017 será um ano de mais tranquilidade e decisivo para a afirmação e a consolidação da transição produzindo a pedagogia necessária e um forte impacto de esperança na opinião pública. A ansiedade dos políticos será menor, os sinais positivos já estarão ocorrendo, o que permitirá a compreensão e a importância dessa transição.

8. 2017 será um ano decisivo para que o ciclo descendente do país não seja ampliado, e estimule a postura proativa dentro desse quadro de transição para a reversão dos fatos e das expectativas.

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BRASILEIROS COM MAIS DE 60 ANOS: 8% EM 2000, 12% EM 2016, 19% EM 2030!

(Vinicius Mota – Folha de S.Paulo, 11) 1. Com menos crianças para cuidar e ainda poucos aposentados para sustentar, um país deveria acelerar o crescimento da produção por habitante. Essa expectativa foi periodicamente frustrada no Brasil nos últimos 35 anos. Novamente agora. No ano 2000, menos de 8 em cada 100 brasileiros tinham 60 anos ou mais de idade. Hoje essa proporção já se aproxima de 12. Em 2030, para cada centena de habitantes, 19 serão pelo menos sexagenários.

2. O salto terá alcançado quase 150% em 30 anos, uma das mais rápidas metamorfoses demográficas da história das nações. A marcha do envelhecimento prosseguirá até a metade do século, quando 30 em cada 100 terão 60 anos ou mais. O que acontece no Brasil, observando-se a perspectiva das décadas por vir, é uma pequena tragédia. O país jovem é apenas remediado e pouco produtivo. A despeito disso, gasta 10% do PIB para sustentar seus aposentados e pensionistas.

3. O país maduro ali na esquina, se não realizar um pequeno milagre na produtividade, vai se espatifar contra o muro da falência civil.

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JAPÃO: PLD DO PRIMEIRO MNISTRO ABE CONQUSITA 2/3 DO PARLAMENTO!

(Reuters/Folha de S.Paulo, 11) O premiê do Japão, Shinzo Abe, conseguiu neste domingo (10) uma ampla vitória de sua coalizão na eleição para a Câmara Alta do Parlamento, segundo apontam pesquisas de boca de urna. O Partido Liberal Democrático (PLD) de Abe e seus aliados têm a “super maioria” de dois terços necessária para concretizar um de seus projetos mais polêmicos: a revisão da Constituição pacifista pós-guerra.

08 de julho de 2016

PALESTRA EM ASUNCIÓN-PARAGUAI A CONVITE DO PREFEITO MUNICIPAL PARA SUA EQUIPE!

No ato foi assinado o irmanamento entre Asunción e Rio de Janeiro.

1. QUESTÕES CONCEITUAIS:
-Direito Privado e Direito Público.
-O que é Globalização.
-A revolução eletrônica e as relações em tempo real.
-Redes Sociais: revolução na democracia direta.

2. ORGANIZAÇÕES:
-Estrutura das Organizações Privadas e Públicas ontem e hoje: das organizações piramidais às organizações em forma de disco-voador, às organizações em forma de pipeta.
-Organizações Municipais de proximidade e o sistema de ouvidoria e as redes sociais.
-Organizações Municipais Completas, de Serviços Gerais e de Serviços Urbanos.

3. O QUE DEVE FAZER UM NOVO GOVERNO MUNICIPAL APÓS AS ELEIÇÕES:
-Auditoria de todos os atos do governo anterior nos últimos seis meses.
-Dívida Financeira e Dívida Operacional.
-Série de 10 anos das principais receitas e despesas –por natureza e por função- deflacionadas.
-Despesas rígidas e flexíveis.
-Espaços a curto e médio prazo para entrarem as prioridades do novo governo.
-Iniciar as ações básicas do novo governo –especialmente os investimentos- nos primeiros 3 trimestres de governo.
-Poupar e Gastar.

4. OS GRANDES EVENTOS E AS CIDADES.
-Causas e consequências. O caso do Rio: PAN, Copa do Mundo e JJOO-_2016.

5. FUNÇÕES DE GOVERNO E COMUNICAÇÃO:
-Comunicação como um função geral de governo.
-Funções e Órgãos devem acumular o que fazem e o que comunicam.
-Alguns governos municipais inovadores e grandes comunicadores: Delanoé em Paris, Leoluca Orlando de Palermo, Rudollf Giuliani de New York, “Ken” Livingstone prefeito de Londres, Antana Mockus de Bogotá.

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PÓS-BREXIT! TONY BLAIR: “O CENTRO TEM QUE PREVALECER”!

(Tony Blair, ex-primeiro-ministro do Reino Unido – The New York Times/Estado de S. Paulo, 28/06) 1. Os efeitos mais duradouros do Brexit, no entanto, poderão ser os políticos – e com implicações globais. Se as reverberações econômicas continuarem, a experiência britânica será evocada como alerta mas, se houver acomodação econômica, movimentos populistas de outros países ganharão força.

2. Como isso foi acontecer? A direita britânica encontrou um tema que está causando palpitações na política mundial: imigração. Uma parte do Partido Conservador, aliada ao Partido pela Independência do Reino Unido (Ukip), de extrema direita, agarrou-se a esse tema e centrou nele sua campanha para a saída. A estratégia, no entanto, não teria dado certo sem o apoio de uma significativa parcela do eleitorado trabalhista.

3. Esses eleitores não receberam uma mensagem firme de seu Partido Trabalhista, cujo líder, Jeremy Corbyn, não foi enfático sobre permanecer na UE. Eles se sentiram, então, atraídos pela promessa do Brexit de que poria fim aos problemas de imigração. Além disso, preocupada com o achatamento salarial e cortes nos gastos públicos, essa faixa trabalhista viu o referendo como oportunidade de protestar contra o governo.

4. As tensões na Grã-Bretanha que levaram a esse resultado do referendo são um fenômeno universal, ou, pelo menos, ocidental. Movimentos insurgentes de esquerda e direita, apresentando-se como porta-vozes de uma revolta popular contra o establishment político, podem se alastrar e crescer rapidamente. A cobertura jornalística, hoje polarizada e fragmentada, apenas encoraja tal insurgência – efeito multiplicado várias vezes pela revolução das redes sociais.

5. Já estava claro, antes do voto Brexit, que movimentos populistas modernos podem assumir o controle de partidos. O que não estava claro era se poderiam dominar um país como o Reino Unido. Agora, sabemos que podem. O centro político é demonizado como elite inacessível, ao passo que os líderes da insurgência são considerados gente como a gente – o que, no caso da campanha pelo Brexit, é risível.

6. O centro político perdeu seu poder de persuadir, além das conexões essenciais com as pessoas que procura representar. O que se vê hoje é uma convergência entre extrema esquerda e extrema direita. A direita ataca imigrantes, enquanto a esquerda investe contra banqueiros. Mas o espírito de insurgência, a raiva ventilada contra os que estão no poder e a insistência em respostas fáceis e demagógicas para problemas complexos são os mesmos nos dois extremos.

7. Alguns governos poderão ser cooperativos. Outros, buscando desencorajar movimentos separatistas similares, nada farão para tornar fácil a saída britânica.  O Reino Unido é forte, com um povo resistente e energia e criatividade em abundância. Não duvido da capacidade dos britânicos de superar seus problemas, seja qual for o custo. Mas o estresse já é visível.

8. O centro precisa retomar sua força política, redescobrir a capacidade de analisar os problemas que encaramos e encontrar soluções que pairem acima do populismo raivoso. Se não conseguirmos fazer a extrema esquerda e a extrema direita recuarem antes que arrastem as nações europeias em seu experimento imprudente, o fim será o mesmo que tais situações sempre têm na história: na melhor das hipóteses, desilusão, na pior, divisão rancorosa. O centro tem de prevalecer.

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PARA OS AMBIENTALISTAS AVALIAREM COM TODO O CUIDADO! AFINAL, ESTAMOS EM PROCESSO ELEITORAL!

1. Prefeitura do Rio publicou (07/07) o Decreto 41.947 que altera o Decreto 41.728.

2. Na prática, o novo decreto permite a instalação de antenas de celular em “Zona de Conservação ou de Preservação da Vida Silvestre das Áreas de Proteção Ambiental”, o que antes era proibido.

3. Além do mais, no § 1º do Art. 6º do decreto original, que trata sobre a proibição de instalação em certos lugares, está escrito que “As ERBs e Mini-ERBs só poderão ser instaladas em Unidades de Conservação que admitam o uso sustentável de seus recursos ambientais, mediante prévia autorização do órgão gestor e em conformidade com o Plano de Manejo.”

4. No novo decreto, ele retira a parte do “que admitam o uso sustentável de seus recursos ambientais”, deixando apenas a parte da autorização do órgão gestor.

07 de julho de 2016

DUAS NOTAS POLÍTICAS PÓS-BREXIT! LÍDER DO UKIP RENUNCIA! RAINHA SE ENCONTRA NA ESCÓCIA COM LÍDER INDEPENDENTISTA! PRIMEIRÍSSIMO MUNDO!

A.1. O líder do partido nacionalista britânico UKIP disse nesta segunda-feira que vai abandonar a liderança, um anúncio que surge dias depois da vitória do brexit no referendo de 23 de junho. “A vitória do lado do ‘sair’ no referendo significa que os meus objetivos políticos foram atingidos”, disse Nigel Farage, em conferência de imprensa em Londres. Farage disse ainda que deixa o UKIP “num bom sítio”, mas que não é “um político de carreira” e que já fez a sua parte. “Durante o referendo disse que queria o meu país de volta…, agora quero a minha vida de volta”.

2. Não é a primeira vez que Farage deixa a liderança do partido euro cético e anti-imigração: já se tinha demitido em 2009, devido a lutas internas no partido; e novamente no ano passado, depois de ter falhado a eleição como deputado, tendo voltado atrás pouco tempo depois. Desta vez, garante que isso não vai acontecer. Nigel Farage, de 52 anos, foi um dos fundadores do UKIP em 1993. Cáustico, qualificado de racista por alguns, falhou seis vezes a eleição para o parlamento britânico, mas está desde 1999 no Parlamento Europeu, tendo dedicado a carreira a denegrir as instituições europeias.

3. Farage acrescentou ainda que agora o país precisa de um “primeiro-ministro do brexit” para conduzir as negociações da saída da União Europeia. Num comunicado, Nigel Farage considerou que o seu partido poderá ainda “conhecer dias melhores” se o próximo governo não mantiver os compromissos ligados ao ‘Brexit’.

B.1. A rainha Elizabeth II realçou a importância de manter “a calma” num mundo com “desafios”, ao inaugurar a nova legislatura do parlamento da Escócia. Disse aos membros do parlamento de Holyrood, em Edimburgo, que o mundo é cada vez mais “complexo e exigente” e que os acontecimentos dos dias de hoje se desenvolvem a uma “velocidade extraordinária”. A rainha, acompanhada pela líder do governo escocês, Nicola Sturgeon, destacou que os tempos atuais trazem “esperança”.

2. “Claro que todos vivemos e trabalhamos num mundo cada vez mais complexo e exigente, no qual os acontecimentos e os desenvolvimentos podem e têm lugar a uma velocidade extraordinária, e ter a capacidade para conservar a calma e estarmos serenos pode ser às vezes duro”, admitiu a chefe de Estado britânica. A soberana destacou também a necessidade de pensar as coisas com serenidade, a fim de observar como os “desafios e as oportunidades” podem ser abordados da melhor maneira.

3. A intervenção de Elizabeth II coincide com momentos difíceis na Escócia, depois de a região votar a favor da permanência na UE. Na sequência deste resultado, Nicola Sturgeon indicou que fará todo o possível para defender os interesses da Escócia na UE e não descartou a possibilidade de convocar outro referendo de independência, depois do de 2014, no qual os escoceses rejeitaram a separação do Reino Unido.

4. Sturgeon destacou no parlamento escocês a importância de que os membros desta sessão legislativa mostrem “coragem e determinação” para ajudar os escoceses.  “O nosso compromisso coletivo para com o povo da Escócia é o de que não devemos fugir de nenhum dos desafios que enfrentamos, sem importar quão difíceis ou profundos sejam”, acrescentou.

5. Ao mesmo tempo, a líder independentista sublinhou que o dever do parlamento é “nunca diminuir o nosso lugar no mundo”, em clara referência ao vínculo com o bloco comunitário. “Hoje, ao celebrar um novo começo (legislativo), olhemos com esperança (…) para trabalhar sem descanso pelo bem de todos os escoceses e, ao fazê-lo, ter a nossa participação numa Europa mais forte e num mundo melhor”, acrescentou.

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IMPASSE: AUDIÊNCIA PÚBLICA (06) SOBRE VALORIZADO TERRENO DA RUA MARQUÊS DE SÃO VICENTE NA GÁVEA!

Relatório de Lucas Antunes da Juventude DEM.

Audiência Pública para discutir as condições de ocupação para imóvel localizado à Rua Marquês de São Vicente Nº 104 – Gávea -Data: 6 de julho-Horário: 19h-21h30- Local: Planetário da Gávea – Auditório- Presentes: 150 pessoas + 3 funcionárias da Secretaria de Urbanismo + presidente AMAGÁVEA.

1. Exposto pela mesa de representantes dos órgãos oficiais e dos interessados: – Mais de 30 anos de abandono/esvaziamento da edificação que abrigou o laboratório farmacêutico Moura Brasil / – Há anos a AMAGÁVEA busca uma solução viável para a ocupação do terreno / – Em 2000 ia ser criado um CT (centro tecnológico) da PUC, depois área foi comprada pela rede de supermercados Mundial em 2003 / – Impacto negativo à ambiência urbanística e paisagística do bairro / – Motivo de preocupação dos moradores, por ser criadouro de insetos / – Desapropriação do terreno não efetivada pela Prefeitura, ainda falta previsão da implantação do Parque Sustentável (criado pela lei 5.757)

2. Foi apresentado o projeto comercial da rede de supermercados Mundial.  – Moradores não chegaram a um consenso, pois havia um conflito entre a AMAGÁVEA, a AMECAT e moradores não-ligados a nenhuma associação. /- Algumas pessoas apoiavam ter um supermercado, outros um centro comercial, outros um conjunto habitacional, outros o parque, outros CT da PUC. / – Alguns propuseram uma pesquisa na internet, outros uma consulta popular dos moradores da Gávea com urnas. – Mais de 30 perguntas e pedidos de fala por parte dos presentes para demonstrar a falta de informações claras e propostas consistentes. /- Maioria dos moradores, todavia, não quer centro comercial nem supermercado, mas vê com dificuldades construir residencial, parque ou CT. / – Qualquer empreendimento médio ou grande aumentaria o congestionamento de carros na rua e de pessoas na calçada, e a Gávea é pequena.

3. No final: impasse, sem solução, sem consenso.

06 de julho de 2016

A TÁTICA DE DILMA REFORÇA A PERMANÊNCIA DE TEMER!

1. Os representantes de Dilma na comissão especial do Senado que analisa o impeachment adotaram a tática de quanto mais retardar a votação final melhor. Contam reverter votos de senadores ou fatos novos que possam desmoralizar o presidente Temer. Essa é uma tática suicida.

2. Temer governa como presidente efetivo olhando os dois anos e meio que tem à frente. Com isso, aprova leis, aplica políticas, introduz ações, reconstrói a máquina federal, os cargos em todos os escalões e empresas, redireciona a execução orçamentária…

3. Estabelece-se cada dia mais o consenso que a equipe econômico-financeira –liberal- de Temer é uma esperança das coisas mudarem. Mesmo setores de centro e centro-esquerda têm essa percepção. Nesse sentido, o governo Temer –por enquanto- não tem oposição “interna”, seja política, seja social.

4. A oposição de fato se dedica a denunciar um suposto “golpe”, se organiza e se mobiliza em função disso. Ou seja, a oposição de fato radicalizou à esquerda sua postura. Com isso, ela se torna antípoda às medidas e ações do governo Temer.

5. Ou de outra forma: a hipótese do retorno de Dilma –com a base que lhe dá sustentação no PT, PCdoB, CUT, MST, et caterva e suas palavras de ordem- cria a certeza que aquele hipotético retorno de Dilma significará uma implosão da situação atual: remudarão tudo. Ou seja, o poço das crises política, econômica, social será muito mais profundo que hoje. Será como a ação de uma perfuradora de poços de petróleo do pré-sal.

6. Esse é um quadro que apavora as empresas, os investidores internacionais, os desempregados, os governos estaduais e municipais, os governos que interagem com o Brasil, os empregados, os sindicatos fora da CUT/MST. Essa percepção crítica chega a cada dia mais e mais aos Senadores que votarão o impeachment em 2 meses ou pouco menos.

7. A tática do “é golpe” funciona como um bumerangue e cai na cabeça de Dilma e seguidores. Senadores que estavam de fato indecisos não estão mais. E se reservarão até o painel marcarem os seus votos. A sensação, logo após a votação, será de alivio para todo o país. E de depressão para os que acreditaram na possibilidade da volta de Dilma. Esses ficarão sem rumo, o que ocorre sempre que uma liderança convence seus seguidores de uma tática suicida.

* * *

DESEMPREGO JOVEM, LEGADO OLÍMPICO, DESVIOS SUSPEITOS!

1. (Globo, 05) Prefeito do Rio diz que situação hoje é terrível, mas que tropas federais vão atuar nos Jogos. Obs.: E nas ruas? Quem atua é a PM. Declaração desmotivante.

2. (M. C. Frias – Folha de S. Paulo, 05) Pouco mais da metade, 50,4%, dos gregos com até 25 anos estava sem trabalho, segundo dados de maio da Eurostat (agência de estatísticas da União Europeia), pior resultado entre 28 países. Espanha (43,9%) e Itália (36,9%) são os demais membros europeus com as maiores taxas de desemprego para essa faixa etária. No bloco, a média da desocupação foi de 18,6%.

3. (Editorial – Folha de S. Paulo, 05) O dossiê para a candidatura do Rio continha 1.100 projetos de arquitetura e urbanismo distribuídos em 538 páginas. Foram anexados 130 documentos de garantias que, se empilhados, alcançariam 2,5 metros de altura. Trata-se um monumento representativo do que restará para a cidade após a Olimpíada: mais papel do que legado.

4. (Bergamo – Folha de S.Paulo, 05) Operação Lava-Jato azedou o clima em alguns setores da Odebrecht. Valores de propina descobertos pelos investigadores não batem com o que a empresa imaginava estar desembolsando em alguns casos. Há desconfiança de que parte dos recursos foi desviada pelos que administravam ou tinham ingerência sobre o setor responsável pelos pagamentos. Obs.: Memória de assaltos a banco nos anos 70 em que o gerente declarava mais do que foi levado.

05 de julho de 2016

RIO: SEGURANÇA PÚBLICA E O ESTRESSE DO PREFEITO!

1. Pode-se compreender o estresse na forma de desabafo, do prefeito do Rio, à imprensa nacional e estrangeira sobre a segurança pública no Rio. Afinal, o recrudescimento dos índices de criminalidade no Rio ocorre exatamente no momento da Olimpíada.

2. O prefeito sonhava com a consagração de sua administração tendo como emblema os Jogos Olímpicos. Isso não ocorrerá mais. E não apenas em função da segurança pública. Não é um ciclo favorável. A começar pela crise econômica, política, ética e social que atinge especialmente o Rio.

3. As taxas de desemprego afetam duramente o Rio. A aposta nos royalties do petróleo e no endividamento ruiu. Poderia se prever em 2014? Se sim, o próprio prefeito deveria ter alertado. O fato é que os serviços públicos foram muito atingidos por essa crise e, é claro, a segurança pública.

4. A crise ética chegou ao Rio e as investigações e delações começaram a ter também sotaque carioca. Problemas com obras que não ficarão concluídas no prazo criaram um clima de insegurança. O Metrô e a fotografia da ciclovia partida ganharam destaque.

5. Mas com a criminalidade crescendo, a segurança pública foi escolhida pelo prefeito para lavar as mãos e dizer: não tenho nada com isso, é problema dos outros do Estado em primeiro lugar. E escolheu palavras fortes para dizer isso: vergonha na cara, desmando, terrível, horrível.

6. Mas se ele acompanhasse os ciclos de segurança pública no Rio veria que essa ciclotimia é comum e, por isso mesmo, esperada. Basta entrar no site do Instituto de Segurança Pública da Secretaria de Segurança Pública no link de estudos. Há uma análise de 35 páginas sobre a criminalidade no Rio entre 2003 e 2015.

7. Ali vai se ver, e as conclusões do estudo vão sublinhar, que o último desses ciclos ocorreu entre 2013 e 2014, quando a criminalidade cresceu e muito no Rio. Mas o ano de 2015 foi de refluxo, ou seja, os índices de criminalidade voltaram a cair de forma intensa, especialmente os homicídios.

8. Com estes números destacados pelos governos e pela imprensa durante 2015 e no início de 2016, criou-se a sensação que o ciclo de 2015 prosseguiria por 2016 formando um contra-biênio a 2013-2014. Entrevistas, estatísticas, gráficos, fotos e comemorações. Entusiasmo.

9. O prefeito estava calmo e alegre, excluindo a segurança pública de suas preocupações olímpicas e -como consequência- eleitorais. Mas o ciclo positivo foi curto e o contra-ciclo voltou com intensidade. E se não bastasse o crescimento dos índices de criminalidade, estes vieram acompanhados das crises econômica, social e administrativa do governo do Estado.

10. Com um explosivo choque de expectativas e a proximidade dos Jogos Olímpicos, o prefeito estressou e buscou o máximo destaque lavando as mãos e focalizando culpados. E se a imagem pré-olímpica não ia bem, com o estresse do prefeito, piorou. Afinal, depois de 7 anos, desde a escolha do Rio para a Olimpíada, é a primeira vez que isso ocorre. Antes eram afagos e agora agressões. Todos juntos! E agora?

11. Evolução dos principais indicadores de criminalidade e atividade policial no Estado do Rio de Janeiro – 2003 a 2015.

22 de junho de 2016

AS REDES SOCIAIS E O PÓS-IMPEACHMENT DE DILMA!

1. Há um consenso que a mobilização e a legitimação do processo de impeachment de Dilma se construiu pelas redes sociais e com elas pela opinião pública multiplicada. Essa mobilização -nesta etapa virtual- permanecerá até o impeachment de Dilma.

2. E depois? Como se sabe, as redes sociais constroem uma democracia direta do não. As redes sociais são horizontais e desierarquizadas. Empoderam os indivíduos e não as organizações, sejam associações, sindicatos ou partidos.

3. Com essa heterogeneidade e pluralidade, sua energia, sua força e seu poder de mobilização se expressam basicamente pela reação contra políticas, contra fatos, contra pessoas, em especial lideranças, que por esta condição estão muito mais expostas e são muito mais visíveis.

4. Por estas razões constituintes o que constrói grandes consensos através das redes sociais é o NÃO, ou seja, a oposição a algum fato, medida, governo associação ou personagem.

5. A enorme impopularidade de Dilma, acompanhada de uma crise múltipla e inusitada -econômica, política, administrativa, moral e social- desembocou naturalmente num NÃO unânime. Daí as redes sociais mobilizarem este consenso e levarem multidões às ruas foi um clique nas redes e a marcação de local e data.

6. No momento da votação do impeachment as redes sociais exultarão com sua inquestionável vitória. Mas a vida continua. Os que imaginam que isso significará apoio ao governo Temer enganam-se redondamente. Não é da natureza das redes sociais apoiarem qualquer governo. Não é da natureza das redes sociais mobilizarem opinião pública em torno de qualquer SIM.

7. Haverá um interregno, como um período de carência em que as críticas passarão a rodar nas redes sociais, até que se construa consensos em torno de pontos críticos mobilizadores.

8. Esse período de carência será único até o final do governo Temer. E, portanto, deve ser muito bem aproveitado. Incluindo as eleições, as festas e o carnaval, as redes sociais voltarão em março. Com os temas desdobráveis da crise que o país atravessa.

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CRIMINALIDADE E VIOLÊNCIA AUMENTAM NO RIO! BELTRAME TRANSFERE A CULPA, COMO SEMPRE!

(Jornal Nacional, 20) 1. Os números mostram que a violência aumentou muito no Estado do Rio nos primeiros meses de 2016. Perto do hospital invadido, câmeras da maior estação de trem da cidade já tinham flagrado o movimento de traficantes de drogas, com fuzis e pistolas. O secretário de Segurança reagiu assim ao ser questionado sobre bandidos armados perto do prédio onde ele trabalha: “Nós agimos numa cidade totalmente desorganizada, numa cidade sem limite, numa cidade sem nenhum tipo de parâmetro de crescimento, mas a polícia opera. Mas não se surpreendam que, numa verdadeira esculhambação urbanística que é o Rio de Janeiro, neste momento, não tem alguém de fuzil em alguma linha do trem. Que polícia no mundo opera num cenário desse? Nós operamos, mas, e o resto?”, pergunta José Mariano Beltrame.

2. Na quarta (15), em apenas 12 horas, cinco PMs foram baleados por criminosos. Os números da criminalidade mostram que só nos quatro primeiros meses de 2016 o Estado do Rio teve 21 roubos a cada hora e 14 assassinatos por dia.  Os registros de homicídio crescem a cada mês. Já são 1.715, 15% a mais do que no mesmo período de 2015.  Os roubos também subiram nesse período. Foram mais de 63 mil, aumento de 21% comparado com o início de 2015.

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FINANÇAS PÚBLICAS: ESTADO DO RIO DE JANEIRO X DEMAIS ESTADOS!

(Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Bacen – Folha de S.Paulo, 22) 1. O governador interino do Rio de Janeiro, Francisco Dornelles, decretou estado de calamidade pública no Estado. Normalmente isto ocorre em face de um desastre de grandes proporções e, sinceramente, não há outra forma de descrever a gestão fiscal do Rio de Janeiro. Segundo os dados divulgados pelo Tesouro Nacional acerca das finanças estaduais, enquanto o conjunto dos demais Estados registrou (a preços de 2015) superavit primário pouco inferior a R$ 26 bilhões entre 2012 e 2015, o Rio de Janeiro apresentou deficit de R$ 6,8 bilhões.

2. No ano passado o deficit fluminense atingiu R$ 3,6 bilhões (equivalente a 6% de sua receita bruta); já os demais Estados conseguiram gerar superavit de R$ 10 bilhões (cerca de 1% de sua receita bruta). Esta diferença de desempenho não pode ser atribuída à receita, que cresceu de forma semelhante no Rio (0,6% ao ano além da inflação) em relação aos demais estados (0,7% anual), mas sim à evolução das despesas. Entre 2012 e 2015 as despesas no Rio de Janeiro aumentaram 4% anuais acima da inflação; nos demais Estados o crescimento nesse período atingiu menos da metade (1,7% anual).

21 de junho de 2016

PREFEITO DO RIO CORRE ATRÁS PARA FECHAR AS CONTAS ELEITORAIS, FISCAIS E PREVIDENCIÁRIAS!

1. Na quinta-feira, 16 de junho, fora da ordem do dia, e surpreendendo até seus apoiadores, o prefeito do Rio apresentou, em regime de urgência, uma lei autorizando a prefeitura a contrair um empréstimo de 800 milhões de reais com o BNDES. Esse valor foi divulgado pela imprensa como solicitado ao presidente Temer na visita ao Parque Olímpico no dia anterior. O açodamento era de tal ordem que as comissões assinaram no escuro a aprovação, e o texto veio a plenário emendado a caneta, em várias partes, para dar legalidade ao ato das comissões.

2. Foi aprovado em duas sessões –sendo uma extraordinária- realizadas no mesmo dia. A justificativa da aplicação dos recursos fala de mobilidade (transportes). E, surpreendentemente, de aplicações direcionadas às despesas de conservação ou pequenas obras, que fogem inteiramente do escopo dos empréstimos do BNDES. Seria um grave precedente o BNDES abrir os cofres para despesas de conservação e pequenas obras, seja pelo escopo, seja por se direcionar abertamente à campanha eleitoral, já que podem ser realizadas em 90 dias.

3. No dia seguinte –17 de junho- o prefeito do Rio publicou no Diário Oficial decreto 41.832 de 16 de junho, regulamentando o uso dos depósitos judiciais pela prefeitura: (…) “sobre os depósitos administrativos tributários e não tributários”. Essa regulamentação veio quase um ano após a publicação da lei complementar federal 151 de 5 de agosto de 2015.

4. A prefeitura já havia realizado saques com este escopo. Agora regulamenta na forma da LC 151. São 70% dos depósitos judiciais que podem ser sacados. Os focos de aplicação previstos na LC 150 e reproduzidos no decreto, são: “I – precatórios judiciais de qualquer natureza; II – dívida pública fundada, III – despesas de capital. IV – recomposição dos fluxos de pagamento e do equilíbrio atuarial do Fundo Especial de Previdência do Município do Rio de Janeiro, nas mesmas hipóteses do inciso III.”. A prefeitura mantém-se adimplente há 20 anos com os precatórios, portanto este não é o problema. Assim como não é problema o pagamento da dívida pública fortemente reduzida por lei federal.

5. Mas há 2 pontos que são básicos para o fechamento das contas da prefeitura este ano. O primeiro é o uso dos depósitos judiciais para cobertura do déficit financeiro da previdência municipal (PreviRio/Funprevi). Como se sabe e este Ex-Blog já demonstrou, as reservas líquidas que superavam os R$ 2 bilhões em 31/12/2008 estão sendo zeradas. Dessa forma, se pode fechar na corda bamba as contas do PreviRio/Funprevi em 2016.

6. O segundo ponto é uma agregação que o decreto faz à LC 150/2015. Esta agregação vem no parágrafo único do artigo da LC 150 que define as aplicações autorizadas e, por esta razão, é de discutível legalidade. Ele diz assim: Parágrafo único. Independentemente das prioridades de pagamento estabelecidas no caput deste artigo, poderá o Município utilizar até 10% (dez por cento) dos recursos citados no caput do artigo 1º para constituição de Fundo Garantidor de PPPs ou de outros mecanismos de garantia previstos em lei, dedicados exclusivamente a investimentos de infraestrutura.

7. Ou seja, autoriza o uso de 10% dos precatórios para os programas de concessões, que se imaginava que estavam cobertos, como as “trans”.

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LAVA-JATO ARGENTINO!

(Clovis Rossi, 19) 1. O personagem da vez chama-se Jo¬sé Ló¬pez, homem-chave do kirch¬ne¬ris¬mo co¬mo se¬cre¬tá¬rio de Obras Pú¬bli¬cas, de¬tido de madrugada quando tentava esconder US$ 9 milhões mais relógios de marca, ienes japoneses e até notas do Qatar. O local escolhido para a operação foi um convento na periferia de Buenos Aires, cujas freiras contaram depois aos jornais que López lhes disse que estava escondendo o dinheiro por temor de ser roubado: “Vão me roubar porque eu roubei dinheiro para ajudar aqui [o convento]”.

2. A importância de López no esquema dos Kirchner é descrita no jornal espanhol “El País”: “Ló¬pez, que che¬gou a manejar di¬re¬ta¬men¬te fun¬dos de cerca de € 9 bilhões em di¬ver¬sos proje¬tos, era a mão direita de Julio De Vi¬do, o mi¬nis¬tro que controlou to¬das as obras. Ambos são mem¬bros dos cha¬ma¬dos ‘pin¬gui-nos’, gru¬po de má¬xi¬ma con¬fian¬ça que Nés¬tor Kirch¬ner trouxe a Bue¬nos Ai¬res de San¬ta Cruz, província de que foi go¬ver¬na¬dor, na gélida Pa¬ta¬gônia”.

3. Era inevitável, nessas circunstâncias, que a lama escorresse sobre todo o kirchnerismo, não apenas sobre o funcionário preso. Escreve, por exemplo, Carlos Pagni, respeitado colunista do jornal “La Nación”, ambos críticos permanentes do governo dos Kirchner:  “López foi a engrenagem central de uma maquinaria de poder. Os Kirchner lhe confiaram durante quase 30 anos seu tesouro mais valioso: a obra pública.”

20 de junho de 2016

RJ: DECRETO –NA VERDADE- APONTOU PARA CALAMIDADE NA ORDEM PÚBLICA!

1. Uma leitura atenta do texto e do contexto do decreto Nº 45.692 de 17 de junho de 2016 publicado numa edição extraordinária do Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro, permite ver o que há por trás das cortinas da crise estadual neste momento. O uso das Olimpíadas-2016 como pretexto tem justificado leis e decretos da prefeitura do Rio nos últimos 5 anos. Não é novidade. Então, quais são os seus objetivos fundamentais?

2. A principal relação com a Olimpíada não é financeira, mas a ordem pública. No RJ-TV-2 da TV Globo, no mesmo dia 17/06, ao meio de imagens de bocas de fumo explícitas nas estações e corredores ferroviários, e passeios abertos com fuzis, Beltrame, secretário de segurança, abriu o verbo: “O Rio vive uma esculhambação urbana!”. Mais uma versão da transferência de responsabilidades que o tem acompanhado nos últimos 2 anos.

3. Os órgãos de inteligência detectaram, nas últimas 2 semanas, uma mobilização multiplicada em redes sociais de policiais militares para a decretação de um forte movimento grevista. A alegação são os atrasos e o parcelamento das remunerações e proventos. O Estado não tem dinheiro para pagar. A lei não permite transferência federal para pagar pessoal. E o ministro da fazenda em reunião com os Estados quer a redução das despesas de pessoal.

4. O decreto de calamidade pública cumpre assim 2 objetivos de ordem pública. O primeiro é dar cobertura legal às transferências federais para colocar em dia o pagamento da polícia. O segundo é tornar automaticamente ilegais greves e mobilizações de servidores.

5. O governador Dornelles em entrevista divulgada no RJ-TV-2 de 17/06 foi claro: “Os serviços públicos de segurança, saúde e mobilidade (transportes) podem entrar em colapso”. Não incluiu –em sua fala- Educação, pois esta já está em colapso e o magistério em greve há 3 meses. A citação à mobilidade dá cobertura à complementação de empréstimo de quase 1 bilhão de reais para a linha 4 do Metrô. Assim como a ilegalização de protestos e passeatas o que dá cobertura a proibições e até repressões se necessário. Educação aparece num dos “considerando” do decreto: “…que tal fato (…) pode ocasionar ainda o total colapso na segurança pública, na saúde, na educação, na mobilidade e na gestão ambiental”.

6. Além disso, decreto de calamidade pública autoriza a realização de despesas sem licitação, alegando emergência, o que permite realizar despesas sem licitação para a área crítica da Saúde Pública com recursos federais. Na entrevista, o governador fez uma referência às eleições municipais em relação à ordem. Com isso, temos dois desdobramentos: a) as eleições serão realizadas num ambiente de estado de sítio; b) as medidas terão a duração de 60 dias, prazo também de validade da medida provisória baixada pelo presidente Temer. E depois? O que virá?

7. O decreto é sucinto demais para o alcance do mesmo. Vale tudo.
DECRETO Nº 45.692 DE 17 DE JUNHO DE 2016. DECRETA ESTADO DE CALAMIDADE PÚBLICA, NO ÂMBITO DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS.  O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, EM EXERCÍCIO, no uso de suas atribuições constitucionais e legais, DECRETA: Art. 1º- Fica decretado o estado de calamidade pública, em razão da grave crise financeira no Estado do Rio de Janeiro, que impede o cumprimento das obrigações assumidas em decorrência da realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.  Art. 2º- Ficam as autoridades competentes autorizadas a adotar medidas excepcionais necessárias à racionalização de todos os serviços públicos essenciais, com vistas à realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. Art. 3º – As autoridades competentes editarão os atos normativos necessários à regulamentação do estado de calamidade pública para a realização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.Art. 4º – Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação. Rio de Janeiro, 17 de junho de 2016
Francisco Dornelles

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-DESASTRE- PARA A DECRETAÇÃO DE CALAMIDADE PÚBLICA!

(FOLHA DE SP, 19) É definido como “resultado de eventos adversos, naturais ou provocados pelo homem sobre um cenário vulnerável, causando grave perturbação ao funcionamento de uma comunidade ou sociedade, envolvendo extensivas perdas e danos humanos, materiais, econômicos ou ambientais, que excede a sua capacidade de lidar com o problema usando meios próprios”. O conceito traz implícita a noção de imprevisibilidade. Para que um desastre seja classificado como “de grande intensidade”, precisa ter causado certos danos humanos, materiais, ambientais ou perdas econômicas.

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“CIRCUS MAXIMUS” E A IMAGEM DO RIO!

Da entrevista à Folha de S. Paulo do economista americano Andrew Zimbalist, autor do livro “Circus Maximus”, obra, lançada em 2015 e elogiada pela revista “The Economist” e pelo jornal “The Guardian”.

FSP: A imagem do Rio no exterior foi afetada com os problemas na organização dos Jogos?

A.Z.: Não há dúvidas de que a imagem do Rio está muitas vezes pior do que estava. Antes da Copa do Mundo, as pessoas olhavam para o Rio como um lindo e exótico destino turístico. Um local ainda subdesenvolvido, mas muito atraente e simpático. O que o mundo descobriu sobre o Rio nos últimos três ou quatro anos é que a água é poluída, que muitas regiões têm pontos de água parada que facilitam a proliferação de mosquitos e do vírus da zika, que a violência é extensa e difundida, que a economia está em queda livre, que há uma corrupção profundamente enraizada no sistema político, que há instabilidade política no país, que os congestionamentos são constantes, que parte da infraestrutura foi construída às pressas e já está caindo aos pedaços…

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NICARÁGUA: ORTEGA RASGA A FANTASIA E SE ASSUME COMO DITADOR NO MELHOR MODELO CHAVISTA!

(Folha de S.Paulo, 18) 1. Em apenas duas semanas, o presidente Daniel Ortega, 70, tomou três decisões que radicalizam seu regime e colocam em risco o processo democrático na Nicarágua. Logo após anunciar-se candidato a um terceiro mandato consecutivo (a reeleição indefinida foi aprovada em 2014), Ortega informou que não será permitida a presença de observadores ou de organizações de direitos humanos internacionais nas eleições de 6 de novembro próximo.

2. Também retirou a representação legal da principal aliança opositora, encabeçada pelo PLI (Partido Liberal Independente). As legendas de oposição anunciaram que, por isso, não disputarão o pleito, deixando na cédula apenas o partido de Ortega (Frente Sandinista de Liberação Nacional) e agremiações menores alinhadas ao governo. O líder da oposição, Eduardo Montealegre, declarou que sua agrupação continuará “tomando ações legais para retomar a sigla e participar das eleições”, disse à imprensa local.

3. O Centro Carter (EUA) disse que a decisão de Ortega era um “ataque à comunidade internacional”. Ao que o mandatário respondeu: “Nada de observadores, nem da União Europeia, nem dos EUA, nem de lugar nenhum. Eles que vão observar seus países. Eles sabem que na Nicarágua enfrentam um povo de vocação anti-imperialista”.

17 de junho de 2016

PALESTRA DE PIÑERA, EX-PRESIDENTE DO CHILE, DIA 09/06, EM MONTEVIDÉU!  

1. Piñera defendeu as liberdades individuais: “se confiamos em nossos povos para eleger os presidentes, por que não confiamos nas pessoas para escolher a escola de seus filhos e o que fazer com seu dinheiro?”.

2. Comparou a Alianza del Pacífico (Chile, Peru, Colômbia e México) com o Mercosul e disse que a Alianza avançou mais em 2 anos do que o Mercosul em toda a sua história.

3. Liberdade é política, social e econômica. Democracia, igualdade de oportunidades e economia social de mercado.

4. Século XX na verdade foi de 1914 a 1989. Agora vivemos um novo mundo e a América Latina, além de ter desperdiçado uma década de bonança, não está se preparando para o futuro.

5. Brasil é o maior exemplo de um país latino que parecia estar indo bem, mas frustrou as expectativas, e o intervencionismo estatal exagerado fez parte do fracasso. Venezuela é pior ainda, mas desta, com o governo que tem, não se esperava nada diferente do que ocorre hoje.

6. Os países emergentes saíram de 21% para 56% do PIB mundial em 25 anos. Mas agora terão que se adaptar a um cenário sem commodities altas e sem a Super China.

7. O Estado assistencialista não cria uma rede de proteção, mas sim uma teia de aranha que prende e torna dependentes as pessoas.

8. Na UNASUL todas as reuniões começavam com um discurso de Chávez colocando a culpa de tudo nos EUA e não assumindo seus erros. Por isso a Alianza del Pacífico dará muito mais certo.

9. Metas para a América Latina: Democracia, Menos obstáculos para a Economia, Educação, Controle da Corrupção, Oportunidades, Empreendedorismo, Qualidade do Gasto Público e da Dependência do Estado.

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PARA 66,7% NÃO HOUVE GOLPE!

(Instituto Paraná – Noblat – Pesquisa 11-14/06)

1. Atualmente, o que o Sr(a) prefere: A volta da Presidente Dilma Rousseff – 9,6% / A permanência de Michel Temer como Presidente – 24,4%

2. A Presidente Dilma Rousseff foi vítima de um golpe ou dos seus próprios erros? vítima de um golpe – 21,2% / vítima dos seus próprios erros – 75,8%

3. 36,2% aprovam Temer até o momento. / 28,9% acham que Temer indo melhor que Dilma. / 16,9% que está indo pior.

4. Para 53,5% Temer chegará ao final do mandato. / Para 40,3% será afastado.

5. 66,7% não consideraram impeachment golpe. / 29,5% sim.

6. Com afastamento de DILMA 33,2% dizem que a situação econômica vai melhorar. / Para 19,3% vai piorar.

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“EMPRÉSTIMOS DO GOVERNO FEDERAL AOS “PARCEIROS”!

R$ 50,5 bilhões para os ” parceiros”:

Senador Ronaldo Caiado apresentou na comissão do impeachment, uma tabela com financiamentos do governo brasileiro para países como Cuba, Argentina, Moçambique e Angola. Total? R$ 50,5 bilhões.

“O governo penalizou programas sociais e priorizou empréstimos externos.”

Eis a tabela de Caiado com os valores dos empréstimos concedidos pelo governo Dilma aos parceiros:

Angola – R$ 14 bilhões
Venezuela – R$ 11 bilhões
República Dominicana – R$ 8 bilhões
Argentina – R$ 7,8 bilhões
Cuba – R$ 3 bilhões
Peru – R$ 2 bilhões
Moçambique – R$ 1,5 bilhão
Guatemala – R$ 980 milhões
Equador – R$ 795 milhões
Gana – R$ 755 milhões
Honduras – R$ 507 milhões
Costa Rica – R$ 155 milhões

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OLIMPÍADAS 2016: BAIXA TRANSPARÊNCIA!

(Folha de S.Paulo, 17) 1. A organização da Olimpíada do Rio é feita com baixa transparência de dados e participação popular, afirma estudo do Instituto Ethos. Prefeitura do Rio, governo estadual e governo federal receberam cada um notas abaixo de 50 em escala até cem.  A entidade avaliou 142 itens, de dados apresentados em sites a realização de audiências públicas sobre impacto dos Jogos na vida das regiões atingidas por obras.

2. De acordo com o instituto, os órgãos públicos não facilitam a obtenção de informações consolidadas sobre os Jogos, como gastos para o evento. O pior, segundo o Ethos, foi o governo do Estado, que recebeu nota 23,86, seguido do governo federal (38,42) e prefeitura (40,93). “Todo megaevento que mobiliza diferentes frentes para a realização dele deveria ter um orçamento consolidado, para que pudesse olhar o impacto geral de fato”, afirma Paula Oda, coordenadora do projeto.
A APO (Autoridade Pública Olímpica) divulga em seu site as obras que considera relacionadas aos Jogos. O gasto total por ora, segundo a APO, é de R$ 39,1 bilhões.

16 de junho de 2016

TEMER DEVE PREPARAR-SE PARA UMA OPOSIÇÃO A LA EUROPEIA!

1. A radicalidade das oposições políticas, partidárias, sindicais e associativas é própria dos regimes parlamentaristas. Afinal, a sustentação da maioria parlamentar é a condição para a continuidade do governo.

2. Isso cria uma sensação que desestabilizar essa maioria abre espaço para novas composições com outras forças políticas, e mesmo para novas eleições. Nesse sentido, mobilizar as demandas de setores diversos, confrontar com o governo de maioria eventual em questões ideológicas, geram desgaste e abrem espaço para concessões.

3. No limite, abre espaço para novas eleições. Essa alternância de gabinetes –muito comum no século 20 nos regimes parlamentaristas- tornou-se rara. As eleições nesses regimes ganharam perfil de eleições presidenciais. E, em seguida, a instabilidade dos governos generalizou-se. E, com ela, as concessões.

4. Algumas representações políticas regionais colocaram na ordem do dia o separatismo. Vide Escócia e Catalunha. Esse é um extremo dessa radicalidade. A discussão sobre a revisão das leis trabalhistas na França tem parado Paris. E no dia 26 de junho, um plebiscito no Reino Unido decidirá sobre a permanência ou não no Reino Unido. Na Espanha não há governo de maioria e pelas pesquisas as eleições do próximo dia 26 não tendem a resolver esse grave problema.

5. Essa é também expressão de demandas setoriais que se sentem confortadas ou não com a presença do Reino Unido na União Europeia. Plebiscito dia 24 próximo.

6. A crise múltipla brasileira –econômica, política, moral e como consequência, social- está sendo enfrentada com a parlamentarização do presidencialismo brasileiro. A arte política de Temer tem conduzido uma orquestra com instrumentos dissonantes, mas ninguém tem dúvida da música que está sendo orquestrada.

7. Essa parlamentarização da política brasileira espontaneamente construiu –e constrói- uma oposição radicalizada pelas expectativas de fragilização do governo, e das possibilidades de emplacar suas demandas. Já vimos no caso da cultura. Agora da EBC. Pela lógica do parlamentarismo, será um governo que terá que fazer concessões. Mas escolher bem a que setores essas concessões devem ser feitas, para que a oposição que demanda governo –nos próximos meses ou em 2018 não se fortaleça.

8. A radicalização que vemos não é episódica e apenas produto do afastamento do PT do governo. Será permanente com a parlamentarização do regime. E exigirá mais arte ainda de Temer num parlamento pulverizado.

15 de junho de 2016

A ANTIPOLÍTICA DAS ELITES! UMA FALSA SOLUÇÃO!

1. A tramitação da lei que proíbe nomeações políticas nas empresas estatais trouxe de volta –e de forma tão discreta quanto sofisticada- a antiga tese que a salvação do país está num governo técnico suprapartidário.

2. A antipolítica não é só uma reação populista que alcança os setores populares e parte dos setores médios. Alcança, no Brasil, todos os andares sociais, da portaria à cobertura. A ideia que opiniões e indicações de políticos fazem mal ao país é sintoma disso.

3. A vontade da elite empresarial é que o governo fosse formado por tecnocratas imunes à política. É provável que se aprove uma lei impedindo indicações políticas para as diretorias das empresas estatais. Afirmam –e a imprensa repercute- que o governo deve buscar no “mercado” os nomes para essas posições.

4. Deveriam se perguntar: quantas pessoas no “mercado”, sem filiação partidária nem envolvimento político, estariam dispostas a aceitar um cargo? Milhares, claro. E dois meses depois estariam fazendo sem pejo –e no início com discrição- essa mesma articulação.

5. As estatais privatizadas como as telefônicas, a Vale do Rio Doce, distribuidoras de energia elétrica, rodovias, portos, aeroportos, etc., deixaram de fazer a interlocução e ter influência política? Tem, tanto nas diretorias, como –o que é mais grave- nos negócios dessas empresas, indicando fornecedores e se articulando com os governos nos três níveis.

6. O que essas elites “suprapartidárias” deveriam entender é que não há solução tecnocrática e apenas econômica para a crise. Afinal, o czar da política econômica –ministro Henrique Meirelles- havia se aposentado do Banco de Boston e conseguido uma vaga artificial, mudando seu domicílio eleitoral, para ser deputado por Goiás pelo PSDB. E recentemente se filiou ao PSD com suas ambições políticas estimuladas. Tudo bem, nenhum pecado. Mas é hipocrisia negar a política como solução.

7. Será que essa elite “suprapartidária” imagina que o governo Temer terá continuidade e que as leis que “tanto o Brasil precisa” serão concluídas a golpes de racionalidade tecnocrática? O sistema eleitoral do Brasil é proporcional aberto, estimulando a representação de corporações e das demandas capilares do país. Nesse sentido, são bem mais que 28 os partidos na Câmara de Deputados. Como se costura maiorias nesse quadro?

8. A crise política se resolve pela política. Se o sistema eleitoral atual conduz a esta situação indesejada, a prioridade “econômica” deveria ser a reforma política e não ingenuamente construindo um governo de técnicos. Se a política é uma arte, ninguém melhor que o atual presidente Michel Temer para a articulação dessa transição.

9. E nesses 30 dias mostrou que vai bem ao conduzir um navio viking de remadores –com remadas descoordenadas- oscilando, mas apontando para o norte certo, sem perder o rumo, como ocorreu com a presidentA anterior.

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ELEIÇÃO NA ÁUSTRIA ESTIMULA DIREITA NA ALEMANHA!

(Folha de S. Paulo, 12) 1. Nunca uma eleição na Áustria chacoalhou tanto os políticos da Alemanha como esta última para presidente, em maio. Se por um lado a vitória apertada do ecologista Alexander van der Bellen deixou aliviados os vizinhos alemães, por outro, o sucesso de Norbert Hofer, o candidato da extrema-direita, mostrou o forte potencial do chamado voto de protesto.

2. Isso porque também aqui os eleitores estão dando as costas para a grande coalizão que sustenta o governo Merkel e debandando para a Alternativa para a Alemanha (AfD), o novo partido populista de direita no país. Desde a crise dos refugiados, no ano passado, a AfD vem roubando votos de todas as siglas, inclusive de esquerda. Em algumas regiões, chegou a se tornar a segunda maior força política.

3. Analistas menos céticos ainda acreditam na atual política de integração e ressaltam a força do multiculturalismo na Alemanha. Destacam o fato de que, enquanto o Partido da Liberdade de Hofer (FPÖ, em alemão) é uma agremiação já estabelecida, com suas origens nos anos 1950, a AfD é ainda jovem, criada em 2013, e impulsionada apenas pela crise dos refugiados. Seu programa oferece pouca coisa além do discurso xenófobo.

4. Os mais pessimistas, por sua vez, temem as consequências de um eventual acirramento nas fronteiras da Europa ou mesmo no acordo recentemente fechado com a Turquia para conter a onda migratória. Acham que uma nova crise pode detonar uma bomba eleitoral. O pleito na Áustria certamente dará mais gás à AfD. A questão é por quanto tempo.

14 de junho de 2016

PESQUISA CNT/MDA -JUNHO 2016- MOSTRA CRESCIMENTO DO OTIMISMO DA POPULAÇÃO! CONCORDÂNCIA COM IMPEACHMENT! CONTRA REFORMA PREVIDENCIÁRIA!

2 a 6 de junho de 2016 – 2.002 entrevistas em 137 municípios.

1. Em fevereiro 16,3% da população afirmavam que a situação do emprego no país irá melhorar nos próximos 6 meses. Agora em junho são 27,2%. Os que em fevereiro achavam que iria piorar eram 50,8%. Agora são 33,4%.

2. Em fevereiro 15,4% achavam que a situação da saúde no país iria melhorar. Agora em junho são 20,4%. 48% diziam que ia piorar. Agora são 36,6%.

3. Em fevereiro 18,1% achavam que a educação iria melhorar. Em junho são 20,7%. Os 37,1% que diziam que in piorar agora são 32,5%.

4. Em fevereiro 15,5% afirmavam que a segurança pública melhoraria. Agora são 19,3%. 49,4% afirmavam que in piorar. Em junho são 38,8%.

5. Governos comparados. Para 20,1% Temer melhor e já se percebem mudanças. Para 14,9% Temer pior as mudanças pioraram o país. 54,8% iguais.

6. Temer: para 28,3% a corrupção será menor do que no governo Dilma. Para 18,6% será maior que com Dilma. Para 46,6% será igual.

7. Prioridades para governo Temer. Respostas múltiplas.  Gerar emprego 57%.  Melhorar saúde 41,4%.  Combater corrupção 30,5%. Melhorar economia 24,7%.  Reduzir gastos do governo 15,5%.  Melhorar segurança 14,8%.

8. Para 62,4% impeachment de Dilma foi decisão correta. Para 33% não foi correta / Para 61,5% o processo de impeachment de Dilma foi legitimo. Para 33,3% não foi. / Motivação do impeachment: para 44,1% foi pela corrupção do governo Dilma. Para 33,2% pelas pedaladas fiscais. Para 37,3% para obstruir o lava jato.  / Impeachment fortalece a Democracia para 45,6%. Para 34,3% enfraquece.

9. Para 68,2% Dilma será cassada e Temer permanecerá como presidente. Para 25,3% Dilma reassumirá. / Para 71,4% Lula é o culpado pela corrupção. Para 23,4% não é.

10. Em fevereiro de 2016, 45,5% dos empregados não temiam ficar desempregados. Agora em junho são 39,4%. / 85,8% conhecem alguém que ficou desempregado nos últimos 6 meses. 30,4%: ele ou algum morador de sua residência ficou desempregado nos últimos 6 meses. / Dos 30,4% acima, 75,2% buscaram emprego, mas não conseguiram. 17,9% arrumaram emprego.

11. 15% dos entrevistados são aposentados. Desses, 38% continuam trabalhando. / Do total de entrevistados, 64,7% são contra reforma da providencia. 61,3% concordam que se tem que fixar uma idade mínima para a aposentadoria.

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CROWDFUNDING –FINANCIAMENTO COLETIVO- PARA FINANCIAR A POLÍTICA!

(Ronaldo Lemos – Folha de S.Paulo, 13) 1. STF declarou inconstitucionais as doações empresariais para campanhas políticas, mas criou um problema que precisa ser resolvido. É preciso reinventar a forma como as doações de pessoas físicas podem acontecer.  Pela lei eleitoral, indivíduos podem doar até 10% dos seus rendimentos anuais. No entanto, o mecanismo para isso acontecer no Brasil é arcaico e engessado. Pode ser facilmente aperfeiçoado em face da realidade tecnológica atual. Um caminho óbvio para isso é permitir o crowdfunding (financiamento coletivo) para campanhas eleitorais.

2. Esse modelo já se mostrou bem-sucedido. Foi essencial para as campanhas presidenciais de 2008 e 2012 nos EUA. A grande vantagem do crowdfunding é que ele funciona por meio da construção de comunidades. É uma ferramenta que ajuda a unir pessoas em torno de causas. O dinheiro é consequência disso. Inverte, assim, a ordem tradicional. No crowdfunding aquela lógica se inverte. Grupos de pessoas se unem em torno de uma causa, um candidato ou um partido. O dinheiro arrecadado é o resultado dessa mobilização prévia. Quanto mais gente se mobiliza e se sente representado por uma causa, mais força financeira terá o candidato que a representa. O próprio processo de arrecadação converte-se em construção política legítima.

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TERROR, AGORA, TEM FOCO CONTRA AS LIBERDADES – DE EXPRESSÃO, INDIVIDUAL E SEXUAL!

(Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 14) 1.Houve um tempo em que a maioria dos ataques terroristas era planejada e executada por grupos identificáveis e que funcionavam com base numa hierarquia rígida. Em seguida, veio a tecnologia das redes. Para dificultar a detecção e aumentar a publicidade, grupos como a Al Qaeda não só descentralizaram suas operações como passaram a agir como franquias.

2. Agora, sob a batuta do Estado Islâmico (EI), a operação em células autônomas parece ter se firmado e estimula-se cada vez mais os “lone wolves” (lobos solitários). O grupo usa a internet para recrutar militantes autóctones e que se auto-radicalizam. Os alvos passaram a ser símbolos mais abstratos do Ocidente, como a liberdade de expressão (“Charlie Hebdo”), a liberdade individual (vida noturna em Paris) e, agora, a liberdade sexual.