16 de agosto de 2016

80 ANOS DA OLIMPÍADA DE BERLIM: PROPAGANDA E RACISMO!

1. A decisão de atribuir os XI Jogos a Berlim foi tomada em 1931, ainda durante a República de Weimar e antes da ascensão do Partido Nacional Socialista (nazista) ao poder. A cidade favorita era Barcelona, mas a proclamação da II República Espanhola, a 14 de abril de 1931, dias antes da votação, assustou o Comitê Olímpico Internacional (COI).

2. Berlim era uma cidade em espera há pelo menos 20 anos. Recebeu os Jogos de 1916 que foram cancelados devido à I Guerra Mundial. Penalizada pelo seu papel no conflito, a Alemanha regressou ao convívio olímpico em 1928. Atribuir os Jogos de 1936 ao país era um passo no sentido da normalização da relação dos alemães com o COI e com o mundo.

3. Mas com a consagração de Adolf Hitler como chanceler alemão, a 30 de janeiro de 1933, aos poucos, foram-se revelando indícios de que a política não estaria ausente dos Jogos. Em 1934, Bruno Malitz, porta-voz nazista, condenou o desporto moderno por estar infestado de “franceses, belgas, polacos e judeus negros”. A 19 de agosto desse ano, um editorial da publicação “Der Volkische Beobachter” defendeu que os Jogos Olímpicos deviam ser exclusivos a atletas brancos.

4. Para os novos governantes, o evento — e os Jogos de inverno, em Garmisch-Partenkirchen, que antecediam os de verão — seria um gigantesco palco de propaganda do Terceiro Reich e de demonstração da superioridade dos arianos, “a raça pura”, através das qualidades dos seus atletas.

5. O mundo ainda não testemunhara os horrores do Holocausto nem os assaltos territoriais do poder nazista, mas as suas políticas racistas já provocavam repulsa. Introduzidas a 15 de setembro de 1935, as Leis de Nuremberg impunham a xenofobia e o antissemitismo e confirmavam o estatuto “sub-humano” (“untermensch”) dos judeus.

6. Hitler procurava dissipar as dúvidas que cresciam e dava garantias de que atletas alemães judeus seriam autorizados a competir nos Jogos de Berlim, que a política não iria interferir e que o espírito olímpico seria respeitado. O regime nazista procurava mascarar as suas reais intenções, e desmentir que as suas políticas eram discriminatórias, mandando retirar das ruas os indícios de perseguição aos judeus e convocando atletas de ascendência judaica, como a esgrimista Helene Mayer.

7. Campeã olímpica em 1928, em Los Angeles, Helene tinha ficado vivendo nos EUA. Hitler pediu-lhe pessoalmente que regressasse à Alemanha para disputar a qualificação para os Jogos. Em Berlim, a esgrimista seria segunda, atrás da húngara Ilona Elek, igualmente judia. Helene competiu com a suástica no uniforme e fez a saudação nazista quando subiu ao pódio.

8. Outros atletas alemães judeus foram excluídos com o argumento de não pertencerem a clubes desportivos “oficiais”, apesar de terem obtido resultados que os qualificavam. Era o caso de Gretel Bergmann, detentora do recorde nacional do salto em altura, que as autoridades nazistas apagariam dos registos. Ela foi substituída por Dora Ratjen, que ficaria em quarto lugar e que, mais tarde, se descobriria ser… um homem.

9. Apesar das dúvidas e desconfianças que cresciam, o COI decide não retirar à Alemanha a organização dos Jogos. Nos Estados Unidos, um movimento apelando ao boicote, impulsionado pelo membro do COI Ernest Lee Jahncke, tinha cada vez mais apoio entre congressistas, clérigos de todas as confissões, jornalistas, artistas e escritores.

10. Duas posições esgrimiam argumentos: uns defendiam que participar seria apoiar as posições antissemitas de Hitler; outros diziam que havia que separar esporte da política. O próprio COI era equívoco em relação à chamada “questão judaica”. Os EUA acabariam por decidir participar nos Jogos de Berlim, após uma votação renhida. “A política e o desporto não se podem misturar. A única oportunidade de sobrevivência do movimento olímpico é manter-se alheio da política”, defendia Avery Brundage.

11. O estádio foi ampliado para poder receber 110 mil espectadores e a piscina 18 mil. O sistema de transportes dos atletas era eficiente e os equipamentos de contagem de tempos e de foto-finish eram os mais sofisticados alguma vez usados. Nas principais ruas de Berlim, havia grandes bandeiras com a suástica em abundância. Tudo em grande para impressionar os visitantes e quem assistia à distância — os Jogos de Berlim seriam os primeiros a serem transmitidos pela rádio e pela televisão. A grandeza dos Jogos — o sucesso do regime e o orgulho nacional do povo — seria documentada pela cineasta Leni Riefenstahl no filme “Olympia” (1938). Dividido em duas partes (“Festival das Nações” e “Festa da Beleza”) —, onde não faltam multidões sorridentes a desfrutarem do espetáculo.

12. A 2 de julho, Hitler declarou abertos os XI Jogos, numa cerimônia que mais se assemelhou a uma coroação. Na tribuna, acolitado por outras figuras sinistras do regime nazista, o Führer via 100 mil alemães esticarem o braço e ouvia-os gritar o fanático “Heil Hitler”. Perante aquele mar de suásticas, os atletas eram supostos saudarem Hitler.

13. No medalheiro, pela primeira vez na história dos Jogos, a Alemanha tomou o primeiro lugar aos EUA, conquistando 89 medalhas (33 de ouro), contra 56 dos norte-americanos (24 ouros). Entre os medalhados norte-americanos havia dez afro americanos, que conseguiram um total de oito ouros, quatro pratas e dois bronzes. Quatro medalhas de ouro (100m, 200m, estafeta 4x100m e salto em distância) foram ganhas pelo mesmo homem: o afro americano James Cleveland Owens (a alcunha JC, usada por familiares e amigos, seria confundida na escola com “Jesse”), que assim deitaria por terra as teses do nacional-socialismo alemão e o mito da superioridade ariana.

14. Nascido em 1913, no Alabama, este filho de agricultores e neto de escravos, o sétimo de onze irmãos, bateria em Berlim três recordes olímpicos e dois mundiais. Uma afronta para Hitler e todo o aparelho nazista. O presidente do COI, Baillet-Latour, fez saber a Hitler que, como convidado de honra, ou recebia todos os medalhados ou não recebia nenhum.

15. Os Jogos de Berlim teriam sido os de Jesse Owens em qualquer circunstância. Mas o regresso do atleta a casa seria amargo… “Hitler não me desprezou — foi Franklin Delano Roosevelt quem me desprezou. O Presidente nem sequer me enviou um telegrama”, diria o afro americano. Em campanha eleitoral para as presidenciais desse ano, Roosevelt negou-se a receber o atleta com receio de perder votos nos estados segregacionistas do sul.

16. Na Alemanha, Owens tinha partilhado alojamento com atletas brancos, enquanto em muitos hotéis nos EUA havia segregação. Apesar das medalhas ganhas, o atleta continuou a ter de entrar nos ônibus pela porta de trás e, quando de uma recepção em sua honra no Hotel Waldorf-Astoria, em Nova Iorque, teve de usar o elevador de serviço.

17. Os Jogos de Berlim foram os últimos realizados em vida de Pierre de Coubertin. Morreria a 2 de setembro de 1937, em Genebra. O seu coração foi sepultado em Olímpia num jazigo especialmente construído em sua honra. Não sobreviveria, pois, para ver, pela segunda vez, os Jogos serem derrotados pela política — duas edições seriam canceladas por causa da II Guerra Mundial.

15 de agosto de 2016

CAMPANHA ELEITORAL NO RIO COMEÇA INDOOR!

1. Os candidatos a vereador e a prefeito ainda não têm conseguido fazer campanha na rua em função da atenção das pessoas concentrada na Olimpíada. As tentativas de panfletagem estão gerando desgaste, e não voto.

2. Com isso, as reuniões estão sendo realizadas em casa. Mas assim mesmo analisando o calendário das provas olímpicas e vendo aquelas que despertam maior interesse. E isso não termina no final dessa semana.

3. Terminada a Olimpíada começam as polêmicas. Domingo (14), a polêmica na Austrália era se teria valido a pena aplicar 45 milhões de dólares na Natação. Aqui certamente a polêmica virá pelo número de medalhas alcançadas.

4. Três meses atrás se falava que nas cidades-sede o país conquista 10 medalhas a mais que na última Olimpíada. Isso seriam 27 medalhas para o Brasil. Agora já há dúvida se o Brasil conquistará as mesmas 17 de Londres em 2012.

5. A sede no Rio foi escolhida 7 anos atrás. Medalhistas de 20 anos tinham 13 em 2009. O que aconteceu? Faltaram recursos? Faltou foco na renovação? São exemplos das polêmicas que virão. E a discussão tradicional, ou seja, se valeu a pena sediar um grande evento como este em função do investimento, dos resultados e das repercussões.

6. Estes já estão sendo e serão no próximo mês, pelo menos, os temas nas reuniões eleitorais em casa. É bom que todos tenham as respostas na ponta da língua. Bem mais que nos anos anteriores, as medalhas do Brasil dependerão dos esportes coletivos. Mas, mesmo esses, geraram surpresas negativas.

7. Além dos fatos relativos à realização e operação da Olimpíada em si, virão as polêmicas sobre o futuro. A Lei Piva foi bem aplicada? E os equipamentos? Como serão aproveitados?

8. A campanha dentro de casa, neste momento, ainda tem outro problema: distrai a atenção dos participantes sobre os resultados das provas e modalidades ocorrendo naquele momento da reunião.

9. Na prática, a campanha reduzida para 45 dias, em relação a temas políticos, sociais e urbanos, será uma campanha de 15 dias. Importante que os partidos coloquem seus termômetros de pesquisas para conhecer melhor as reações neste momento. É um curioso sanduíche com tempero pessimista: ética na política, olimpíada e os problemas do dia a dia.

* * *

TV: CAI AUDIÊNCIA DA OLIMPÍADA NO EXTERIOR!

(Folha de S. Paulo, 14) 1. No exterior, tanto EUA como partes da Europa registraram queda de audiência na TV aberta, em relação aos Jogos de Londres. Por exemplo, entre 3 e 6 de agosto, a audiência da BBC caiu para 24,6 milhões de espectadores, contra 39,2 milhões em 2012. Quedas semelhantes foram observadas nas redes France 2 e La 1, que detêm os direitos de transmissão na França e na Espanha. Já na Alemanha e na Itália a audiência se manteve no patamar de quatro anos atrás, nas redes ARD e ZDF, alemãs, e RAI, italiana, segundo a “Variety”.

2. A NBC, que adquiriu os direitos para os EUA, vem decepcionando desde a cerimônia de abertura, que marcou audiência 35% inferior à da transmissão de Londres. Recuperou-se um pouco a partir de terça (9), mas não superou 2012 em dia nenhum.  Em média, a audiência para o Rio está 20% abaixo da anterior na NBC. No sobe-e-desce, os números diários se mostram dependentes do desempenho de estrelas, como Simone Biles na ginástica ou Michael Phelps na natação.

12 de agosto de 2016

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA PREFEITURA DO RIO -PRIMEIRO SEMESTRE DE 2016- 2016 X 2015 (CORRIGIDO PELO IPCA DE 8,84%)!

RECEITAS

1. RECEITA TRIBUTÁRIA: 2016: R$ 5,388 bilhões. Em relação a 2015. Valores reais. Menos (-3,1%).
2. IPTU: 2016: R$ 1,594 bilhão. Em relação a 2015. Valores reais: +1,5%.
3. ISS: 2016: R$ 2,784 bilhões. Em relação a 2015. Valores reais: Menos (-7%).
4. ITBI: 2016: 267,8 milhões. Em relação a 2015. Valores reais. Menos (-19,8%).
5. FPM: 2016: 102,9 milhos. Em relação a 2015. Menos (-9,2%).
6. ICMS 2016: R$ 932 milhões. Em relação a 2015. Menos (-7,5%).
7. IPVA: 2016: R$ 542,36 milhões. Em relação a 2015. +11,4%.
8. Dívida Ativa: R$ 128,77 milhões. Em relação a 2015: Menos (-19,2%).
9. Operações de Crédito: 2016: 1,272 bilhões. Em relação a 2015: +29,3%.

DESPESAS:

1. Pessoal e Encargos. 2016:  R$ 6,561 bilhões. Em relação a 2015: +4,2%.
2. Juros da Dívida: 2016: R$ 283,4 milhões. Em relação a 2015: mesmo valor.
3. Amortização da Dívida: 2016: R$ 125,7 milhões. Em relação a 2015: Menos (-34,3%).
4. Investimentos: 2016: R$ 2 bilhões. Em relação a 2015: +22,2%.
5. Despesas Previdenciárias: 2016: R$ 1,801 bilhões. Em relação a 2015: +7,2%.
6. Aposentados 2016: R$ 1,527 bilhão. Em relação a 2015: +7,7%.
7. Pensionistas: 2016: R$ 275 milhões. Em relação a 2015: +4,9%.

DÍVIDA CONSOLIDADA: 31/12/2015: R$ 17,657 bilhões. 30/06/2016: R$ 11,702 bilhões. Redução produzida por legislação federal de 2014.

RESULTADO PRIMÁRIO:

Em relação às despesas liquidadas, ou seja, pagas ou prontas para serem pagas, no primeiro semestre de 2015 houve um superávit de R$ 574,2 milhões. No primeiro semestre de 2016 houve um déficit de (- R$ 482,3 milhões). Uma redução de R$ 1,056 bilhão.

OBS.1. As receitas lançadas, ou seja, definidas por decreto ou alteração da lei e sua aplicação, cresceram. O IPTU + 1,5% é o IPVA por medidas do Estado + 11,4%. Da mesma forma, as operações de crédito em função do último ano de governo cresceram +29,3%.

OBS.2. As receitas orgânicas (tributárias e constitucionais transferidas) somaram R$ 7 bilhões. Agregando outras receitas tributárias e o desconto do imposto de renda (que é transferido ao tesouro), que alcançaram R$ 740 milhões de reais, chegamos a R$ 7,7 bilhões.

OBS.3. As despesas de pessoal ativos, inativos e pensionistas somaram R$ 8,3 bilhões nesse primeiro semestre de 2015. A essa diferença de R$ 600 milhões de reais deve-se somar o serviço da dívida que, mesmo sendo fortemente reduzida pela lei federal de 2014, alcançou R$ 409 milhões. São R$ 1 bilhão que são cobertos por transferências federais. Em parte orgânicas como parte do SUS.

OBS.4. Sendo assim, 100% dos investimentos são cobertos por operações de crédito projetando problemas futuros se o perfil dos investimentos não produzir receitas orgânicas como o são os investimentos públicos em infraestrutura urbana que sempre têm uma defasagem de médio prazo. Portanto, não alcançando o próximo governo.

OBS.5. As despesas com Saúde (R$ 2,577 bilhões) e Educação (R$ 1,955 bilhões) somam R$ 4,532 bilhões, ou 84% das receitas tributárias.

11 de agosto de 2016

ELEIÇÕES PÓS-CONSTITUINTE PARA PREFEITO DO RIO: SITUAÇÃO EM AGOSTO DE CADA ANO!

1. As pesquisas eleitorais para Prefeito do Rio -nos anos de 1992, 1996, 2000, 2008 e 2012- sempre no mesmo mês de agosto, mostraram duas tendências: a) nas reeleições dos anos de 2004 e 2012, as pesquisas em agosto já sinalizavam claramente a reeleição em primeiro turno dos prefeitos em exercício Cesar Maia e Eduardo Paes.

2. Em 2004, com maior dificuldade, pois o campo era de “veteranos” de outras campanhas majoritárias: Crivella, Conde (ex-prefeito), Jandira, Chico Alencar. Em 2012 com maior facilidade, pois 3 deputados debutavam com o objetivo de testar seus nomes em eleições majoritárias.

3. Nas demais, 1992, 1996, 2000, e 2008, a situação das campanhas em agosto era muito diferente dos resultados finais do primeiro turno.  Em 1992, em agosto, Cidinha tinha 24%, terminou com 16%. Albano Reis tinha 13% e terminou com 5%. Amaral Neto, que vinha caindo durante a campanha, tinha 8% e terminou com 4%. Benedita tinha 9% e terminou com 24% (incluindo brancos e nulos), e Cesar Maia, que tinha 6%, terminou com 16%.

4. Na eleição de 1996, não havia ainda reeleição, Cabral, nesse momento de agosto, liderava com 29% e terminou com 22%. Chegou a ter, em julho, mais de 35%. Conde havia subido, com apoio do prefeito Cesar Maia, dos 10% em fins de julho e alcançava 24%. Terminou com 33%. Chico Alencar com 4% terminou com uns 20%. O “erro” das pesquisas foi enorme e os analistas afirmaram que se isso não tivesse ocorrido Chico Alencar teria ido ao segundo turno.

5. Em 2000, embora sendo uma eleição com reeleição, o fato de o ex-prefeito Cesar Maia (com 1 minuto e meio de TV) ter sido responsável pela vitória de Conde em 1996, o eleitor votou confuso.  Conde teve no primeiro turno mais de 11 minutos de TV. Em agosto, Conde tinha os 30% com que venceu o primeiro turno. Benedita tinha 12% e fechou com 20%. Cesar Maia em agosto tinha os mesmos 20% com que fechou o primeiro turno.

6. Em 2008, Crivella segurava a liderança em agosto com mais de 20%. Jandira vinha a seguir com uns 17%. Eduardo Paes começava a crescer, mas ainda não havia chegado aos 10%. Terminou com 28% (incluindo brancos e nulos). E Gabeira que só cresceu na última semana, em agosto alcançava uns 8% e fechou com 21%.

7. A reeleição de 2012 foi resolvida no primeiro turno. Freixo, que em agosto alcançava uns 10%, fechou com 23% (incluindo brancos e nulos), recebendo o voto útil dos que não queriam votar na reeleição do prefeito Eduardo Paes.

8. Agora, em agosto de 2016, Crivella repete os mais de 20% de agosto de 2008. Mas, agora, com imagem própria e equipe muito mais diversificada. Freixo tem a metade da porcentagem de votos que teve em 2012, confirmando que em 2012 recebeu o voto útil dos que não queriam votar no prefeito. Bolsonaro vem com quase 10%. Índio com uns 6%, Jandira logo em seguida, e Pedro Paulo logo atrás. No final, com uns 2%, Osório e Molon.

9. Aguardemos a campanha e o resultado eleitoral para conhecer a dança das intenções e das decisões de voto.

10 de agosto de 2016

A ORIGEM DA CERIMÔNIA DE ABERTURA E DO REVEZAMENTO DA TOCHA OLÍMPICA!

1. Em nota, semanas atrás, este Ex-Blog lembrou por que as cidades (países) passaram a lutar tanto para sediar a Olimpíada, especialmente após a Olimpíada de 1936 em Berlim.  

2. As cidades e seus países estão dispostos a investir bilhões na Olimpíada e a realizar um enorme esforço em torno de suas candidaturas, o que, em geral, dura pelo menos 12 anos. A nota de abertura (08/08) contava a história da candidatura do Rio, lembrando que partiu de 1993, portanto 23 anos atrás, por orientação dos Srs. João Havelange e Roberto Marinho, iniciou-se esse processo, conquistando em 2009 a sede, 16 anos depois.

3. A razão da disputa de sede de uma Olimpíada tem 4 vetores. a) A progressão esportiva do país que deve começar antes e reforçar a candidatura, e crescer depois.  b)  Justificativa para fortes investimentos urbanos surgindo como legado da Olimpíada. c) A construção de grandes equipamentos esportivos que passariam a ser a infraestrutura esportiva básica desse país.

4. d) Finalmente a difusão da imagem global da cidade e do país, com reflexos econômicos e políticos. Este quarto vetor passou a ter um grande destaque na Olimpíada de Berlim em 1936 e depois na de Moscou com a coreografia do ursinho Misha que encantou e ajudou a humanizar a imagem do regime soviético.

5. Além destes 2 casos muito estudados, a busca de projeção internacional da cidade-sede passou a ser um objetivo de todas. Os demais vetores passaram a ser uma obrigação. Outro grande destaque foi Barcelona, que além do fator imagem mostrou a importância e reconhecimento do legado urbano.

6. O segundo caderno do Globo (05/08) publicou uma ampla matéria analisando a inauguração do fator imagem na Olimpíada de Berlim de 1936. Como foi usada para manipular a opinião pública internacional em relação a Alemanha nazista, a matéria do Globo chamou de “farsa”. E lembrou que, para isso, foram criadas a Cerimônia de Abertura e o Revezamento da Tocha. Essa Olimpíada é matéria de um filme rendem lançado na Alemanha.

7. (GLOBO, 05/08) 7.1. Quando a tocha olímpica chegar ao Maracanã, hoje, o mundo verá de novo uma tradição que começou há 80 anos, quando Joseph Goebbels, chefe da propaganda nazista, fez da Olimpíada de Berlim uma encenação tão perfeita que foi capaz de convencer o mundo de que o ditador Adolf Hitler era, na verdade, um pacifista.

7.2. Os detalhes da montagem dessa farsa, que deu ao regime a chance de se preparar com calma para atacar quase toda a Europa, a partir de 1939, são revelados em um novo filme, “Der traum von Olympia” (O sonho da Olimpíada), produzido pela TV alemã ARD, que acaba de ser lançado no país por ocasião do jubileu daquele evento.

7.3.  O filme parte das perspectivas do nazista Wolfgang Fürstner (interpretado por Simon Schwarz) — membro do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães e comandante da aldeia olímpica — e da saltadora judia Gretel Bergmann (Sandra von Ruffin), a melhor da sua geração, banida da Alemanha por ser judia, depois chamada de volta como medida de propaganda, e por fim impedida de treinar e de saltar.

7.4. Planejados a partir de 1931, os Jogos corriam o risco de boicote porque tanto o Comitê Olímpico quanto outros países participantes viam Hitler, no poder desde 31 de janeiro de 1933, como um tirano que era uma ameaça para o mundo. Submetida às regras ditadas pelo Tratado de Versalhes desde a derrota na Primeira Guerra Mundial, a Alemanha começava a dar sinais de que descumpria exigências de desmilitarização.

7.5. Com a máquina de propaganda de Goebbels, Berlim conseguiu, porém, convencer o mundo do “pacifismo” de Hitler. Embora o regime continuasse tão racista quanto antes, os truques de Goebbels deram certo. Nos quiosques, os jornais nazistas foram substituídos pela imprensa internacional. Durante um ano inteiro, foi mostrada na Alemanha uma exposição sobre os Jogos Olímpicos bastante didática, ensinando como funcionava a avaliação, para aumentar o júbilo e a participação popular no evento.

7.6. Para garantir o efeito de show dos Jogos, o primeiro evento esportivo a ser transmitido pela TV, Goebbels introduziu a viagem da tocha olímpica, que percorreu milhares de quilômetros, da Grécia até o estádio olímpico de Berlim, ideia que entusiasmou o comitê e passou a fazer parte do programa oficial de todas as Olimpíadas desde então. A viagem da pira olímpica é sem dúvida uma ironia da História: símbolo da paz e da união entre os povos, foi concebida por um dos maiores inimigos do mundo no século XX, Joseph Goebbels.

7.7. Baseado no livro do historiador Oliver Hilmes “Berlin 1936 — Sechzehn tage im august” (“Berlin 1936 — 16 dias em agosto”), lançado há poucas semanas, o filme mostra como foi possível a Hitler ofuscar os alemães, que só quando já era tarde demais descobriram como eram conduzidos pelo seu Führer para o precipício. — Berlim, o epicentro de uma ditadura brutal, parecia uma cidade em clima de festa — diz Hilmes, que no livro mostra os truques de Goebbels para enganar o mundo.

7.8. Conhecida até agora sobretudo pelas imagens de Leni Riefenstahl em “Olympia” (1938), a Olimpíada de Berlim é mostrada no novo filme da perspectiva dos bastidores: como os nazistas conseguiram encenar o espetáculo e desviar as atenções do mundo das suas intenções reais. Exibindo os acontecimentos sob a perspectiva de personagens históricos, como Gretel Bergmann e Wolfgang Fürstner, Oliver Hilmes mostra como o espetáculo foi possível, derrubando um depois do outro alguns mitos dos Jogos de 1936.

7.9. Enquanto nas encenações de Riefenstahl a Olimpíada acontece debaixo de um céu azul durante um verão que teria batido o recorde de tanto sol, na realidade, decifrada por Hilmes nos arquivos, o tempo foi chuvoso e o céu estava quase sempre coberto. Segundo Hilmes, com a ajuda desses truques, ainda hoje usados na publicidade, a competição de 1936 teve para Hitler um efeito político muito mais importante do que se julgava até agora. — Trata-se do primeiro grande evento esportivo que foi instrumentalizado totalmente pela política — afirma o autor.  Para desviar as atenções das suas intenções reais, Hitler teria ordenado até uma pausa na política antissemita. O ódio contra os judeus continuava sendo um dos principais programas do partido, mas a política racista foi ocultada dos visitantes.

09 de agosto de 2016

OS DADOS OFICIAIS DA EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NO PRIMEIRO SEMESTRE (D.O. 28/07)!

Inflação –IPCA- de 8,84% no primeiro semestre 2016 em relação ao de 2015.

RECEITAS!

1. RECEITA TRIBUTÁRIA TOTAL: 2016: R$ 14,887 bilhões. Em valores reais (inflação de 8,84% no primeiro semestre 2016 em relação ao de 2015): Menos (-7,05%).
2. ICMS: 2016: R$ 9,586 bilhões. Em valores reais Menos (-6%).
3. IPVA: 2016: R$ 980 milhões. Em valores reais + 14,6%.
4.  ITCD (imposto de transmissão): 2016: R$ 440,5 milhões. Em valores reais + 73,2%.
5. FPE (fundo de participação): 2016: 634,2 milhões. Em valores reais +13,4%.
6. Dívida Ativa: 2016: R$ 145,3 milhões. Em valores reais + 196,5%.
7. Operações de Crédito: 2016: R$ 941,4 milhões. Em valores reais Menos (-39,4%).

DESPESAS!

1. Pessoal e Encargos Sociais: 2016: 9,268 bilhões. Em valores reais Menos (-7,6%).
2. Juros da Dívida: 2016: R$ 1,335 bilhão. Em valores reais Menos (-30,8%)
3. Amortização da Dívida: 2016: R$ 957,6 milhões. Em valores reais Menos (51,5%).
4. Investimentos: 2016: R$ 1,351 bilhão. Em valores reais: Menos (-50,3%).
5. Aposentadoria Pessoal Civil: 2016: R$ 3,904 bilhões. Em valores reais Menos (-11,4%).
6. Pensões Pessoal Civil 2016: R$ 1,487 bilhão. Em valores reais Menos (-7,5%)
7. Reformas Pessoal Militar 2016: R$ 1,666 bilhão. Em valores reais Menos (-2,4%).
8. Pensionistas de Militares 2016: R$ 263 milhões. Em valores reais Menos (-10,6%).

Déficit Primário 2016: R$ 3,961 bilhões.

Dívida Pública Consolidada: 31/12/2015: R$ 107,569 bilhões. 31/06/2016: R$ 103,448 bilhões.

Obs. 1. Os dados fazem parte da execução orçamentária em valores LIQUIDADOS. Ou seja, pagos ou prontos para serem pagos. Portanto, despesas empenhadas, realizadas, mas não liquidadas ficam excluídas.

Obs. 2. As receitas ampliadas por força de decreto –IPVA- ou por força de lei –ITCD- são as que crescem. As receitas em função da dinâmica econômica tiveram uma queda real –descontando a inflação- de uns 7%.

Obs. 3. As despesas intransferíveis (pessoal, previdência social e serviço da dívida) alcançam R$ 19,143 bilhões. As Receitas Orgânicas –excluindo royalties e convênios- alcançam R$ 15,666 bilhões. Somadas aos descontos/contribuições de servidores alcançariam mais de R$ 17 bilhões. A diferença de mais de R$ 2 bilhões é menor que a receita dos royalties do Petróleo. Restam as despesas por serviços inclusive terceirizados.

Obs. 4. Se as despesas liquidadas intransferíveis correspondem aproximadamente às despesas empenhadas do mesmo teor, é provável que a situação de insolvência do Estado se refira muito mais ao acúmulo de débitos e aos serviços como terceirizações, que a insustentabilidade orçamentária. Se for assim, há que separar a execução orçamentária, daqui para frente, das despesas carregadas do passado, para se ter uma avaliação clara e definir o que fazer. E talvez aplicar o critério de recuperação judicial para os débitos acumulados.

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NÚMEROS OLÍMPICOS E METAS!

(Editorial – Folha de S.Paulo, 05) 1. É grande a expectativa, ainda, com o desempenho da delegação brasileira nas provas. A meta do COB (Comitê Olímpico do Brasil) é pôr o país entre os dez primeiros colocados no quadro de medalhas. Dado o histórico de participações nacionais, trata-se de propósito ambicioso. A melhor colocação até hoje se deu em Atenas-2004, com o 16º lugar; em Londres-2012, o Brasil ficou na 22ª posição.

2. O objetivo, de todo modo, se afigura factível. O time nacional terá, nesta edição, o maior número de atletas de sua história, 465 esportistas —contra os 259 de 2012, em Londres. É a segunda maior delegação, depois da norte-americana, que conta 555 esportistas.

3. O grupo, porém, é bem menos experiente que nos últimos Jogos: 67% da equipe fará sua estreia olímpica no Rio de Janeiro. Em 2012, eram 52%. O maior tamanho da representação é prerrogativa do país-sede, pois este pode inscrever esportistas em quase todas as modalidades sem que seja atingido o desempenho classificatório mínimo.

                                                    * * *

OURO E PRATA PARA AS FFAA DO BRASIL!

(Eliane Cantanhêde – Estado de S.Paulo, 09) As duas primeiras medalhas do Brasil na Olimpíada foram de atletas militares: Rafaela Silva, ouro no judô, é sargento da Marinha e Felipe Wu, prata no tiro de pistola, sargento do Exército. Além disso, dos 467 integrantes da delegação brasileira, 145 (quase 1/3) são militares, 52 deles do Exército. Como as Forças Armadas vão herdar o Complexo Desportivo de Deodoro, pode-se prever que a combinação de bons preparadores, recrutamento de talentos e boas pistas, quadras, piscinas e stands poderá dar um bom samba para a próxima Olimpíada. Vamos torcer.

Cesar Maia fala sobre a origem das Olimpíadas Rio 2016

P- Como começou a campanha da Rio-2004? Quem a criou?
R- Após ser eleito em 1992, em março de 1993 fui procurado pelos srs. João Havelange e Roberto Marinho e os recebi no Palácio da Cidade. Afirmaram que superação da crise de longo prazo do Rio era ser sede de uma Olimpíada. Que eu deveria inscrever o Rio como cidade-candidata. Não seria escolhida a primeira vez, mas a terceira ou a quarta vez. Assim foi feito. Brasília era a cidade candidata à Olimpíada. O COB reuniu seu Conselho e o Rio assumiu o lugar de Brasília. E começou o processo das candidaturas do Rio.

P- O sr pode dar mais detalhes da reunião de Havelange e Marinho com o sr em 1993? Esse debate havia na campanha para prefeito? O pedido deles foi inspirado no sucesso de Barcelona?
R- Em todas as experiências anteriores inclusive Pré-Guerra.

P- Por que decidiu-se deixar de fora o COB nessa campanha? Nuzman se queixa bastante disso.
R- O COI havia decidido que as candidaturas olímpicas deveriam ser coordenadas pelos comitês olímpicos nacionais. Não sabíamos. Tivemos apoio do Globo para substituir Brasília. Erramos ao tentar fazer uma coordenação política e depois o apoio voltou. Demonstrado porque na disputa Rio x S. Paulo (MARTA era prefeita de SP eu do RIO) a simpatia total foi pelo Rio. A cobertura das apresentações das cidades no auditório do BNDES e a cobertura de nossa vitória foi total. A proximidade do COB (Nuzman) e da Rede Globo é muito grande.

P- Por que a proposta do Fundão não vingou? Urbanistas dizem que faria mais sentido do que a expansão para a Barra.
R- Essa foi a proposta de Barcelona. Só eu fui contra. Meu argumento era operacional. Na Barra da Tijuca a caneta do prefeito decidia tudo. No Fundão seriam 5 canetas: Conselho Universitário, Governo Federal, Governo Estadual, COB e Prefeitura. O golpe final veio em 1996, quando a Comissão do COI esteve aqui analisando o projeto do Rio. Fui contatado reservadamente por um espanhol que compunha a Comissão do COI que me disse que o Fundão era inviável. Nas suas palavras: A Olimpíada é uma festa da raça. As teleobjetivas não podem fazer um foco ao mesmo tempo num superatleta e em alguém subnutrido.

P- Como foi a decisão de disputar o Pan-07?
R- Quando retornei à prefeitura após a eleição de 2000 fui procurado pelo Nuzman pedindo que eu subscrevesse a carta que o Conde havia preparado para a ODEPA. Trouxe a proposta da Região do Maracanã ser a base do complexo Olímpico. Eu disse que não concordava. Teria que ser a Barra da Tijuca por duas razões: 1) segurança pública, pois era uma área de 3 entradas/saídas e edificações separadas pelo plano Lúcio Costa. 2) porque permitia construir um complexo Olímpico amplo e integrado. Nuzman aceitou.

P. Quando o sr fala que o Fundão era uma “proposta de Barcelona”, refere-se a que? Os organizadores de Barcelona-92 ajudaram a elaborar a proposta da Rio-04?
R- Desde 1993 até 2000 a equipe de Barcelona foi consultora da prefeitura do Rio no Plano Estratégico. Conde era muito próximo deles. Consultoria profissional com os mesmos arquitetos-urbanistas responsáveis pelos JJOO-Barcelona.

P- Quem decidiu transformar o Pan-07 em padrão olímpico? Originalmente, ele já não era uma vitrine para a futura candidatura do Rio para a Olimpíada?
R- Vencemos em 2002, na Cidade do México, de San Antonio que era uma cidade dos EUA pronta com todos os equipamentos. Três argumentos nossos foram vencedores: a) Nuzman falou em descentralizar pelos Comitês Olímpicos nacionais a cobertura unitária e integrada da TV, o que permitia a eles ganhos de patrocínio. b) Segurança Pública pelas características da Barra da Tijuca e pela ausência de riscos de terrorismo. c) a importância da paralimpíada que teria apoio semelhante. Vencemos. O projeto era simples e barato. O COB foi chamado pelo COI com a presença de um ex-presidente Samaranche que disse que projeto não ganhava mais candidatura. Era necessário dar garantia aos patrocinadores potenciais. E que, para isso, os equipamentos previstos para o PAN deveriam mudar completamente e ser equipamentos olímpicos. E assim foi. As críticas sobre os novos custos do PAN não levaram isso em conta.

P- O que significa a proposta do Nuzman, para o Pan-07, de “descentralizar pelos COs a cobertura unitária e integrada da TV”? Não houve uma OBS no Pan, como há na Olimpíada? Os direitos de imagem foram pulverizados?
R- O COB garantiria os direitos de imagem (aliás pagos pela prefeitura) e os COs latino-americanos definiriam as coberturas que lhes interessavam. Seriam feitas estas ampliações e garantidos os links aos COs que poderiam negociar os patrocínios em seus países.

P- Qual foi a importância da candidatura de 2012?
R- Na lógica de Marinho e Havelange as candidaturas sucessivas se reforçam e se ajustam. Todas são importantes por isso.

P- O Rio recebeu uma nota pior do que o Doha na primeira avaliação para 2016. Como se classificou e como superou as desconfianças?
R- Numa reunião no Palácio Guanabara, Havelange disse que a cúpula do COI estava muito preocupada com o poder “influenciador” dos países árabes-petroleiros. E que a imagem que ficaria era de cumplicidade. O argumento da Comissão no dia da escolha das finalistas em Atenas em junho de 2008, depois de lido o nome de Doha é que as áreas de Doha exigiriam descentralizar a Olimpíada, o que não seria possível. O Rio foi incluído no lugar de Doha e já partiu com equipamentos testados no PAN, com a presença dos presidentes das federações internacionais e do COI e com o projeto integrado na Barra pronto na área do autódromo, com 3 equipamentos já construídas e articulados pela Linha Amarela com o Estádio Olímpico para o atletismo, modalidade fundamental.

P- Paes disse que no plano estratégico de seu primeiro governo já havia a previsão de buscar a Olimpíada, como forma de alavancar uma cidade que perdeu sua vocação. Foi isso mesmo? Isso já foi inspirado em Barcelona? Por que a Olimpíada era vista como um catalisador para isso?
R- Foi como contei, uma iniciativa conjunta de Roberto Marinho e João Havelange. Esse foi o start, ponto de decisão.

P- Quais mudanças a proposta de 2012 sofreu para 2016? Metro, arenas, finanças…
R- Lembro que o projeto da candidatura para 2016 foi entregue pela prefeitura do Rio e o COB, ao COI em dezembro de 2008 com as cópias traduzidas. Curiosamente a única atividade que o RIO teve nota 10 em 2007 pelo COI foi mobilidade/transportes. O fundamental foi o gerenciamento do tráfego. As linhas fechadas eram flexíveis nos horários, ao contrário de hoje, cuja rigidez produziu os engarrafamentos. 2016 medido pelo número de atletas na Vila Olímpica é o dobro de 2007. Bem. Basicamente seguimos as recomendações do COI em relação a dar segurança total em relação a qualidade dos equipamentos –olímpicos- desde o PAN-2007 e a Vila Olímpica. Aliás, a Vila do PAN, definida pela prefeitura seria onde está localizada a Vila Olímpica. Mas uma imobiliária conseguiu mudar a localização para onde foi feito apesar dos riscos por ser um terreno turfado. O TCU identificou um sobre-faturamento de aluguéis pagos pelo Ministério dos Esportes e mandou reduzir. O ministro Vilaça esteve comigo e explicou. Mas os aluguéis estavam cobertos pelo aumento de gabarito para 12 andares. Aliás, agora é a mesma coisa. O que pagaria os aluguéis seria o aumento de gabarito (modelo Barcelona) de 12 para 18 andares. Mas o CO–2016 está pagando ao mesmo tempo pelo menos 250 milhões (valor de 2014) pelo aluguel dos apartamentos dos atletas.

P- O sr. acha que valeu a pena essa busca? O Rio conseguiu encontrar sua vocação?
R- A busca de sede da Olimpíada pelas cidades têm 4 vetores: a imagem global da cidade, a inserção na elite esportiva preparando atletas, o legado urbano e os eventos esportivos em si. O Rio, pela coincidência da crise de 2014-2016, perdeu o efeito imagem, perdeu o ponto de preparação de atletas para subir os degraus de elite esportiva e fez a escolha de legados urbanos que só poderão amadurecer em prazos mais dilatados, como o Porto Maravilha que micou com a crise do mercado imobiliário. Mas não há dúvida que o quarto vetor, a qualidade dos eventos esportivos, será conquistada.

P- Os filhos de Roberto Marinho também participaram da origem da candidatura de 2012 e 2016?
R- Basicamente a partir do PAN, quando um representante da TV apresentou o projeto da Globo, que se mostrou muito positivo, pois integrava “heróis anônimos” que criavam pequenos polos de um esporte e integrava as escolas e professores de educação física. Com isso, a cobertura desde uns anos antes era nacional e inclusiva. 15 dias depois do PAN fui convidado pelo Dr. João Roberto Marinho para participar da reunião, acho que mensal, das mídias do sistema Globo. Havia uma discussão entre eles se um grande evento como aquele e esse atual valeria a pena para a cidade e para a empresa. Defendi e justifiquei. A opinião favorável dos diretores foi vitoriosa, especialmente porque a cobertura pela TV aberta e especialmente paga (SporTV) foi um sucesso, segundo o diretor de jornalismo Schreder, hoje diretor geral da Rede Globo. Mas pelo que senti havia 60% a favor e 40% contra. Na saída reclamei de um artigo no Globo de Ali Kamel, segundo do jornalismo na época, criticando duramente o PAN e grandes eventos. Dr. João Roberto disse que aquilo mostrava a liberdade interna da Globo.

P- Urbanistas criticam o fato das PPPs olímpicas preverem a exploração imobiliária na zona oeste, o que seria uma pressão para a ocupação dessa área considerada ambientalmente frágil. O sr acha que a escolha da Barra provoca essa pressão? Ela foi boa para a cidade? Não seria melhor insistir no Fundão?
R- O ponto não é esse. Até porque será o mercado que ditará os prazos de ocupação. O ponto é que não se conheceu nem se conhece os valores incorporados nas concessões de espaço e gabaritos. Por exemplo: Na área do autódromo –onde está todo o Parque Olímpico –25% é ocupada pelos equipamentos esportivos e 75% pelos prédios que serão construídos.

08 de agosto de 2016

ASSIM FOI CRIADA A OLIMPÍADA DE 2016 NO RIO!

Respostas por e-mail, a Ítalo Nogueira da Folha de S. Paulo – em 03/08/2016.

P- Como começou a campanha da Rio-2004? Quem a criou?
R- Após ser eleito em 1992, em março de 1993 fui procurado pelos srs. João Havelange e Roberto Marinho e os recebi no Palácio da Cidade. Afirmaram que superação da crise de longo prazo do Rio era ser sede de uma Olimpíada. Que eu deveria inscrever o Rio como cidade-candidata. Não seria escolhida a primeira vez, mas a terceira ou a quarta vez. Assim foi feito. Brasília era a cidade candidata à Olimpíada. O COB reuniu seu Conselho e o Rio assumiu o lugar de Brasília. E começou o processo das candidaturas do Rio.

P- O sr pode dar mais detalhes da reunião de Havelange e Marinho com o sr em 1993? Esse debate havia na campanha para prefeito? O pedido deles foi inspirado no sucesso de Barcelona?
R- Em todas as experiências anteriores inclusive Pré-Guerra.

P- Por que decidiu-se deixar de fora o COB nessa campanha? Nuzman se queixa bastante disso.
R- O COI havia decidido que as candidaturas olímpicas deveriam ser coordenadas pelos comitês olímpicos nacionais. Não sabíamos. Tivemos apoio do Globo para substituir Brasília. Erramos ao tentar fazer uma coordenação política e depois o apoio voltou. Demonstrado porque na disputa Rio x S. Paulo (MARTA era prefeita de SP eu do RIO) a simpatia total foi pelo Rio. A cobertura das apresentações das cidades no auditório do BNDES e a cobertura de nossa vitória foi total. A proximidade do COB (Nuzman) e da Rede Globo é muito grande.

P- Por que a proposta do Fundão não vingou? Urbanistas dizem que faria mais sentido do que a expansão para a Barra.
R- Essa foi a proposta de Barcelona. Só eu fui contra. Meu argumento era operacional. Na Barra da Tijuca a caneta do prefeito decidia tudo. No Fundão seriam 5 canetas: Conselho Universitário, Governo Federal, Governo Estadual, COB e Prefeitura. O golpe final veio em 1996, quando a Comissão do COI esteve aqui analisando o projeto do Rio. Fui contatado reservadamente por um espanhol que compunha a Comissão do COI que me disse que o Fundão era inviável. Nas suas palavras: A Olimpíada é uma festa da raça. As teleobjetivas não podem fazer um foco ao mesmo tempo num superatleta e em alguém subnutrido.

P- Como foi a decisão de disputar o Pan-07?
R- Quando retornei à prefeitura após a eleição de 2000 fui procurado pelo Nuzman pedindo que eu subscrevesse a carta que o Conde havia preparado para a ODEPA. Trouxe a proposta da Região do Maracanã ser a base do complexo Olímpico. Eu disse que não concordava. Teria que ser a Barra da Tijuca por duas razões: 1) segurança pública, pois era uma área de 3 entradas/saídas e edificações separadas pelo plano Lúcio Costa. 2) porque permitia construir um complexo Olímpico amplo e integrado. Nuzman aceitou.

P. Quando o sr fala que o Fundão era uma “proposta de Barcelona”, refere-se a que? Os organizadores de Barcelona-92 ajudaram a elaborar a proposta da Rio-04?
R- Desde 1993 até 2000 a equipe de Barcelona foi consultora da prefeitura do Rio no Plano Estratégico. Conde era muito próximo deles. Consultoria profissional com os mesmos arquitetos-urbanistas responsáveis pelos JJOO-Barcelona.

P- Quem decidiu transformar o Pan-07 em padrão olímpico? Originalmente, ele já não era uma vitrine para a futura candidatura do Rio para a Olimpíada?
R- Vencemos em 2002, na Cidade do México, de San Antonio que era uma cidade dos EUA pronta com todos os equipamentos. Três argumentos nossos foram vencedores: a) Nuzman falou em descentralizar pelos Comitês Olímpicos nacionais a cobertura unitária e integrada da TV, o que permitia a eles ganhos de patrocínio. b) Segurança Pública pelas características da Barra da Tijuca e pela ausência de riscos de terrorismo. c) a importância da paralimpíada que teria apoio semelhante. Vencemos. O projeto era simples e barato. O COB foi chamado pelo COI com a presença de um ex-presidente Samaranche que disse que projeto não ganhava mais candidatura. Era necessário dar garantia aos patrocinadores potenciais. E que, para isso, os equipamentos previstos para o PAN deveriam mudar completamente e ser equipamentos olímpicos. E assim foi. As críticas sobre os novos custos do PAN não levaram isso em conta.

P- O que significa a proposta do Nuzman, para o Pan-07, de “descentralizar pelos COs a cobertura unitária e integrada da TV”? Não houve uma OBS no Pan, como há na Olimpíada? Os direitos de imagem foram pulverizados?
R- O COB garantiria os direitos de imagem (aliás pagos pela prefeitura) e os COs latino-americanos definiriam as coberturas que lhes interessavam. Seriam feitas estas ampliações e garantidos os links aos COs que poderiam negociar os patrocínios em seus países.

P- Qual foi a importância da candidatura de 2012?
R- Na lógica de Marinho e Havelange as candidaturas sucessivas se reforçam e se ajustam. Todas são importantes por isso.

P- O Rio recebeu uma nota pior do que o Doha na primeira avaliação para 2016. Como se classificou e como superou as desconfianças?
R- Numa reunião no Palácio Guanabara, Havelange disse que a cúpula do COI estava muito preocupada com o poder “influenciador” dos países árabes-petroleiros. E que a imagem que ficaria era de cumplicidade. O argumento da Comissão no dia da escolha das finalistas em Atenas em junho de 2008, depois de lido o nome de Doha é que as áreas de Doha exigiriam descentralizar a Olimpíada, o que não seria possível. O Rio foi incluído no lugar de Doha e já partiu com equipamentos testados no PAN, com a presença dos presidentes das federações internacionais e do COI e com o projeto integrado na Barra pronto na área do autódromo, com 3 equipamentos já construídas e articulados pela Linha Amarela com o Estádio Olímpico para o atletismo, modalidade fundamental.

P- Paes disse que no plano estratégico de seu primeiro governo já havia a previsão de buscar a Olimpíada, como forma de alavancar uma cidade que perdeu sua vocação. Foi isso mesmo? Isso já foi inspirado em Barcelona? Por que a Olimpíada era vista como um catalisador para isso?
R- Foi como contei, uma iniciativa conjunta de Roberto Marinho e João Havelange. Esse foi o start, ponto de decisão.

P- Quais mudanças a proposta de 2012 sofreu para 2016? Metro, arenas, finanças…
R- Lembro que o projeto da candidatura para 2016 foi entregue pela prefeitura do Rio e o COB, ao COI em dezembro de 2008 com as cópias traduzidas. Curiosamente a única atividade que o RIO teve nota 10 em 2007 pelo COI foi mobilidade/transportes. O fundamental foi o gerenciamento do tráfego. As linhas fechadas eram flexíveis nos horários, ao contrário de hoje, cuja rigidez produziu os engarrafamentos. 2016 medido pelo número de atletas na Vila Olímpica é o dobro de 2007. Bem. Basicamente seguimos as recomendações do COI em relação a dar segurança total em relação a qualidade dos equipamentos –olímpicos- desde o PAN-2007 e a Vila Olímpica. Aliás, a Vila do PAN, definida pela prefeitura seria onde está localizada a Vila Olímpica. Mas uma imobiliária conseguiu mudar a localização para onde foi feito apesar dos riscos por ser um terreno turfado. O TCU identificou um sobre-faturamento de aluguéis pagos pelo Ministério dos Esportes e mandou reduzir. O ministro Vilaça esteve comigo e explicou. Mas os aluguéis estavam cobertos pelo aumento de gabarito para 12 andares. Aliás, agora é a mesma coisa. O que pagaria os aluguéis seria o aumento de gabarito (modelo Barcelona) de 12 para 18 andares. Mas o CO–2016 está pagando ao mesmo tempo pelo menos 250 milhões (valor de 2014) pelo aluguel dos apartamentos dos atletas.

P- O sr. acha que valeu a pena essa busca? O Rio conseguiu encontrar sua vocação?
R- A busca de sede da Olimpíada pelas cidades têm 4 vetores: a imagem global da cidade, a inserção na elite esportiva preparando atletas, o legado urbano e os eventos esportivos em si. O Rio, pela coincidência da crise de 2014-2016, perdeu o efeito imagem, perdeu o ponto de preparação de atletas para subir os degraus de elite esportiva e fez a escolha de legados urbanos que só poderão amadurecer em prazos mais dilatados, como o Porto Maravilha que micou com a crise do mercado imobiliário. Mas não há dúvida que o quarto vetor, a qualidade dos eventos esportivos, será conquistada.

P- Os filhos de Roberto Marinho também participaram da origem da candidatura de 2012 e 2016?
R- Basicamente a partir do PAN, quando um representante da TV apresentou o projeto da Globo, que se mostrou muito positivo, pois integrava “heróis anônimos” que criavam pequenos polos de um esporte e integrava as escolas e professores de educação física. Com isso, a cobertura desde uns anos antes era nacional e inclusiva. 15 dias depois do PAN fui convidado pelo Dr. João Roberto Marinho para participar da reunião, acho que mensal, das mídias do sistema Globo. Havia uma discussão entre eles se um grande evento como aquele e esse atual valeria a pena para a cidade e para a empresa. Defendi e justifiquei. A opinião favorável dos diretores foi vitoriosa, especialmente porque a cobertura pela TV aberta e especialmente paga (SporTV) foi um sucesso, segundo o diretor de jornalismo Schreder, hoje diretor geral da Rede Globo. Mas pelo que senti havia 60% a favor e 40% contra. Na saída reclamei de um artigo no Globo de Ali Kamel, segundo do jornalismo na época, criticando duramente o PAN e grandes eventos. Dr. João Roberto disse que aquilo mostrava a liberdade interna da Globo.

P- Urbanistas criticam o fato das PPPs olímpicas preverem a exploração imobiliária na zona oeste, o que seria uma pressão para a ocupação dessa área considerada ambientalmente frágil. O sr acha que a escolha da Barra provoca essa pressão? Ela foi boa para a cidade? Não seria melhor insistir no Fundão?
R- O ponto não é esse. Até porque será o mercado que ditará os prazos de ocupação. O ponto é que não se conheceu nem se conhece os valores incorporados nas concessões de espaço e gabaritos. Por exemplo: Na área do autódromo –onde está todo o Parque Olímpico –25% é ocupada pelos equipamentos esportivos e 75% pelos prédios que serão construídos.

04 de agosto de 2016

ALGUNS DESTAQUES NO SEMINÁRIO PARALELO À CONVENÇÃO DO PARTIDO REPUBLICANO NOS EUA! TRUMP É A ANTIPOLÍTICA! IMPORTÂNCIA DA TV CAIU MUITO! ELITE POLÍTICA PERDEU CONTATO COM A SOCIEDADE!

Bruno K. presidente da juventude nacional do DEM e vice-presidente da juventude da IDU convidado da IDU para participar da convenção republicana e do seminário paralelo à convenção promovida pela IDU (União Democrática Internacional) apresentou seu relatório. Deste, vários pontos foram destacados por este Ex-Blog, que inclusive poderão ser úteis às eleições brasileiras, como as municipais desse ano. Seguem alguns pontos destacados.

A- SOBRE AS ELEIÇÕES:

1. Robin Vos (Presidente da Assembleia Legislativa Wisconsin.  – Temos que aprender a propor. Ser ativos ao invés de ser reativos. Temos que ter nossa agenda e nossas ideias. – Os parlamentos hoje votam projetos da forma como já foi decidido pelos chefes dos partidos. Não se debate mais as ideias, não se busca consenso. Muito polarizado. Política se transformou em falar mal e criticar na internet.   

2. Karl Rove (Chefe de Gabinete Adjunto e Estrategista do Presidente George W. Bush) – – Nunca vi uma eleição assim, completamente confusa. – Confiança das pessoas nas instituições é mínima. Não acham Trump capaz de fazer tudo que promete, mas acham ele combativo, querem alguém que brigue. – Elite política perdeu tanto contato com a sociedade que a população quer eleger um bilionário por acreditar que ele é um outsider. – Últimos 20 anos são de radicalismo entre Republicanos e Democratas. Um radicalismo quase igual ao que se sentia após a guerra civil. Não se sabe o que ocorrerá com os partidos após eleição.  – Ambos os partidos mostram alguma frustração com Obama. Os eleitores de Trump acham que Obama foi longe demais na guinada à esquerda. Os eleitores de Sanders acham que ele devia ter ido ainda mais longe. – Perdemos para Obama em 2008 na qualidade e não na quantidade de uso das redes. Ele segmentava o eleitorado e nós mandávamos a mesma mensagem para todo mundo. Mandamos mais, mas gerava menos efeito.

3. Terry Nelson (Consultor Político). – Eleitores Republicanos: Só 25% querem banir os muçulmanos, mas 82% querem banir os sírios especificamente. – Eleitores Democratas estão menos protecionistas economicamente do que antes e republicanos estão mais. – 79% rejeitam o Congresso. Maior rejeição desde 1974. – Em 1992, 37% eram independentes, 34% republicanos e 29% democratas. Em 2005, todos tinham 33%. Em 2016, 40% são independentes, 31% são democratas e 27% são republicanos. Republicanos perderam para independentes. – País vai na direção certa? Hoje, 70% Não e 24% Sim. – Eleitorado mais diverso da história dos EUA: 69% brancos, 12% negros, 11% latinos, 4% asiáticos e 4% outros.

4. Danny Diaz (Coordenação da campanha de Jeb Bush). – Trump é o candidato da antipolítica. O povo quer isso. – A cobertura jornalística sobre Trump foi totalmente desproporcional. Isso ajudou muito. – Trump cria apelidos para os adversários e a mídia repercute.

5. Ed Brookover (Coordenação da campanha de Trump). – Trump: Estratégia é não ser político, não ser diplomático, não ser correto. Falar as verdades, atender a demanda da população por alguém sincero. – Vai tentar mostrar outra face de Trump: Empresário inteligente e homem amoroso com sua família. – Queremos agora expandir o eleitorado de Trump e buscar: Insatisfeitos com Obama, Pessoas antipolítica, Pessoas que nunca votam, Pessoas que acham que os EUA não estão seguros, – A rejeição dos candidatos pode fazer o comparecimento crescer: Pessoas vão votar em um por ser contra o outro. – Não focamos a TV. Importância caiu muito. Pessoas estão nas redes, nos sites, nos blogs. – Temos um grupo de equipe de rua que viaja de estado em estado, muito bem treinado, ao invés de grupos locais. – “Trump não é isolacionista, mas não temos uma palavra que defina o que ele é em termos de política externa”. – Trump vai anunciar durante a campanha convites para pessoas que têm experiência administrativa fazerem parte de seu ministério.

6. Ben Ginsberg (Consultor Republicano).  – É a campanha onde os dois candidatos são os mais impopulares na história. – Se Gary Johnson, terceira via, chegar a 15%, irá aos debates. – Um debate entre Trump e Hillary seria o mais assistido de todos, despertando ódios e paixões, um show.

B) SOBRE POLÍTICA EXTERNA (coordenação do Instituto Republicano). O MUNDO HOJE É MAIS PERIGOSO DO QUE NA GUERRA FRIA!

1. John Kasich (Governador de Ohio e quarto colocado nas primárias). – “Ser nacionalista não é um problema. Problema é ser extremo. O isolacionismo é negativo.”  – “Por que ser anti-imigração? Os imigrantes são positivos, ajudam nossa economia. Deve haver maior controle, mas não essa demonização.” – “Reino Unido fora da União Europeia? Putin comemora!”. – O enfraquecimento da OTAN é o fortalecimento da Rússia, da China e do Islã radical. – Comércio livre é fundamental. Respeito aos aliados também. – “Onde estão os líderes religiosos cristãos que não condenam o terrorismo islâmico duramente?”

2. David Purdue (Senador). – “O mundo hoje é mais perigoso do que na Guerra Fria”. – “Estado Islâmico cresce e ataca dentro do nosso país.” – “Quando os EUA vão voltar a liderar e promover a liberdade?” – “Rússia nitidamente patrocina grupos pró-Rússia na Europa Oriental. Nossos aliados na região estão com medo e nós não ajudamos?” – Arábia Saudita quer resolver questão do Estado Islâmico, mas governo Obama não ajuda.

3. Paul Ryan (Presidente da Câmara dos Deputados e candidato a Vice em 2012). – Nossos inimigos não nos temem mais. Nossos aliados não confiam mais em nós. – O governo não pode fazer ameaças e depois não cumprir, como Obama fez na Síria. – A direita precisa colocar sua plataforma de forma clara. – Temos que recuperar a capacidade das pessoas de se autogovernar, cortar impostos e melhorar o gasto público.

* * *

AMÉRICA LATINA E ESTADOS UNIDOS: A IMPORTÂNCIA DA SEGURANÇA JURÍDICA E DAS INSTITUIÇÕES! CHILE E URUGUAI!

Historiador e especialista em América Latina, Joseph Tulchin, autor de América Latina x Estados Unidos – Uma relação turbulenta.

1. Eu não focaria nas últimas mudanças e suas guinadas à esquerda, guinadas à direita. Isso é muito exagerado na América Latina. Os dois amigos mais próximos dos Estados Unidos na região hoje são governos de esquerda: Chile e Uruguai. Eles têm excelentes relações, mutuamente benéficas. Ao mesmo tempo (os Estados Unidos) vão muito bem também com Argentina e Colômbia, e esperamos que seja assim com (Pedro Pablo) Kuczynski, no Peru.

2. Não se trata de esquerda contra direita. A razão dessa relação ser tão forte com Chile e Uruguai é que são ambos países que gostam do Estado de direito, têm Judiciários fortes, marcos regulatórios claros e são grandes defensores dos direitos civis e humanos. A única diferença é que Chile é muito conservador em questões sociais em razão do grande poder da Igreja. Somos (EUA) muito familiares com esses dois países porque compartilhamos os mesmos valores e eles estão à esquerda.

03 de agosto de 2016

SEM APOIO EMPRESARIAL! FINANCIAMENTO E DISTRITALIZAÇÃO DA CAMPANHA ELEITORAL!

1. A proibição de financiamento empresarial das campanhas eleitorais já começa a apresentar sinais de seus desdobramentos. As primeiras reações foram em relação às vantagens que teriam os candidatos das máquinas governamentais e os de maior renda. E para os imobilistas, a consequência seria a ampliação do caixa 2.

2. Há reações apontando para uma certa desorganização das campanhas neste ano, até que a prática defina os caminhos a seguir. Mas ninguém tem dúvida que essa nova situação veio para ficar. A eleição de 2016 será um primeiro teste, é verdade.

3. As candidaturas proporcionais espalhadas –mesmo as de opinião pública- tenderão a perder fôlego, pela enorme dificuldade de capilarizar as campanhas. O sistema anterior caminhava para o distritão, de forma a eliminar o fenômeno dos grandes puxadores de legenda, a exemplo de Enéas e Tiririca. Não foi aprovado.

4. Os Fundos Partidários definidos no Orçamento da União passarão a ser usados diretamente em campanhas e de forma muito mais tática e ampla que antes. Mas como distribuir o Fundo Partidário em campanhas proporcionais? Os caminhos deverão vir das experiências britânica e norte-americana.

5. São sistemas de voto distrital puro, majoritário e uninominal. As direções nacionais dos partidos dividem os distritos em 3 tipos. Aqueles em que os candidatos do partido não têm chance alguma ou têm chance muito pequena. Aqueles em que são franco favoritos. Estes dois casos são deixados para a iniciativa dos candidatos nesses distritos. Nos distritos competitivos a direção nacional do partido administra e financia a campanha de seus candidatos de forma a conseguir maioria no parlamento.

6. Como as direções nacionais farão no caso do Brasil, em que o voto é proporcional para vereadores e deputados? Para prefeito, a opção é clara: Fundo Partidário apoiar os candidatos competitivos ou favoritos especialmente em cidades maiores.

7. Para vereadores e deputados que o voto é proporcional aberto, as direções nacionais tenderão a usar o Fundo Partidário para apoiar os puxadores de legenda quando o partido concorrer sem coligação. Havendo coligação, as direções locais deverão demonstrar à direção nacional que o apoio do Fundo Partidário poderá eleger mais candidatos do partido na coligação. Os favoritos na coligação não precisarão de apoio do Fundo Partidário.

8. Enfim, a eleição de 2016 indicará os melhores caminhos. Mas, de qualquer forma, a tendência clara será o voto proporcional caminhar para um voto distrital mesmo antes de qualquer reforma tributária. Os partidos tratarão, desde já, de aplicar a metodologia utilizada no regime de voto distrital nas campanhas proporcionais como as de 2016 e daí para frente.

02 de agosto de 2016

DADOS E FATOS ATUAIS SOBRE OS JJOO-2016!

1. Uns meses atrás, este Ex-Blog fazia uma análise do efeito Olimpíada sobre a opinião pública carioca em base aos 4 vetores que os governos buscam ao lutar para sediar os Jogos Olímpicos. Hoje se pode comprovar que a análise estava correta. O efeito imagem da cidade potencializada pelos JJOO, infelizmente, se dissolveu. E a ocupação dos corredores olímpicos –desde os aeroportos- feita pelas forças armadas com fuzis, só agravou a imagem. A presença na abertura de chefes de governo será 1/3 ou pouco mais que em Londres.

2. O efeito (legado urbano) não terá impacto em curto prazo, em 2016. A concentração de investimentos em mobilidade (transportes) destacada no JN de 29/07, em base especialmente às linhas de BRT, desarrumou os hábitos dos cariocas acostumados com o transporte porta a porta dos ônibus. Até que novos hábitos sejam incorporados pelo uso dos BRTs, com otimismo, estaremos na eleição de 2018.

3. Do ponto de vista político, olhando a eleição municipal de 2016, caberá ao candidato do prefeito reproduzir com adaptações o bloco do JN-29/07, que mostrou os investimentos em mobilidade, projetando as vantagens para o futuro, de forma a reconstruir o desgaste do presente.

4. O quarto vetor será bem sucedido: os eventos esportivos. São áreas e equipamentos olímpicos com segurança garantida. E uma vez em competição, o efeito imagem da cidade não importa para os atletas. O “clima” pré-olímpico, a desistência de importantes atletas e as proibições sobre parte da delegação russa, tornarão os JJOO mais competitivos, aumentando o entusiasmo em relação às provas.

5. Mas isso não tem efeito eleitoral, por mais que o governo tente. E o noticiário pós-olímpico, como é costume, dará brilho aos problemas e aos defeitos. Os atletas dos países-alvo potenciais do EI tendem a chegar no Rio perto de suas provas e sair logo após, eliminados ou vencedores. Não vão tirar férias pela cidade. Os perdedores colocarão a culpa nas condições externas que os afetaram.

6. A decisão de produzir eventos de forma a animar a festa foi muito arriscada, pois o policiamento em seu entorno não terá a intensidade, a presença e a percepção da segurança das áreas diretamente olímpica e seu entorno. Os delitos serão deslocados para bairros ou corredores não-olímpicos. Não há efetivo policial capaz de se espalhar pela cidade.

7. Em resumo, a Olimpíada terá o brilho esportivo que teve em outros JJOO e até talvez maior impacto e entusiasmo interno pela competividade (ver 4.), com novos medalhistas, novos heróis. Mas com nenhum efeito eleitoral.

* * *

DECLARAÇÃO DA UNIÃO DE PARTIDOS LATINO-AMERICANOS (UPLA) DIANTE DA EXCLUSÃO DE DEPUTADOS DO PARLAMENTO DA NICARÁGUA PELO SANDINISMO-CHAVISTA!

La Union De Partidos Latinoamericanos (UPLA), frente a la crisis política que se vive en Nicargua por la destitución de parlamentarios opositores al gobierno Sandinista; y
Considerando:

1. Que el Tribunal Electoral de Nicaragua ha entregado el control total del Parlamento al Frente Sandinista, partido del Presidente Ortega, al destituir a 28 diputados del Partido Liberal Independiente.

2. Que para ejecutar esta medida, el Tribunal Electoral utiliza abusivamente una modificación realizada a la Constitución Nicaragüense realizada por el actual gobierno en el 2014, que estableciendo que todo diputado que cambie de opción política pierde su escaño.

3. Que estas medidas tienen por objeto anular a las fuerzas opisitoras de cara a las elecciones de noviembre próximo, tal como ha ocurrido en otros paises del continente donde sus gobiernos son afines al Socialismo del Siglo 21.

Declara:

1. Su enérgico rechazo a estos atropellos a la voluntad popular del pueblo nicaraguence, los cuales comprometen seriamente el régimen democrático en ese país.

2. Exhorta a la OEA y a su Secretario General para que se pronuncien cuanto antes frente a estos graves hechos y condene estos abusos de poder del mandatario nicaraguence que apuntan a radicalizar el régimen dictatorial con careta democrática que se quiere imponer en ese país.

3. Reitera el compromiso de la Unión de Partidos Latinoamericanos (UPLA) con la democracia y con el respeto a los distintos poderes del estado en Nicaragua.   

Armando Calderón Sol Presidente de la Unión de Partidos Latinoamericanos

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VIOLÊNCIA DISPARA NO RIO! DADOS OFICIAIS DO ISP RELATIVOS A JUNHO DE 2016!

(Estado de S.Paulo, 30) 1. Um relatório do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP) mostra aumentos de até 80% em indicadores de violência no Estado em junho passado, em comparação com o mesmo mês de 2015.  Menos de dois meses antes da Olimpíada, os roubos a pedestres no Estado do Rio de Janeiro aumentaram 81,2% no mês passado. Foram 8.011 casos registrados, em média 267 roubos por dia. Em junho de 2015, o ISP contou 4.421 assaltos – 147,33 diários.

2. Os roubos em coletivos também aumentaram 81,7%. Saltaram de 619 de junho de 2015 para 1.125 do mês passado. Somando-se roubos de rua (a pedestres, de celulares e em transportes), chega-se a um aumento de 81,2%, de 5.936 para 10.754, uma média de 357,5 assaltos por dia.

3. Os homicídios dolosos (com intenção de matar) aumentaram 38,2%, de 272 (9,06 diários) para 376 (12,53 por dia). Já os homicídios decorrentes da intervenção policial aumentaram 68,2%, de 44 para 74.

01 de agosto de 2016

A ELEIÇÃO PARA PREFEITO DO RIO-2016! UMA PRIMEIRA AVALIAÇÃO PÓS-CONVENÇÕES!

1. Após a eleição municipal de 2012, uma análise interna do instituto GPP afirmava que os 23% dos votos (incluindo brancos e nulos) conquistados pelo deputado Freixo incluíam os votos anti-Paes pelo efeito voto-útil, na medida em que os demais candidatos perderam fôlego eleitoral. E concluía que o voto efetivo em Freixo estava mais próximo dos 50% que obteve. As pesquisas informadas agora em 2016 confirmaram isso.

2. O efeito-PT-impeachment, por enquanto, afetou destacadamente a deputada Jandira Feghali, que está a menos da metade do que obteve em 2008 para prefeito. E ocupa um modesto quinto lugar. Com as informações de hoje, tenderá a servir como base para o voto útil em Freixo.

3. O deputado Molon precisará desesperadamente que Marina Silva (que continua a mais popular no Rio) o carregue no colo. Ele enfrenta dois problemas: a) Não ter nunca se aproximado dos temas regionais; b) Apesar de aparecer muito no noticiário da TV, ainda não desenvolveu carisma. É percebido como um acadêmico. Permanece longe, em último.

4. O senador Crivella continua liderando com folga. A esperada saída de Romário, que este Ex-Blog previa, o favoreceu. Por outro lado, todos os vetores evangélicos expressivos passaram a apoiá-lo, mesmo os que estão em outros partidos. E atraiu o PR, o que dá uma boa exposição na TV. Crivella definiu uma boa coordenação de programa e até criou uma assessoria católica com tradição próxima à Cúria.

5. Bolsonaro, com a marca do pai, mantém-se em terceiro lugar, a 2 pontos de Freixo. As análises de institutos ainda não identificaram seu potencial de crescimento. Dependerá da campanha em si. O tema segurança o beneficia mais que o uso por outros candidatos. A chave será convencer o eleitor que prefeito pode mesmo fazer alguma coisa. E tem o voto em corporações conservadoras.

6. Em seguida, Indio, mais de 2 pontos a menos que Bolsonaro, e de boa imagem televisiva, não terá mais o apoio do PR, que contava. O tema segurança que tem destacado em comerciais será difícil tirar de Bolsonaro. Pedro Paulo, em sexto, um ponto abaixo de Jandira, terá que torcer pelo impacto dos JJOO em relação a imagem do prefeito, de forma a recosturar a sua própria imagem. Conta com seu tempo de TV e as imagens projetadas para frente do que a prefeitura fez.

7. Osório vem 2 pontos abaixo de Pedro Paulo e quase no mesmo nível que Molon. Conta com Aécio para atrair o PSB, que traria tempo de TV e grife. Disputa o PSB com Indio e Crivella. Leva vantagem pelo fato de o presidente do PSB ser deputado católico orgânico.

8. Um assessor do prefeito dizia outro dia que os números de 2016 vão repetir os de 1992, ou seja, quem chegar aos 15 pontos estará no segundo turno. É provável. Supondo que a situação de Crivella esteja consolidada para o segundo turno (vide as eleições de 2008 e 2014, muito mais competitivas), a briga será pelo segundo lugar. Os candidatos deixarão de olhar para Crivella e disputarão espaço entre eles.

9. Lembre-se da história dos 2 homens e o tigre. Um deles disse ao outro: não quero correr mais que o tigre. Quero correr mais que você.

TEMER COM MAIS APOIO QUE DILMA NA CÂMARA DE DEPUTADOS!

(Sonia Racy – Estado de S.Paulo, 31) Bom de apoio. Levantamento da consultoria Arko Advice aponta que, desde sua chegada ao Planalto, em maio, Temer teve mais apoio, na Câmara, que sua antecessora – 57,19% de votos favoráveis, em 45 votações nominais – contra 48,72% obtidos por Dilma, ao longo de seu segundo mandato. Nesses dois meses e meio, só 8,2% votaram contra o governo – e outros 29,8% se ausentaram. Entre as grandes vitórias de Temer, a consultoria de Murilo Aragão cita a aprovação da DRU e a ampla vitória obtida por Rodrigo Maia para presidir a Casa. Bom de apoio 2 A surpresa: a votação média dos petistas em plenário, na era Temer, deu quase empate: 28,8% contra o governo e 26,9% a favor – enquanto 24,9% se ausentaram.

25 dicas para a campanha eleitoral

1. O fracasso é certo quando se tenta agradar todo mundo. Escolha o seu lado, o seu discurso.
2. O seu adversário de votos é quem pensa como você ou se dirige ao mesmo perfil de eleitor.
3. O seu antagônico é atacado só para lhe dar nitidez.
4. Primeiro o eleitor decide em quem não se deve votar. Ajude.
5. Eleição é como lavoura. Os meios de comunicação irrigam. Mas só o contato direto semeia.
6. Candidato que se explica, perde.
7. Tenha sempre a iniciativa. Jogue com as peças “brancas”.
8. Discuta só o tema que você propôs. O tema proposto pelo adversário deve ser simples ponte para você chegar ao seu.
9. Candidato tem que se comprometer.
10. Em debates perguntar é sempre mais arriscado que responder. Na resposta você fala por último. A pergunta tem que imobilizar o adversário e impedi-lo de mudar de tema.
11. O tema honestidade é visto pelo eleitor de outra forma. O tema certo é CONFIANÇA.
12. A comunicação de campanha tem que mostrar que os valores do candidato são os mesmos do eleitor. Valores e crenças básicas são a base da campanha.
13. A linguagem do marketing político é a do marketing de valores e não do marketing comercial.
14. O eleitor vota racionalmente, embora com pouca informação. Ou seja: relaciona causa e efeito.
15. O centro é o alvo, não é o ponto de partida. Ou seja, se parte desde posições nítidas para se atingir espaços políticos de centro.
16. O voto mistura crenças e conjuntura. Esquecer quaisquer das duas é perder a eleição.
17. Não necessariamente divulgue a agenda. Só a que interessa.
18. As pesquisas mexem com o animus de campanha. E com o financiamento.
19. Não ataque diretamente. Use “ouvi falar”, “dizem”, “soube”, ou na TV locutor ou testemunhais.
20. Os ataques devem ser desconcertantes, surpreendentes. As agressões (gritos e palavras chulas) ofendem o eleitor.
21. Currículo não ganha eleição. O que ganha eleição é capacidade de desenvolver a campanha. É a campanha.
22. O eleitor vota pragmaticamente. Ele já sabe como usar as pesquisas. O voto útil é fundamental e já ocorre no primeiro turno.
23. Não ataque todas as candidaturas no primeiro turno. Você precisará de uma delas, pelo menos, no segundo turno.
24. Referência ao Impeachment de DILMA ajuda o eleitor a te localizar politicamente.
25. As Redes Sociais são muito mais fortes para o NÃO que para o SIM.

29 de julho de 2016

25 DICAS PARA A CAMPANHA ELEITORAL!

1. O fracasso é certo quando se tenta agradar todo mundo. Escolha o seu lado, o seu discurso.
2. O seu adversário de votos é quem pensa como você ou se dirige ao mesmo perfil de eleitor.
3. O seu antagônico é atacado só para lhe dar nitidez.
4. Primeiro o eleitor decide em quem não se deve votar. Ajude.
5. Eleição é como lavoura. Os meios de comunicação irrigam. Mas só o contato direto semeia.
6. Candidato que se explica, perde.
7. Tenha sempre a iniciativa. Jogue com as peças “brancas”.
8. Discuta só o tema que você propôs. O tema proposto pelo adversário deve ser simples ponte para você chegar ao seu.
9. Candidato tem que se comprometer.
10. Em debates perguntar é sempre mais arriscado que responder. Na resposta você fala por último. A pergunta tem que imobilizar o adversário e impedi-lo de mudar de tema.
11. O tema honestidade é visto pelo eleitor de outra forma. O tema certo é CONFIANÇA.
12. A comunicação de campanha tem que mostrar que os valores do candidato são os mesmos do eleitor. Valores e crenças básicas são a base da campanha.
13. A linguagem do marketing político é a do marketing de valores e não do marketing comercial.
14. O eleitor vota racionalmente, embora com pouca informação. Ou seja: relaciona causa e efeito.
15. O centro é o alvo, não é o ponto de partida. Ou seja, se parte desde posições nítidas para se atingir espaços políticos de centro.
16. O voto mistura crenças e conjuntura. Esquecer quaisquer das duas é perder a eleição.
17. Não necessariamente divulgue a agenda. Só a que interessa.
18. As pesquisas mexem com o animus de campanha. E com o financiamento.
19. Não ataque diretamente. Use “ouvi falar”, “dizem”, “soube”, ou na TV locutor ou testemunhais.
20. Os ataques devem ser desconcertantes, surpreendentes. As agressões (gritos e palavras chulas) ofendem o eleitor.
21. Currículo não ganha eleição. O que ganha eleição é capacidade de desenvolver a campanha. É a campanha.
22. O eleitor vota pragmaticamente. Ele já sabe como usar as pesquisas. O voto útil é fundamental e já ocorre no primeiro turno.
23. Não ataque todas as candidaturas no primeiro turno. Você precisará de uma delas, pelo menos, no segundo turno.
24. Referência ao Impeachment de DILMA ajuda o eleitor a te localizar politicamente.
25. As Redes Sociais são muito mais fortes para o NÃO que para o SIM.

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QUEIMADAS BATEM RECORDE E SOBEM 57%!

1. Antes mesmo do auge da temporada seca no País, o foco de incêndios em todo o território em 2016, foi 57% maior do que no mesmo período do ano passado. Com 40.765 focos detectados até anteontem, é a maior taxa desde o início da série histórica, em 1998, segundo levantamento divulgado ontem pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O dado foi anunciado em tom de alerta. “Ainda estamos no começo da temporada de queimadas. O que aconteceu até agora é talvez 15% ou 20% de tudo o que ainda vai acontecer”, disse o pesquisador Alberto Setzer, coordenador do monitoramento de queimadas do Inpe.

2. O problema é particularmente grave na Amazônia, que sofre um ressecamento do solo como reflexo de forte El Niño, mas ocorre no País inteiro e não pode ser explicado apenas pelo fenômeno climático. “Em São Paulo até tivemos muita chuva e o Estado teve aumento de 145% até agora em relação ao ano passado. O Rio Grande do Sul registrou aumento de 72%, e a região foi bastante castigada pelas chuvas. Em Brasília aumentou dez vezes o número de queimadas e não está mais seco lá do que em outros anos”, enumera. Ele aponta que unidades de conservação também estão sendo afetadas. Só ontem havia 172 áreas protegidas com algum problema.

27 de julho de 2016

QUANTO O SETOR PÚBLICO GASTOU COM A OLIMPÍADA 2016? E O SETOR PRIVADO? UMA EQUAÇÃO MUITO DIFERENTE DA ANUNCIADA!

1. Quase todos os dias são divulgadas pela imprensa afirmações que nessa Olimpíada a maior parte do gasto correu por parte do setor privado. E essas afirmações são feitas com tamanha convicção como se fossem verdades, inquestionáveis, coreografias em designs nos power points.

2. Não é assim. Existem pelo menos 3 tipos gerais de gasto do setor público cujo desembolso é indireto. O primeiro é quando o setor público transfere patrimônio ao setor privado. O caso mais comum são seus imóveis, em especial o solo urbano de sua propriedade.

3. Por exemplo o caso do Parque Olímpico, cuja concessão de 75% do solo do antigo autódromo foi transferido ao setor privado para a construção de prédios. O gasto público no caso é o valor potencial desse solo. Ou seja, quanto o setor público receberia se vendesse a preços de mercado, incluindo as mudanças urbanísticas autorizadas por lei para estes prédios, ou seja, gabarito e volumetria?

4. No patrimônio do setor público está incluído também a possibilidade de alterar a lei, criar solo através de altura ou volumetria. O solo criado é patrimônio do setor público. É o caso dos 75% da área do Parque Olímpico citada acima. É muito mais.

5. Isso ocorreu em várias regiões da Barra da Tijuca. O próprio -e polêmico- Campo de Golfe foi viabilizado por lei através de mudança de gabaritos em várias áreas da Barra da Tijuca. Outra vez gasto público, criando solo por lei e transferindo ao setor privado.

6. A Vila Olímpica foi outro caso desses. O pagamento -ou compensação- ao setor privado foi feito de duas formas. A primeira foi o pagamento do aluguel por todos os 3.600 apartamentos que compõem a Vila Olímpica. Façam as contas pelo período de bloqueio e uso.

7. Ainda na Vila Olímpica foi aprovada uma lei aumentando em 50% o gabarito dos prédios, passando de 12 andares para 18 andares. Ou seja, um enorme custo através de solo criado. Quanto custará cada apartamento após a desocupação? Um terço desse valor é gasto público. Façam as contas.

8. Finalmente, para não irmos mais longe, o gasto tributário, ou seja, a redução de tributos, a isenção de tributos, a anistia e a remissão de dívidas tributárias para as empresas construtoras e a hotelaria.

9. Esse conjunto constitui um gigantesco gasto público – via criação de solo, via gasto tributário, e via pagamento de serviços.

10. Esse pode ser um interessante dever de férias nas faculdades de arquitetura, de economia e de contabilidade. Garantidamente os 60% decantados, que teriam custado ao setor privado, simplesmente não existem. Todo o gasto realizado pelo setor privado foi compensado por concessões e transferências e mudanças na lei do setor público. Nada mais que isso. Fora disso é conto da carochinha.

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FRANÇA: NOVE MESES PARA AS ELEIÇÕES! TUDO PARECE POSSÍVEL!

1. Quando faltam nove meses para as eleições presidenciais em França, as hipóteses de reeleição de François Hollande parecem cada vez mais reduzidas. O presidente socialista enfrenta o peso de três grandes ataques terroristas em solo francês no espaço de 18 meses, greves e manifestações constantes por causa de reformas económicas altamente contestadas, uma taxa de desemprego estagnada nos 10%, o incumprimento das metas do déficit exigidas a nível europeu, a ameaça dos defensores de um referendo sobre a saída francesa da UE, desarticulação e troca de críticas entre membros do governo, a multiplicação de candidatos ao Eliseu – entre declarados e potenciais. Isto só para citar alguns dos desafios do homem que chegou à presidência de França em maio de 2012.

2. 67% dos franceses não confiam no presidente e no seu governo para lutar contra o terrorismo, revelou uma sondagem Ifop, realizada para o jornal Le Figaro após o ataque que matou 84 pessoas em Nice, na Riviera Francesa, na noite do feriado nacional do 14 de Julho. Enquanto agora apenas 33% dos inquiridos confiam no governo, nos barómetros semelhantes do Ifop, realizados entre janeiro do ano passado e janeiro deste ano, o nível de confiança dos franceses situava-se entre os 49% e os 51%. A queda foi, em seis meses, de 16%. Agora um em cada dois franceses considera que o país está em guerra.

3. Pouco depois de ter começado o fogo-de-artifício no Passeio dos Ingleses, em Nice, um tunisino de 31 anos atropelou mortalmente 84 pessoas e fez mais de 200 feridos. Os acontecimentos levaram a líder do partido Frente Nacional a pedir a demissão de Cazeneuve. “Em qualquer outro país do mundo um ministro com um balanço de mortalidade tão horrendo como o de Cazeneuve – 250 mortos em 18 meses – ter-se-ia demitido”, declarou Marine Le Pen. Até então, a dirigente da extrema-direita francesa andava entretida com o impacto da vitória do Brexit no referendo britânico de 23 de junho, prometendo uma consulta semelhante aos franceses se chegar a presidente nas eleições de 2017.

4. “Tudo o que deveria ter sido feito nestes 18 meses não foi”, disse no domingo à TF1 Sarkozy, que além de ex-presidente é também ex-ministro do Interior de França. “Devíamos ter feito mais, melhor, mais depressa”, disse, por seu lado, à BFMTV Alain Juppé. “Antes [de Nice] havia um reflexo coletivo de apoiar o governo, mas agora a necessidade de culpar alguém destruiu isso”, afirmou à Reuters o analista político Thomas Guenola. A questão é que os franceses parecem fartos. Segundo um inquérito interativo Harris para a revista Marianne, realizado entre 24 e 27 de junho junto de 3796 maiores de 18 anos e divulgado no início deste mês, 82% dos inquiridos não querem Hollande como candidato ao Eliseu, 71% não querem Sarkozy; 63% preferem Juppé a Sarkozy, 62% preferem Macron a Hollande; 38% apoiariam a candidatura de Marine Le Pen, 32% a de François Bayrou e 31% a de Jean-Luc Mélenchon. A nove meses de distância tudo parece possível.

26 de julho de 2016

PREDITORES DO VOTO!

1. Nos últimos meses, o instituto de pesquisas GPP realizou uma série de cruzamentos de pesquisas sobre as prioridades dos CARIOCAS, os problemas que enfrentam e o que esperam do futuro e de novos governos.

2. É claro que a percepção das pessoas está afetada por sua vida, por suas relações, pelas notícias que leem, ouvem e veem, e não só pelas ações dos governos – federal, estadual e municipal.

3. Tradicionalmente, os sociólogos e politólogos entendem estas percepções como predições de voto. Várias vezes o cidadão entende que uma questão é importante para ele, mas não acredita que os governos serão capazes de resolver esse ou aquele problema.

4. Nesse sentido, uma prioridade para o cidadão pode não ser um preditor de voto de escolha dos governantes. No caso, isso se aplica inteiramente à situação atual que vive o carioca.

5. Os menores preditores seriam Segurança, com 1,9; Trânsito, com 1,8; e Geração de Empregos com, 1,1. Com a proximidade da eleição municipal é provável que esses menores preditores estejam relacionados com as responsabilidades de um futuro governo municipal.

6. Quais são os maiores preditores de voto nessa conjuntura? Em primeiro lugar, a “Capacidade e Eficiência Administrativa”, com 22,2; em segundo lugar, as “Obras de Urbanização e Infraestrutura”, com 19,7; e em terceiro lugar “Postos de Saúde e UPAs”, com 9,4. A “Preparação da Cidade para a Olimpíada”, como seria natural, vem em seguida, com 8,1.

7.  Conheça a tabela completa do que seriam os maiores preditores até os menores.

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TAXA SOBRE O PETRÓLEO, CRIADA PELO GOVERNO RJ, INVIABILIZA A EXPLORAÇÃO A PREÇOS ATUAIS!

(Folha de S.Paulo, 25) 1. Taxas criadas pelo governo do Rio podem tornar inviável a exploração de petróleo no Estado se os preços internacionais da mercadoria continuarem nos níveis atuais, de acordo com um estudo feito pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). A questão motiva uma queda de braço entre petroleiras e o governo fluminense. Para o presidente da Petrobras, Pedro Parente, pode inviabilizar o leilão do pré-sal proposto para o ano que vem.

2. Segundo cálculos dos economistas da UFRJ, com a cobrança das novas taxas, criadas no fim de 2015, os campos do pré-sal contratados no modelo de partilha da produção só serão viáveis com petróleo a US$ 114 por barril. Na sexta-feira (22), o petróleo tipo Brent, negociado em Londres, encerrou o pregão cotado a US$ 46,14 por barril.

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EFEITO-BRASIL! URUGUAI: RECESSÃO COM INFLAÇÃO!

(Folha de S.Paulo, 24) 1. Apesar de estar numa situação mais amena que seus companheiros, o Uruguai entrou para o clube dos países da América do Sul que sofrerão neste ano a temida combinação de inflação e falta de crescimento. Estimativas indicam que a economia não avançará em 2016. O governo de Tabaré Vázquez prevê alta de 0,5% no PIB, mas economistas não acreditam na projeção. O Itaú, que estimava expansão de 0,6%, agora fala em zero.

2. A inflação deverá fechar o ano próxima dos 11%, enquanto a meta do banco central era de 3% a 7%. Do lado do PIB, a situação brasileira é um dos fatores que prejudicaram o desempenho uruguaio. Importando anualmente entre 15% e 18% dos bens produzidos pelo Uruguai (sobretudo cereais, lácteos e automóveis), o Brasil é o segundo principal sócio comercial do país. No primeiro semestre deste ano, no entanto, as compras brasileiras do vizinho caíram 16%.

25 de julho de 2016

REINCIDÊNCIA E REDUÇÃO DE CRIMINALIDADE! ENORME ERRO DE MEDIÇÃO NO BRASIL E SUAS GRAVES CONSEQUÊNCIAS! 

1. Dos anos 90 ao início dos anos 2000 ocorreu uma forte redução da criminalidade nos Estados Unidos. As estrelas foram Rudy Giuliani, prefeito de NY, e William Braton, chefe de polícia em Nova York.

2. Três foram as razões destacadas por ambos. Primeiro a tolerância zero, ou polícia de proximidade, que veio exaltada pela teoria -depois livro- das janelas quebradas, ou seja, a desordem urbana e os crimes geram multiplicadores autossustentáveis. Segundo o  acompanhamento direto e diário pelo prefeito em contato com os delegados locais.

3. Em terceiro lugar, a certeza que a proporção de criminosos reincidentes, era de tal ordem, que massificar as prisões e retirar os delinquentes das ruas era fundamental e também explicava a forte redução da criminalidade não só em Nova York como nos EUA.

4. Giuliani e Braton fizeram road shows por centenas de cidades e multiplicaram seus contratos de consultoria. Rio e S. Paulo não ficaram de fora através de contratados por governos e associações empresariais. As ações de ordem urbana -tolerância zero- foram multiplicadas mundo afora e em especial na América Latina.

5. No Estado do Rio, entre outras regiões, aplicou-se de forma contundente a política de tirar das ruas os delinquentes prendê-los e condená-los. Dessa forma, como as taxas de reincidência eram muito altas, a consequência seria uma forte e sustentável redução dos chamados “street crimes”, crimes de rua.

6. E assim foi. A população carcerária do Estado do Rio cresceu exponencialmente. Em 2010 eram 24.470, em 2011 eram 28.053, em 2012 eram 3.1855, em 2013 eram 33.747, em 2014 eram 37.937, em 2015 eram 43.359, e em 2016 são 49.874. Um crescimento de 104% em apenas seis anos.

7. Mas a expectativa que se tinha de queda dos crimes de rua -roubos e furtos especialmente- não ocorreu, muito pelo contrário, tanto no Rio como em S. Paulo. Por quê? O que teria ocorrido?

8. Uma hipótese foi levantada recentemente. A revista PIAUÍ (12/072016) mergulhou nela. A taxa de reincidência divulgada reiteradamente seria essa mesma? “A reincidência atinge mais de 70% dos presos no Brasil”. No dia 24 de junho, o leitor Almir Felitte procurou a Agência Lupa, propondo que essa informação fosse checada.

9. “A Lupa se interessou pelo assunto e foi atrás de dados. Descobriu que, em maio de 2012, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) celebrou um acordo de cooperação técnica com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para que fosse realizada uma pesquisa sobre reincidência criminal. O resultado desse trabalho foi publicado no ano passado e expôs a fragilidade da frase proposta por Felitte para verificação. Um em cada quatro condenados reincide no crime: 24,4%.”

10. “O IPEA foi a campo e conduziu sua própria pesquisa. Estabeleceu que trataria a “reincidência em sua concepção estritamente legal, aplicável apenas aos casos em que há condenações de um indivíduo em diferentes ações penais, ocasionadas por fatos diversos, desde que a diferença entre o cumprimento de uma pena e a determinação de uma nova sentença seja inferior a cinco anos. Assim, a taxa de reincidência, calculada pela média ponderada, é de 24,4%. O número foi divulgado em 2015.”

11. Um enorme erro de mensuração (24% de reincidência e não 70%), que mantido o diagnóstico de causas nos EUA aplicado aqui, é provável que tenha produzido mais delinquentes que redução de delitos. Afinal, a lotação carcerária é 75% maior que a capacidade dos presídios.

COM O DEM, FINALMENTE A TRAMITAÇÃO DO PACOTE CONTRA A CORRUPÇÃO!

(Editorial do Estado de S.Paulo, 24) O pacote de medidas contra a corrupção está travado há mais de um ano na Câmara e agora o novo presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anuncia que quer vê-lo aprovado até 9 de dezembro, Dia do Combate à Corrupção. O presidente da Câmara reuniu-se na terça-feira com representantes do Judiciário e do Ministério Público e com um grupo de deputados, entre eles o relator do projeto na comissão especial designada para debater a matéria, Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Com o apoio de todos, Maia garantiu que dará prioridade à tramitação desse pacote de projetos. São dez medidas destinadas a aperfeiçoar, acelerar e tornar mais rigoroso o processo de investigação e julgamento dos casos de corrupção na gestão da coisa pública. É mais uma boa notícia que o renovado comando da Câmara dos Deputados dá ao País.

22 de julho de 2016

QUE TEMAS TERÃO DESTAQUE NA CAMPANHA MUNICIPAL DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO?

1. Uma questão tem intrigado os estrategistas e marqueteiros dos candidatos a prefeito do Rio. Que tema ou temas serão destacados pelas candidaturas? Não é tarefa simples, especialmente numa conjuntura de enorme desgaste dos políticos e crise abissal.

2. A segurança pública, que ficou fora de foco nas 5 últimas eleições municipais, volta com força, seja pelo aumento da criminalidade, seja pelo terror externo que cria uma sensação de insegurança interna, seja pela sensação de insegurança existente.

3. A saúde pública, destacada nas pesquisas pelos eleitores como o maior problema de todos, abre a eleição sem vocalizador. A privatização da saúde pública através das OSs não mudaram esse quadro e a crise estadual na saúde não permite o cidadão diferenciar responsáveis, apesar das tentativas municipais.

4. A educação pública que, em geral, tem interlocutores pela esquerda, não deve ter, pois os problemas do magistério ganham prioridade na comunicação dos candidatos em relação à política educacional.

5. A mobilidade urbana (transportes), apesar dos grandes investimentos realizados, enfrenta uma situação paradoxal. A prioridade dada aos BRTs objetivando a reestruturação do transporte radial de massa, em curto prazo, produziu um enorme desconforto nos passageiros em relação ao transporte porta a porta de ônibus e vans. A linha 4 do metrô será inaugurada parcialmente e só após as eleições poderá servir de fato como alternativa. Ou seja, um imenso investimento sem capitalização eleitoral para este ano.

6. Mais uma vez -vide 2008- a concentração de gastos e atenção exigidos pela Olimpíada produzirá uma sensível queda de qualidade na conservação nas regiões Norte e Oeste, que concentram 75% da população, e que reagirão como ocorreu em 2008 a este desconforto.

7. A capacidade administrativa, que é uma prioridade num momento de crise, não combina com os perfis dos candidatos apresentados. A insegurança do servidor público em relação ao alcance das medidas que estão sendo analisadas nacional e estadualmente vem amplificada com a crise que chegou à previdência municipal.

8. Os valores da família e da vida inevitavelmente terão destaque pelo perfil do candidato que lidera todas as pesquisas, e a força do discurso dos que vêm a seguir dele. As fragilidades de candidatos em relação a esse tema será aproveitada nos debates.

9. A questão social, que em várias eleições anteriores destacava as políticas de inclusão social, nesta eleição traz como carro chefe a taxa de desemprego, especialmente dos mais jovens e a dificuldade de propostas municipais surgirem como alternativa, num momento pós Olimpíada.

10. A corrupção, destaque nacional com a Lava-Jato, pousará na eleição municipal em função dos grandes investimentos e sua qualidade com os exemplos que a imprensa vem sublinhando.

11. Finalmente, uma eleição apresentada como re-reeleição, coloca uma difícil disjuntiva, seja pelo natural “desgaste de material” depois de 8 anos, seja pela referência estadual do mesmo partido, seja pelo declínio de avaliação. Numa eleição com TV 35 dias e sem a concentração de tempo de TV das 2 eleições anteriores e o desvio de foco provocado pela Olimpíada, a tarefa dos estrategistas e marqueteiros será complexa, pelo menos complexa.

* * *

MELANIE TRUMP X MICHELE OBAMA: PLÁGIO OU MARQUETAGEM?

1. O discurso de Melanie Trump relativo a frases de um discurso de Michele Obama de anos antes foi plágio mesmo ou marquetagem? Cópia ou intencional?

2. Inquestionavelmente, a “gafe” colocou Melanie e seu discurso como destaque imediato nos telejornais pelo mundo todo.

3. A imprensa identificar em minutos o plágio de frases sociais normais de primeira-dama em convenção de anos atrás é impossível. E a cobertura foi imediata.

4. Das duas uma. Ou a assessoria de Obama identificou e informou imediatamente, ou a assessoria de Trump fez de propósito e vazou durante ou logo após o discurso.

5. Com isso, conseguiram um destaque para modelo-esposa que, sem isso, teria passado desapercebida. Melanie veio aos telejornais.

6. A gafe permitiu expor sua beleza e se tornar um personagem nesse início de eleição, coisa que não havia acontecido nos meses das primárias.

7. A redatora do discurso pediu demissão no dia seguinte. Como era de se esperar, Trump não aceitou. Talvez tenha recebido até uma gratificação.

21 de julho de 2016

PROIBIÇÃO DE COLIGAÇÕES PARA DEPUTADO FEDERAL É UMA CLÁUSULA DE BARREIRA IMPLÍCITA E DE MUITO MAIOR PROPORÇÃO!

1. Com a eleição do novo Presidente da Câmara de Deputados, reiniciou-se o debate a respeito da reforma política e das medidas iniciais que poderiam ser adotadas. Os dois eixos principais que voltaram a ser levantados foram Cláusula de Barreira e Proibição de Coligação nas Eleições Proporcionais.  

2. A resistência maior é quanto a Cláusula de Barreira que exigiria um Emenda Constitucional na medida que o STF considerou a introdução da mesma por lei, anos atrás, inconstitucional. Fala-se em 2%. A Proibição de Coligação nas Eleições Proporcionais gerou, inicialmente, muito menor resistência, especialmente pelos partidos –ditos- ideológicos.

3. O paradoxal é que a Proibição de Coligação nas Eleições Proporcionais implica numa Cláusula de Barreira implícita e de proporção muito maior na maioria dos Estados, pelo menos quando se aplica às eleições para Deputado Federal.

4. Vejamos por quê. Usando os dados das eleições de 2014 para Deputado Federal por Estado calcula-se o quociente eleitoral, ou seja, o número de eleitores que compareceram às urnas dividido pelo número de vagas para Deputado em cada Estado. Em seguida, se divide este cociente eleitoral pelo número de eleitores que compareceram às urnas.

5. Esta % é uma Cláusula de Barreira Implícita. Vejam a tabela no final para os Estados para Deputado Federal. Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, S. Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, no caso de Proibição de Coligações para Deputado Federal, teriam uma Cláusula de Barreira Implícita, no entorno dos 2% que se propõe.

6. Mas, em vários Estados, a Proibição de Coligações para Deputado Federal cria uma Cláusula de Barreira Implícita de 10% ou mais. E em outros a porcentagem ficaria em valores intermediários entre mais ou menos 2% e mais ou menos 10%.

7. Na prática haveria um forte enxugamento do número de Partidos, reduzindo fortemente a pulverização partidária nos Estados com menores bancadas. O mesmo não aconteceria nos Estados com maiores bancadas.

8. Tabela por Estado. As porcentagens indicam a cláusula de barreira Implícita por Estado com a proibição das coligações proporcionais.