03 de julho de 2014

ALIANÇAS INORGÂNICAS SÓ REFORÇAM A NECESSIDADE DA REFORMA POLÍTICA!

1. As manifestações de junho de 2013 colocaram em cima da mesa a necessidade da reforma política. Seguindo a tradição política brasileira, de que o tempo gera esquecimento, foram criadas comissões e apresentadas propostas que, no mínimo, exigiriam meses para tramitar. O plebiscito proposto cinicamente pelo ”Planalto” era uma delas.

2. A legislação de cláusula de barreira aprovada pelo Congresso no sentido de impedir a pulverização partidária foi bloqueada na justiça mais de 10 anos depois de aprovada, em nome da liberdade de organização. Uma decisão que parecia consensual e que teve passagem pelo Senado de impedir coligação nas eleições proporcionais ficou arquivada no corredor de acesso à Câmara.

3. A lógica de que o voto para eleger deputados pertence ao partido que os elegeu e com isso o acesso ao fundo partidário e tempo de TV, foi alterada no judiciário criando o conceito de portabilidade. Ou seja, cada deputado representa 1/513 da Câmara independente de ter tido uma votação pífia e ter sido arrastado pela legenda. As “bancadas” dos novos partidos legalizados são todas do “baixo clero”. O Congresso teve que legislar a respeito, corrigindo, mas a eficácia virá só após a atual eleição.

4. O debilitamento partidário e a individualização da representação parlamentar impulsionam os deputados a buscarem no processo eleitoral a melhor fórmula política para se reeleger independente de qual seja. Os partidos, para fortalecerem suas campanhas majoritárias (presidente, governadores), atraindo tempo de propaganda eleitoral, devem se submeter à lógica da reeleição dos deputados, seja por necessidade, seja por concordar.

5. O que aparece como oportunismo e inorganicidade político-eleitoral são, na verdade, efeitos de uma legislação eleitoral que estimula tais comportamentos ao gerar riscos eleitorais desproporcionais. Alguns reduzem esse risco com campanhas caríssimas. Outros com máquinas governamentais que, para isso, exigem a adesão prévia, pura e simples.

6. As críticas que surgem de todos os lados, a começar por aqueles que foram eleitos dois anos atrás por essa mesma lógica (e que se assustam quando avaliam quem serão seus adversários dois anos mais tarde), e sendo ornamentadas por analistas políticos, politólogos e jornalistas políticos com argumentos racionais abstratos, deveriam levar todos a uma reflexão.

7.  E só uma: é hora da Reforma Política. É hora de compromissos abertos dos candidatos a presidente, aos governos estaduais e dos líderes partidários, de colocar como primeiro momento da nova legislatura em fevereiro de 2015, a Reforma Político-Eleitoral.

02 de julho de 2014

EX-BLOG ENTREVISTA PSICÓLOGA SOBRE PAIXÃO, O EMPODERAMENTO DA TORCIDA BRASILEIRA E A POLÍTICA!

1. Ex-Blog: O assunto desses dias com amplo destaque no noticiário, é sobre um certo descontrole emocional dos jogadores da seleção brasileira. É assim?  Psicóloga-AM: Esse é apenas um primeiro impacto. Aquela excitação, com prantos ao cantarem o Hino Nacional, tira a capacidade de competir dos jogadores por uns 15 minutos, até que seu sistema nervoso se reequilibre. Ou seja, uma terça parte do primeiro tempo. Mas essa não é a questão mais importante.

2. Ex-Blog: E qual é? AM: Quando a imprensa diz que a Torcida carrega o time, é um fator positivo. A torcida grita, chora, faz caras e bocas…, tudo bem. É assim mesmo. Mas quando os jogadores gritam, choram e fazem caras e bocas, na verdade eles estão transferindo para eles o papel de torcedor. Eles passam a ser torcedores também. Uma transferência que os fragiliza e é percebida pela torcida.

3. Ex-Blog: E quais as consequências? AM: Eles deixam de ser líderes e passam a ser totens para os torcedores. O torcedor quer um craque vibrante, mas altivo e de cabeça em pé, como um general vencedor em batalhas dos séculos 18 e 19. / Ex-Blog: Isso pode afetar os resultados? AM: Eu não diria isso, a menos que a seleção sofra um gol naqueles 15 minutos iniciais e se desestabilize de vez. É um risco, mas por aquele tempo. Mas há desdobramentos imprevisíveis que podem ser políticos.

4. Ex-Blog: Políticos? AM: Disse…, podem ser. Vejamos. Lembremo-nos das manifestações a partir de junho de 2013. O sucesso das mesmas produziu um EMPODERAMENTO das pessoas que gerou uma dinâmica própria com expansão e multiplicação pelo sucesso. Quando o EMPODERAMENTO é construído por lideranças politicas, carismáticas ou não, há nesse líder um elemento de controle. Quando o EMPODERAMENTO é de gestação espontânea, a situação é muito diferente.

5. Ex-Blog: E é o que acontece hoje na Copa? AM: Claro, certamente. Não há líderes, há torcedores apaixonados jogando. Isso é grave nas duas hipóteses polares: 1) O Brasil perde e a torcida empoderada vai atacar os responsáveis, o que nas circunstâncias atuais sobra para os governos e para os políticos. 2) O Brasil vence e a torcida empoderada sem líderes se auto atribui –de forma exclusiva- a vitória e, em seguida, num ano eleitoral, volta às ruas para dizer aos jogadores/candidatos, o que eles devem fazer e até negar o processo eleitoral com um movimento de “não voto”.

6. Ex-Blog: O que é melhor? AM: O melhor é eu estar errada. Um conselho. Terminada a Copa com vitória, minimizem a presença dos craques no Brasil. E com derrota, eliminem essa presença. Os nossos craques serão os totens da reação das pessoas, seja qual for.

* * *

JEAN-CLAUDE JUNCKER, O NOVO PRESIDENTE DA COMISSÃO EUROPEIA!

1. Por primeira vez por votação, e não por consenso, os 28 líderes dos membros da União Europeia decidiram propor Jean-Claude Juncker para a presidência da Comissão Europeia.  É extensa a lista de acusações contra Jean-Claude Juncker nos jornais britânicos: o homem fala muito durante as reuniões; está sempre bebendo álcool; é antidemocrático; tem origens familiares nazistas; quer criar um exército europeu; vai remover as poucas defesas que ainda restam contra o crime organizado vindo da Romênia e da Bulgária; toma decisões secretas sobre o futuro dos bancos; nunca teve um “emprego verdadeiro”; é desonesto.  O “Economist” escreve mesmo que ninguém o quer e chama-lhe “presidente acidental”.

2. Entre os argumentos contra Juncker há considerações falsas, contraditórias, ou apenas parcialmente verdadeiras. A acusação de que o pai era nazista baseia-se em que Joseph Juncker, operário luxemburguês de profissão, combatera no exército alemão durante a II Guerra Mundial. Mas, tendo o Reich ocupado o seu país, quantos jovens considerados alemães podiam recusar o alistamento? Igualmente sem sentido parece a acusação de alcoolismo. Juncker pode ser fã do seu conhaque, mas isso dificilmente o torna uma raridade entre os políticos europeus. Quanto aos relatos sobre uma ou outra cena de fúria – um tabloide conseguiu descobrir que uma vez gritou com um alto funcionário durante cinco minutos – também não bastam para distingui-lo.

3. Jean-Claude Juncker tem atualmente 59 anos. Nasceu e cresceu no Luxemburgo, estudou lá e na Bélgica, fez o curso de Direito em Estrasburgo. Registrou-se como advogado em 1980, mas nunca exerceu a profissão. Nessa altura já era membro do Partido Cristão Social Popular há seis anos e tinha iniciado a sua carreira política. Foi Secretário parlamentar, deputado e ministro do Trabalho. Em 1989, Juncker recebeu a pasta das Finanças. Em 1995 passaria a acumulá-la com a chefia do governo. Enquanto membro do executivo começara cedo a presidir a reuniões na União Europeia, a vários títulos. Teve certa proeminência no processo de formação do euro. Ao mesmo tempo, era governador no Banco Mundial e depois no FMI. E ocupou sempre mais que uma cadeira no governo, quer antes de ser primeiro-ministro quer depois.

4. Juncker só ficou gravemente embaraçado quando se descobriu que os serviços secretos do seu país andavam fazendo escutas ilegais. O escândalo também envolvia corrupção e abusos de dinheiros públicos. Junker tentou minimizar (não é surpresa que no mundo dos serviços secretos haja segredos, disse), mas acabou por se demitir.

5. Não deixa de ser irônico que a sua candidatura agora vencedora tenha sido contestada pelo Reino Unido com o argumento de que não deve ser o Parlamento Europeu, e sim os chefes de governo dos Estados, que devam escolher o presidente da Comissão Europeia. Afinal quem é que quer tomar as decisões com as portas fechadas?

6. Se Cameron realmente pretendia evitar a nomeação de Juncker e não apenas obter dividendos internos, terá cometido o erro de tornar a sua oposição demasiado pública, encostando Merkel e outros líderes à parede. Juncker aproveitou. Garantiu que não se ia ajoelhar perante os britânicos. Lembrou que era importante resistir a esse tipo de pressões. 26 dos 28 chefes de governo da UE concordaram com sua defesa.

* * *

A DÍVIDA ARGENTINA E SUAS GRAVES REPERCUSSÕES INTERNACIONAIS!

(Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central – Folha de SP, 02) 1. Foram incluídas Cláusulas de Ação Coletiva nas novas dívidas. Estas permitem que credores que representem uma maioria qualificada (por exemplo, 75% do valor da dívida) possam alterar alguns termos do contrato, obrigando os demais a segui-los. Isto não resolve todos os problemas, mas atenua o incentivo a se tornar um credor recalcitrante.

2. A decisão das cortes americanas atua no sentido oposto. Mérito jurídico à parte, essa jurisprudência cria incentivos para que credores se recusem a participar da renegociação, pois passam a contemplar a possibilidade de receberem a totalidade da dívida, em vez de uma fração dela.  Em particular, no caso de um título com emissão modesta, podem, inclusive, comprar (com desconto expressivo) uma parcela suficientemente alta dele para impedirem a formação da maioria qualificada e assim bloquearem alterações nos termos do contrato.

3. Isso aumenta o risco da repetição do problema agora observado e torna o mercado internacional de capitais mais instável.  É esta a raiz do descontentamento dos EUA e do FMI. A nova jurisprudência pode tornar muito mais difícil o processo de renegociação de dívida, agravando a instabilidade financeira. É fundamental perceber que a decisão das cortes traz implicações que vão muito além do vizinho. Tornou-se ainda mais urgente achar formas de lidar com reestruturação de dívidas soberanas.

A DÍVIDA ARGENTINA E SUAS GRAVES REPERCUSSÕES INTERNACIONAIS!

(Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central – Folha de SP, 02) 1. Foram incluídas Cláusulas de Ação Coletiva nas novas dívidas. Estas permitem que credores que representem uma maioria qualificada (por exemplo, 75% do valor da dívida) possam alterar alguns termos do contrato, obrigando os demais a segui-los. Isto não resolve todos os problemas, mas atenua o incentivo a se tornar um credor recalcitrante.

2. A decisão das cortes americanas atua no sentido oposto. Mérito jurídico à parte, essa jurisprudência cria incentivos para que credores se recusem a participar da renegociação, pois passam a contemplar a possibilidade de receberem a totalidade da dívida, em vez de uma fração dela.  Em particular, no caso de um título com emissão modesta, podem, inclusive, comprar (com desconto expressivo) uma parcela suficientemente alta dele para impedirem a formação da maioria qualificada e assim bloquearem alterações nos termos do contrato.

3. Isso aumenta o risco da repetição do problema agora observado e torna o mercado internacional de capitais mais instável.  É esta a raiz do descontentamento dos EUA e do FMI. A nova jurisprudência pode tornar muito mais difícil o processo de renegociação de dívida, agravando a instabilidade financeira. É fundamental perceber que a decisão das cortes traz implicações que vão muito além do vizinho. Tornou-se ainda mais urgente achar formas de lidar com reestruturação de dívidas soberanas.

JEAN-CLAUDE JUNCKER, O NOVO PRESIDENTE DA COMISSÃO EUROPEIA!

1. Por primeira vez por votação, e não por consenso, os 28 líderes dos membros da União Europeia decidiram propor Jean-Claude Juncker para a presidência da Comissão Europeia.  É extensa a lista de acusações contra Jean-Claude Juncker nos jornais britânicos: o homem fala muito durante as reuniões; está sempre bebendo álcool; é antidemocrático; tem origens familiares nazistas; quer criar um exército europeu; vai remover as poucas defesas que ainda restam contra o crime organizado vindo da Romênia e da Bulgária; toma decisões secretas sobre o futuro dos bancos; nunca teve um “emprego verdadeiro”; é desonesto.  O “Economist” escreve mesmo que ninguém o quer e chama-lhe “presidente acidental”.

2. Entre os argumentos contra Juncker há considerações falsas, contraditórias, ou apenas parcialmente verdadeiras. A acusação de que o pai era nazista baseia-se em que Joseph Juncker, operário luxemburguês de profissão, combatera no exército alemão durante a II Guerra Mundial. Mas, tendo o Reich ocupado o seu país, quantos jovens considerados alemães podiam recusar o alistamento? Igualmente sem sentido parece a acusação de alcoolismo. Juncker pode ser fã do seu conhaque, mas isso dificilmente o torna uma raridade entre os políticos europeus. Quanto aos relatos sobre uma ou outra cena de fúria – um tabloide conseguiu descobrir que uma vez gritou com um alto funcionário durante cinco minutos – também não bastam para distingui-lo.

3. Jean-Claude Juncker tem atualmente 59 anos. Nasceu e cresceu no Luxemburgo, estudou lá e na Bélgica, fez o curso de Direito em Estrasburgo. Registrou-se como advogado em 1980, mas nunca exerceu a profissão. Nessa altura já era membro do Partido Cristão Social Popular há seis anos e tinha iniciado a sua carreira política. Foi Secretário parlamentar, deputado e ministro do Trabalho. Em 1989, Juncker recebeu a pasta das Finanças. Em 1995 passaria a acumulá-la com a chefia do governo. Enquanto membro do executivo começara cedo a presidir a reuniões na União Europeia, a vários títulos. Teve certa proeminência no processo de formação do euro. Ao mesmo tempo, era governador no Banco Mundial e depois no FMI. E ocupou sempre mais que uma cadeira no governo, quer antes de ser primeiro-ministro quer depois.

4. Juncker só ficou gravemente embaraçado quando se descobriu que os serviços secretos do seu país andavam fazendo escutas ilegais. O escândalo também envolvia corrupção e abusos de dinheiros públicos. Junker tentou minimizar (não é surpresa que no mundo dos serviços secretos haja segredos, disse), mas acabou por se demitir.

5. Não deixa de ser irônico que a sua candidatura agora vencedora tenha sido contestada pelo Reino Unido com o argumento de que não deve ser o Parlamento Europeu, e sim os chefes de governo dos Estados, que devam escolher o presidente da Comissão Europeia. Afinal quem é que quer tomar as decisões com as portas fechadas?

6. Se Cameron realmente pretendia evitar a nomeação de Juncker e não apenas obter dividendos internos, terá cometido o erro de tornar a sua oposição demasiado pública, encostando Merkel e outros líderes à parede. Juncker aproveitou. Garantiu que não se ia ajoelhar perante os britânicos. Lembrou que era importante resistir a esse tipo de pressões. 26 dos 28 chefes de governo da UE concordaram com sua defesa.

EX-BLOG ENTREVISTA PSICÓLOGA SOBRE PAIXÃO, O EMPODERAMENTO DA TORCIDA BRASILEIRA E A POLÍTICA!

1. Ex-Blog: O assunto desses dias com amplo destaque no noticiário, é sobre um certo descontrole emocional dos jogadores da seleção brasileira. É assim?  Psicóloga-AM: Esse é apenas um primeiro impacto. Aquela excitação, com prantos ao cantarem o Hino Nacional, tira a capacidade de competir dos jogadores por uns 15 minutos, até que seu sistema nervoso se reequilibre. Ou seja, uma terça parte do primeiro tempo. Mas essa não é a questão mais importante.

2. Ex-Blog: E qual é? AM: Quando a imprensa diz que a Torcida carrega o time, é um fator positivo. A torcida grita, chora, faz caras e bocas…, tudo bem. É assim mesmo. Mas quando os jogadores gritam, choram e fazem caras e bocas, na verdade eles estão transferindo para eles o papel de torcedor. Eles passam a ser torcedores também. Uma transferência que os fragiliza e é percebida pela torcida.

3. Ex-Blog: E quais as consequências? AM: Eles deixam de ser líderes e passam a ser totens para os torcedores. O torcedor quer um craque vibrante, mas altivo e de cabeça em pé, como um general vencedor em batalhas dos séculos 18 e 19. / Ex-Blog: Isso pode afetar os resultados? AM: Eu não diria isso, a menos que a seleção sofra um gol naqueles 15 minutos iniciais e se desestabilize de vez. É um risco, mas por aquele tempo. Mas há desdobramentos imprevisíveis que podem ser políticos.

4. Ex-Blog: Políticos? AM: Disse…, podem ser. Vejamos. Lembremo-nos das manifestações a partir de junho de 2013. O sucesso das mesmas produziu um EMPODERAMENTO das pessoas que gerou uma dinâmica própria com expansão e multiplicação pelo sucesso. Quando o EMPODERAMENTO é construído por lideranças politicas, carismáticas ou não, há nesse líder um elemento de controle. Quando o EMPODERAMENTO é de gestação espontânea, a situação é muito diferente.

5. Ex-Blog: E é o que acontece hoje na Copa? AM: Claro, certamente. Não há líderes, há torcedores apaixonados jogando. Isso é grave nas duas hipóteses polares: 1) O Brasil perde e a torcida empoderada vai atacar os responsáveis, o que nas circunstâncias atuais sobra para os governos e para os políticos. 2) O Brasil vence e a torcida empoderada sem líderes se auto atribui –de forma exclusiva- a vitória e, em seguida, num ano eleitoral, volta às ruas para dizer aos jogadores/candidatos, o que eles devem fazer e até negar o processo eleitoral com um movimento de “não voto”.

6. Ex-Blog: O que é melhor? AM: O melhor é eu estar errada. Um conselho. Terminada a Copa com vitória, minimizem a presença dos craques no Brasil. E com derrota, eliminem essa presença. Os nossos craques serão os totens da reação das pessoas, seja qual for.

01 de julho de 2014

O VOTO E “OS IDIOTAS DA OBJETIVIDADE”!

1. Nelson Rodrigues cunhou a expressão “idiotas da objetividade” para aqueles que acreditam que a racionalidade prevalece sempre. Uma frase sua expressava essa afirmativa: “Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola.” Ou parafraseando: Em política, o pior cego é o que se vê as obras, os fatos.

2. Os eleitores decidem seu voto em base à imagem que têm dos candidatos, mais do que o que fizeram ou o que prometem fazer. Nesse sentido, a propaganda política deve partir da imagem que têm os candidatos e saber que essa pode ser melhorada, recuperada, ampliada, suavizada, etc., mas nunca reconstruída. E coerente com o que promete.

3. Jacques Séguéla, publicitário francês que trabalhou com François Mitterand, aconselhou os políticos em “A palavra de Deus” a não tentarem reconstruir as suas imagens. Diz assim: “A cena política é muito parecida com a cena teatral. Mas há uma diferença fundamental. O ator muda de personagem e continua a produzir emoções. O político não!”

4. Dessa forma, há uma armadilha nas propagandas dos governos. Como a lei proíbe divulgar o nome ou a imagem do governante, cabe à publicidade divulgar o que o governo fez, ou diz que fez. Se gasta um dinheirão dos governos para pouco. Quando os governos pensam que a publicidade resultou, na verdade qualquer publicidade resultaria, pois a imagem do governo já estava preliminarmente fixada.

5. Claro, em campanha eleitoral, quando a imagem do candidato é apresentada com total liberdade, as possibilidades são muito maiores. Porém, sempre lembrando Séguéla: sem mudar o personagem.

6. Dilma é escrava do personagem que criou, de blindada e chefona. Seu personagem pode ser suavizado, mas nunca reconstruído. As testemunhas principais são seus interlocutores que contaram fatos que ratificam a imagem de quem ouve pouco e decide verticalmente.

7. A alternativa seria a propaganda provar ao eleitor que o Brasil precisa de um presidente com este perfil. Nesse caso, os fatos e a conjuntura teriam que ajudar, o que não ocorre. Aécio não pode trocar a roupa esporte pela casaca. Por ser um personagem antípoda ao de Dilma, tem conseguido atrair tantos políticos da base de Dilma. Não se trata de programa de governo, realizações ou fatos, mas de imagem naturalmente suave e agregadora.

8. Campos, que veste um personagem distinto de Marina, terá que explicar por que personagens tão diferentes são complementares e não conflitivos. Se o eleitor não se convencer, a transferência de votos de Marina será nula.

9. Há muito tempo se sabe disso. Não se trata de ideias geniais de comunicadores, publicitários ou estudiosos pós-modernos.

10. “Não penses que o castelo do governo consiste de fortalezas, muralhas e trincheiras: ele se encontra no interior das consciências. A grandeza dos Estados não pode ser medida pelas extensões territoriais e latifúndios, mas pela lealdade, benevolência e respeito dos habitantes.” Conde Maurício de Nassau, discurso de despedida do Brasil em 1644.

11. “A tolerância fortalece o Estado, porque um estado só é seguro quando os seus cidadãos sentem-se contentes, e isto somente acontece onde a consciência, a pesquisa e as ideias são livres e desentravadas.” Simon Episcopus -1628.

12. Citados em “Holandeses em Pernambuco” de Leonardo Dantas Silva, página 115.

* * *

BRASIL: O DEBILITAMENTO DA FEDERAÇÃO E A CENTRALIZAÇÃO DO PODER!

(Ilimar Franco – Panorama Político, 28) 1. Os candidatos a presidente fazem discursos genéricos pela reforma tributária. Mas não assumem compromissos reais. Eles (do PT, do PSDB e do PSB), dizem especialistas, não querem de fato reduzir as receitas da União. Sua arrecadação tributária pulou de 66% do PIB, em 1995, para 68,3%, em 2006. A dos Estados caiu de 28,6% para 26%. Os governos FH e Lula jogaram na mesma direção.

2. O histórico da concentração das receitas pela União, desde a Constituição de 1988, consta de estudos acadêmicos do senador Francisco Dornelles (O Sistema Tributário da Constituição de 1988) e do advogado Flávio Tonelli Vaz (O ajuste fiscal efetivado no decorrer do Plano Real e suas repercussões na autonomia federativa). Não há inocentes. Ela foi praticada por Collor, Itamar, FH, Lula (com aval do PSB) e Dilma. Enquanto governadores e prefeitos se omitiram. Em texto do final do governo Lula, Dornelles foi taxativo: “União, Estados e Municípios atuam de forma concorrente em diversas áreas. A presença de órgãos federais e estaduais se chocam e, até, se anulam. A União se mantém habituada à antiga realidade, continua incapaz de absorver a alteração ocorrida (na Constituição de 1988) e voltou a aumentar seu campo de ação”.

* * *

CRESCE O MEDO DE PERDER O EMPREGO!

(agência Estado, 30) 1. O “Índice de Medo do Desemprego” de junho atingiu 76,1 pontos, ante 73,6 pontos em março, representando alta de 3,4%. O dado está presente na mais recente edição da pesquisa trimestral “Termômetros da Sociedade Brasileira”, divulgada na tarde desta segunda-feira, 30, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Foi a quinta alta consecutiva do indicador.  O sentimento de perder o emprego apresentou a maior alta porcentual (5,76%) entre as pessoas que estudaram até a quarta série do ensino fundamental, atingindo 73,4 pontos em junho, contra 69,4 pontos de março. Entre as pessoas com curso superior, o receio de ficar desempregado ficou em 80,9 pontos em junho, ante 78,0 pontos, em março, ou seja, crescimento de 3,72%.

2.  O Sul do País foi a região onde o indicador mais cresceu porcentualmente (7,85%) entre março e junho, passando de 71,3 pontos para 76,9 pontos no período. No Norte e no Centro-Oeste, o medo do desemprego atingiu o maior valor entre as regiões, com 82,4 pontos, em junho; frente 77,0 pontos, em março, alta de 7,01%.

* * *

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA EM RECIFE GERA REAÇÃO NAS REDES!

(María Martín – El País, 30) 1. É a primeira vez que um movimento social organizado, e que utiliza como arma as redes sociais, gritou “basta” contra o modelo de crescimento urbano que prevalece na primeira capital cultural do Brasil, admirada por sua riqueza patrimonial. De um lado do conflito, o movimento social Direitos Urbanos, ativo desde 2012 e insatisfeito com a falta de participação dos cidadãos no debate sobre o desenvolvimento da cidade, atraindo um variado grupo de classe média sem hierarquias que pretende discutir, a partir do zero, o projeto, cuja legalidade é discutida desde que o terreno foi comprado em 2008.

2. No outro canto, um poderoso consórcio imobiliário que detém os macro projetos da cidade e que ajudou financeiramente a campanha eleitoral do governo municipal e estadual, nas mãos do Partido Socialista Brasileiro (PSB) desde 2013.

3. “O planejamento urbano de Recife tem sido feito a partir de megaprojetos”, lamenta Virgínia Pontual, urbanista e professora da Universidade Federal de Pernambuco. “O Novo Recife está em uma lógica onde a iniciativa privada, com o apoio do poder público, faz intervenções através de grandes empreendimentos imobiliários que nunca pensam a cidade como um todo e, menos ainda, em uma perspectiva social.

4. Isso entristece Frederico Faria, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de Pernambuco há 11 anos. “Eu gostaria que as pessoas tomassem consciência do valor do nosso patrimônio, que continua a ser a identidade de cada um de nós. Infelizmente, o Brasil não tem esse apego”, lamenta.

ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA EM RECIFE GERA REAÇÃO NAS REDES!

(María Martín – El País, 30) 1. É a primeira vez que um movimento social organizado, e que utiliza como arma as redes sociais, gritou “basta” contra o modelo de crescimento urbano que prevalece na primeira capital cultural do Brasil, admirada por sua riqueza patrimonial. De um lado do conflito, o movimento social Direitos Urbanos, ativo desde 2012 e insatisfeito com a falta de participação dos cidadãos no debate sobre o desenvolvimento da cidade, atraindo um variado grupo de classe média sem hierarquias que pretende discutir, a partir do zero, o projeto, cuja legalidade é discutida desde que o terreno foi comprado em 2008.

2. No outro canto, um poderoso consórcio imobiliário que detém os macro projetos da cidade e que ajudou financeiramente a campanha eleitoral do governo municipal e estadual, nas mãos do Partido Socialista Brasileiro (PSB) desde 2013.

3. “O planejamento urbano de Recife tem sido feito a partir de megaprojetos”, lamenta Virgínia Pontual, urbanista e professora da Universidade Federal de Pernambuco. “O Novo Recife está em uma lógica onde a iniciativa privada, com o apoio do poder público, faz intervenções através de grandes empreendimentos imobiliários que nunca pensam a cidade como um todo e, menos ainda, em uma perspectiva social.

4. Isso entristece Frederico Faria, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) de Pernambuco há 11 anos. “Eu gostaria que as pessoas tomassem consciência do valor do nosso patrimônio, que continua a ser a identidade de cada um de nós. Infelizmente, o Brasil não tem esse apego”, lamenta.

CRESCE O MEDO DE PERDER O EMPREGO!

(agência Estado, 30) 1. O “Índice de Medo do Desemprego” de junho atingiu 76,1 pontos, ante 73,6 pontos em março, representando alta de 3,4%. O dado está presente na mais recente edição da pesquisa trimestral “Termômetros da Sociedade Brasileira”, divulgada na tarde desta segunda-feira, 30, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Foi a quinta alta consecutiva do indicador.  O sentimento de perder o emprego apresentou a maior alta porcentual (5,76%) entre as pessoas que estudaram até a quarta série do ensino fundamental, atingindo 73,4 pontos em junho, contra 69,4 pontos de março. Entre as pessoas com curso superior, o receio de ficar desempregado ficou em 80,9 pontos em junho, ante 78,0 pontos, em março, ou seja, crescimento de 3,72%.

2.  O Sul do País foi a região onde o indicador mais cresceu porcentualmente (7,85%) entre março e junho, passando de 71,3 pontos para 76,9 pontos no período. No Norte e no Centro-Oeste, o medo do desemprego atingiu o maior valor entre as regiões, com 82,4 pontos, em junho; frente 77,0 pontos, em março, alta de 7,01%.

BRASIL: O DEBILITAMENTO DA FEDERAÇÃO E A CENTRALIZAÇÃO DO PODER!

(Ilimar Franco – Panorama Político, 28) 1. Os candidatos a presidente fazem discursos genéricos pela reforma tributária. Mas não assumem compromissos reais. Eles (do PT, do PSDB e do PSB), dizem especialistas, não querem de fato reduzir as receitas da União. Sua arrecadação tributária pulou de 66% do PIB, em 1995, para 68,3%, em 2006. A dos Estados caiu de 28,6% para 26%. Os governos FH e Lula jogaram na mesma direção.

2. O histórico da concentração das receitas pela União, desde a Constituição de 1988, consta de estudos acadêmicos do senador Francisco Dornelles (O Sistema Tributário da Constituição de 1988) e do advogado Flávio Tonelli Vaz (O ajuste fiscal efetivado no decorrer do Plano Real e suas repercussões na autonomia federativa). Não há inocentes. Ela foi praticada por Collor, Itamar, FH, Lula (com aval do PSB) e Dilma. Enquanto governadores e prefeitos se omitiram. Em texto do final do governo Lula, Dornelles foi taxativo: “União, Estados e Municípios atuam de forma concorrente em diversas áreas. A presença de órgãos federais e estaduais se chocam e, até, se anulam. A União se mantém habituada à antiga realidade, continua incapaz de absorver a alteração ocorrida (na Constituição de 1988) e voltou a aumentar seu campo de ação”.

O VOTO E “OS IDIOTAS DA OBJETIVIDADE”!

1. Nelson Rodrigues cunhou a expressão “idiotas da objetividade” para aqueles que acreditam que a racionalidade prevalece sempre. Uma frase sua expressava essa afirmativa: “Em futebol, o pior cego é o que só vê a bola.” Ou parafraseando: Em política, o pior cego é o que se vê as obras, os fatos.

2. Os eleitores decidem seu voto em base à imagem que têm dos candidatos, mais do que o que fizeram ou o que prometem fazer. Nesse sentido, a propaganda política deve partir da imagem que têm os candidatos e saber que essa pode ser melhorada, recuperada, ampliada, suavizada, etc., mas nunca reconstruída. E coerente com o que promete.

3. Jacques Séguéla, publicitário francês que trabalhou com François Mitterand, aconselhou os políticos em “A palavra de Deus” a não tentarem reconstruir as suas imagens. Diz assim: “A cena política é muito parecida com a cena teatral. Mas há uma diferença fundamental. O ator muda de personagem e continua a produzir emoções. O político não!”

4. Dessa forma, há uma armadilha nas propagandas dos governos. Como a lei proíbe divulgar o nome ou a imagem do governante, cabe à publicidade divulgar o que o governo fez, ou diz que fez. Se gasta um dinheirão dos governos para pouco. Quando os governos pensam que a publicidade resultou, na verdade qualquer publicidade resultaria, pois a imagem do governo já estava preliminarmente fixada.

5. Claro, em campanha eleitoral, quando a imagem do candidato é apresentada com total liberdade, as possibilidades são muito maiores. Porém, sempre lembrando Séguéla: sem mudar o personagem.

6. Dilma é escrava do personagem que criou, de blindada e chefona. Seu personagem pode ser suavizado, mas nunca reconstruído. As testemunhas principais são seus interlocutores que contaram fatos que ratificam a imagem de quem ouve pouco e decide verticalmente.

7. A alternativa seria a propaganda provar ao eleitor que o Brasil precisa de um presidente com este perfil. Nesse caso, os fatos e a conjuntura teriam que ajudar, o que não ocorre. Aécio não pode trocar a roupa esporte pela casaca. Por ser um personagem antípoda ao de Dilma, tem conseguido atrair tantos políticos da base de Dilma. Não se trata de programa de governo, realizações ou fatos, mas de imagem naturalmente suave e agregadora.

8. Campos, que veste um personagem distinto de Marina, terá que explicar por que personagens tão diferentes são complementares e não conflitivos. Se o eleitor não se convencer, a transferência de votos de Marina será nula.

9. Há muito tempo se sabe disso. Não se trata de ideias geniais de comunicadores, publicitários ou estudiosos pós-modernos.

10. “Não penses que o castelo do governo consiste de fortalezas, muralhas e trincheiras: ele se encontra no interior das consciências. A grandeza dos Estados não pode ser medida pelas extensões territoriais e latifúndios, mas pela lealdade, benevolência e respeito dos habitantes.” Conde Maurício de Nassau, discurso de despedida do Brasil em 1644.

11. “A tolerância fortalece o Estado, porque um estado só é seguro quando os seus cidadãos sentem-se contentes, e isto somente acontece onde a consciência, a pesquisa e as ideias são livres e desentravadas.” Simon Episcopus -1628.

12. Citados em “Holandeses em Pernambuco” de Leonardo Dantas Silva, página 115.

Entrevista com Cesar Maia sobre sua candidatura ao Senado

Pergunta: Sua candidatura a Senador na chapa Aezão surpreendeu muita gente.
Cesar Maia: E a mim também. Até a semana passada, a minha candidatura a governador estava posta e já em processo de operacionalização, com definição de contratação de TV, serviços gráficos, etc. A aliança no Rio entre PT de Dilma e PSB de Campos surpreendeu também a todos e trouxe um fato novo.

P: E como ocorreu a decisão?
CM: No sábado (21) à noite recebi um telefonema de Aécio falando desse fato novo e que levando em conta a prevalência da eleição presidencial, precisávamos agrupar as forças de apoio a ele, com concessões de ambos os lados. Marcou reunião urgente domingo pela manhã no apartamento dele.

P: Como foi essa reunião?
CM: Aécio analisou o desdobramento das decisões do PT e PMDB no Rio em nível presidencial e a repercussão na imprensa que sublinhava o impacto eleitoral. E que, sendo assim, os meus argumentos em defesa de termos candidatura própria paralelamente ao Pezão deveria ser reavaliada.

P: Qual a sua reação?
CM: De compreensão, mas lembrei a ele que se não tivéssemos uma candidatura majoritária, ele ficaria fora da TV regional, pois a legislação proíbe não seguir a coligação presidencial. A resposta dele foi imediata. Disse que no dia anterior, também com esta preocupação, havia consultado os líderes do PMDB e mostrado que seria necessário abrir um espaço majoritário. A única possibilidade era o Senado.

P: Como eles reagiram?
CM: Aécio disse que com total compreensão. E mais, como as pesquisas mostravam um cruzamento especialmente na Capital e em Niterói entre eu e Pezão, o fortalecimento da candidatura PT-PSB, com nossa divisão, seria inevitável. Ou seja, o risco das duas candidaturas postas eliminarem as mesmas duas do segundo turno era muito grande, o que produziria o que as demais queriam, com natural efeito em nível presidencial.

P: E como a decisão foi finalizada?
CM: Aécio usou uma expressão que fechou o assunto: Esse é um ATO DE RESPONSABILIDADE. Responsabilidade nacional e também estadual pelo risco de Pezão e eu juntos eliminarmos os dois do segundo turno. E arrematou dizendo que as sondagens aos dirigentes no dia anterior foram muito positivas e que ele gostaria de resolver tudo naquele mesmo domingo (22).

P: E como se deu isso?
CM: Retornei a meu apartamento e meia hora depois Aécio ligou pedindo que eu retornasse.  Assim foi feito. Estavam os deputados Luiz Paulo, presidente do PSDB-RJ, e Comte Bittencourt, presidente do PPS-RJ. Aécio informou sobre a conversa que tivemos e que em meia hora chegariam Pezão, Picciani e Cabral. Assim foi.

P: Como foi essa segunda reunião?
CM: Aécio resumiu o que já tínhamos conversado e o que ele havia antecipado a eles. Em seguida falaram um a um todos os demais presentes.  A questão do ATO DE RESPONSABILIDADE foi realçada por todos, tanto em nível presidencial como estadual. E que a retirada da candidatura ao Senado do PMDB era um gesto de forte simbologia e uma concessão que mostrava que a aliança seria para valer, pois eu entraria no espaço ocupado antes e agora por dois senadores.

P: E como culminou?
CM: Os presidentes dos demais partidos e candidatos a vice e suplências de senado já teriam sido sondados, o que seria reforçado naquela tarde. Em seguida marcou-se uma coletiva para o dia seguinte, incorporando algum risco de reversão de algum aliado, o que não ocorreu depois de detalhadas as razões nos dias posteriores. Esse foi um gesto decisivo.

P: Como você se sente agora?
CM: Creio que a tradução por Aécio de ser um Ato de Responsabilidade foi contundente e definitivo para minha consciência e coerência políticas.

30 de junho de 2014

“UM ATO DE RESPONSABILIDADE”!  ENTREVISTA COM CESAR MAIA!

1. Ex-Blog: Sua candidatura a Senador na chapa Aezão surpreendeu muita gente. Cesar Maia: E a mim também. Até a semana passada, a minha candidatura a governador estava posta e já em processo de operacionalização, com definição de contratação de TV, serviços gráficos, etc. A aliança no Rio entre PT de Dilma e PSB de Campos surpreendeu também a todos e trouxe um fato novo.

2. Ex-Blog: E como ocorreu a decisão? CM: No sábado (21) à noite recebi um telefonema de Aécio falando desse fato novo e que levando em conta a prevalência da eleição presidencial, precisávamos agrupar as forças de apoio a ele, com concessões de ambos os lados. Marcou reunião urgente domingo pela manhã no apartamento dele.

3. Ex-Blog: Como foi essa reunião? CM: Aécio analisou o desdobramento das decisões do PT e PMDB no Rio em nível presidencial e a repercussão na imprensa que sublinhava o impacto eleitoral. E que, sendo assim, os meus argumentos em defesa de termos candidatura própria paralelamente ao Pezão deveria ser reavaliada.

4. Ex-Blog: Qual a sua reação? CM: De compreensão, mas lembrei a ele que se não tivéssemos uma candidatura majoritária, ele ficaria fora da TV regional, pois a legislação proíbe não seguir a coligação presidencial. A resposta dele foi imediata. Disse que no dia anterior, também com esta preocupação, havia consultado os líderes do PMDB e mostrado que seria necessário abrir um espaço majoritário. A única possibilidade era o Senado.

5. Ex-Blog: Como eles reagiram? CM: Aécio disse que com total compreensão. E mais, como as pesquisas mostravam um cruzamento especialmente na Capital e em Niterói entre eu e Pezão, o fortalecimento da candidatura PT-PSB, com nossa divisão, seria inevitável. Ou seja, o risco das duas candidaturas postas eliminarem as mesmas duas do segundo turno era muito grande, o que produziria o que as demais queriam, com natural efeito em nível presidencial.

6. Ex-Blog: E como a decisão foi finalizada? CM: Aécio usou uma expressão que fechou o assunto: Esse é um ATO DE RESPONSABILIDADE. Responsabilidade nacional e também estadual pelo risco de Pezão e eu juntos eliminarmos os dois do segundo turno. E arrematou dizendo que as sondagens aos dirigentes no dia anterior foram muito positivas e que ele gostaria de resolver tudo naquele mesmo domingo (22).

7. Ex-Blog: E como se deu isso? CM: Retornei a meu apartamento e meia hora depois Aécio ligou pedindo que eu retornasse.  Assim foi feito. Estavam os deputados Luiz Paulo, presidente do PSDB-RJ, e Comte Bittencourt, presidente do PPS-RJ. Aécio informou sobre a conversa que tivemos e que em meia hora chegariam Pezão, Picciani e Cabral. Assim foi.

8. Ex-Blog: Como foi essa segunda reunião? CM: Aécio resumiu o que já tínhamos conversado e o que ele havia antecipado a eles. Em seguida falaram um a um todos os demais presentes.  A questão do ATO DE RESPONSABILIDADE foi realçada por todos, tanto em nível presidencial como estadual. E que a retirada da candidatura ao Senado do PMDB era um gesto de forte simbologia e uma concessão que mostrava que a aliança seria para valer, pois eu entraria no espaço ocupado antes e agora por dois senadores.

9. Ex-Blog: E como culminou? CM: Os presidentes dos demais partidos e candidatos a vice e suplências de senado já teriam sido sondados, o que seria reforçado naquela tarde. Em seguida marcou-se uma coletiva para o dia seguinte, incorporando algum risco de reversão de algum aliado, o que não ocorreu depois de detalhadas as razões nos dias posteriores. Esse foi um gesto decisivo.

10. Ex-Blog: Como você se sente agora? CM: Creio que a tradução por Aécio de ser um Ato de Responsabilidade foi contundente e definitivo para minha consciência e coerência políticas.

* * *

A DESINTEGRAÇÃO DA SÍRIA!

(Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da comissão independente internacional de investigação da ONU sobre a República Árabe da Síria – Folha de SP, 29) 1. Estima-se que 9,3 milhões de sírios têm necessidade de assistência humanitária urgente, com 4,25 milhões de deslocados internamente e 2,8 milhões de refugiados em países vizinhos. A expressiva maioria são mulheres e crianças.  A infraestrutura básica do país foi destroçada. Escolas foram reduzidas a escombros ou ocupadas pelas forças armadas. Hospitais foram invadidos. Bairros residenciais estão destruídos. Alimentos, água e eletricidade foram cortados para infligir sofrimento a populações civis. A guerra teve um impacto devastador sobre a economia do país.

2. A Síria está a ponto de se tornar um “Estado falido, com senhores da guerra por toda parte”, e o conflito não ficará restrito às fronteiras do país.   A guerra na Síria atingiu um ponto de inflexão que ameaça toda a região. O governo sírio e os grupos armados na oposição têm levado a violência ao paroxismo. Todos desrespeitam flagrantemente as regras dos direitos humanos. Uma impunidade generalizada campeia.

3. Combatentes e cidadãos são torturados até a morte dentro de centros de detenção, homens são decapitados e alguns crucificados em praça pública, mulheres vivem com o estigma do abuso sexual e as crianças são recrutadas pelas forças de combate.

4. A ameaça de uma guerra regional no Oriente Médio está cada vez mais próxima. O conflito armado que se alastra no Iraque terá repercussão devastadora na Síria e em outros países limítrofes.  O aspecto mais alarmante tem sido o aumento da ameaça sectária, consequência direta da dominação de grupos extremistas como o Estado Islâmico no Iraque e no Levante, o EIIL. Seus combatentes radicais atacam não somente as comunidades sunitas que não se submetem a seu controle, mas também minorias como os xiitas, alauítas, cristãos, armênios, drusos e curdos, todos considerados apóstatas ou infiéis que devem ser abatidos.

5.  Não há solução militar para o conflito. Desde o início, a única via sempre foi e continua sendo uma negociação diplomática, política, que inclua todos os países com influência na região, desde o Irã até a Arábia Saudita.

A DESINTEGRAÇÃO DA SÍRIA!

(Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da comissão independente internacional de investigação da ONU sobre a República Árabe da Síria – Folha de SP, 29) 1. Estima-se que 9,3 milhões de sírios têm necessidade de assistência humanitária urgente, com 4,25 milhões de deslocados internamente e 2,8 milhões de refugiados em países vizinhos. A expressiva maioria são mulheres e crianças.  A infraestrutura básica do país foi destroçada. Escolas foram reduzidas a escombros ou ocupadas pelas forças armadas. Hospitais foram invadidos. Bairros residenciais estão destruídos. Alimentos, água e eletricidade foram cortados para infligir sofrimento a populações civis. A guerra teve um impacto devastador sobre a economia do país.

2. A Síria está a ponto de se tornar um “Estado falido, com senhores da guerra por toda parte”, e o conflito não ficará restrito às fronteiras do país.   A guerra na Síria atingiu um ponto de inflexão que ameaça toda a região. O governo sírio e os grupos armados na oposição têm levado a violência ao paroxismo. Todos desrespeitam flagrantemente as regras dos direitos humanos. Uma impunidade generalizada campeia.

3. Combatentes e cidadãos são torturados até a morte dentro de centros de detenção, homens são decapitados e alguns crucificados em praça pública, mulheres vivem com o estigma do abuso sexual e as crianças são recrutadas pelas forças de combate.

4. A ameaça de uma guerra regional no Oriente Médio está cada vez mais próxima. O conflito armado que se alastra no Iraque terá repercussão devastadora na Síria e em outros países limítrofes.  O aspecto mais alarmante tem sido o aumento da ameaça sectária, consequência direta da dominação de grupos extremistas como o Estado Islâmico no Iraque e no Levante, o EIIL. Seus combatentes radicais atacam não somente as comunidades sunitas que não se submetem a seu controle, mas também minorias como os xiitas, alauítas, cristãos, armênios, drusos e curdos, todos considerados apóstatas ou infiéis que devem ser abatidos.

5.  Não há solução militar para o conflito. Desde o início, a única via sempre foi e continua sendo uma negociação diplomática, política, que inclua todos os países com influência na região, desde o Irã até a Arábia Saudita.

“UM ATO DE RESPONSABILIDADE”! ENTREVISTA COM CESAR MAIA!

1. Ex-Blog: Sua candidatura a Senador na chapa Aezão surpreendeu muita gente. Cesar Maia: E a mim também. Até a semana passada, a minha candidatura a governador estava posta e já em processo de operacionalização, com definição de contratação de TV, serviços gráficos, etc. A aliança no Rio entre PT de Dilma e PSB de Campos surpreendeu também a todos e trouxe um fato novo.

2. Ex-Blog: E como ocorreu a decisão? CM: No sábado (21) à noite recebi um telefonema de Aécio falando desse fato novo e que levando em conta a prevalência da eleição presidencial, precisávamos agrupar as forças de apoio a ele, com concessões de ambos os lados. Marcou reunião urgente domingo pela manhã no apartamento dele.

3. Ex-Blog: Como foi essa reunião? CM: Aécio analisou o desdobramento das decisões do PT e PMDB no Rio em nível presidencial e a repercussão na imprensa que sublinhava o impacto eleitoral. E que, sendo assim, os meus argumentos em defesa de termos candidatura própria paralelamente ao Pezão deveria ser reavaliada.

4. Ex-Blog: Qual a sua reação? CM: De compreensão, mas lembrei a ele que se não tivéssemos uma candidatura majoritária, ele ficaria fora da TV regional, pois a legislação proíbe não seguir a coligação presidencial. A resposta dele foi imediata. Disse que no dia anterior, também com esta preocupação, havia consultado os líderes do PMDB e mostrado que seria necessário abrir um espaço majoritário. A única possibilidade era o Senado.

5. Ex-Blog: Como eles reagiram? CM: Aécio disse que com total compreensão. E mais, como as pesquisas mostravam um cruzamento especialmente na Capital e em Niterói entre eu e Pezão, o fortalecimento da candidatura PT-PSB, com nossa divisão, seria inevitável. Ou seja, o risco das duas candidaturas postas eliminarem as mesmas duas do segundo turno era muito grande, o que produziria o que as demais queriam, com natural efeito em nível presidencial.

6. Ex-Blog: E como a decisão foi finalizada? CM: Aécio usou uma expressão que fechou o assunto: Esse é um ATO DE RESPONSABILIDADE. Responsabilidade nacional e também estadual pelo risco de Pezão e eu juntos eliminarmos os dois do segundo turno. E arrematou dizendo que as sondagens aos dirigentes no dia anterior foram muito positivas e que ele gostaria de resolver tudo naquele mesmo domingo (22).

7. Ex-Blog: E como se deu isso? CM: Retornei a meu apartamento e meia hora depois Aécio ligou pedindo que eu retornasse.  Assim foi feito. Estavam os deputados Luiz Paulo, presidente do PSDB-RJ, e Comte Bittencourt, presidente do PPS-RJ. Aécio informou sobre a conversa que tivemos e que em meia hora chegariam Pezão, Picciani e Cabral. Assim foi.

8. Ex-Blog: Como foi essa segunda reunião? CM: Aécio resumiu o que já tínhamos conversado e o que ele havia antecipado a eles. Em seguida falaram um a um todos os demais presentes.  A questão do ATO DE RESPONSABILIDADE foi realçada por todos, tanto em nível presidencial como estadual. E que a retirada da candidatura ao Senado do PMDB era um gesto de forte simbologia e uma concessão que mostrava que a aliança seria para valer, pois eu entraria no espaço ocupado antes e agora por dois senadores.

9. Ex-Blog: E como culminou? CM: Os presidentes dos demais partidos e candidatos a vice e suplências de senado já teriam sido sondados, o que seria reforçado naquela tarde. Em seguida marcou-se uma coletiva para o dia seguinte, incorporando algum risco de reversão de algum aliado, o que não ocorreu depois de detalhadas as razões nos dias posteriores. Esse foi um gesto decisivo.

10. Ex-Blog: Como você se sente agora? CM: Creio que a tradução por Aécio de ser um Ato de Responsabilidade foi contundente e definitivo para minha consciência e coerência políticas.

27 de junho de 2014

E A POLÍTICA INTERNACIONAL DO NOVO PRESIDENTE? SILÊNCIO PREOCUPANTE!

1. Depois de meses de pré-campanha e já com as Convenções em andamento, não se leu, ouviu ou viu, uma palavra sequer dos candidatos sobre Política Internacional. Esse é um vácuo muito importante que diferencia a capacidade dos candidatos de assumirem o país num mundo globalizado, interconectado e com conflitos de antes e de agora.

2. Os discursos presidenciais em campanha sobre Política Internacional não devem ser apenas restritos aos candidatos a chefe de governos nos países mais desenvolvidos, mas a todos e, em especial, àqueles -como no caso do Brasil- de países continentais, geopolítica e economicamente estratégicos.

3. Aí estão os casos do Oriente Médio (gravemente reaberto), da Ucrânia, da expansão populista na América Latina, das crises na África do Norte, do populismo europeu xenófobo redivivo, das nossas relações afetadas com os Estados Unidos, da desintegração do Mercosul, da pujança asiática, etc.

4. Em 29 de março de 1960, em Belém, escala de sua viagem a Havana, o candidato Jânio Quadros, depois vitorioso com 49% dos votos e que inovou em política externa nos meses que dirigiu o país, afirmava: “A primeira condição que se exige daquele que aspira a dirigir nossa pátria, no meu entender, é a objetividade e coragem no campo das relações internacionais. As conveniências dos outros países ou temores da imaturidade não podem orientar-nos na vida exterior, sob pena de graves consequências ao progresso e segurança do bem estar de nossa gente”.

* * *

NOTAS INTERNACIONAIS!

1. Ucrânia, Geórgia e Moldávia assinaram hoje (27), em Bruxelas, acordos de associação com a União Europeia, a fim de estabelecer vínculos políticos e econômicos mais estreitos – uma iniciativa que a Rússia se opunha com firmeza e que, inclusive, provocara a crise na Ucrânia.

2. (El País, 27) Desde a semana passada o chavismo dá sinais de desintegração. O antes imutável ministro de Planejamento e mentor intelectual de Chávez, Jorge Giordani (destituído em 17 de junho), difundiu uma carta aberta titulada “Testemunho e responsabilidade diante da historia”, na qual faz reprimendas ao presidente Nicolás Maduro, como não transmitir liderança, dar sensação de vazio de poder e tomar decisões equivocadas em matéria econômica.

3. (Agência EFE, 27) Bagdá aplaude um ataque aéreo sírio contra jihadistas. Exército iraquiano lança uma ofensiva para tomar Tikrit, cidade natal de Saddam. O presidente do Curdistão visita Kirkuk.

4. Primeiro ministro britânico Cameron critica abertamente acordo para a escolha do novo presidente da União Europeia: “Juncker é a pessoa equivocada para dirigir a UE”.

5. (El Tiempo, 27) Produção de cocaína em 2013 foi a mais baixa em 10 anos: 290 toneladas. Dez anos atrás os narcotraficantes produziam 640 toneladas por ano.

6. (Ex-Blog) 26/06 cumpriram 100 anos do início da Primeira Guerra Mundial, cujo desdobramento foi a partilha e desintegração do Oriente Médio. A conta chegou indo muito além da Palestina.

NOTAS INTERNACIONAIS!

1. Ucrânia, Geórgia e Moldávia assinaram hoje (27), em Bruxelas, acordos de associação com a União Europeia, a fim de estabelecer vínculos políticos e econômicos mais estreitos – uma iniciativa que a Rússia se opunha com firmeza e que, inclusive, provocara a crise na Ucrânia.

2. (El País, 27) Desde a semana passada o chavismo dá sinais de desintegração. O antes imutável ministro de Planejamento e mentor intelectual de Chávez, Jorge Giordani (destituído em 17 de junho), difundiu uma carta aberta titulada “Testemunho e responsabilidade diante da historia”, na qual faz reprimendas ao presidente Nicolás Maduro, como não transmitir liderança, dar sensação de vazio de poder e tomar decisões equivocadas em matéria econômica.

3. (Agência EFE, 27) Bagdá aplaude um ataque aéreo sírio contra jihadistas. Exército iraquiano lança uma ofensiva para tomar Tikrit, cidade natal de Saddam. O presidente do Curdistão visita Kirkuk.

4. Primeiro ministro britânico Cameron critica abertamente acordo para a escolha do novo presidente da União Europeia: “Juncker é a pessoa equivocada para dirigir a UE”.

5. (El Tiempo, 27) Produção de cocaína em 2013 foi a mais baixa em 10 anos: 290 toneladas. Dez anos atrás os narcotraficantes produziam 640 toneladas por ano.

6. (Ex-Blog) 26/06 cumpriram 100 anos do início da Primeira Guerra Mundial, cujo desdobramento foi a partilha e desintegração do Oriente Médio. A conta chegou indo muito além da Palestina.

E A POLÍTICA INTERNACIONAL DO NOVO PRESIDENTE? SILÊNCIO PREOCUPANTE!

1. Depois de meses de pré-campanha e já com as Convenções em andamento, não se leu, ouviu ou viu, uma palavra sequer dos candidatos sobre Política Internacional. Esse é um vácuo muito importante que diferencia a capacidade dos candidatos de assumirem o país num mundo globalizado, interconectado e com conflitos de antes e de agora.

2. Os discursos presidenciais em campanha sobre Política Internacional não devem ser apenas restritos aos candidatos a chefe de governos nos países mais desenvolvidos, mas a todos e, em especial, àqueles -como no caso do Brasil- de países continentais, geopolítica e economicamente estratégicos.

3. Aí estão os casos do Oriente Médio (gravemente reaberto), da Ucrânia, da expansão populista na América Latina, das crises na África do Norte, do populismo europeu xenófobo redivivo, das nossas relações afetadas com os Estados Unidos, da desintegração do Mercosul, da pujança asiática, etc.

4. Em 29 de março de 1960, em Belém, escala de sua viagem a Havana, o candidato Jânio Quadros, depois vitorioso com 49% dos votos e que inovou em política externa nos meses que dirigiu o país, afirmava: “A primeira condição que se exige daquele que aspira a dirigir nossa pátria, no meu entender, é a objetividade e coragem no campo das relações internacionais. As conveniências dos outros países ou temores da imaturidade não podem orientar-nos na vida exterior, sob pena de graves consequências ao progresso e segurança do bem estar de nossa gente”.

26 de junho de 2014

EXERCÍCIO PARA PROJETAR OS RESULTADOS E NECESSIDADES ELEITORAIS PARA PRESIDENTE!

1. Muito mais simples e efetivo para projetar as necessidades eleitorais dos candidatos é trabalhar com porcentagens nas regiões estratégicas. Vejamos projetando os números atuais de pesquisas de Dilma x Aécio no primeiro turno. Uma hipótese apenas.

2. O Nordeste tem 27,7% dos eleitores. Se Dilma abrir sobre Aécio 30 pontos, livra uma vantagem de 8,3 pontos em nível nacional. Minas Gerais tem 10,2% dos eleitores.  Se Aécio abrir 30 pontos sobre Dilma, livra 3 pontos. S. Paulo tem 21,7% dos eleitores. Se Aécio abrir 10 pontos sobre Dilma, terá 2,2 pontos de vantagem, arredondando.

3. Isolando estas 3 regiões, Dilma ainda tem a vantagem de 8,3 – (3 + 2,2) = 3,1 pontos.

4. Suponha que no restante do Sudeste a eleição fique empatada. Suponha que no Sul Aécio livre 10 pontos sobre Dilma. O Sul tem 14,3% dos eleitores o que daria para Aécio 1,4 pontos de vantagem.

5. Com isso, Dilma ainda teria vantagem de 1,7 pontos.  O Norte tem 8,4% dos eleitores. Suponha que Dilma tenha vantagem de 20 pontos. São 1,6 pontos de vantagem. O saldo seria favorável a Dilma em 3 pontos.

6. O Centro-Oeste tem 7,5% dos eleitores. Suponha que Aécio ganhe de Dilma aqui por 20 pontos. São 1,5 pontos de vantagem. Saldo geral 1,5 pontos a favor de Dilma.

7. São apenas hipóteses usadas como exemplo. Cada um, em especial a assessoria próxima dos candidatos, deveria usar as porcentagens objetivas do eleitorado por região e grandes estados e aplicar suas próprias hipóteses em cada pesquisa confiável que receber.

8. E assim definir a concentração de esforços regionais dos candidatos de forma a reduzir a diferença ou ampliar a diferença conforme cada caso, cada região.

* * *

ARGENTINA: PIB EM QUEDA DE 2% E INFLAÇÃO PRÓXIMA DE 40%!

(La Nacion, 21) 1. Os bancos e consultorias afirmaram que as perspectivas econômicas da Argentina pioraram. A inflação se aproximará dos 40% e a recessão registrará uma queda do PIB de 2% nesses dois anos. O prognóstico mais negativo é o do Bank of America-Merrill Lynch com uma recessão de -2%, seguido por Oxford Economics e JP Morgan com queda de 1,5% do PIB. Economist Intelligence Unit, HSBC e a União Industrial Argentina projetam queda de 1%. Para 2015 projetam que o PIB poderia cair até 1,2%, conforme o Goldman Sachs enquanto o JP Morgan é mais pessimista prevendo uma queda do PIB que poderia chegar a 3%.

2. Sobre a Inflação, essa poderia atingir quase 40%.  Goldman Sachs e Oxford preveem em torno de 37%; Bank of America, de 33%; Citigroup, de 31,8%, e Santander, de 31,3%. Mesmo o INDEC –instituto oficial de estatísticas- projeta uma inflação de 27%. Para 2015 o Bank of America prevê uma inflação de 37%, o Goldman Sachs e Oxford de 36%, e Citi de 35%.

* * *

“ACADEMIA DE FUTEBOL”, EM ÁREA POBRE E VIOLENTA DA BOLÍVIA, INDICADA AO PRÊMIO NOBEL DA PAZ!

(El País, 17) 1. Situada ao lado do cemitério La Cuchila, no extremo sul da cidade, a academia de futebol Tahuichi Aguilera acolhe diariamente cerca de 3.000 crianças da cidade mais populosa e violenta da Bolívia. Lá, entre dribles, passes e tiros, alguns dos meninos e meninas de famílias mais pobres da região recebem educação e cuidados para evitar problemas e conflitos muito comuns em Santa Cruz, como o alcoolismo, a dependência de drogas e a violência juvenil, enquanto seguem na busca do sonho de se tornarem profissionais.  Entre 85% e 90% das crianças que frequentam Tahuichi, o fazem “com uma bolsa de estudos, de forma gratuita”, diz Roly Aguilera, filho do fundador da escola, que atualmente exerce a função de presidente.

2. Desde a sua fundação em 1978, a academia foi nomeada seis vezes para o Prêmio Nobel da Paz em reconhecimento ao seu trabalho social. Embaixadora da Boa Vontade da ONU em 1993, prêmio Fair Play Internacional em 1995 e medalha de ouro da FIFA no ano 2000, Tahuichi é uma instituição na sociedade boliviana. Marco El Diablo Etcheverry, o atacante Erwin Sanchez e os zagueiros Luis Cristaldo e Juan Manuel Peña, todos membros da melhor seleção boliviana que já existiu, que conseguiu se classificar para a Copa do Mundo de 1994,levam a marca Tahuichi.

“ACADEMIA DE FUTEBOL”, EM ÁREA POBRE E VIOLENTA DA BOLÍVIA, INDICADA AO PRÊMIO NOBEL DA PAZ!

(El País, 17) 1. Situada ao lado do cemitério La Cuchila, no extremo sul da cidade, a academia de futebol Tahuichi Aguilera acolhe diariamente cerca de 3.000 crianças da cidade mais populosa e violenta da Bolívia. Lá, entre dribles, passes e tiros, alguns dos meninos e meninas de famílias mais pobres da região recebem educação e cuidados para evitar problemas e conflitos muito comuns em Santa Cruz, como o alcoolismo, a dependência de drogas e a violência juvenil, enquanto seguem na busca do sonho de se tornarem profissionais.  Entre 85% e 90% das crianças que frequentam Tahuichi, o fazem “com uma bolsa de estudos, de forma gratuita”, diz Roly Aguilera, filho do fundador da escola, que atualmente exerce a função de presidente.

2. Desde a sua fundação em 1978, a academia foi nomeada seis vezes para o Prêmio Nobel da Paz em reconhecimento ao seu trabalho social. Embaixadora da Boa Vontade da ONU em 1993, prêmio Fair Play Internacional em 1995 e medalha de ouro da FIFA no ano 2000, Tahuichi é uma instituição na sociedade boliviana. Marco El Diablo Etcheverry, o atacante Erwin Sanchez e os zagueiros Luis Cristaldo e Juan Manuel Peña, todos membros da melhor seleção boliviana que já existiu, que conseguiu se classificar para a Copa do Mundo de 1994,levam a marca Tahuichi.

ARGENTINA: PIB EM QUEDA DE 2% E INFLAÇÃO PRÓXIMA DE 40%!

(La Nacion, 21) 1. Os bancos e consultorias afirmaram que as perspectivas econômicas da Argentina pioraram. A inflação se aproximará dos 40% e a recessão registrará uma queda do PIB de 2% nesses dois anos. O prognóstico mais negativo é o do Bank of America-Merrill Lynch com uma recessão de -2%, seguido por Oxford Economics e JP Morgan com queda de 1,5% do PIB. Economist Intelligence Unit, HSBC e a União Industrial Argentina projetam queda de 1%. Para 2015 projetam que o PIB poderia cair até 1,2%, conforme o Goldman Sachs enquanto o JP Morgan é mais pessimista prevendo uma queda do PIB que poderia chegar a 3%.

2. Sobre a Inflação, essa poderia atingir quase 40%.  Goldman Sachs e Oxford preveem em torno de 37%; Bank of America, de 33%; Citigroup, de 31,8%, e Santander, de 31,3%. Mesmo o INDEC –instituto oficial de estatísticas- projeta uma inflação de 27%. Para 2015 o Bank of America prevê uma inflação de 37%, o Goldman Sachs e Oxford de 36%, e Citi de 35%.