24 de outubro de 2014

IMPOSSÍVEL QUE OS ÚLTIMOS NÚMEROS DO IBOPE E DATAFOLHA SE CONFIRMEM NAS URNAS! SAIBA POR QUÊ!

1. Em 2010 a economia crescia 7,5%, a inflação estava abaixo de 5%, a popularidade de Lula atingia o auge e o bolsa família projetava ampliação. Nessa situação, Dilma atingiu 70% no Nordeste. Apesar da vitória de Serra em S.Paulo, Dilma venceu no Sudeste com 52% dos votos. No Sul, Serra venceu com pequena vantagem de 8 pontos. No Norte/Centro-Oeste, Dilma venceu com vantagem de 6 pontos tendo obtido votações recordes no Norte com quase 90% no Amazonas…

2. O quadro agora em 2014 é muito diferente. Aécio tem vantagem no Sudeste que deve chegar a 15 pontos. No Nordeste, com a nova situação na Bahia e em Pernambuco, os 70% de Dilma vão cair pelo menos 3 pontos. No Sul Aécio abriu assim como no Centro-Oeste.

3. Em 2010, no total Dilma venceu com 53,2% a 46,8% –elas por elas- 6 pontos de diferença. É quase impossível que em 2014 a diferença seja maior que essa, com a economia parada, a inflação em uns 7%, a popularidade de Lula decrescente, o bolsa família consolidado e a série de escândalos atingindo diretamente o governo Dilma.

4. Dois presidentes do PT e o presidente da Câmara de Deputados do PT presos, a bancada do PT na Câmara passando de 17% para 13,5% e a Petrobrás atingida por atos de corrupção explícitos.

5. É impossível que em 2014 a vantagem de Dilma seja maior. Mas quanto menor seria? Este Ex-Blog, usando dados de ontem do GPP –portanto após o campo das pesquisas do Ibope e Datafolha- tabulou os resultados por região e os comparou com 2010. Com isso, a diferença de 6 pontos pró-Dilma em 2010 desparece e surge –criteriosamente- um empate entre os dois.

6. A decisão ocorrerá nas urnas e dependerá da localização e setorização da abstenção dos votos brancos e dos votos nulos.

7. Conheça a tabela comparativa 2014 – 2010. A conclusão é óbvia. As pesquisas do Ibope e do Datafolha divulgadas ontem no Jornal Nacional e hoje nos jornais retratam uma mobilização das ruas, nos últimos dias, favorável a Dilma. Hoje tem o debate, sábado e domingo pela manhã é um período de “silêncio”. E as urnas vão retratar o clima existente antes desses últimos dias.

8. Tabelas comparativas.

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ELEIÇÃO 2014: “DUAS OU TRÊS COISAS QUE EU SEI DELA”!

1. Datafolha dá 40 pontos de vantagem para Dilma no Nordeste. Pesquisa interna de Aécio dá 30 pontos de vantagem para Dilma no Nordeste. Esses 10 pontos de diferença significam 2,7 pontos a menos para Dilma em nível nacional. Datafolha dá 10 pontos de vantagem para Aécio no Sudeste. Pesquisa interna de Aécio dá 15 pontos de vantagem para Aécio no Sudeste. Esses 5 pontos de diferença significam 2,1 pontos em nível nacional. Ou seja, 2,7 + 2,1 = 4,8. Datafolha dá vantagem nacional a Dilma de 4 pontos. Pesquisa interna de Aécio lhe dá vantagem nacional de 1 ponto (0,8).

2. Quem inaugurou a campanha da baixaria foi Collor em 1989 –primeira eleição para presidente pós-regime militar. Apresentou ex-mulher de Lula dizendo que ele havia proposto aborto a ela e ela não aceitou e mostrou a filhinha. Campanha de Collor fez terrorismo econômico com os riscos de uma vitória de Lula. Antes do debate, enviou emissário militar a Lula dizendo que Collor tinha mandado fotografar com teleobjetiva ele no apartamento de uma suposta amante. Levou uma pasta para o debate onde estariam as fotos. E no debate citou um aparelho Três em Um que havia na sala daquele apartamento.

3. Em 1998 voltaram os temas sobre risco econômico em relação a Lula; e desde a campanha de Lula panfletos espalhados sobre filho de FHC com uma jornalista e compra de votos no Congresso.  Tanto em 1989 como em 1998 não existiam as redes sociais na campanha eleitoral. Se existisse a reverberação da baixaria seria muito, muito maior.

4. Eleição majoritária desde John Kennedy em 1960 –portanto há 54 anos- é campanha de IMAGEM dos candidatos. Cada um exaltando a sua e desmerecendo a do adversário. No Brasil, em todas as eleições desde 1989 que as imagens são antípodas. As imagens mais próximas –guardadas as diferenças de gênero- foram as de 2010. Com isso, o tema que cruzou a eleição de 2010 foi aborto, que elevou Marina e exigiu declarações enfáticas de Dilma e legitimação de líderes evangélicos.

5. Datafolha mostrou que otimismo com futuro da economia cresceu. Nada estranho, pois os candidatos produzem otimismo em relação ao futuro se ganharem. Em julho, o otimismo com o futuro da economia estava num patamar de 25%, depois num patamar de 30% e agora –na última pesquisa- 44%.  Aliás, pesquisa IPSOS (Estado de SP, 23) diz que 57% dos brasileiros estão otimistas com o futuro da economia.  Os humores do mercado e da bolsa não são os mesmos.

6. Governo virtual. Em junho, Datafolha dizia que Dilma tinha 33% de ótimo+bom e 28% de ruim+péssimo. Hoje tem 42% de ótimo+bom e 20% de ruim+péssimo. Como tem acontecido com o amplo tempo de TV: reconstrução virtual do governo.

7. Quanto o caso Petrobrás afetou a decisão de voto?  Cada dia fica mais claro que pelo tempo e espaço que ocupou foi um tema eleitoralmente irrelevante. Uns analistas dizem que as acusações recíprocas explicam este empate em relação ao tema. Outros que a corrupção na política está na massa do sangue do eleitor.

8. Há duas questões inquestionáveis. a) A imagem do PT deteriorou e sua bancada de deputados federais caindo de 17% para 13,5% da Câmara mostra isso. O PMDB,  ganhe quem ganhar, não ganhou a eleição. E seus cardeais e bispos sabem disso. Em fevereiro terão constituído um bloco com outros partidos da “base”, elevando seus 12% de deputados para o dobro. Se ganhar Dilma, a pretensão ministerial chega a importantes ministérios. Se ganhar Aécio, chega a um ou outro ministério significativo.  Mas, nos dois casos, o candidato desse bloco, a presidente da Câmara –e favorito- será do PMDB, o deputado Eduardo Cunha.

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POPULISMO ELETRÔNICO!  TRECHOS DO EX-BLOG EM 02 DE JUNHO DE 2014!

1. Mas quando um governo tem uma avaliação entre ruim e regular, um generoso tempo de TV na campanha eleitoral pode construir virtualmente –por ficção televisiva- um bom governo, elevando sua avaliação ruim a regular para boa e até ótima.

2. A possibilidade de construir virtualmente um governo em campanha eleitoral é resultado de uma opinião pública que não dá muita atenção aos governos. O que entrou –para a maioria das pessoas- se parece com o que saiu, nos defeitos e nas virtudes. Só quando a performance de um governo afeta muito as pessoas, para o bem ou para o mal, é que a opinião delas é sólida e não muda com a campanha, apesar da ficção eleitoral na TV.

23 de outubro de 2014

AS DIFERENÇAS, PELAS REGIÕES BRASILEIRAS, NA DISPUTA PRESIDENCIAL! TRÊS PONTOS A MAIS PARA AÉCIO NO SUDESTE EMPATAM A ELEIÇÃO PELO DATAFOLHA!

1. Pelo Datafolha, a diferença a favor de Aécio no SUDESTE lhe dá, nacionalmente (ponderando pela participação de 44% dessa região), 5,28 pontos à frente.  A diferença a favor de Aécio no SUL lhe dá, nacionalmente (pela participação de 15% dessa região), 3,3 pontos. A diferença a favor de Aécio no CENTRO-OESTE lhe dá, nacionalmente (pela participação de 7% dessa região), 0,84 pontos.  No total, Aécio soma uma vantagem, nessas regiões, de 9,42 pontos de vantagem em nível nacional.

2. Pelo Datafolha, a diferença a favor de Dilma no NORDESTE lhe dá, nacionalmente (pela participação de 27% dessa região), 10,8 pontos. A diferença a favor de Dilma no NORTE lhe dá, nacionalmente (pela participação de 8% dessa região), 1,28 pontos. No Total, Dilma soma uma vantagem, nessas regiões, de 12,08 pontos.

3. A diferença nacional ponderada pelas regiões era a favor de Dilma de 2,66 pontos. Se Aécio ampliar a diferença em apenas 5 pontos no Sudeste e no Sul a eleição estará empatada.

4. Se no Sudeste Aécio crescer apenas 3 pontos trocando com Dilma, que desceria 3 pontos, pelos números do Datafolha a eleição estará rigorosamente empatada.

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TENDÊNCIA REGIONALIZADA DO VOTO NO ESTADO DO RIO!

1. PEZÃO x CRIVELLA. Capital: Pezão 11 pontos na frente. Na Baixada, Crivella 3 pontos na frente. Em Niterói/São Gonçalo/Itaboraí Pezão 11 pontos na frente. No Interior 1 (Serrana e Sul), Pezão 35 pontos na frente.  Seu município Piraí, fica no Sul.  No Interior 2 (Noroeste-Norte-Lagos), Pezão 12 pontos na frente. É região onde Garotinho é forte.

2. Sub-Regiões da Capital. Nos bairros que vão do Centro à Barra da Tijuca, passando pela Tijuca e Vila Isabel, Pezão tem 28 pontos na frente. Na região de Ramos/Olaria/Bonsucesso, Maré/Ilha do Governador, onde é maior a concentração de favelas, Pezão vence por 17 pontos.  Na região de Meier/Madureira/Marechal Crivella está 3 pontos na frente. Jacarepaguá: Pezão 16 pontos na frente. Grande Bangu Pezão 10 pontos na frente. Grande Campo Grande/Santa Cruz Crivella 4 pontos na frente.

3. DILMA X AÉCIO. Capital: Dilma 8 pontos de vantagem. Baixada: Dilma 24 pontos de vantagem. Niterói/São Gonçalo/Itaboraí: Dilma 30 pontos na frente. Interior 1 (Serrana+Sul): Aécio 4 pontos na frente. Interior 2 (Noroeste, Norte e Lagos): Aécio 10 pontos na frente.

4. Sub-regiões da Capital. Nos bairros que vão do Centro à Barra, Aécio tem 25 pontos à frente. Em toda a zona norte agregada, bairros da Central e Leopoldina, Dilma tem 13 pontos à frente. Grande Bangu, Dilma 14 pontos na frente. Grande Campo Grande e Santa Cruz, Dilma 30 pontos na frente.

5. No geral, Pezão vinha com 11 pontos à frente e Dilma com 10.

22 de outubro de 2014

O QUE OCORRERÁ COM ABSTENÇÃO, BRANCOS E NULOS NO DIA 26/10/2014? COMO INFLUENCIAM O RESULTADO?

1. As pesquisas são feitas em base às informações do TSE, que incluem gênero, idade e local de votação. Os demais recortes são feitos em base censitária pelos Institutos de Pesquisa.  Dessa forma, a base das pesquisas é o total do eleitorado, incluindo, portanto, o que na urna se saberá em relação a brancos, nulos e abstenção.

2. Quando as tendências do eleitorado são estáveis, a abstenção não altera os resultados das pesquisas de opinião. Mas quando a intenção de voto dos eleitores é volátil, a abstenção pode mudar tudo. E se a volatilidade é grande, até mesmo os brancos e nulos podem mudar no dia da eleição. Mudar em dois sentidos: decidir votar, ou os que decidiam votar, nas pesquisas, na hora do voto, anular ou votar em branco. Segundo o Datafolha, 15% dos eleitores decidiram em que presidente votar, no primeiro turno-2014, na véspera e no dia da eleição. Esse número tende a ser menor agora com apenas 2 candidatos. Mas quão menor?

3. Vamos aos números. As pesquisas de intenção de voto no segundo turno vêm dando uns 10% de brancos e nulos, mais de três vezes a diferença entre Dilma e Aécio. E fazem abstração –como é natural- da abstenção, mesmo sabendo que estará próxima a 20%, supondo, como tradicionalmente ocorre, que não influenciam o resultado da eleição. Será?

4. O que ocorreu nas últimas 3 eleições?  Em 2006, no primeiro turno os votos brancos/nulos foram 8,4% e a abstenção 16,75%. No segundo turno, os brancos e nulos caíram para 6% mas a abstenção cresceu para 19%. Em 2010, no primeiro turno, os brancos/nulos foram 6,7% e a abstenção 18,1%. No segundo turno, os brancos/nulos cresceram para 8,6% e a abstenção subiu para 21,50. Em 2014, no primeiro turno, os brancos/nulos atingiram 9,6% e a abstenção 19,4%.

5. Com uma campanha em 2014 -no segundo turno- muito mais disputada e polemizada, é provável que a abstenção seja próxima de 2010, quando a eleição ainda não estava completamente definida uns 10 dias antes da eleição. Ou seja, 21,50%. Mas a tendência dos votos brancos/nulos não se pode prever em função das agressões recíprocas.  Suponhamos que os 9,6% do primeiro turno se repitam.

6. Fazendo os ajustes, 25% dos eleitores não influenciarão os votos válidos. Supondo que metade da abstenção é compulsória (doentes, muito idosos, estão ou moram fora de seu registro eleitoral, presos…), esses 25% baixam para uns 18%. Supondo que os brancos/nulos sejam os mesmos eleitores das pesquisas de intenções de voto, aqueles 18% baixam para 9%.

7. Usando como referência uma série de eleições, os números de um ou outro candidato só podem sinalizar favoritismo e vitória se as pesquisas finais indicarem uma vantagem de 5 pontos sobre os votos totais. Nas pesquisas já publicadas do Datafolha e Ibope, esta vantagem ainda está em torno da metade desses 5%.

8. Ficando nessa metade, só a urna nos dirá quem venceu.

21 de outubro de 2014

AGRESSÕES ENTRE CANDIDATOS JÁ NÃO RENDEM MAIS! AGORA VALE A CAPILARIDADE E O BOCA A BOCA!

1. As agressões já deram o que tinham que dar. Mais do que atingirem a imagem de um e de outro, distribuíram aos eleitores os argumentos para que defendam seu candidato ou ataquem o adversário. Com isso, o processo de convencimento e desconvencimento pelo boca a boca entre as pessoas acelerou muito. E tornou-se decisivo.

2. E, com isso, a volatilidade do voto que já era grande, aumentou mais. No final da segunda semana de outubro –11/12- ocorreu uma aceleração das intenções de voto pró-Aécio.  Nos três dias seguintes ocorreu uma acomodação e o retorno aos patamares anteriores com 2 pontos de diferença.

3. Mas esta acomodação deve ser dissecada por dentro, através dos cruzamentos clássicos, dos cruzamentos regionais, por religião… Além disso, aquelas informações/agressões que têm potencial para produzir fluxos e argumentos devem ser testadas por pesquisas qualitativas focalizadas nos temas.

4. Para isso, há que se trabalhar com hipóteses. A primeira é sobre a região mais sensível a esse boca a boca e decisiva eleitoralmente nas atuais circunstâncias. Naturalmente é a região Sudeste, não só pelo peso eleitoral de 43%, mas pelo fato que é onde esse boca a boca tem produzido mais oscilações e o uso das redes sociais é mais intenso. a) No Rio –onde estão as estatais- analisar esses fluxos.

5. b) Nas três periferias metropolitanas –SP, BH e Rio- analisar os fluxos relativos à insegurança que possa sensibilizar os menos integrados socialmente. c) Em S.Paulo checar o impacto sobre os incluídos que trabalham com carteira assinada, recortando os de classe média baixa. d) E, finalmente, o boca a boca entre os jovens nas maiores cidades.

6. Alguns podem dizer que faltam poucos dias e não dá mais tempo. Dá sim. Como as pesquisas qualitativas são feitas sistematicamente pelas candidaturas, é questão apenas de direcionamento imediato. E, claro, reler as pesquisas qualitativas feitas desde o início do segundo turno, recortando estes três fatores citados.

7. Ninguém melhor que as equipes dos candidatos para valorizar essa necessidade. Afinal, as pesquisas diárias –tracking- os têm deixado desorientados.  É urgente, portanto.

8. Este Ex-Blog tem usado todas as pesquisas que tem acesso –divulgadas ou não- e não se espanta com diferenças aparentemente absurdas como a do Sensus e do Ibope/Datafolha, GPP e Vox Populi. Isso exige afinar a amostragem, além de ampliá-las no Sudeste e no Nordeste e dar suporte qualitativo para orientar as últimas declarações pela TV, os últimos programas e comerciais e os últimos debates.

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PRIMEIRA PESQUISA PARA PREFEITO DO RIO-2016 –GPP –18-19/10- 1.200 ENTREVISTAS!

Conheça.

20 de outubro de 2014

DIVULGAR OS VOTOS VÁLIDOS NO SEGUNDO TURNO É UMA ENORME BOBAGEM! SÓ CONFUNDE!

1. O TSE contabiliza os votos válidos no primeiro turno por duas razões. Primeiro porque a maioria absoluta ou não dos votos válidos conseguida pelos candidatos a presidente e a governadores é que determina se haverá segundo turno ou não. Segundo porque nas eleições para deputados –federais e estaduais- é a divisão dos votos válidos pelo número de vagas que determina o cociente eleitoral e quantos deputados serão eleitos pelos partidos e pelas coligações.

2. Mas, no segundo turno, divulgar votos válidos é uma dupla besteira. A primeira porque é inócuo, já que vence a eleição de presidente e governadores quem tiver mais votos, independente da porcentagem de votos que tenha. Mas a segunda razão é de extrema gravidade para orientação dos eleitores, da campanha, dos analistas e da própria imprensa, pois confunde e ilude.

3. É fácil entender.  Sempre que a proporção dos que marcaram brancos, nulos, não sabem e não responderam é significativamente maior que a diferença das intenções de voto entre os dois candidatos, a eleição está completamente indefinida. Exemplo. No Ibope e Datafolha Aécio tem 45% e Dilma 43% dos votos totais. Uma diferença de 2 pontos.

4. Mas há 12% dos eleitores que não marcaram nenhum nome. Isso representa 6 vezes a diferença entre eles. Mais ainda: essa diferença de 12 pontos cresceu 2 pontos desde as pesquisas da semana passada. Ou seja, uma eleição completamente indefinida. Na intenção de voto espontânea há um empate de 42% a 42%, ratificando a indefinição.

5. Sempre que a porcentagem daqueles que não marcaram nenhum candidato se aproxima ou ultrapassa o dobro da diferença entre eles, a eleição pode se considerar indefinida.  Sendo assim, o fundamental no segundo turno é esquecer os votos válidos e informar apenas os votos totais e os que não escolheriam nenhum deles. Com isso, os eleitores, os analistas e a imprensa poderão avaliar a taxa de indefinição da eleição.

6. Outro exemplo: Rio Grande do Sul, Datafolha. Sartori tem 52% e Tarso Genro 35%. Marcaram brancos, nulos, não sabem, não responderam: 13%. A diferença entre os dois, de 17%, é 30% maior que a porcentagem dos que não marcaram nenhum dos dois. Essa é uma eleição definida mesmo faltando 11 dias, desde a pesquisa, para a eleição.

7. A divulgação das pesquisas deveria ser sobre votos totais: X tem XX%, Y tem YY%, Nenhum deles ZZ%. Diferença entre eles é RR% e é tantas vezes maior ou menor que os que marcaram brancos, nulos, não sabem não responderam. Assim, a informação permitiria uma análise adequada das probabilidades até a eleição.

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LIBÉRIA FUNDADA POR LIBERTOS DOS EUA CLAMA A OBAMA!

A Presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, esta fazendo um dramático apelo internacional de ajuda para combater o ebola. De fato, o apelo se volta, sobretudo, para os EUA, pois foram escravos norte-americanos libertos que fundaram aquele país.

17 de outubro de 2014

PELO IBOPE A DIFERENÇA PRÓ AÉCIO DEVERIA SER DE 3 PONTOS E NÃO 2!

1. Um problema dos arredondamentos. Se jogarmos os valores do Ibope, por região, na planilha, o resultado é Aécio 51,4 x 48,6 Dilma. Diferença de 2,8%! Olhando por aqui, o correto seria arredondar para 3% a diferença!

2. Como se pega o 51,4% e arredonda para 51,0, a diferença de 2,8% acaba-se arredondando para 2,0%! Será correto?

3. Em tempo. Na última pesquisa do Ibope, 37% responderam que tinham pouco ou nenhum interesse pela eleição. Na anterior foram 48%. Aquecendo.

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DEBATE TIPO LUTA DE BOXE E INGENUIDADE DOS CANDIDATOS!

1. A imprensa reclama da agressão mútua dos candidatos a presidente nos debates pela TV. Mas o desenho do posicionamento dos candidatos estimula esse tipo de dinâmica. Um de frente para o outro, não poderá dar outro resultado. E os candidatos morderam a isca e caíram na armadilha.

2. Isso produz caras e bocas fechadas e até raivosas, um apontando para o outro. O tempo que os candidatos gastaram em mídia training foi esquecido em função da formatação. Numa luta de boxe, os telespectadores vibram com os ataques entre os lutadores. Os lutadores têm um só foco: os adversários. Só se concentram neles. E é isso que os telespectadores querem.

3. Mas, no debate eleitoral pela TV, o foco dos candidatos deve ser os eleitores. Mesmo que estejam cara a cara, devem lembrar que, na TV, os gestos e a voz devem ser suaves, escandidos. Na Band –aquecidos pelo confronto- esqueceram as aulas que tiveram de mídia training. Deveriam lembrar que as câmeras são posicionadas frontalmente a eles e que estão falando –saibam ou não- para os telespectadores. E, para estes, a suavidade das imagens e da voz é fundamental.

4. Devem ter se esquecido das lições dos professores-pesquisadores de debates nos Estados Unidos. Quem tem a última palavra leva vantagem na TV. Dessa forma, quem pergunta deve fazê-lo para si mesmo. E usar pergunta do outro para a crítica, numa escada, onde a tréplica deve ser a conclusão. Usar as perguntas para que o outro se explique é perder a pergunta, pois a conclusão será do outro.

5. Deveriam esquecer, durante o debate, a formatação de luta de boxe e falarem para os telespectadores.  E as caras e bocas poderiam ser aprendidas com dois mestres recentes: Clinton e Blair. O YouTube está aí mesmo.

6. Obs.: A TV Band adotou o modelo francês, em que os candidatos fazem perguntas ou expõe temas livremente. Um avanço.

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PESQUISAS IBOPE E DATAFOLHA POR REGIÃO: TENDÊNCIA DIZ QUE SUDESTE VAI DECIDIR!

Dilma x Aécio, Ibope e Datafolha, por esta ordem.

1. SUDESTE: 46% x 54% e 41% x 59%. Diferença 9 pontos e 18 pontos.

2. NORDESTE: 61% X 30% e 68% x 32%. Diferença 31 pontos e 36 pontos.

3. SUL: 38% x 62% e 39% x 61%.  Diferença mínima.

4. NORTE+CENTRO-OESTE: 45% X 55% e 46% x 54%. Diferença mínima.

a) Sudeste tem 43% dos eleitores. Nordeste tem 27% dos eleitores. Façamos a média para o Nordeste: diferença de 33,5 pontos. Aplicando os 27% de eleitores, seria uma diferença nacional de 9 pontos.  Para o Sudeste como a diferença é grande não há como fazer a média. No caso de 9 pontos Aécio livra 3,9 pontos nacionais no Sudeste. No caso de 18 pontos, Aécio livra 7,7 pontos no Sudeste.

b) Para facilitar e como os pesos do Sul e do Norte-Centro Oeste são semelhantes, apliquemos a média dos dois sobre 30% do eleitorado.  Seriam 42% para Dilma e 58% para Aécio. Essa diferença de 16 pontos corresponderia a 4,8 pontos em nível nacional pró Aécio.

c) Dessa forma, com a vantagem de Aécio no Sudeste de 9 pontos, teríamos a eleição empatada: 3,9 + 4,9 = 8,8 pontos. Se a vitória no Sudeste for de 18 pontos, somando Sul-NO/CO-Sudeste, teríamos 4,9 + 7,7 = 12,6 pontos para Aécio, mais que os 9 pontos no Nordeste de vantagem para Dilma.

d) Supondo que a situação no Nordeste esteja estabilizada e que no Sul e NO-CO as tendências se estabilizem, o campo decisivo para o resultado eleitoral em 26 de outubro será o Sudeste, onde Aécio vence em SP e MG e Dilma no RJ. Dilma reduz a diferença? Aécio mantém a diferença dada pelo Datafolha? Ou o que valerá será a diferença do Ibope?

Análise de Cesar Maia sobre o porquê de as pesquisas oscilarem

Tento explicar, do ponto de vista teórico ou técnico, por quais razões as pesquisas oscilam. Chamo a atenção para dois autores importantíssimos em matéria de formação de opinião pública e de teste e pesquisa de opinião. Um deles é o americano Paul Lazarsfeld, da Universidade de Columbia, que no final dos anos 20, início dos anos 30, realizou uma série de trabalhos de investigação mostrando que se podia projetar a opinião política do conjunto do país através de uma amostra, no que foi muito criticado porque diziam, à época, que uma pessoa não teria nenhum tipo de entusiasmo em achar que seu voto poderia influenciar 50, 60 milhões de eleitores. Paul Lazarsfeld mostrou que essa possibilidade existia.

Um pouco antes, no final do século XIX, o sociólogo francês Gabriel Tarde, pai da micro-sociologia e da micro-política, desenvolveu uma teoria de formação de opinião pública que foi registrada num clássico da sociologia, Leis da Imitação – “Les lois de l’Imitation”, que, infelizmente, não tem tradução para o português.

Basicamente, o que diz Lazarsfeld é que as informações espalhadas, em geral pelos meios de comunicação, são selecionadas pelas pessoas, pelos cidadãos que, ao fazê-lo, procuram ter convicção daquela informação e, para isso, consultam, falam, conversam com pessoas cujas opiniões respeitem. Uma vez que haja uma convergência de opinião, ele passa a colocar para frente a opinião que tinha, agora ratificada por alguém que ele respeita muito – a professora, o dono da farmácia, um amigo.

Diz Gabriel Tarde que esse movimento, esses fluxos de opinamento vão contaminando a sociedade até que se forma uma opinião pública, existindo três tipos de atores nesse processo. Um que ele adjetiva como louco, que representa aqueles que iniciam o fluxo de opinamento; outro que ele chama de sonâmbulo, que representa aqueles que repassam a informação que a eles chega; e, ainda, outro que ele chama de idiota, que representa aqueles que simplesmente não estão nem aí, ou seja, não dão bola para as informações que chegam. Lazarsfeld explicava, através de uma figura que na estatística passou a ser conhecida como jogo de coordenação, que uma pessoa, ao interagir com as pessoas do seu entorno, vai vendo que existem opiniões que são convergentes, outras que são divergentes, e sente que sua opinião pode ter peso e, por isso, ela participa.

Nós vivemos no Brasil agora, ano 2014, uma eleição atípica, uma eleição fria. Podem ir à rua que vocês quiserem, da cidade que vocês quiserem, no Rio de Janeiro ou no exterior, que duvido que exista vibração nas ruas! Só há mobilização, vibração, quando o candidato vai à rua! Aí, seus militantes se aglomeram e acompanham o candidato. Ora, rua fria significa que os sonâmbulos, usando a linguagem de Gabriel Tarde, passaram a ser uma proporção muito pequena, e os idiotas, ainda na mesma expressão, passaram a ser uma proporção muito grande e, assim, não repassam a informação porque não estão nem aí para essas eleições! Na última pesquisa do Ibope, que foi divulgada, publicada na semana passada, ele fala em quase 60% das pessoas que não estão dando a mínima para essas eleições. Então, a pesquisa, quando está num quadro que o jogo de coordenação, segundo a teoria de Lazarsfeld, é um jogo ralo e que os fluxos de “opinamento” não avançam, que as pessoas que recebem informação não repassam, uma pesquisa de opinião que é feita hoje, pode dar um resultado, e, se for feita daqui a quatro dias, pode dar outro resultado. Portanto, os institutos de pesquisa devem ter um cuidado enorme e os meios de comunicação também.

16 de outubro de 2014

ELEIÇÕES 2014 CONTRARIAM PROJEÇÕES DE PROTESTOS 2013! APONTAM UMA POLÍTICA MAIS CONSERVADORA!

1. Os protestos, passeatas, manifestações, quebra-quebra, black blocs…, ocorridos em 2013, desde junho, projetaram cenários convergentes nas eleições de 2014. As projeções indicavam que as ruas estariam aquecidas com protestos, que a proporção de abstenção, votos brancos e nulos cresceria.

2. Imaginava-se que as portas do Congresso seriam abertas para os candidatos com o perfil dos protestos e que seriam alavancados pelas redes sociais. E que as redes sociais estariam mais ativas do que nunca, agitando temas e perfis da antipolítica engajada, como o MV5, na Itália.

3. Mas nada disso aconteceu. As ruas estavam frias e continuam ainda mais frias neste segundo turno sem candidatos a deputados.  E as eleições exaltaram, com grande quantidade de votos, parlamentares conservadores ou de antipolítica recreativa.

4. As 3 “capitais” brasileiras, Rio, SP e Brasília, foram exemplos. Eleitos, liderando as votações, Bolsonaro e Romário no Rio, Russomano e Tiririca em SP, e o coronel (r) Fraga em Brasília.  No caderno ALIÁS, do Estado de SP (12), o DIAP afirma que esse é o Congresso mais conservador desde 1964. Nessa mesma matéria, o sociólogo Wagner Romão, da Unicamp, diz que “podemos esperar para os próximos quatro anos um legislativo mais refratário a mudanças na ampliação dos direitos humanos, na questão da homofobia ou do aborto, a favor de modificações quanto à maioridade penal”.

5. Romão afirma que esta é uma tendência que já havia ocorrido no Congresso, resultante das eleições de 2010 e acentuado agora em 2014.

6. Paradoxalmente, na eleição presidencial de 2010 venceu o PT. Paradoxalmente? Ou os “estímulos” mensaleiros e petroleiros para “pacificar” parlamentares produziram candidatos financeiramente mais competitivos? Os excessos publicitários e de mídia em relação à opção sexual e comissão da verdade construíram o polo conservador oposto? Provavelmente ambos.

7. E a crise econômica? Quem sabe os ares e sabores europeus ajudem a explicar que a resposta à crise econômica atual no imaginário popular não passa pela esquerda?

8. Esses aparentes paradoxos –executivo/legislativo- precisam ser analisados com calma pelos pesquisadores. Incluindo o segundo turno e as eleições para governadores Brasil afora, poderemos  apontar outro subproduto do ciclo lulo-dilma-petista: o caminho político conservador, em direção à direita.

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15% DECIDIRAM VOTO PARA PRESIDENTE NO DIA E NA VÉSPERA! IMAGINEM PARA DEPUTADOS!

(Folha de SP, 16) A atual rodada da pesquisa Datafolha mostra que 15% do eleitorado decidiu o voto para presidente da República na última hora. 9% definiram voto no dia do 1º turno. Outros 6% dizem que escolheram em quem votar para presidente na véspera da eleição. A uma semana da eleição foi a resposta de 8%. Outros 11% dizem que a decisão foi firmada 15 dias antes da eleição. Os eleitores com menos renda são os que mais decidiram no dia da eleição, 11% deles responderam assim. O maior grupo, 67% do total, afirmou ter decidido pelo menos um mês antes da data do primeiro turno.

Obs. 1. No total, 34% decidiram em quem votar para presidente nos últimos 15 dias.

Obs.2. É perda de tempo começar a campanha 90 dias antes da eleição e gastar dinheiro até a entrada da TV, 45 dias antes.

15 de outubro de 2014

AÉCIO x DILMA: POR QUE O QUE MAIS OS DISTINGUE ESTÁ FORA DO DEBATE?

1. Se olharmos para frente, para depois da eleição presidencial e, por hipótese, compararmos o que seriam as políticas públicas de Aécio e de Dilma, e graduarmos cada uma delas em mais ou menos para um e para outro, que política os distinguiria mais?

2. Certamente as diferenças seriam maiores ou menores conforme o tema: economia, inclusão social, educação, saúde, transportes, infraestrutura, política fiscal, política financeira, política ambiental, cambial, gestão, etc.

3. Mas restam poucas dúvidas que um tema oporia um e outro governo de forma radical, em cento e oitenta graus: suas políticas exteriores.

4. De um lado, Dilma e seus parceiros bolivarianos, suas provocações aos Estados Unidos, a questão do Oriente Médio, do Irã, as declarações sobre o terrorista EI na ONU, a Rússia no caso da Ucrânia, etc.

5. Do outro lado, Aécio que, para facilitar, adotaria posturas e políticas diametralmente opostas em todos estes temas e focos. As declarações dos ex-diplomatas e principais assessores em política externa de Aécio não deixam qualquer margem a dúvidas.  E dizem, falam e escrevem sobre isso de forma transparente.

6. E por que a política externa e as relações exteriores estão fora da campanha eleitoral? Há três possibilidades para tentar entender esse aparente mistério.

7. Uma é que ambas as candidaturas imaginam que a questão das relações exteriores está fora das preocupações e do acompanhamento das pessoas. Que não tira nem dá um voto.

8. As outras duas explicações são defensivas.  Dilma não toca nesse assunto por temor ao desgaste, especialmente em setores de classe média. Aécio não toca nesse assunto porque assessores políticos imaginam que isso pode situá-lo na cabeça do eleitor no campo de influência dos Estados Unidos o que sinalizaria para a direita.

9. Aliás, essa também não foi a preocupação de Marina, em seu documento e discurso de apoio a Aécio. O fato é que aquilo que mais antagoniza as duas candidaturas está fora do debate, fora da campanha.  Compreensível pelas razões? Ou estranho?

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COMO VOTAM NO RIO OS LEITORES DOS JORNAIS! PESQUISA GPP 11-12/10!

Intenção de Voto em todo o Estado do Rio: Dilma 43,9% x 42% Aécio. / Pezão 45,7% x 38% Crivella.

1. Pela ordem: Dilma x Aécio.  Não lê jornal:  45,2% x 38,4% / Globo: 31,2% x 55,8% / O Dia: 43,4% x 41% / Extra 44,2% x 40,9% / Meia Hora 56,6% x 37,7%.

2. Pela ordem:  Não lê jornal: 42,6% x 38,6% / Globo: 56,8% x 26,7% / O Dia: 42,7% x 40,5% / Extra: 48,2% x 37,8% / Meia Hora: 36,7% x 53,2%.

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COMO VOTAM NO RIO OS CATÓLICOS E OS EVANGÉLICOS! PESQUISA GPP 11-12/10!

Intenção de Voto em todo o Estado do Rio: Dilma 43,9% x 42% Aécio. / Pezão 45,7% x 38% Crivella.

1. Pela ordem: Dilma x Aécio.  Católicos: 46,7% x 43,8% / Evangélicos: 39,9% x 40,5%.

2. Pela ordem: Pezão x Crivella. Católicos 58,8% x 26,3% /  Evangélicos: 27,2% x 57,7%.

14 de outubro de 2014

2014: POR QUE AS PESQUISAS ERRARAM TANTO? EM DEFESA DO IBOPE E DO DATAFOLHA!

1. Este Ex-Blog, em base a teoria política de pesquisas e opinião pública, vem aqui defender o Ibope e o Datafolha. Vamos usar dois autores. Primeiro, Paul Lazersfeld, o fundador das pesquisas de opinião política na Universidade de Columbia, no final dos anos 20 e início dos anos 30. Os críticos da montagem de um sistema de pesquisas como estava sendo feito, que refletisse a opinião pública, afirmavam que o eleitor, sendo um em milhões, achava que era inútil votar ou opinar. Dessa forma, as amostras usadas nas pesquisas não conseguiriam identificar os vetores de opinião pública.

2. Lazarsfeld trabalhou com o Jogo de Coordenação. Ou seja, as pessoas e seus contatos, em casa, na família, no trabalho, nas ruas, nas escolas, nos clubes, etc., vão trocando opiniões e construindo a ideia que não estão sós, que fazem parte de um grupo de pessoas que pensam como eles e que o alcance de sua intenção de voto é muito maior que sua opinião pessoal. Com isso, a amostragem aparentemente pequena -não apenas pelos fatores censitários gênero, idade, instrução, renda, como de localização…-, impulsionada pelo Jogo de Coordenação, tem um alcance muito maior que os críticos imaginavam. E precisão.

3. Gabriel Tarde, francês, pai da microssociologia, no final do século XIX, em seu clássico “As Leis da Imitação” (não traduzido para o português), dizia que a opinião pública é formada pela troca de opiniões entre as pessoas e outras pessoas cujas opiniões respeitam. A partir daí se formam fluxos de opinamento. Quando as informações difundidas são amplas, como pelos meios de comunicação, aquela troca de opiniões se dá milhares/milhões de vezes. São esses fluxos que formam a opinião pública.

4. Gabriel Tarde fala de três atores nesse processo: os que iniciam processos de opinamento (“loucos”), os que repassam os fluxos de opinamento (“sonâmbulos”) e os que não estão nem aí e não dão importância a esses fluxos e não repassam (“idiotas”). Quanto maior a proporção desses últimos, menor a velocidade na formação de opinião pública e mais difícil identificá-la.

5. Tanto o Jogo de Coordenação quanto as Leis da Imitação explicam que quando certo assunto não desperta interesse nas pessoas, que elas não conversam, não interagem a respeito, e quanto maior a proporção dos que não repassam fluxos de opinamento, maior dificuldade das pesquisas terem precisão na proporção dos vetores de opinião pública.

6. Foi o que ocorreu nesta eleição. As ruas frias, as ruas neutras sem polêmica, a rejeição aos políticos, alta proporção dos que não se interessam pela eleição (vide Ibope também no segundo turno), processo esse intensificado no segundo turno, explicam por que as oscilações das pesquisas tendem a ser, e foram, mais altas. E mais. As pesquisas, durante a campanha, com baixa taxa de interesse, tendem a ter resultados diferentes quando a proximidade da eleição aumenta o interesse, ou mesmo na urna, quando o eleitor está lá e terá que votar.

7. Para os que veem a TV e os programas ou os comerciais eleitorais, ouvem as rádios ou leem os jornais, ou estão nas redes sociais, parece que a campanha eleitoral está quente. Ilusão de ótica, de audição e de leitura. A campanha eleitoral estava, está e estará fria, aumentando consideravelmente os riscos de oscilações. Lembre-se: isso não interfere na margem de erro de uma pesquisa específica divulgada. Mas interfere muito na probabilidade de outra pesquisa na frente dizer coisa muito diferente.

8. Com isso, as séries continuadas de pesquisas que são um elemento corretivo das margens de erro perdem também sua efetividade. Aos que disputam as eleições, nesse sentido, sempre há esperança. Comparando as pesquisas –mesmo as últimas às vésperas das urnas do primeiro turno, com o resultado da eleição presidencial- se poderia exemplificar dizendo que é provável que estados como Rio Grande do Sul, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, sejam exemplos maiores da baixa temperatura eleitoral e dos riscos de oscilação das pesquisas e das urnas em 2014.

13 de outubro de 2014

UM CONSELHO DE ASSESSOR DE CLINTON PARA OS COMERCIAIS E PROGRAMAS DE TV DOS CANDIDATOS!

1. Em 1997, veio ao Brasil o publicitário que fazia o controle de qualidade dos comerciais de Clinton na campanha de 1996. Contratado, reuniu-se em S. Paulo e no Rio com equipes de campanhas eleitorais. Pediu que fossem apresentados a ele vários comerciais de trinta segundos dos candidatos, assim como um ou outro programa eleitoral.

2. Pediu que não colocassem nem legenda nem dublassem. Ele queria analisar apenas as imagens, a técnica e a forma de comunicação usada pelos candidatos, pelos políticos.  E queria fazê-lo apenas na hora das reuniões, sem vê-los antes. Ou seja, queria avaliá-los como o faz a pessoa que vê na TV e de repente aparece um comercial de 30 segundos. Ver programa de minutos seria apenas um suporte, pois nos EUA isso não ocorre nas campanhas.

3. No Rio, analisou os comerciais de três políticos, prováveis candidatos. Cada um deles foi produzido por um publicitário diferente, os três bem cotados no mercado. Viu e reviu três vezes. E viu um programa político de cada. Disse que, no Reino Unido, nas campanhas, também se usa programa de alguns minutos. Em seguida comentou.

4. Comerciais e programas eleitorais não são telejornais. Destes 3 políticos que eu vi agora, apenas um entende de propaganda política pela TV. Os outros dois pensam que são locutores de telejornais. E explicou. O estilo telejornal é quando as imagens dos problemas são apresentadas na TV, seja pobreza, saúde, segurança, educação, emprego, etc. E o candidato comenta no estúdio: Isso é um absurdo; se eleito vou fazer isso e aquilo.

5. Pior, disse, é quando quem comenta no estúdio ou fora da cena apresentada é um locutor ou ator. E concluiu afirmando: o candidato tem que estar na cena, no local do problema e falar de lá. Pode até complementar no estúdio ou com ator.

6. Hoje, os comerciais eleitorais no Brasil proíbem tomada de cenas externas. Com isso, se tirou força dos comerciais. Os candidatos, em estúdio, passam a ser apenas expressões faciais, pois são vistos de relance pelo expectador. Não comunicam conteúdo por mais que leiam seu teleprompter.

7. E os programas 2014, no primeiro turno e agora no início do segundo turno, são telejornais, na avaliação projetada do assessor de Clinton à época. Os problemas mostrados nos locais, ou apresentados em claquete e comentados por atores, são telejornais com locutor novo. E sempre os comentários e promessas dos candidatos são feitos em estúdio. Ou seja, tipo telejornais.

8. Os candidatos nunca estão no local dos problemas. Quando aparecem nas ruas ou auditórios é apenas para mostrar popularidade, com eleitores abraçando e aplaudindo. Segundo o assessor, o efeito disso tudo é não mudar opinião de ninguém, apenas afirmar a opinião já existente.

9. Em tempo 1: os comerciais que o assessor aprovou e elogiou eram de Duda Mendonça. Em tempo 2: em 2006, Alckmin (Geraldo) foi à fronteira do Brasil mostrar que não havia patrulhamento e é por ali que a droga entrava…, à vontade. Teve grande impacto.

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PREFEITURA DO RIO: ALGUMAS RESPOSTAS AOS REQUERIMENTOS DE INFORMAÇÃO!

1. Equipamentos de Fiscalização Eletrônica em operação: 2008: 140 / 2009: 429 / 2010: 461 / 2011: 544 / 2012: 645 / 2013: 780.

2. Número de pensionistas homoafetivos Antes de 2008: 23 / 2008: 17 / 2009: 18 / 2010: 21 / 2011: 14 / 2012: 15 / 2013: 8 / TOTAL: 116.

3. O saldo das aplicações do Funprevi em 31 de dezembro de 2012 era de R$ 1.161.042.854,32 (Em 2008 o saldo era R$ 2.001.969.000,00).

4. O empreendimento Porto Vida (Porto Maravilha) possui 1.333 apartamentos. Nenhuma unidade foi vendida. 169 servidores fizeram reserva de unidade. Por não ser mais um equipamento olímpico, a entrega seguirá conforme definição do empreendedor.

5. Porto Maravilha. Até o presente momento o Fundo concluiu negociação de treze operações, que em sua maioria constituir-se-ão em complexos multiuso que devem abrigar torres de uso comercial, residencial e hoteleiro. Das referidas operações realizadas pelo Fundo, OITO se deram através de PERMUTAS ou participação em sociedades de propósito específico e CINCO através de alienação de CEPACs.

6. O contrato estabelece que os serviços de manutenção e operação da balança das Estações de Transferência-ETRs e do CTR Rio em Seropédica, devem ser de responsabilidade da concessionária. Portando, a Comlurb mantém nas unidades operadas pela concessionária apenas fiscais de pesagens. Estes empregados da Comlurb fiscalizam os serviços realizados pelos balanceiros da concessionária às 24 horas do dia, todos os dias da semana inclusive domingos e feriados.

10 de outubro de 2014

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL: 2010 x 2014 E PRIMEIRAS PESQUISAS DATAFOLHA DO SEGUNDO TURNO!

1. Em 2010, Dilma venceu o primeiro turno da eleição presidencial com 43,1%. Em 2014 caiu para 37,7%, ou menos 5,4 pontos.  Serra, em 2010, no primeiro turno, atingiu 30%. Aécio, agora, no primeiro turno, praticamente os mesmos, com 30,3%. Marina, em 2010, chegou a 18% e agora, em 2014, atingiu quase o mesmo, com 19,3%.  Em 2010, os votos brancos e nulos somaram 8,6%. Em 2014 somaram 10,44%. Abstenção em 2010 foi de 18,12% e em 2014 de 19,39%. Portanto, a única mudança foi a votação porcentual de Dilma/PT, que caiu dos tradicionais 43% no primeiro turno para 37,7%.

2. A primeira pesquisa Datafolha em 2010, no segundo turno, em 08/10, deu Dilma 48% e Serra 41% com 11% de brancos+nulos+não sabe. Agora, na mesma data, em 2014, deu Aécio 46% (um crescimento de 5 pontos sobre Serra) e Dilma 44%, uma queda de 4 pontos sobre Dilma-2010.

3. Aécio cresceu 15,7 pontos sobre o primeiro turno. Dilma cresceu 6,3 pontos. Marina + Outros somaram 21,6%. Desses, uns 70% foram para Aécio e uns 30% para Dilma.

4. Em 2010, Lula atingiu o auge da popularidade e a economia cresceu 7,5%.  Agora, em 2014, Lula é apenas um eleitor de referência e a economia está parada.

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TRANSFERÊNCIAS DE VOTO NO SEGUNDO TURNO DAS ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS NO BRASIL!

Metade dos eleitores inscritos não votou em nenhum dos dois no primeiro turno.

1. As pesquisas eleitorais sobre a eleição presidencial no Brasil começaram a ser divulgadas. Mas devem ser tomadas com prudência neste início de segundo turno. Quando se acompanha as curvas nas séries de pesquisas e se observa tendências ascendentes ou declinantes, deve-se imaginar um processo em que os eleitores estão formando sua opinião e convencendo outros. Por isso as curvas.

2. Na abertura do segundo turno, aquele candidato que tem curva ascendente, tende a ter uma taxa de agregação, inicial, maior que seu adversário, pois o entusiasmo dos que votaram nele no primeiro turno atinge os que votaram em outros ou não escolheram candidato no primeiro turno. Mas ainda não se pode tomar esta decisão dos “outros” eleitores como cristalizada. A campanha eleitoral na TV e no boca a boca que provoca é que vai ajustando ou sedimentando esta reação inicial.

3. A campanha de Aécio Neves levou/leva uma vantagem técnica sobre a de seus adversários e vai manter esta vantagem técnica no segundo turno.  Explica-se. Usou e usa o instituto de pesquisas GPP, que desenvolveu nos últimos anos uma metodologia de amostragem superior aos demais (este Ex-Blog já comentou sobre a prevalência do fator espacial sobre os demais, etc.). Além disso, diversificando a amostra e usando perguntas sinalizadoras e em seguida cruzando-as com as intenções de voto, consegue-se antecipar tendências eleitorais, subsidiando a comunicação do candidato.

4. Numa política inorgânica como a brasileira, é ingenuidade pensar que o apoio de um ou outro candidato que não passou para o segundo turno, em nível nacional ou regional, transfira automaticamente os votos. Na verdade, o que se pode transferir é o voto potencial no candidato que passou para o segundo turno e que estava contido nos candidatos que não passaram para o segundo turno.

5. Isso se poderia saber ainda no primeiro turno com as perguntas e cruzamentos diversos. Sendo assim, na campanha eleitoral no segundo turno (que começou ontem na TV), com essa informação, a comunicação pode atrair e cristalizar os votos potenciais contidos em outras candidaturas, antes que sejam atraídos pela campanha virtual de seu adversário.

6. Não se trata de perguntar em que proporção a votação de Marina será transferida para os demais usando simplesmente as pesquisas que começam a ser divulgadas e que darão esse destaque. Há que se ir mais longe. A própria pergunta ao eleitor, em quem votou no primeiro turno, mostrará respostas que não são iguais aos votos depositados nas urnas. Mas não se trata de explicar aqui.

7. Há que se saber –desde o fim do primeiro turno- que potencial de re-decisão do eleitor que votou Marina ou não votou, tem para ir para um ou outro lado ou nenhum lado. Portanto, o fundamental é a demanda, ou seja, a lógica do eleitor. As declarações de Marina não serão capazes de fazer trocar de lado as razões do eleitor: não há transferência automática. Da mesma forma em relação aos 35% de eleitores que se abstiveram ou anularam o voto. Pode ter sido uma decisão ativa, ou apenas uma espera para decidir no segundo turno, quando se sentir mais empoderado.

8. Conhecidas as razões potenciais do eleitor –espaciais, valorativas, programáticas, temáticas, emocionais- que combinam com a desse ou daquele candidato/a, a comunicação fala para o eleitor certo e produz imediata sinergia.  Mas se as fotos e declarações bastarem aos candidatos e se deitarem em berço esplêndido, verão com surpresa que o eleitor não foi junto quando o trem passou.

9. Quem tiver essas informações, vence a eleição. Se –se- a equipe de Aécio analisou em profundidade as pesquisas do GPP, no primeiro turno, partirá com vantagem até se tornar favorito. Se…

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ELEIÇÕES NA AMÉRICA DO SUL EM OUTUBRO!

1. Neste domingo, 12/10, haverá eleição presidencial na Bolívia. O presidente Evo Morales é franco favorito para vencer no primeiro turno. As pesquisas indicam que terá um pouco menos de 60% dos votos. A oposição pulverizada tem como adversário com maior porcentagem de intenções de voto o empresário Samuel Doria Medina, que está no entorno dos 15%.

2. No domingo, 26/10, haverá eleição presidencial no Uruguai. Dessa vez a probabilidade de haver segundo turno é muito alta. O ex-presidente Tabaré Vázquez, da Frente Ampla –esquerda- que governa o país há 4 governos, lidera as pesquisas com 40%, ou muito pouco mais. Seu principal adversário é Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional e jovem estrela emergente da politica uruguaia, neto de ex-presidente, que tem um pouco mais que 30%. O Partido Colorado segue com uns 15%. Os demais candidatos somam 5%. Não há favorito para o segundo turno.

3. Dia 26/10 também haverá segundo turno no Brasil. Líderes latino-americanos reclamam muito da ausência da política internacional no debate eleitoral brasileiro.

09 de outubro de 2014

EX-BLOG ENTREVISTA CESAR MAIA SOBRE A ELEIÇÃO PARA O SENADO!

1.  Ex-Blog: O resultado da eleição para o Senado o surpreendeu? Cesar Maia: Sim e não. Explico. Surpreendeu até o final de agosto, já com 15 dias corridos de TV. E não surpreendeu a partir daí, embora eu mantivesse a campanha aquecida até o dia da eleição. / Ex-Blog: Pode explicar melhor? / CM: O corpo a corpo que fiz com milhares de pessoas foram me explicando.  Os 20% com que abri e fechei a campanha eleitoral, eu sentia nas ruas, com o entusiasmo dos que me abraçavam e cumprimentavam. Mas não conseguia ver os eleitores dos adversários nas ruas se manifestando. Achei estranho.

2. Ex-Blog: E quando a ficha caiu?/ CM: Estava numa grande reunião na Região Serrana quando, ao final, a Sra. Procuradora de um dos Municípios se aproximou e disse que com os discursos havia mudado seu voto de Romário para mim. Eu disse a ela que minha condição básica era de professor e pesquisador e gostaria de saber por que ela, com a formação que tinha, estava escolhendo Romário. A resposta veio em cima: Queria protestar contra este Senado de Sarney e Renan.

3. Ex-Blog: Explique mais. / CM: O voto anterior dela era de protesto contra a política e os políticos, aliás, como é o sentimento da maioria dos eleitores impulsionados pelas manifestações de 2013. Portanto, não se tratava de escolher entre um e outro, mas de ir contra a política. E quem expressava melhor isso seria o Romário, por seu perfil e estilo. Nas ruas fui testando isso e comprovando. Meu programa na TV explorava a comparação entre dois futuros senadores e as funções do Senado. Mas a disjuntiva não era essa.

4. Ex-Blog: E qual era? / CM: Eu era entre um candidato orgânico a senador e o outro expressava a antipolítica, tão comum hoje na América Latina. O voto de protesto não descola para outro candidato com argumentos racionais. A opção seria mudar o eixo da campanha e incorporar também um candidato de protesto usando a TV para isso.

5.  Ex-Blog: E por que não fez isso? / CM: A política não termina em uma eleição. Aprendi com Jacques Seguelá –publicitário de Mitterand- que quando um político pensa ser ator e muda de personagem, não provoca mais emoções. Preferi continuar com a mesma imagem. Afinal, os 20% que tive desde o início, desde antes da TV, desde que foi decidida minha eleição ao Senado, falam para uma parte expressiva e orgânica do eleitorado. Afinal, o voto de protesto se dilui com o tempo.

6. Ex-Blog: Nesta eleição, que outros exemplos daria de eleitos pela antipolítica ou pelo voto de protesto? CM: Independente de referências pessoais distintas –os casos de S.Paulo –aqui ao lado- são evidentes: primeiro Enéas e depois Tiririca e agora Tiririca novamente. No caso Enéas, uma importante agência de publicidade, após a eleição, realizou ampla pesquisa quali-quanti e qualitativa para entender a origem do voto de Enéas, já que, na TV, Enéas apontava para um nacionalismo extravagante que a história aponta riscos. Mas não tinha nada a ver com conteúdo. Enéas era um voto de protesto. Com sua morte, aqueles mais de 1 milhão de eleitores iriam depois na direção do mesmo tipo de voto. Tiririca, com imagem muito diferente, expressou as mesmas razões de voto em duas eleições seguidas, com passagem apagada na Câmara.

7. Ex-Blog: E como você sai dessa eleição? / CM: Saio como entrei. Agradeço a Sra. Procuradora ter iluminado as razões do voto que fui comprovando depois. Com isso, mantive a campanha aquecida nas ações e tranquila psicologicamente.  E coerente com minha vida pública.

8. Ex-Blog: Você tentou alternativas? / CM: Certamente. Diria que em três caminhos buscava reduzir a diferença.  Primeiro a colagem com o governador; segundo, as clássicas “colinhas” de fim de campanha; e terceiro a comparação para públicos determinados e organizados, de fatores comportamentais e valores.  Fiz tudo isso intensamente, nos auditórios, nas ruas, na TV e nas residências. E nada aconteceu ou acontecia. O voto contra algo e não a favor de candidato, não descola numa eleição. Só com o tempo.

9. Ex-Blog: Se você terminou como começou e nada abalou esse patamar, o que diria a seus eleitores? Você diria que esses 1,5 milhão de eleitores são seus, já que não se abalaram do início ao fim? / CM: Não teria esta pretensão. Afinal, a política é dinâmica. Mas os três meses de campanha só afirmaram o que sou e o que penso. E para repetir um pensamento dos políticos e olhando para frente: O Tempo é o Senhor da Razão.

10. Ex-Blog: Você checou essa sua conclusão nas pesquisas do GPP que você usa?  / CM: Certamente. Sempre incluía uma pergunta: Quem é o mais preparado para ser senador? Dava: Cesar Maia no entorno de 50% e Romário no entorno de 30%. Mas a pergunta em quem votaria dava o resultado que o Ibope, Datafolha e não só o GPP divulgavam. Foram várias vezes. Ficou provado para mim que o voto era de protesto e não para um Senador.

Cesar Maia fala sobre a eleição para o Senado

Ex-Blog: O resultado da eleição para o Senado o surpreendeu?
Cesar Maia: Sim e não. Explico. Surpreendeu até o final de agosto, já com 15 dias corridos de TV. E não surpreendeu a partir daí, embora eu mantivesse a campanha aquecida até o dia da eleição.

Ex-Blog: Pode explicar melhor?
CM: O corpo a corpo que fiz com milhares de pessoas foram me explicando. Os 20% com que abri e fechei a campanha eleitoral, eu sentia nas ruas, com o entusiasmo dos que me abraçavam e cumprimentavam. Mas não conseguia ver os eleitores dos adversários nas ruas se manifestando. Achei estranho.

Ex-Blog: E quando a ficha caiu?
CM: Estava numa grande reunião na Região Serrana quando, ao final, a Sra. Procuradora de um dos Municípios se aproximou e disse que com os discursos havia mudado seu voto de Romário para mim. Eu disse a ela que minha condição básica era de professor e pesquisador e gostaria de saber por que ela, com a formação que tinha, estava escolhendo Romário. A resposta veio em cima: Queria protestar contra este Senado de Sarney e Renan.

Ex-Blog: Explique mais.
CM: O voto anterior dela era de protesto contra a política e os políticos, aliás, como é o sentimento da maioria dos eleitores impulsionados pelas manifestações de 2013. Portanto, não se tratava de escolher entre um e outro, mas de ir contra a política. E quem expressava melhor isso seria o Romário, por seu perfil e estilo. Nas ruas fui testando isso e comprovando. Meu programa na TV explorava a comparação entre dois futuros senadores e as funções do Senado. Mas a disjuntiva não era essa.

Ex-Blog: E qual era?
CM: Eu era entre um candidato orgânico a senador e o outro expressava a antipolítica, tão comum hoje na América Latina. O voto de protesto não descola para outro candidato com argumentos racionais. A opção seria mudar o eixo da campanha e incorporar também um candidato de protesto usando a TV para isso.

Ex-Blog: E por que não fez isso?
CM: A política não termina em uma eleição. Aprendi com Jacques Seguelá –publicitário de Mitterand- que quando um político pensa ser ator e muda de personagem, não provoca mais emoções. Preferi continuar com a mesma imagem. Afinal, os 20% que tive desde o início, desde antes da TV, desde que foi decidida minha eleição ao Senado, falam para uma parte expressiva e orgânica do eleitorado. Afinal, o voto de protesto se dilui com o tempo.

Ex-Blog: Nesta eleição, que outros exemplos daria de eleitos pela antipolítica ou pelo voto de protesto?
CM: Independente de referências pessoais distintas –os casos de S.Paulo –aqui ao lado- são evidentes: primeiro Enéas e depois Tiririca e agora Tiririca novamente. No caso Enéas, uma importante agência de publicidade, após a eleição, realizou ampla pesquisa quali-quanti e qualitativa para entender a origem do voto de Enéas, já que, na TV, Enéas apontava para um nacionalismo extravagante que a história aponta riscos. Mas não tinha nada a ver com conteúdo. Enéas era um voto de protesto. Com sua morte, aqueles mais de 1 milhão de eleitores iriam depois na direção do mesmo tipo de voto. Tiririca, com imagem muito diferente, expressou as mesmas razões de voto em duas eleições seguidas, com passagem apagada na Câmara.

Ex-Blog: E como você sai dessa eleição?
CM: Saio como entrei. Agradeço a Sra. Procuradora ter iluminado as razões do voto que fui comprovando depois. Com isso, mantive a campanha aquecida nas ações e tranquila psicologicamente. E coerente com minha vida pública.

Ex-Blog: Você tentou alternativas?
CM: Certamente. Diria que em três caminhos buscava reduzir a diferença. Primeiro a colagem com o governador; segundo, as clássicas “colinhas” de fim de campanha; e terceiro a comparação para públicos determinados e organizados, de fatores comportamentais e valores. Fiz tudo isso intensamente, nos auditórios, nas ruas, na TV e nas residências. E nada aconteceu ou acontecia. O voto contra algo e não a favor de candidato, não descola numa eleição. Só com o tempo.

Ex-Blog: Se você terminou como começou e nada abalou esse patamar, o que diria a seus eleitores? Você diria que esses 1,5 milhão de eleitores são seus, já que não se abalaram do início ao fim?
CM: Não teria esta pretensão. Afinal, a política é dinâmica. Mas os três meses de campanha só afirmaram o que sou e o que penso. E para repetir um pensamento dos políticos e olhando para frente: O Tempo é o Senhor da Razão.

Ex-Blog: Você checou essa sua conclusão nas pesquisas do GPP que você usa?
CM: Certamente. Sempre incluía uma pergunta: Quem é o mais preparado para ser senador? Dava: Cesar Maia no entorno de 50% e Romário no entorno de 30%. Mas a pergunta em quem votaria dava o resultado que o Ibope, Datafolha e não só o GPP divulgavam. Foram várias vezes. Ficou provado para mim que o voto era de protesto e não para um Senador.

08 de outubro de 2014

MARINA: UM ERRO CRUCIAL DA CAMPANHA DE DILMA!

1. A entrada de Marina na campanha e sua presença inicial –explosiva- nas primeiras pesquisas levaram a campanha de Dilma (Santana?) a uma decisão açodada. Imaginando que o apoio a Marina no segundo turno pelo PSDB seria automático e não necessariamente o contrário, “Dilma” iniciou um bombardeio –aberto e fechado- a Marina.

2. Deixaram de lado a Teoria da Ballotage –das eleições em dois turnos que este Ex-Blog já apresentou algumas vezes. Esta ensina que nesse caso se deve escolher o adversário a ser atacado e poupar o outro ou outros, de forma a construir apoios naturais no segundo turno. “Dilma” atacou os dois.

3. Atacar ou não atacar Aécio não mudaria a posição do PSDB num eventual segundo turno entre Dilma e Marina. Dessa forma, “Dilma” construiu um cenário para o segundo turno com a aliança entre Marina e Aécio, fosse qual fosse o resultado do primeiro turno. E mais ainda: ajudou muito a tirar Marina do segundo turno. Ou seja: perdeu o apoio ou a neutralidade de Marina no segundo turno.

4. E provavelmente não contava que a dosagem usada estava sendo desproporcional. Dessa forma, a queda de Marina correspondeu um crescimento de Aécio que, em função da dosagem usada por “Dilma”, foi geométrico. Aécio, que no auge do efeito Marina chegou a 15% das intenções de voto, dobrou, chegando a 29% na urna, incluindo brancos e nulos.

5. Dilma, que havia se estabilizado em 40% das intenções de voto, fechou nas urnas com 37%, incluindo brancos e nulos. Ou seja: perdeu também com a tática que usou, talvez passando a imagem de autoritária, ao atacar outra mulher.

6. Resta agora saber se a transferência de intenções de voto de Marina para Aécio foi apenas parcial, ou seja, alcançou principalmente os que oscilavam entre Marina e Aécio e os que haviam migrado de Aécio. Ou o que ficou com Marina ainda alcança principalmente os que estavam indecisos entre Aécio e Marina.

7. As pesquisas que serão divulgadas esta semana farão esses cruzamentos entre Dilma x Aécio e em quem votaram no primeiro turno. Mas há que se ter cuidado, pois em geral essas pesquisas sobre em quem votaram no primeiro turno produzem alguma distorção de arrependimento do eleitor e dificuldades da própria amostragem e, por isso, devem ter outras perguntas para garantir os cruzamentos. Provavelmente Aécio terá mais do que teve e Marina menos do que teve.

8. Ideal seriam os institutos abrirem –mesmo que internamente- a pesquisa de boca de urna por gênero, instrução, renda, faixa etária, religião, região…, de forma a as equipes poderem avaliar os potenciais de migração. Nesse sentido –mesmo que de forma a sinalizar ao eleitor evangélico- que em geral migrou do Pastor Everaldo para Marina, Dilma e Aécio deveriam contatá-lo à luz dos refletores. Um gesto que pode valer milhões de votos na definição dos eleitores que votaram Marina no primeiro turno.

07 de outubro de 2014

ASPECTOS POLÍTICOS DAS ELEIÇÕES DE 2014 NO RIO!

1. Dois fatos confrontaram ideologicamente os candidatos a deputado federal: a questão dos valores cristãos da família e da vida, e a comissão da verdade nos 50 anos do golpe de 1964.  Venceu amplamente a visão conservadora. Jair Bolsonaro obteve 464.572 votos; Clarissa Garotinho obteve 335.061 votos e Eduardo Cunha, que diariamente publicou com grande destaque nos jornais suas posições sobre valores e que obteve 232.708 votos. Num total de 1.032.341 votos. Do outro lado, Chico Alencar obteve 195.964, Jean Willys 144.770 votos e Jandira Feghali 68.531 votos, num total de 409.265 votos, ou apenas 40% dos votos dos três candidatos de valores conservadores mais votados.  Vale lembrar que, em S. Paulo, o Pastor Marcos Feliciano obteve agora 398.087 votos.

2. Na eleição presidencial, a soma da abstenção com votos brancos+nulos alcançou 29% em todo o Brasil. No Rio, a soma de abstenção+brancos+nulos foi de 34% para presidente, 37,6% para governador, 40,1% para deputado federal, 40% para deputado estadual e 45% para senador.

3. Deputados Federais de longa tradição não se elegeram, como Jorge Bittar e Edson Santos do PT e –por herança- Brizola Neto do PDT. O Partido Verde, de igual e longa tradição e até aqui uma grife no Rio, não elegeu nem um deputado federal e nem um deputado estadual.  Graças a Marina Silva, a legenda mais votada para deputado federal foi a do PSB, com 120.686 votos.

4. O voto de protesto se repetiu este ano em S. Paulo com Tiririca, que obteve 1.016.796. Este ano chegou ao Rio, com Romário para senador, com 4.683.963 votos.

5. Dos 46 deputados federais eleitos apenas 6 são mulheres.

6. A maior expectativa frustrada foram os 87.003 votos de Alessandro Molon. Em 2010 havia obtido 129.515. Apesar da grande cobertura que teve seu trabalho no “marco civil da internet”, e da expectativa –ainda não descartada- que ascenderia em 2016 como candidato a prefeito da Capital, Molon viu sua votação cair 32,8%, talvez pelo efeito PT.

7. A eleição de 2014 no Rio abriu o leque de pré-candidatos a prefeito da Capital em 2016. Começando com Romário e seguindo com Marcelo Freixo, Clarissa Garotinho, Alessandro Molon, Leonardo Picciani, Pedro Paulo, Índio da Costa…, Bolsonaro tem dito que não pretende concorrer a prefeito da Capital. Lindbergh saiu muito agastado com o PT, que atribui a ele o fracasso eleitoral. PSDB e DEM, que tiveram candidatos em 2010, ainda não sinalizaram qualquer pretensão em 2016. De qualquer forma, é uma eleição que tende a ser pulverizada, ao contrário de 2012, na reeleição do prefeito Paes.

Respostas da Prefeitura do Rio aos requerimentos de informação

1. Equipamentos de Fiscalização Eletrônica em operação: 2008: 140 / 2009: 429 / 2010: 461 / 2011: 544 / 2012: 645 / 2013: 780.

2. Número de pensionistas homoafetivos Antes de 2008: 23 / 2008: 17 / 2009: 18 / 2010: 21 / 2011: 14 / 2012: 15 / 2013: 8 / TOTAL: 116.

3. O saldo das aplicações do Funprevi em 31 de dezembro de 2012 era de R$ 1.161.042.854,32 (Em 2008 o saldo era R$ 2.001.969.000,00).

4. O empreendimento Porto Vida (Porto Maravilha) possui 1.333 apartamentos. Nenhuma unidade foi vendida. 169 servidores fizeram reserva de unidade. Por não ser mais um equipamento olímpico, a entrega seguirá conforme definição do empreendedor.

5. Porto Maravilha. Até o presente momento o Fundo concluiu negociação de treze operações, que em sua maioria constituir-se-ão em complexos multiuso que devem abrigar torres de uso comercial, residencial e hoteleiro. Das referidas operações realizadas pelo Fundo, OITO se deram através de PERMUTAS ou participação em sociedades de propósito específico e CINCO através de alienação de CEPACs.

6. O contrato estabelece que os serviços de manutenção e operação da balança das Estações de Transferência-ETRs e do CTR Rio em Seropédica, devem ser de responsabilidade da concessionária. Portando, a Comlurb mantém nas unidades operadas pela concessionária apenas fiscais de pesagens. Estes empregados da Comlurb fiscalizam os serviços realizados pelos balanceiros da concessionária às 24 horas do dia, todos os dias da semana inclusive domingos e feriados.

Cesar Maia comenta as Eleições-2014 no RJ

1. Dois fatos confrontaram ideologicamente os candidatos a deputado federal: a questão dos valores cristãos da família e da vida, e a comissão da verdade nos 50 anos do golpe de 1964.  Venceu amplamente a visão conservadora. Jair Bolsonaro obteve 464.572 votos; Clarissa Garotinho obteve 335.061 votos e Eduardo Cunha, que diariamente publicou com grande destaque nos jornais suas posições sobre valores e que obteve 232.708 votos. Num total de 1.032.341 votos. Do outro lado, Chico Alencar obteve 195.964, Jean Willys 144.770 votos e Jandira Feghali 68.531 votos, num total de 409.265 votos, ou apenas 40% dos votos dos três candidatos de valores conservadores mais votados.  Vale lembrar que, em S. Paulo, o Pastor Marcos Feliciano obteve agora 398.087 votos.

2. Na eleição presidencial, a soma da abstenção com votos brancos+nulos alcançou 29% em todo o Brasil. No Rio, a soma de abstenção+brancos+nulos foi de 34% para presidente, 37,6% para governador, 40,1% para deputado federal, 40% para deputado estadual e 45% para senador.

3. Deputados Federais de longa tradição não se elegeram, como Jorge Bittar e Edson Santos do PT e –por herança- Brizola Neto do PDT. O Partido Verde, de igual e longa tradição e até aqui uma grife no Rio, não elegeu nem um deputado federal e nem um deputado estadual.  Graças a Marina Silva, a legenda mais votada para deputado federal foi a do PSB, com 120.686 votos.

4. O voto de protesto se repetiu este ano em S. Paulo com Tiririca, que obteve 1.016.796. Este ano chegou ao Rio, com Romário para senador, com 4.683.963 votos.

5. Dos 46 deputados federais eleitos apenas 6 são mulheres.

6. A maior expectativa frustrada foram os 87.003 votos de Alessandro Molon. Em 2010 havia obtido 129.515. Apesar da grande cobertura que teve seu trabalho no “marco civil da internet”, e da expectativa –ainda não descartada- que ascenderia em 2016 como candidato a prefeito da Capital, Molon viu sua votação cair 32,8%, talvez pelo efeito PT.

7. A eleição de 2014 no Rio abriu o leque de pré-candidatos a prefeito da Capital em 2016. Começando com Romário e seguindo com Marcelo Freixo, Clarissa Garotinho, Alessandro Molon, Leonardo Picciani, Pedro Paulo, Índio da Costa…, Bolsonaro tem dito que não pretende concorrer a prefeito da Capital. Lindbergh saiu muito agastado com o PT, que atribui a ele o fracasso eleitoral. PSDB e DEM, que tiveram candidatos em 2010, ainda não sinalizaram qualquer pretensão em 2016. De qualquer forma, é uma eleição que tende a ser pulverizada, ao contrário de 2012, na reeleição do prefeito Paes.

06 de outubro de 2014

AS PESQUISAS, OS RESULTADOS ELEITORAIS E O SEGUNDO TURNO!

1. A abstenção no Rio alcançou 20% dos eleitores inscritos para votar. Os que votaram em branco ou anularam seus votos somaram quase 15%. Ao todo uns 35%. Um dado recorde para o Rio desde a introdução da urna eletrônica. Esse número retrata o desinteresse por essas eleições que foi em geral no Brasil.

2. Isso explica as flutuações e os desvios das pesquisas, especialmente na reta final. Exemplos estão aí, como a subida exponencial de Sartori do PMDB no Rio Grande do Sul, a diferença de Garotinho no Rio entre os 28% apontados pelo Ibope e os 19% que conquistou, a subida também exponencial de Rui do PT na Bahia e por aí vai.

3. Tomemos as séries das 8 últimas pesquisas para presidente do Datafolha e do Ibope incluindo brancos e nulos. De um lado Dilma atravessou as 4 primeiras pesquisas do Datafolha com um nível de 36% das intenções de voto. De outro lado a soma de Aécio + Marina nessas 4 primeiras pesquisas alcançou a média de 48%. No Ibope, da mesma forma, Dilma teve a média de 36% e Aécio+Marina dos mesmos 48% do Datafolha.

4. Mas nas últimas 4 pesquisas Dilma avançou: 40% no Datafolha e praticamente os mesmos 40% no Ibope.  A soma Aécio+Marina caiu para 45% no Datafolha e praticamente isso no Ibope. Na pesquisa de boca de urna (a nona) sobre os votos dos que compareceram, Dilma obteve 40%, o mesmo das últimas 4 pesquisas e a soma Aécio+Marina 47%, subindo 2 pontos e também voltando ao mesmo das 4 primeiras pesquisas.

5. Mas nas urnas o resultado foi diferente. Dilma chegou a 37% sobre os votos dos que compareceram, caindo 3 pontos em relação às ultimas 4 pesquisas e voltando ao patamar das primeiras 4. Mas a soma Aécio+Marina cresceu 4 pontos para 49% sobre as últimas quatro pesquisas, mas voltando quase ao nível das 4 primeiras pesquisas.

6. Duas mudanças ocorreram: perda de Dilma para Aécio+Marina de 3 pontos. E perda de Marina para Aécio. Nas últimas pesquisas ocorreu um empate entre os dois: digamos 50% x 50%. Mas, na urna, Aécio obteve 60% dos votos da soma com Marina. Portanto, dois efeitos pró-Aécio: troca com Dilma e troca com Marina.

7. Dessa forma e comparando com o que Aécio tinha antes da morte de Eduardo Campos, ele passou de uns 22% para 30%. E comparando com o que Aécio tinha depois da morte de Eduardo Campos, ele passou de uns 18% para 30%. Dilma voltou ao patamar que sempre teve antes dos últimos 10 dias de campanha, ou uns 37%.

8. O crescimento de Aécio ocorreu principalmente no Sudeste: em SP cresceu uns 25 pontos em uma semana e no Rio cresceu uns 14%. Isso explica 7 pontos de crescimento de Aécio, ou 90% do crescimento que teve após o empate com Marina.

9. Dilma continua pisando solo firme nas suas duas fortalezas: Nordeste e entre os de Menor Renda. Entra no segundo turno com uma diferença de uns 7 pontos. Aécio terá dificuldades em entrar nestas duas fortalezas, mas poderá compensar continuando a crescer no Sudeste e no Sul e reduzindo a abstenção+branco+nulo que são um potencial de crescimento por sua postura crítica em relação ao governo de Dilma e vencer por aí.

* * *

2010 X 2014! AÉCIO REPETE SERRA! MARINA REPETE MARINA! DILMA CAI!

Usando como referência os Votos Válidos, Aécio que obteve 34%; repetiu Serra em 2010, que chegou a 33%. Marina subiu um pouco: 21% contra 19% em 2010. Mas Dilma caiu forte. Em 2010 chegou a 47% dos votos válidos e agora 42%.

21 de julho de 2014

PESQUISA PRESIDENCIAL: DILMA DERRETE, MAS INTENÇÃO DE VOTO AINDA NÃO MUDA!

1. Curiosa situação das pesquisas presidenciais, das quais o último Datafolha é um exemplo. A intenção de voto para presidente da república, no primeiro turno, está basicamente estática há uns 3 meses, com Dilma um pouco acima dos 30%, Aécio nos 20%, Campos nos 10% e os demais somados um pouco abaixo dos 10%. Mas a intenção de voto  no segundo turno é diferente e aproxima tanto Aécio quanto Campos de Dilma. Por quê?

2. A avaliação de Dilma segue uma curva sistematicamente declinante, degrau a degrau. Neste momento, em nível nacional, aqueles que marcam para Dilma –ótimo+bom- se igualam àqueles que marcam ruim+péssimo, no entorno dos 30%. É assim no resultado nacional global.

3. Mas quando se entra nas avaliações regionais e estaduais, excluindo quase que apenas o Nordeste e ainda e alguma coisa o Norte, a avaliação de Dilma despenca verticalmente. Em alguns casos –como no Rio de Janeiro- Dilma mantém sua intenção de voto no primeiro turno, mas sua avaliação despenca e se torna negativa.

4. Em S. Paulo há algum paralelismo entre intenção de voto e avaliação. A intenção de voto equilibra Dilma e Aécio em torno de 25%, mas a avaliação de Dilma a lança num precipício de impossível reversão.

5. Como se interpretar este quadro: estável no primeiro turno, com empate ou quase no segundo turno e queda sustentável na avaliação? A resposta é simples. A rejeição a Dilma indica que nas pesquisas de segundo turno –com apenas dois nomes- a rejeição a ela caminha em direção a qualquer nome que a enfrente num segundo turno. É como se o segundo turno fosse –a favor x contra- Dilma.

6. A intenção de voto estável no primeiro turno nos informa que as candidaturas de oposição ainda não transformaram o NÃO a Dilma, num SIM enfático a cada uma dessas outras duas candidaturas. Quando, ao lado da rejeição a Dilma, surgir a identificação de seu opositor –hoje Aécio- como a alternativa, a rejeição a Dilma e a intenção de voto produzirão tal sinergia que as extrapolações poderão apontar até uma inversão do resultado no primeiro turno.

7. Essa é a tendência. Mas vêm os programas eleitorais, a ficção política na TV e o populismo eletrônico. Ao lado disso, o abuso da máquina pública e da publicidade das estatais. Estas podem continuar durante o processo eleitoral sob alegação que estão em mercado, competindo. Mas não é o conteúdo que importa e sim a distribuição de recursos na busca da “boa vontade” de uma parte da mídia espontânea. O que prevalecerá? Hoje tudo leva a crer que a ‘tendência’ terá mais força que a máquina e a TV eleitoral.

* * *

RADICAIS NO IRAQUE VOLTANDO À IDADE MÉDIA: CONVERSÃO OU EXECUÇÃO! 

1. O grupo extremista Estado Islâmico deu na passada quinta-feira um prazo para que os cristãos de Mossul tomassem a sua decisão. Até o fim de semana, teriam de escolher entre a conversão ao Islão – aceitando as normas impostas pelo grupo – pagar um imposto ou sujeitarem-se à execução. A maior parte dos 25 mil cristãos residentes em Mossul já abandonou as suas casas.

2. O êxodo da cidade foi motivado pelo medo e os cristãos têm procurado refúgio no norte do país, em regiões autônomas do Iraque controladas pelas forças curdas. Embora os jihadistas tenham tomado a cidade há mais de um mês – Mossul é controlada pelo grupo Estado Islâmico e por outras forças sunitas desde 10 de junho -, a situação dos cristãos agravou-se apenas nos últimos dias. Além das mensagens divulgadas através dos altifalantes da cidade na quinta-feira, também foram distribuídos folhetos com as condições impostas aos residentes.

3. Em 2003 os cristãos, de todos os tipos, que moravam no Iraque somavam 1 milhão. O último levantamento chegou a 400 mil. Neste momento, o número deve ser ainda menor.