16 de março de 2016

“EFEITO ANTÁRTIDA” NA POLÍTICA BRASILEIRA! “VALOR PRESENTE” NA POLÍTICA BRASILEIRA!

1. Em 1990, o senador Fernando Henrique Cardoso e o deputado Cesar Maia visitaram a Estação do Brasil na Antártida a convite da Marinha. As pesquisas em realização em convênio com a USP eram basicamente sobre o clima. Já na última conexão, em Punta Arenas, aguardaram o tempo permitir pousar na Antártida. Foram informados que se a mudança de tempo no Brasil podia ocorrer em 3 dias, na Antártida podia ocorrer em meia hora.

2. Uma vez na Estação brasileira na Antártida, os técnicos informaram que uma das bases da pesquisa era a previsão do tempo no Brasil desde ali. Os movimentos no clima local permitiam projetar o que aconteceria com o tempo no Brasil depois. Ou seja, as condições da Antártida antecipam o tempo dias depois no Brasil.

3. Fatores básicos da Matemática Financeira são o Valor Presente, Valores do Fluxo e Valor Futuro, em base a uma previsão de custos/juros/porcentagens. Se o retorno de uma decisão –por exemplo- de investimento fica muito abaixo de outras alternativas, essa decisão tem um Valor Presente muito menor do que teria se a decisão e a alternativa tivessem sido outras.

4. Na Política –tanto a lógica do tempo na Antártida como a do Valor Presente- que em geral são avaliadas depois dos fatos ocorrerem (um governo por exemplo), em momentos de crise, exigem um esforço intelectual, analisando a política como jogo estratégico. No caso da Política num país em crise, reforçar essa crise com uma decisão equivocada ou aleatória é aprofundar a crise a um nível cuja recuperação vai durar muitos anos. E milhões de pessoas vão pagar com sofrimento.

5. Seria, por exemplo, uma catástrofe climática previsível mas não antecipada. Seria um enorme prejuízo de uma decisão equivocada que levaria uma empresa a bancarrota. O Brasil vive esse momento. A insistência de Dilma e seu entorno de continuar governando, a decisão de Lula vir para dentro do governo, nomeado ou não (não para melhorar o governo mas para evitar o impeachment), trazendo as ideias de um recente documento do PT/CUT em relação a medidas que contrariam tudo que o próprio governo tem defendido, é a certeza de uma catástrofe.

6. Muitos têm seu patrimônio garantido e defendido aqui ou alhures – legalmente ou não. Estão protegidos da catástrofe climática não antecipada pelo governo, ou pelo valor presente negativo de suas decisões. Têm alternativas fora do Brasil garantidas. Mas essa não é a situação de 95% dos brasileiros.

7. Dilma e Lula já representam a certeza da catástrofe, do desemprego, da falência que se pode ver na Antártida e se pode projetar no Valor Presente de um futuro de desastre econômico social que os últimos meses já garantem. O impeachment desde a Antártida ou no cálculo do Valor Presente evitaria isso.

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USO DE RESERVAS INTERNACIONAIS É PROBLEMÁTICO! US$ 372,4 BILHÕES ATÉ DIA 14/03!

(Folha de SP, 16) 1. A ideia de usar reservas para atenuar a crise, via redução da dívida pública ou estímulo ao investimento, levou membros da equipe econômica do governo a estudar a viabilidade da operação. A conclusão da análise, segundo a Folha apurou, é que seria praticamente impossível fazer isso sem causar mais danos à credibilidade do governo e à própria economia. A opção de usar reservas para incentivar investimentos é considerada tecnicamente muito difícil. O caminho seria primeiro vender títulos que compõem as reservas (como papeis do Tesouro americano) por dólares e transferi-los para o país.

2. A dúvida é sobre o passo seguinte: como fazer esse dinheiro chegar ao setor privado? A legislação veda que o BC transfira recursos para o Tesouro Nacional, que poderia, por exemplo, usá-los para fazer um aporte ao BNDES. Teria de ser criada uma alternativa pela qual o BC conseguisse passá-los diretamente para outra instituição, como um banco público que pudesse usá-los em crédito. Segundo um assessor da área econômica, isso demandaria uma “longa caminhada jurídica”, caso contrário, seria considerado pedalada.

3. Outra opção ventilada seria usar as reservas para reduzir a parcela da dívida do BC com o mercado financeiro, conhecida como operações compromissadas. Trata-se de transações usadas pela autoridade monetária para regular a quantidade de moeda em circulação na economia e a taxa de juros. O BC faz isso vendendo ou comprando dinheiro em troca de títulos com uma data futura estabelecida para a recompra ou a revenda dos mesmos. Com isso, garante que os juros não ficarão muito abaixo nem muito acima da taxa básica oficial (a Selic).

4. Houve uma explosão da dívida em compromissadas nos últimos anos. Ela soma, hoje, R$ 1,027 trilhão, o equivalente a 26% da dívida bruta total do governo geral.  A autoridade monetária poderia usar parte das reservas para pagar os detentores das compromissadas, resgatando esses títulos e reduzindo a dívida pública. O problema é que, para obter um abatimento significativo no curto prazo, um volume alto de reservas precisaria ser usado, possivelmente distorcendo muito a taxa de juros, referencial importante para a economia. Outra opção seria o BC utilizar esses recursos para recomprar contratos similares à venda de dólares no mercado futuro (swaps cambiais), cujo estoque supera US$ 100 bilhões e entram no cálculo da dívida bruta.

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FRASES: O ESTILO DE LULA!

(Ruy Castro – Folha de S. Paulo, 16) Lula transferiu a Presidência para o mictório do botequim. Em 2004, ao ouvir de um assessor que a Constituição o proibia de expulsar um jornalista estrangeiro, ejaculou, “Foda-se a Constituição!”. Está “de saco cheio” quanto a perguntas sobre “a porra” do seu tríplex que não é dele. A história do pedalinho é uma “sacanagem homérica”. “Ninguém nasce com ‘Eu sou um filho-da-puta’ carimbado na testa”. E eles que “enfiem no cu tudo o processo”. O estilo é o homem. Perdão, leitores.

15 de março de 2016

QUEM GANHOU E QUEM PERDEU COM AS MANIFESTAÇÕES DE DOMINGO (13)! DIA 18: MEIO EXPEDIENTE?!

1. Entre os candidatos a Presidente da República, ganhou Marina Silva, que ficou na sombra e não se expôs imprudentemente como Aécio e Alckmin. O NÃO é a palavra de ordem das massas quando protestam. Nelson Rodrigues dizia que no Maracanã cheio se vaia até minuto de silêncio. Lula –no auge da popularidade- levou 5 vaias na abertura dos Jogos Pan-americanos de 2007 no Maracanã.

2. Candidatos a prefeito que se expuseram também foram vaiados, como Marta Suplicy em S. Paulo e Indio da Costa no Rio. Freixo ficou na sombra.

3. Quem perdeu? Claro, perdeu Dilma. Mas com uma novidade. A decisão do STF de que a votação do impeachment teria que ser com voto aberto, o que interessava a Dilma, agora passou a interessar aos que defendem o impeachment. Que parlamentar vai cravar o nome no painel contra o impeachment ou se ausentar? A emenda Dante de Oliveira, das diretas já, não conseguiu os 2/3. Meses depois, o ruído das ruas havia chegado à base aliada do governo e Tancredo foi eleito pelo voto aberto no plenário. E a base do governo Figueiredo se dividiu ao meio.

4. PT convocou passeata de resposta para esta sexta-feira, 18, para que pequenos grupos, no horário de saída do trabalho, consigam provocar sensação de muita gente. Mas o que podem provocar é o caos na saída das pessoas para suas casas. Servidores e empresas estão pensando num meio expediente para não ajudar o tumulto.  

5. Em 1992, Collor convocou o Povo para responder as manifestações –caras pintadas, etc.- usando verde e amarelo num certo dia. As pessoas saíram de preto. Sindicatos e Partidos realizaram dia 13 de março de 1964 o Grande Comício da Central com milhares de pessoas em apoio a Jango. Provocaram o outro lado. No dia 19 de março de 1964 em S.Paulo foi realizada a passeata -Com Deus, com a Família pela Liberdade- com 1 milhão de pessoas.

6. (Monica Bergamo – Folha de S. Paulo, 14) 6.1. O impeachment volta a ser, para parte da oposição e seus aliados, o caminho tido como o mais viável para a tentativa, considerada urgente, de afastar Dilma Rousseff do poder. Ainda que Lula integre seu ministério. O processo no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mesmo impulsionado por delações eventualmente bombásticas de empreiteiras sobre a campanha de Dilma Rousseff e de Michel Temer de 2014, é considerado lento demais.

6.2. E PMDB e o PSDB têm pressa na solução da crise: são cada vez mais frequentes informações que dão conta de que vários de seus principais líderes podem ser atingidos em cheio por delações premiadas. Calheiros disse, em reunião recente, que é generalizada a sensação, entre os políticos, de que qualquer um deles pode ser preso a qualquer momento.

6.3. A saída de Dilma, no mesmo raciocínio, teria o condão de “esfriar” as investigações da Lava Jato. Há uma crença de que parte da imprensa retiraria o combustível que respaldaria hoje praticamente todas as ações de investigadores e do juiz Sergio Moro.

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ATAQUES EM CAMPANHAS ELEITORAIS E DECISÃO DE VOTO!

(Globo, 07) 1. Uma máxima se disseminou entre marqueteiros, profissionais de campanha, candidatos e parte dos eleitores. Ela diz mais ou menos assim: quem ataca em campanha eleitoral tende a perder votos. Esse efeito indica que os eleitores tendem a rejeitar mensagens negativas apresentadas por um candidato, gerando, com isso, um efeito contrário daquele pretendido pelo autor da mensagem.  Uma tese de doutorado em ciência política defendida na USP no ano passado por Jairo Pimentel procurou testar essa hipótese. O estudo traz algo raro nas pesquisas no Brasil porque aplicou experimentos durante o processo eleitoral para identificar os efeitos das inserções comerciais de 15 e 30 segundos.

2. A conclusão da pesquisa é que os sposts de ataque podem, na verdade, ampliar as chances de o eleitor votar no candidato autor da mensagem. A conclusão surpreende porque indica um efeito exatamente contrário do que se defendia no meio político até então. A pesquisa foi desenvolvida em 2010, quando Pimentel entrevistou 1.780 eleitores entre agosto e setembro daquele ano nas cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Recife.   Como conclusão, Pimentel afirma que “os spots negativos aparecem, portanto, como instrumentos interessantes para diminuir a vontade de os eleitores votarem nos candidatos atacados– cumprindo a função de depreciar a candidatura adversária.

3.  Respostas de Jairo Pimentel a entrevista. 3.1. Nas campanhas eleitorais os spots são apenas uma das possíveis fontes de informação e persuasão das campanhas. O intuito da pesquisa não foi entender como os spots podem definir o resultado final de uma eleição, mas isolar seus efeitos em relação as outras fontes de informação para entender como os diferentes tipos de spots podem afetar o processo de tomada de decisão do voto.

3.2. O posicionamento nas pesquisas é fundamental para definir se a campanha do candidato será positiva ou negativa. Mas além disso, o período da campanha é fundamental também. No começo da campanha é mais comum termos campanha positiva, para apresentar os candidatos e suas plataformas. No meio da campanha, a depender do desempenho dos candidatos e da possibilidade de vitória ou derrota que costumamos a ver mais campanha negativa. Quanto maior a ameaça de derrota, maiores as chances de uso de campanha negativa, seja por quem está na frente, seja por quem está atrás. Creio que o verdadeiro ponto que leva ao maior uso de campanha negativa é o nível de competitividade das candidaturas: quanto mais acirrada, maior o uso de propaganda negativa.

3.3. No segundo turno das eleições as disputas tendem a ser mais acirradas, levando a uma escala de campanha negativa. Isso leva a maior polarização do eleitorado e não de indiferenciação. Além disso, pesquisas americanas mostram que as campanhas negativas apresentam maior nível de issues políticas. Isso significa que as campanhas negativas tendem a apresentar críticas dos candidatos em relação ao posicionamento dos adversário, tornando clara a posição de cada um em relação a temas que dividem o eleitorado. Essas críticas trazem informações sobre o posicionamento dos candidatos sobre questões nevrálgicas sobre a política e assim o eleitor pode tomar decisões mais informadas. Campanha negativa não é sinônimo de ataques pessoais, apesar deles serem recorrentes.

14 de março de 2016

PROPAGANDA, GOVERNO E POPULARIDADE! O GIGANTESCO EQUÍVOCO DO PT!

1. Lá se vão 100 anos em que a propaganda passou a ser um instrumento político fundamental, seja para ganhar eleições, seja para os governos conquistarem apoio, seja para os políticos projetarem suas legítimas ambições de ascensão. Nesses 100 anos, uma máxima afirmou-se como sabedoria desse processo e passou a pautar os profissionais da propaganda política.

2. “Se é verdade que não há um bom governo sem uma boa propaganda, também não há uma boa propaganda sem um bom governo”. Os governos podem ser objetivamente bons, mas se não conseguem comunicar adequadamente o que têm feito pela população, podem ter uma opinião pública desfavorável. Mas nos últimos 50 anos, a massificação pela TV, a especialização dos publicitários em campanhas eleitorais, divulgação dos governos e comunicação da oposição, surgiu o apogeu do chamado marketing político.

3. A sofisticação crescente das técnicas usadas no marketing político produziu um grave equívoco, querendo contrariar a máxima básica entre bom governo e boa propaganda. Os (chamados) marqueteiros foram convencendo os políticos que bastava uma boa propaganda para que as imagens dos políticos e dos governos junto à opinião pública fossem construídas independentemente das ações e dos fatos efetivos.

4. Ou seja, que através do marketing político se poderia construir a opinião das pessoas, descolada da realidade dos governos. Os governos passaram a derramar bilhões em propaganda para tornar a avaliação de seus governos descolada das performances dos mesmos e dos interesses da população.

5. A contratação de um publicitário de grande qualidade, Duda Mendonça, pelo PT na eleição presidencial de 2002, produziu essa ilusão de ótica para o PT e Lula. Com o mensalão e o afastamento de Duda Mendonça, seu parceiro João Santana veio a substituí-lo e constituiu-se a fórmula do governo imbatível: uso ilimitado de dinheiro e uso ilimitado da propaganda. E exportou-se para seus aliados na América Latina.

6. Essa fórmula está na raiz do mensalão e do petrolão: os meios publicitários e financeiros justificam os fins – permanecer indefinidamente no poder. Essa fórmula gerou uma espiral de necessidades e para abastecê-las, dinheiro extraído dos fornecedores do governo, e compensado por sobrepreço.

7. O uso dessa fórmula pode até prorrogar a vida útil de um governo reduzindo a percepção pelas pessoas dos erros e da mediocridade. Mas há um limite, quando o fracasso governamental se espalha e passa a ser percebido pela população diretamente, pelos trabalhadores, empresários, profissionais, etc., atingidos pelo desastre governamental.  A tentativa de insistir na fórmula propaganda e corrupção para continuar governando se exaure e volta por cima do governo como uma erupção vulcânica.

8. Manter o poder cada vez mais e -até exclusivamente- via propaganda e corrupção tem um alto preço. É um equívoco imaginar que quando da implosão do governo haverá seu tempo para a alternância no poder. Vide Itália e Mãos Limpas: projeta-se para um prazo muito, muito longo. Se é que tem volta.

9. Aqui na América do Sul vivemos uma conjuntura que demonstra cabalmente essa situação: Brasil e Venezuela são irmãos gêmeos no fracasso, no abuso da propaganda e nos desvios de recursos públicos.

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DATAFOLHA E O PERFIL DOS MANIFESTANTES DOMINGO (13) EM SÃO PAULO!

40% tem 51 anos ou mais / 33% tem entre 36 e 50 anos / 19% entre 26 e 31 anos / 5% entre 21 e 25 anos / 4% entre 12 e 20 anos. Ons. Nas Diretas Já 40% tinham 18 anos ou mais.

PSDB era o partido preferido na manifestação de 2015 por 37%.  Agora 21%.  Queda de 16 pontos.

Renda até 3 salários mínimos 14% / entre 3 e 5 salários mínimos 17% / 5 a 10 salários mínimos 26% / 10 a 20 salários mínimos 24% / Mais de 20 salários mínimos 13%.

94% não participam de nenhum grupo que promoveu o ato.

17% acham que Dilma não será afastada.

57% homens e 43% mulheres.

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TERREMOTO EM 3 ELEIÇÕES ESTADUAIS NA ALEMANHA COM 20% DO ELEITORADO! DIREITA NACIONALISTA ANTIRREFUGIADOS (AID) EM 2011 NÃO EXISTIA!

Entre parênteses os resultados de (2011).

1. Baden-Wūrttenberg
Verdes 30,3% (24,2%) / CDU -Merkel- 27% (39%) / SPD, socialdemocrata 12,7% (23,1%) / FDP liberais 8,3% (5,3%) / Linke esquerda ex-oriental 2,9% (2,8%) / AID 15,1% (0%).

2.  Rhinland-Pfaiz
SPD 36,4% (35,7%) / CDU 31,8% (35,2%) / Verdes 5,2% (15,4%) / FDP 6,1% (4,2%) / Linke 2,9% (3%) / AID 12,4% (0%).

3. Sachsen-Anhalt
CDU 30% (32,5%) / Linke 16,1% (23,7%) / SPD 10,5% (21,5%) / Verdes 5% (7,1%) / FDP 4,8% (3,8%) / AID 24,3% (0%).

11 de março de 2016

DO COMÍCIO DAS “DIRETAS JÁ” NO RIO, AO LAVA-JATO: INVERSÃO DO QUADRO ETÁRIO! POR QUÊ?

1. O Instituto Datafolha, analisando as participações nas recentes manifestações de rua pró-impeachment de Dilma, tem mostrado que há uma proporção bem maior das pessoas no entorno de 50 anos do que sua participação demográfica. Isso se explica ao se comparar os comícios pelas Diretas Já, em 1984, ao quadro político atual.

2. O grande comício da Candelária, no Rio, em 10 de abril de 1984, mobilizou 1 milhão de pessoas, com um corte etário a favor dos mais jovens. A derrota da emenda constitucional Dante de Oliveira, em 25 de abril de 1984, não abateu o entusiasmo popular. O racha no PDS, com a criação da Frente Liberal, fundamental para a eleição de Tancredo Neves no Congresso, teve as manifestações de rua Diretas Já como alavanca.

3. A eleição de Tancredo Neves foi recebida com o entusiasmo de uma eleição direta. A decepção com Collor, 5 anos depois, trouxe de novo as pessoas para as ruas, especialmente os jovens. A ascensão do PT, da mesma maneira, e outra vez com ênfase no entusiasmo dos jovens.

4. Mas a partir de 2005, 20 anos depois da vitória de Tancredo, os escândalos sucessivos, dia a dia, desde o mensalão até o petrolão, produziram um choque. Choque que se transformou em perplexidade com as operações da Lava-Jato. O uniforme da esperança e da mudança que vestia o PT, foi indelevelmente manchado. As mobilizações dos jovens refluíram. Afinal, essa sempre foi –historicamente- a base da esquerda urbana.

5. As mobilizações, desde 2013, passaram a ter um foco central: o impeachment de Dilma, ou melhor, o “impeachment” do governo do PT. E com um dado novo. Impulsionadas pelas redes sociais, depois de correrem as redes sociais, continuam mobilizando, e de forma crescente, com ou sem rua.

6. Na medida em que as manifestações de rua avançavam, independente da quantidade de pessoas, e que o Datafolha passou a avaliar o perfil etário, partidário, ideológico, etc., os números divulgados foram deixando claro a proporção mais que proporcional dos participantes de faixa etária no entorno dos 50 anos.

7. Aqueles jovens que foram às ruas lutar por diretas já, frustrados pela série de escândalos e o fracasso administrativo e ético do PT, 30 anos voltam às ruas, mas já com 50 anos.   

10 de março de 2016

TRIÂNGULO DAS BERMUDAS: CRISE, INSTABILIDADE E ESTABILIDADE POLÍTICAS!

1. No início de 1990, quando desenvolvia sua pré-candidatura a governador, Cesar Maia foi contatado por um intelectual e político, que pediu que ele não forçasse sua candidatura e que houvesse uma concentração de forças em torno de Brizola. E que isto era fundamental para a estabilidade política futura com Collor presidente. Ele prestou atenção e foi conversar com alguns políticos sêniores e politólogos a respeito das razões relacionadas com a estabilidade política e a avaliação feita.

2. Era a teoria do Triângulo das Bermudas na política brasileira. Os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo formam este triângulo, decisivo para a definição da política brasileira, especialmente em momentos críticos. Mesmo que não se consiga formar este triângulo com 3 políticos de dimensão nacional, é fundamental que pelo menos um o seja. De outra forma, o barco da política brasileira flutuará ao sabor das ondas do momento. E dependerá apenas da capacidade e abrangência do Presidente da República.

3. Até a revolução de 1930 e entre 1946 e 1960, o Rio enquanto Distrito Federal dependia da força de seus parlamentares e, eventualmente, pela importância e autonomia do prefeito. Foi o caso único de prefeito, de Pedro Ernesto (preso por Getúlio), que seria decisivo na eleição presidencial de 1938, abortada pelo Estado Novo, e de parlamentar de Carlos Lacerda. A política brasileira oscilou entre Minas Gerais e São Paulo, o que denominou-se política do Café com Leite. A própria revolução de 1930 só ocorreu por causa da intervenção de Minas Gerais e seu governador Antônio Carlos de Andrada.

4. A partir de 1960 isto vai ficando mais claro, com a criação do Estado da Guanabara. O golpe militar de 1964 não teria ocorrido sem o Triângulo das Bermudas: Guanabara, Minas Gerais e São Paulo, ou seja, Carlos Lacerda, Magalhães Pinto e Ademar de Barros dando sustentação. O processo de redemocratização viabilizou-se com o Triângulo das Bermudas: Rio, Minas e S. Paulo, liderado por Brizola, Tancredo Neves e Franco Montoro, a partir de 1983.

5. A reversão desse quadro se dá com o Triângulo das Bermudas enfraquecido com Moreira Franco, Newton Cardoso e Orestes Quércia, abrindo um vácuo para a ascensão de Collor. Em 1990, com as políticas de Minas e São Paulo que ficariam enfraquecidas sob as lideranças de Helio Garcia e Fleury, era –naquele raciocínio inicial- fundamental eleger Brizola para dar peso político em pelo menos um vértice do Triângulo das Bermudas.

6. Com a eleição de Fernando Henrique Cardoso em 1994, o Triângulo das Bermudas estava apagado –e aderente- na eleição de seus parceiros do PSDB (Aécio Neves, Geraldo Alckmin e Marcelo Alencar). Mas em 1998, dois dos vértices do triângulo foram perdidos com a eleição de Itamar Franco em Minas e Garotinho no Rio, apoiado por Brizola. Voltou o Triângulo das Bermudas de dois vértices; Formou-se uma aliança entre os governadores Olivio Dutra (Rio Grande do Sul) Itamar Franco (Minas Gerais) e Garotinho (Rio de Janeiro). Fernando Henrique enfraqueceu o triângulo atraindo Garotinho com um empréstimo fortemente subsidiado em base aos royalties – de US$ 9 bilhões.

7. Com Lula e Dilma, o Triângulo das Bermudas foi desenergizado, com os mandatos parciais de Alckmim-Lembo e de Serra-Goldman em São Paulo, Anastasia em Minas Gerais e o amigo Cabral no Rio.

8. Neste momento atual, crítico, com a economia brasileira afundando e discutindo-se o impeachment de Dilma, o Triângulo das Bermudas está desmontado: Pimentel, amigo de Dilma em Minas Gerais; Pezão, amigo de Dilma no Rio de Janeiro; e o perfil conciliador de Alckmin em São Paulo. O barco se move ao sabor das ondas. Um eventual temporal político o fará afundar.

9. Neste sentido, as eleições de 2018, para cumprirem suas necessárias dimensões políticas, deverão ir além do foco presidencial e necessitarão remontar o Triângulo das Bermudas, com 3 novos governadores de peso político intrínseco e nacional em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Pelo menos dois. Portanto, a dinâmica 2016-2018 é bem mais complexa do que apenas a destituição e/ou eleição de outro presidente.

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“METRÔ DO RIO CORRE CONTRA O TEMPO”!

(Estado de S. Paulo, 10) O engenheiro Ronaldo Balassiano, da pós-graduação em engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, especializado em transportes, considera que só será possível abrir o metrô em toda a sua capacidade em agosto caso as obras sejam finalizadas até o fim de maio. Isso pela necessidade de testes técnicos e, em seguida, abertura gradual com horário limitado, para que o sistema possa, suportar os 300 mil passageiros/dia estimados – pode chegar a 450 mil em dias de pico. “Temos de testar todas as composições”, disse Balassiano. O Cartão de Transporte Olímpico, com o qual será feito o embarque durante os dias de jogos, vai custar R$ 25.

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NÚMERO DE PASSAGEIROS DE ÔNIBUS URBANOS DIMINUIU 14% EM 5 ANOS!

(Folha de S. Paulo, 10) 1. O número de passageiros de ônibus urbanos no país caiu em média 4,2% no ano passado em relação a 2014 (2011 a 2015 menos 14,6%). Levantamento inédito da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transporte Urbano) estima uma perda de 900 mil usuários por dia. Trata-se do quarto ano seguido de queda –e a maior registrada nesta década. Esse mapeamento é feito pela entidade a partir dos dados de 16 grandes cidades (incluindo as maiores capitais), que detêm praticamente dois terços dos passageiros transportados no Brasil inteiro.

2. Cerca de 85% dos usuários de transporte público no Brasil circulam em ônibus. Os números eram ruins no primeiro semestre de 2015, mas pioraram nos seis últimos meses do ano, quando a queda média beirou 7% (para 78%). O levantamento indica que a queda de usuários vinha sendo mais forte nas regiões periféricas das grandes cidades (áreas mais industriais). Os números do segundo semestre, no entanto, apontam que esse problema se alastrou para as capitais (onde há mais prestação de serviços).  Segundo cálculos da NTU, uma taxa de R$ 0,10 no combustível na cidade de São Paulo renderia R$ 600 milhões por ano –equivalentes a quase um terço dos atuais subsídios municipais aos ônibus.

09 de março de 2016

A GRAVÍSSIMA SITUAÇÃO DO FUNDO DE APOSENTADORIA E PENSÃO DA PREFEITURA DO RIO!

1. Há uma inescapável questão que o debate eleitoral terá que trazer à tona: a grave situação financeira em que se encontra o Funprevi/Previ-Rio. Uma busca cuidadosa nos sites do Funprevi/ Previ Rio mostra a calamitosa curva declinante de liquidez que ocorreu a partir de 2010, portanto, nos últimos 5 anos. O estágio atual é falimentar.

2. As contas devem ser separadas em duas partes. As do Previ-Rio, que registram as Disponibilidades, Financiamentos e Imóveis. Em 2010 somavam R$ 1,393 bilhão. As Disponibilidades, R$ 375,8 milhões. Os Financiamentos, R$ 743,8 milhões e os Imóveis, R$ 273,7 milhões.

3. As do Funprevi, que registram as Disponibilidades e os Imóveis (a partir de 2011) e que somavam, no fim de 2010, R$ 1,573 bilhão. Os Imóveis não eram contabilizados no Funprevi. Uma mudança da lei, em 2011 (lei 5.300), permitiu transferir os Imóveis do Previ-Rio para o Funprevi e reavaliá-los, engordando discricionariamente seus valores. Essa reavaliação ampliou artificialmente os valores dos Imóveis em 1 bilhão de reais. Grande parte deles -como os dois grandes prédios da Prefeitura- não tem liquidez. Não dão cobertura às aposentadorias e pensões.

4. Com isso, o Previ-Rio passou a ter apenas um valor residual de Imóveis e o Funprevi foi inchado contabilmente. Em 2011, as Disponibilidades do Previ-Rio alcançaram R$ 411,8 milhões e os Financiamentos R$ 687 milhões. Com a interrupção de novos financiamentos para a casa própria do servidor, este valor, no final de 2015, havia caído para R$ 401,3 milhões e as Disponibilidades despencaram para R$ 121,9 milhões com seu uso em custeio.

5. Mas a situação do Funprevi se tornou desastrosa. Contabilizando os Imóveis como uma receita potencial e inchando seu valor, os R$ 273,7 milhões se transformaram por mágica contábil em R$ 1,215 bilhão. As Disponibilidades financeiras efetivas, que dão liquidez ao Funprevi e garantia de pagamento em médio prazo aos aposentados e pensionistas, despencaram ladeira abaixo.

6. Em 2011 eram R$ 1,370 bilhão, 200 milhões a menos que em 2010. Em 2012 eram R$ 1,161 milhão. Em 2013 eram R$ 851,3 milhões. Em 2014 eram R$ 514 milhões. Em 2015 veio a debacle final: em agosto R$ 150,1 milhões; em outubro R$ 57 milhões; e em dezembro R$ 31,745 milhões, o que mal paga 13% da folha mensal de aposentados e pensionistas.

7. A partir de agora, o Funprevi perde a característica de Fundo e passa a comer da mão para a boca, contando apenas com o desconto na folha mensal dos ativos (11% ou R$ 36 milhões) e do empregador (prefeitura 22% ou R$ 72 milhões), num total de R$ 108 milhões. E o Tesouro municipal passa a ser o complementador, com uns R$ 130 milhões, mais que o dobro dos descontos. Acabaram com o Funprevi-Previ Rio.

8. Tabela com a série histórica.

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CRESCE DE 4,5% PARA 6,5% PAULISTANOS QUE DIZEM NÃO TER COMO PAGAR A DÍVIDA!

(Maria Cristina Frias – Mercado Aberto – Folha de S. Paulo, 08) 1. O percentual de famílias paulistanas endividadas chegou a 51,1% em fevereiro passado, contra 38,4% no mesmo mês de 2015, segundo dados da FecomercioSP. “Com a alta do desemprego e da inflação, o crédito é a única saída das famílias para pagar as contas básicas da casa”, afirma Vitor França, economista da entidade.

2. Evidência disso é que a parcela representada pela dívida no cartão de crédito foi a que mais cresceu no período, de 47,1% para 70,1%. “É dinheiro fácil, já que é crédito pré-aprovado. O problema é que os juros são os maiores, o que torna muito difícil de quitar”, diz França. O percentual dos que alegam não ter como pagar a dívida também aumentou: de 4,5% para 6,5%.

08 de março de 2016

SITUAÇÃO FISCAL TENDE A PIORAR! AS CRISES POLÍTICA, ECONÔMICA E SOCIAL SE AGRAVAM! O RETARDAMENTO DO IMPEACHMENT SAIU PELA CULATRA!

1. Em 2008, a resposta que o governo Lula deu a crise financeira internacional foi relaxar a política fiscal e entrar em um descontrolado keynesianismo de consumo, cujos consequências conhecemos. Esse relaxamento fiscal levou o déficit público às alturas e a dívida pública ascendente desqualificou o Brasil pelas agências reguladoras. A inflação atingiu 2 dígitos. No ano eleitoral de 2014 valeu tudo.

2. Na tentativa de recuperar confiança dos investidores, foram dados sinais de ortodoxia com a designação do ministro Levy e medidas e promessas de medidas de austeridade. Os resultados econômicos de 2015 – PIB, déficit fiscal, endividamento, perda dos graus de investimento, etc., lançaram as expectativas de reversão para um prazo muito maior.

3. A crise política, sublinhada pelo conflito entre os poderes políticos, foi lançada ao espaço com a operação Lava Jato. Quando as baterias pareciam apontar para a Câmara de Deputados, e a dinâmica do impeachment se tornou letárgica, dando à presidente Dilma a sensação de calma, a prisão do líder do governo no Senado, íntimo do poder político, gerou uma expectativa de instabilidade. Duas semanas depois parecia ter passado.

4. As delações premiadas -tipo serial killer político- a partir das delcíadas, e as que virão e os detalhes das que já foram feitas e não vazadas, terminaram com a ilusão de calmaria. A percepção de metralhadora giratória investigativa foi superada quando ela parou de girar e apontou para o ex-presidente Lula e a atual presidente Dilma. O câmbio e a bolsa reagiram positivamente, mostrando que a queda da presidente é o único elemento de estabilização nesse momento.

5. Lula é levado para depor e a sensação de instabilidade política e social volta simultaneamente.  Lula, imaginando que ainda tem força para mobilizar as massas, dá sua palavra de ordem: Vamos resolver isso nas ruas. Ou seja, na marra. Não podia haver um sinal mais claro de insegurança jurídica e desmonte político e social.

6. Quem Lula vai mobilizar nas ruas? As massas? Provavelmente não. Mas parte delas, como a CUT, os movimentos sociais mais ideologizados, MST, políticos de retórica de esquerda, etc. O ex-ministro Gilberto Carvalho não perdeu tempo e afirmou que o que aconteceu com Lula dá unidade e mobiliza a base -digamos- orgânica do Lulismo.

7. Mas as principais medidas de ajuste fiscal e estabilidade monetária que estão em discussão, colocadas pela presidente Dilma e pelo governo, pelo empresariado e setores políticos moderados da esquerda são exatamente aquelas que prejudicam a unidade e a mobilização daqueles segmentos. Reforma da Previdência, abertura do pré-sal ao setor privado, aumento de impostos a partir da CPMF, e por aí vai.

8. Mas a unidade e mobilização nas ruas de que fala Lula e a esquerda só ocorrerá se essas medidas de ortodoxia fiscal e de moderação do estatismo forem lançadas na lata de lixo. O retardamento do processo de impeachment foi um tiro que saiu pela culatra, pois o tempo colocou outra vez na ordem do dia e com mais intensidade, o impeachment. E com Lula e Dilma como foco. Isso tudo num ano de eleições nacionais municipais com maior pressão sobre as torneiras.

9. Sendo assim, a tendência é que a crise vai se agravar, a política, a econômica e a social. E que não tangencie as instituições, como tenta Lula após seu depoimento.

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AS PRIMÁRIAS MOSTRAM A CRISE E FRAGMENTAÇÃO DOS DOIS GRANDES PARTIDOS NOS EUA!

(THE ECONOMIST/ESTADO DE S. PAULO, 05) 1.  Os partidos políticos nunca são monolíticos. Como seus integrantes estão cansados de saber, reinam em seu interior as rivalidades e a fragmentação. Apesar disso, especialmente em democracias bipartidárias, eles resistem. Suportam as pressões centrífugas atendendo às reivindicações de seus eleitores, dividindo os frutos do butim entre as facções internas e adaptando-se a mudanças externas. Conseguem mesmo, no mais das vezes, parecer relativamente coesos ao fazer isso.

2. Durante a maior parte do século 20, a maioria dos americanos sabia mais ou menos quais eram as bandeiras de seus dois partidos. O momento atual, porém, é de anormalidade. Embora os cientistas políticos tenham demorado um pouco para se dar conta do fenômeno, o fato é que os partidos políticos americanos parecem mais fragmentados que de costume. A situação dos republicanos é particularmente delicada. Mas as divisões internas dos democratas, ainda que menos evidentes, também são profundas.

3. Durante o governo Obama, os democratas perderam 900 cadeiras em Legislativos estaduais, 11 governadores, 69 cadeiras na Câmara dos Deputados e 13 no Senado. Isso ajuda a explicar por que Hillary não teve de enfrentar um pretendente mais jovem, que encarnasse a oposição a ela no interior do partido. Promessa. Nas duas corridas presidenciais que disputou, Obama fez uso de um aparato próprio, que não se confundia com a estrutura partidária. Hillary assumiu o compromisso de reconstruir o partido se vencer a eleição.

4. Não há nada de imutável no atual alinhamento partidário americano.  As eleições de 2016 podem marcar um novo realinhamento partidário.  Mas também pode ter consequências deletérias se os únicos posicionamentos dos quais eles resolverem se aproximar forem os brutalmente populistas. Os partidos políticos existem para processar conjuntos complexos de questões e transformá-los em escolhas binárias. É impossível imaginar uma grande democracia que se mantenha saudável sem contar com eles. No entanto, em 2020, lembrando-se da campanha de Trump, os candidatos mais fortes talvez partam do princípio de que, no fim das contas, não precisam tanto assim de seus partidos.

07 de março de 2016

LULA NÃO SERÁ MAIS CANDIDATO A PRESIDENTE EM 2018! DILMA E SUA CARA DE BOTOX!

1. A mobilização dos militantes e simpatizantes de Lula, ao ser anunciada a sua condução para depoimento no dia 04/03, foi pífia. Somando todos os grupos que foram às ruas em S. Paulo e outras cidades, não se chega a 3 mil pessoas. Mais tarde, a lista de fatos detalhada pelo MP, que investiga a Lava-Jato, criou a certeza que condenações –maiores ou menores- serão inevitáveis. Mas como Lula não tem imunidade, esses processos correrão na justiça num tempo muito maior do que seria no STF, com toda a cobertura e o respectivo desgaste.

2. A reação de Lula foi dizer que correrá o Brasil, falando às pessoas e denunciando as arbitrariedades, segundo ele. E desde já –como elemento mobilizador –se declara candidato a presidente em 2018. Uma estratégia de frustração. Com sua larga experiência em comícios sindicais ou políticos, seu termômetro mostrará uma temperatura tão baixa que a depressão será inevitável. O centenário truque retórico de se vitimizar já não cola mais. As lágrimas –forçadas- não convencem.

3. Mas é a única forma de gerar esperança e expectativa de poder em seus militantes. Mas não vai correr o risco de encerrar sua carreira pública com uma derrota e até não chegar no segundo turno. Afinal, será uma eleição de seis candidatos experimentados (Marina, Alvaro Dias, Ciro Gomes, Aécio e PMDB, além, claro, do PT). O PT lançará um candidato com cruz na testa, como dizia Brizola, ou seja, militante de lealdade reconhecida. A tarefa deste será defender Lula e Dilma e não ganhar a eleição, mesmo que não saiba disso.

4. Os sábios do Instituto Lula continuam sonhando com um pedido de licença de Dilma por tempo indeterminado em razão de doença (depressão…). Com isso, se antecipa a ida de Lula e seu PT de estimação para a oposição, onde se sentem mais cômodos. Atirando, a animação será muito maior. Criará expectativa, ilusória.

5. Enquanto isso, Dilma se defende como pode, pedalando e com doses de sertralina. E à tarde faz seus discursos no palácio, cercada de ministros animadores e –sempre- com sua permanente cara de botox. Até quando?

6. (Eliane Catanhede – Estado de S. Paulo, 04) É o Fim do Projeto do PT. a) A sexta-feira, 4 de março de 2016, é também um marco: ninguém está acima da Lei.  Com Lula depondo na Polícia Federal e acossado, junto com a presidente Dilma Rousseff, pelas acusações de Delcídio Amaral, não há outra conclusão possível senão a óbvia: é o fim do projeto do PT.

b) A Lava Jato engoliu Lula e, com ele, o projeto de eternização do PT no poder. Há provas de que havia uma triangulação criminosa: o dinheiro saía da Petrobrás, passava pelas empreiteiras e parte dele ia para o ex-presidente em forma de pagamentos dissimulados de palestras, viagens pelo mundo, o sítio de Atibaia e o triplex do Guarujá. Lula, portanto, seria beneficiário dos desvios da maior companhia brasileira, hoje uma das empresas mais endividadas do mundo. Sem falar na Operação Zelotes…

c) Tudo isso configura um cerco a Lula e a Dilma que, apesar de dependerem visceralmente um do outro, entram na dolorosa fase do “salve-se quem puder” ou, de outra forma, “cada um por si”. Dilma está totalmente isolada em seus palácios, enquanto Lula se despe da roupagem do “Lulinha paz e amor” e conclama suas tropas para a guerra. A possibilidade de impeachment de Dilma é cada vez mais real e a próxima etapa do processo deve ocorrer nas ruas. As bandeiras vermelhas, em minoria, vão tentar ganhar no grito – ou na pancadaria.

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TAXA DE DESEMPREGO ENTRE OS JOVENS DISPARA!

(Folha de SP, 06) 1. A taxa de desocupação entre jovens de 18 a 24 anos, que ficou em 16,8% em 2015 e foi a que mais cresceu entre os grupos etários, começa a preocupar especialistas em mercado de trabalho, que vislumbram uma geração perdida em poucos anos. No ano passado, o salto na taxa de desemprego desse grupo foi de 4,7 pontos percentuais em relação a 2014, enquanto na média geral da população das grandes metrópoles o aumento foi de dois pontos percentuais.

2. A tendência de deterioração do emprego entre os jovens já mostra acentuação na virada deste ano. Os dados do IBGE de janeiro de 2016 apontam elevação ainda maior, de seis pontos, em relação a janeiro de 2015. Tradicionalmente, o desemprego dos mais jovens é superior ao das outras faixas etárias, mas, segundo Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, o que alerta desta vez é a intensidade da disparada.

04 de março de 2016

35% DOS VEREADORES DO RIO MUDARAM DE PARTIDO NESTA LEGISLATURA ATÉ 03/03/2016!

De 51 Vereadores, 18 mudaram de partido, sendo que 3 mudaram 2 vezes.

Átila Nunes – Se elegeu pelo PSL e está no PMDB
Dr. Carlos Eduardo – Se elegeu pelo PSB e está no Solidariedade
Dr. Jairinho – Se elegeu pelo PSC e está no PMDB
Dr. João Ricardo – Se elegeu pelo PSDC, passou pelo Solidariedade e está no PMDB
Dr. Jorge Manaia – Se elegeu pelo PDT e está no Solidariedade
Eduardão – Se elegeu pelo PSDC e está no PMDB
Jefferson Moura – Se elegeu pelo PSOL e está na REDE
Jorge Braz – Se elegeu pelo PMDB e está SEM PARTIDO
Junior da Lucinha – Se elegeu pelo PSDB e está no PMDB
Leonel Brizola Neto – Se elegeu pelo PDT e está no PSOL
Marcelino D’Almeida – Se elegeu pelo PSB e está no PP
Marcelo Arar – Se elegeu pelo PT e está SEM PARTIDO
Marcio Garcia – Se elegeu pelo PR e está na REDE
Paulo Messina – Se elegeu pelo PV, passou pelo Solidariedade e está no PMDB
Professor Rogério Rocal – Se elegeu pelo PSDC e está SEM PARTIDO
Renato Moura – Se elegeu pelo PTC e está no PDT
Rosa Fernandes – Se elegeu pelo PMDB, passou pelo Solidariedade e voltou ao PMDB
Verônica Costa – Se elegeu pelo PR e está no PMDB

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ESTADOS AUMENTAM O IMPOSTO SOBRE DOAÇÕES E HERANÇAS! NO RIO VAI CRESCER 25%!

1. Dia 29 de março (90 dias após a aprovação da lei 7.174 de 28/12/2015), começa a ser cobrada a nova alíquota do Imposto sobre Doações e Heranças no Estado do Rio de Janeiro. Crescerá de 4% para 4,5% para valores até 400 mil UFIR ou R$ 1,2 milhão em 2016 e de 4% para 5% para valores maiores que 400 mil UFIR. Ou seja, um crescimento de 12,5% e 25% respectivamente.

2. Em 2015 o governo do Estado do Rio de Janeiro arrecadou R$ 680 milhões de reais conforme publicado no Diário Oficial de fins de janeiro/2016. Mas nesse mesmo Diário Oficial –em outra tabela- se somarmos mês a mês o recolhimento, chegamos a R$ 850 milhões de reais. Fica a dúvida. A expectativa de crescimento de receita –portanto- estará em torno de R$ 150 milhões em 2016. Entre 2104 e 2015 o crescimento nominal dessa arrecadação foi de uns 25%, antecipando o aumento da alíquota que viria.

3. A Folha de S. Paulo em 22/02 informou que esse imposto vem tendo forte crescimento em S.Paulo. “A Secretaria da Fazenda de São Paulo apertou o cerco a devedores do imposto sobre heranças e doações (ITCMD), o que levou a um crescimento de 39% na arrecadação com o tributo em 2015.  O esforço de fiscalização, teve início em 2014, quando o número de autuações passou a subir de forma mais intensa. No ano passado, o ITCMD gerou R$ 2,4 bilhões em arrecadação para o Estado.”

4. Em Editorial de 29/02, a Folha de S.Paulo informou que 12 dos 27 Estados aumentaram a alíquota do imposto sobre heranças e doações. “Mais por necessidade do que por algum senso de justiça tributária, os governos dos Estados lançaram-se a uma ofensiva de aumento do imposto sobre doações e heranças.  Neste 2016, as alíquotas elevaram-se em 12 das 27 unidades da Federação, incluindo o Distrito Federal –em casos como o do Rio de Janeiro, onde aprovou-se a alta no apagar das luzes do ano passado, o início da cobrança ainda aguarda o prazo legal de 90 dias. A tendência de crescimento dessa arrecadação antecede a mudança de alíquotas. O governo paulista, que mantém inalterada a taxação de 4%, obteve R$ 2,4 bilhões com o imposto em 2015, numa vigorosa expansão real de 27%.”

03 de março de 2016

TRUMP E O VOTO EVANGÉLICO… HETERODOXO!

1. Uma curiosidade sobre as primárias americanas e que deveria ser analisada por aqui. Na Super-Terça, Trump ganhou na Georgia, Alabama, Arkansas, Tennessee, somando à vitória em South Carolina, Estados que fazem parte do Cinturão da Bíblia, de maioria evangélica. Apesar de ser casado 3 vezes; quase nunca tocar em temas como aborto e valores da família; e admitir ter sido infiel, Trump tem recebido o apoio dos evangélicos.  

2. Segundo o site Christianity Today, os evangélicos se identificam mais com Ted Cruz, mas o NY Times, a CNN; e o pastor Robert Jeffress, da First Baptist Church de Dallas, em entrevista à NPR, explicam que, em geral, os evangélicos, hoje, não estão procurando um representante religioso, um líder moral, mas sim alguém que possa resolver problemas que consideram importantes, como Economia, Saúde e política externa (imigração, terrorismo).

3. Além de ser visto como um líder forte; sem medo; que fala para o evangélico marginalizado, pobre, sobre como melhorar a economia; conta a favor de Trump o fato de sua campanha ser autossustentada, sem ajuda externa e, portanto, sem interferência do lobby de Washington ou de grandes empresas. Ou seja, conta também com o fator da antipolítica.

4. O pastor Jeffress aponta ainda que a decisão da Suprema Corte, em favor do casamento do mesmo sexo, foi um duro golpe contra os evangélicos. Então, segundo ele, os evangélicos estão chegando à conclusão de que não podem depender do governo para assegurar os valores bíblicos tradicionais. Sendo assim, que o governo se foque em problemas práticos como a imigração, economia e segurança nacional. E se é isso que se espera do governo, que o presidente seja um líder forte e um “resolvedor de problemas”.

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“O BALDE DE LAMA DIÁRIO”! GOVERNO DO PT!

(Editorial do Estado de SP, 03) 1. Dilma cede mais uma vez à pressão dos petistas e substitui outro ministro, agora o da Justiça, acusado de não “controlar” a Polícia Federal, ao mesmo tempo que a defesa de Lula, atendendo à determinação de “partir para cima” dos “inimigos” do ex-presidente, em petição ao Supremo Tribunal Federal (STF) protesta.

2.  Essa é a perversa confrontação diária imposta aos brasileiros a partir do instante em que começou a cair a máscara do populismo que escancarou as portas do poder para os corruptos. E enquanto a Polícia, o Ministério Público e a Justiça, de um lado, e os donos do poder e seus caríssimos advogados, de outro, contam a história do ciclo de poder lulopetista, o governo fraco e inoperante de Dilma Rousseff prossegue impávido na tarefa de ampliar o pântano em que atolou o País.

3. É mais do mesmo, como se fosse da rotina dos brasileiros o juntar de pelo menos um balde por dia ao mar de lama da política lulopetista.

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“TUITADAS PODEM AUMENTAR AUDIÊNCIA NA TV”!

(Ligia Mesquita – Outro Canal – Folha de S. Paulo, 03) 1. Em levantamento inédito, o Kantar Ibope analisou no país, a pedido do Twitter, a correlação entre audiência e o número de tuitadas sobre as atrações, com base em 295 exibições de 16 programas nas TVs aberta e paga, entre janeiro e agosto de 2015.

2. Em episódios pontuais, o estudo indica que os tuítes podem ter contribuído para aumentar em até 13% a audiência média de uma atração. E em 46% das transmissões, constatou-se correlação entre audiência e o número de tuitadas sobre elas.

3. Dentro desse universo, abordando a presença de causalidade (relação de causa e efeito), verificou-se que em 23% das exibições os comentários sobre determinado programa causaram aumento de ibope; e em 26%, a audiência gerou o crescimento de posts no Twitter.

4. “MasterChef” (Band) e “Verdades Secretas” (Globo) estão entre as atrações em que os tuítes mais geraram ibope.

02 de março de 2016

ALGUNS PONTOS PARA REFLEXÃO NO DATAFOLHA DE 24-25/02/2016!

1. Em que governo houve mais corrupção? Dilma 34% / Collor e Lula 20% / FHC 7%.  Obs.: A imagem de corrupção no governo Dilma ser muito maior que no de Collor é surpreendente e mostra a impossibilidade de recuperação de imagem de seu governo.

2. Na lista de personagens para eleitor dar nota de confiança, vence o Ministro Joaquim Barbosa, mesmo anos após o julgamento do caso do mensalão:  5,8.  Marina Silva vem em segundo com 5,3, ficando, inclusive, acima do Juiz Sergio Moro que teve 4,7, o que surpreendente. E reforça a imagem ética de Marina.  

3. Sabe do caso do Triplex de Lula? Sabe 63%. Não sabe 37%. Lula foi beneficiado? Sim 62%. Não 13%. Não sabe 25%. / E no caso do Sítio em Atibaia. Lembra? 62%. Não lembra 37%.  / Lula foi beneficiado? Sim 57%. Não 29%.

4. Para 80% a economia como um todo piorou. 14% dizem que vai ficar como está e 5% que vai melhorar. / Quando se trata da sua própria economia (renda, emprego, inflação…), 30% dizem que vai ficar como está nos próximos meses. 24% dizem que vai piorar. 43% dizem que vai melhorar.

5. Câmara de Deputados deve aprovar o impeachment de Dilma? Sim 60%. Não 34%. / Dilma deveria renunciar? Sim 58%. Não 37%.  
6. A reprovação ao Congresso caiu cinco pontos (de 53% para 48%). Rejeição a Dilma alcança 64%. Em março de 2015 era de 62%.

7. 49% afirmam que não votariam em Lula de jeito nenhum.

8. Na corrida presidencial o deputado Jair Bolsonaro cresceu para 7% e já é o quarto.  Aécio caiu para 24%. Lula tem 20% e Marina 19%.

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ELEIÇÕES NA IRLANDA!

1. Nem sempre o crescimento econômico favorece quem governa. O PIB na Irlanda cresceu 6,9% em 2015 e o PIB per capita alcança U$ 50 mil. É verdade que antes foram aplicadas medidas duras de ajuste fiscal. São 158 cadeiras exigindo uma maioria de 80 deputados.

2. A aliança entre os liberais e os trabalhistas não obteve maioria dessa vez. O curioso é que a derrota concentrou-se fundamentalmente nos trabalhistas (socialdemocratas), que tinham 37 deputados e passaram a ter 6. Os liberais elegeram 49.  Os conservadores subiram de 20 para 44 deputados. E os nacionalistas de 14 para 22. Os liberais -Fine Gael- têm 10 dias para tentar costurar alianças.

3. Importante sublinhar que esta pulverização sem maioria eleitoral se deu também na Espanha que até agora está sem governo.  É bom lembrar que isso ocorreu na Bélgica anos atrás e que o país seguiu em frente “sem governo” por alguns meses, tocado pela máquina.

Lei de Cesar Maia dá o nome de Dr. Lino Martins da Silva à escola

Lei do vereador Cesar Maia homenageia o Dr. Lino Martins da Silva ao dar seu nome à uma escola municipal.

Dr. Lino Martins da Silva, Controlador do governo do estado no primeiro Governo Brizola, Controlador da Prefeitura durante as três administrações de Cesar Maia. Considerado o mais qualificado contador público do Brasil, Dr. Lino foi convidado e fazia parte da Comissão Nacional com contadores federais, com contadores do setor privado e advogados, para a reforma do sistema contábil público e privado, que se encontra em andamento, Professor Doutor da UERJ e conferencista em tantas universidades do Brasil e do exterior.

 

 

01 de março de 2016

O FUTURO E A NECESSIDADE DE UM CHOQUE DE EXPECTATIVAS! O PROGRAMA DO PMDB NA TV!

1. Os problemas que um governo enfrenta no início são sempre acompanhados por duas repetitivas fórmulas. A primeira sublinha a culpa da herança maldita do governo anterior. A segunda, uns meses depois, é a tradicional reforma ministerial. Depois de 13 anos, a primeira fórmula não faz mais sentido. E depois de várias mudanças ministeriais para ganhar confiança econômica e unidade político-parlamentar, essa segunda fórmula também caducou.

2. Há um consenso em todos os segmentos da sociedade civil e política que é urgente um choque de expectativas, reversão de expectativas, como preferia chamar Roberto Campos. Com o ministro Levy não deu certo. Com a aproximação do PMDB, até criar uma maioria na escolha do líder, também não deu certo. Acenar bandeiras irrealizáveis como se fossem fundamentais (CPMF) só fez o tempo passar sem conseguir um lastro mínimo para tramitar no Congresso.

3. O programa partidário do PMDB, na semana passada, atuou -competentemente, diga-se de passagem- em duas linhas. Na primeira, fez um desfile de seus parlamentares, todos falando uma frase apenas, tão óbvias, como genéricas. Assim, passou a imagem de um partido unido, de norte a sul, da esquerda à direita. E apresentou seus candidatos a prefeito em algumas capitais, junto a esse desfile de micro-locuções. E um quadro com micro-fotos de todos, agregadas num quadrado, reforçou a ideia. Ficaram de fora os atuais ministros, governadores e prefeitos.

4. A segunda linha agrupa, de forma implícita, mas clara, numa só palavra, a saída de Dilma. Como há a necessidade de se criar um choque de expectativas –reversão da expectativas-, o único caminho para isso seria substituir a presidente Dilma. Mas 2018 está muito longe e o risco das desintegrações política, econômica, social e moral e suas sinergias estão na ordem do dia.

5. Como dizer isso? O programa do PMDB deu uma solução. Em diversos momentos, nas falas, foi destacado o caso da Argentina. A saída da presidente Cristina Kirchner pelas eleições de dezembro, ao meio de uma crise econômica do tamanho ou maior que a brasileira, apontava para soluções em médio e longo prazos.

6. Mas o que aconteceu foi muito diferente. A posse de Macri –e suas iniciativas apenas iniciais- geraram um enorme choque de expectativas, de reversão de expectativas, em nível interno e internacional. Até os “fundos abutres” se dispuseram a negociar e pelo menos dois anunciaram que aceitarão os termos do novo governo argentino.

7. O programa do PMDB usou –e bem- o exemplo, tanto pelo simbolismo discreto –saiu uma mulher presidente e assumiu o presidente do principal partido de oposição-, como pelos fatos. A reversão de expectativas foi imediata e de curto prazo, não precisou aguardar esse novo governo a meio caminho.

8. Conclusão evidente: se o país não aguenta mais 3 anos nessa marcha e se o choque de expectativas exige a saída da presidente Dilma, então o PMDB estará com a tese, de preferência com o expediente mais suave (licença) ou se for necessário mais duro, o impeachment.

9. E o programa do PMDB afirma que o partido está pronto para assumir essas responsabilidades, como Macri na Argentina. Será???

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CRISE REDUZ 1 MILHÃO DE MATRÍCULAS EM ESCOLAS PARTICULARES!

(Estado de SP, 29) O reflexo da crise também é percebido na educação. As escolas particulares do País calculam ter perdido um milhão de alunos, desde o ano passado, por conta da retração econômica. De acordo com a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen), a rede privada perdeu 12% dos mais de 9 milhões de alunos que tinha em 2014, segundo o censo escolar.

29 de fevereiro de 2016

ENTORNO DE LULA RETOMA A TESE DE QUE É MELHOR DILMA CAIR LOGO E SUAVEMENTE!

Provérbio chinês: “O que ouço esqueço; o que vejo me lembro; e o que faço eu entendo.”

A) 1. Cerca de 3 meses atrás, este Ex-Blog informava que parte do entorno próximo de Lula tinha perdido a esperança com o governo Dilma e entendia que o melhor era convencê-la a pedir licença por prazo indeterminado, por questões de saúde, sistema nervoso, depressão crônica, etc. Com isso, ela se afastaria suavemente, manteria seus direitos de presidente após o mandato (remuneração e equipe de entorno, etc.). Mas o ponto era quem a convenceria disso.   

2. Teria prevalecido a ideia de o PT e Lula apoiá-la e prestigiá-la e, com isso, se amanhã houvesse a necessidade do afastamento de Dilma, nem Lula nem o PT poderiam ser acusados de deslealdade. Os problemas do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, deram fôlego à tese de esperar para ver. A decisão do STF sobre as regras de funcionamento da comissão do Impeachment reforçaram essa tese ainda mais.

3. Mas os meses seguintes agravaram ainda mais o quadro econômico (perda tríplice do grau de investimento) e político e subtraíram autoridade da presidente. Generalizou-se a tese –tanto no PT, quanto na oposição, no empresariado, na sociedade, quanto na percepção externa– política e econômica de que “não há governo”.

4. Com a prisão do publicitário do PT (de Lula e Dilma), João Santana, criou-se um quadro novo. São ao mesmo tempo quadros do PT sem ser militantes. Os militantes –sejam dirigentes, parlamentares ou não-, quando denunciados ou presos, mantêm um comportamento firme, negando tudo. E o fizeram com a ordem unida dada pela direção lulista e seus advogados. Mas o casal publicitário –sem essa militância e experiência política- trocou os pés pelas mãos. A situação de Dilma se tornou terminal.

5. O PT e Lula abriram o jogo, usando como bodes expiatórios a lei que permite a Petrobras reintroduzir o setor privado no pré-sal e a reforma da previdência. Explicitamente, Dilma perdeu apoio interno, inclusive de Lula. Dilma mobilizou o Itamaraty, que inventou uma viagem às pressas ao Chile, de forma a evitar que ela participasse do Congresso do PT, evitando o constrangimento dos discursos críticos à sua política econômica e até vaias.

6. Com isso, concomitantemente, cresceu a tese do impeachment na oposição e da licença de Dilma no entorno de Lula. Isso ocorrendo ainda em 2016 e com novo governo liderado pelo PMDB, Lula teria tempo para passar para a oposição e sapatear sua tese de que a política econômica e social de Lula estavam certas e errada é a condução de Dilma. Na oposição, Lula afiaria o discurso, a CUT sapatearia a seu lado e sua popularidade voltaria a crescer. Em resumo, Lula seria competitivo em 2018.

B) (Estado de S. Paulo, 27) Na pior crise de seus 36 anos, o PT demarcou as diferenças em relação ao governo Dilma Rousseff e pediu a volta da política econômica levada a cabo pelo ex-presidente Lula da Silva. Em reunião do Diretório Nacional, o PT aprovou um conjunto de resoluções que escancaram as divergências entre partido e governo, irritando o Palácio do Planalto. Após sete horas de debates, o partido lançou o Plano Nacional de Emergência para a área econômica, que propõe 22 medidas para combater a crise, entre elas o uso das reservas internacionais do País para retomar o crescimento econômico e a criação de novos impostos. “Vivemos, de fato, uma encruzilhada entre o passado e o futuro”, diz o documento “O futuro está na retomada das mudanças”. O presidente do PT, Rui Falcão, disse que o objetivo do texto é resgatar as bandeiras econômicas de Lula. “A lógica das propostas é retomarmos, nas condições atuais, o que era o núcleo da política econômica do governo Lula”, disse ele.

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SENADOR DO PT DIZ QUE DILMA VAI PERDER APOIO DO PT! ENTREVISTA AO ESTADO DE S. PAULO (28)!

(ESP) Como se chegou a este ponto de tensão entre o PT e a presidente? – (Lindbergh Faria) Minha tese é que a pauta que a Dilma está escolhendo vai contra a gente. É um movimento, na minha avaliação, consciente por parte da presidente de se afastar das nossas políticas, dos nossos programas. A reforma da presidente colide diretamente com o movimento sindical, com as nossas bases. Estamos no meio de uma guerra, a guerra do impeachment. E tem uma luta nas ruas inclusive. A presidente escolheu uma pauta que vai contra os nossos.

(ESP) Por que a presidente insiste nas propostas das quais o PT discorda? – (LF) O afastamento é muito mais dela do que nosso. Fico pensando até se não é algo consciente, se afastar do PT, tentar construir uma agenda com parte da oposição, o que a gente viu na votação do pré-sal foi isso. Quer passar a ideia de que é a presidente de todo País. Ela tem a ilusão de que pode diminuir essa raiva contra ela, a favor do impeachment, apresentando uma agenda desse tipo, se rendendo a um outro projeto. Ela acha que vai acalmar e pacificar o País com isso. Ela nem vai conseguir acalmar os que estão contra ela no andar de cima e pode acabar perdendo a base dela.

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SUS: RIO DE JANEIRO TEM OS ÍNDICES DE MORTALIDADE MAIS ALTOS DO PAÍS!

1. (Extra/Globo, 29) Em 2015, o estado do Rio teve a maior taxa de mortalidade registrada no Sistema Único de Saúde desde 1984, início da série histórica do Sistema de Informações Hospitalares do SUS. Num período de 31 anos, o estado liderou as indesejáveis estatísticas por 30. Além de ter os índices de mortalidade mais altos do país catalogados pelo SUS, o Rio não sabe, ou não deixa saber, o que determinou esses óbitos: de 2008 a 2015 — período em que as taxas no estado tiveram a alta mais acentuada —, a categoria de diagnóstico com maior proporção entre mortes e internações foi a que não tem causa mortis definida.

2. (Globo, 29) SUS. 2015 Rio teve 6,57 óbitos / 100 mil habitantes. Brasil 4,2. Rio 56% a mais.

26 de fevereiro de 2016

EÇA DE QUEIROS EM 1867: “NA POLÍTICA HÁ POSTERGAÇÃO DOS PRINCÍPIOS”!

(Comunicar Preciso) 1. “Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar oposição. Falta igualmente a aptidão, e o engenho, e o bom senso, e a moralidade, nestes dois fatos que constituem o movimento político das nações. A ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina de acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse.

2. A política é uma arma, em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias; ali dominam as más paixões; ali luta-se pela avidez do ganho ou pelo gozo da vaidade; ali há a postergação dos princípios e o desprezo dos sentimentos; ali há a abdicação de tudo o que o homem tem na alma de nobre, de generoso, de grande, de racional e de justo; em volta daquela arena enxameiam os aventureiros inteligentes, os grandes vaidosos, os especuladores ásperos; há a tristeza e a miséria; dentro há a corrupção, o patrono, o privilégio. A refrega é dura; combate-se, atraiçoa-se, brada-se, foge-se, destrói-se, corrompe-se.

3. Todos os desperdícios, todas as violências, todas as indignidades se entrechocam ali com dor e com raiva. À escalada sobem todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos (…) todos querem penetrar na arena, ambiciosos dos espetáculos cortesãos, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis dos gozos da vaidade.”

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MARQUETEIROS ENTREGAM O JOGO: PT INDIGNADO!

(Monica Bergamo – Folha de SP, 26) 1. Em seu depoimento, anteontem, Mônica Moura (esposa de João Santana, marqueteiro do PT) afirmou que só dois países, de todos os que já trabalhou, não usam caixa dois para pagar publicitários em campanhas eleitorais: República Dominicana e El Salvador.

2. No Brasil, afirmou, a prática passou a ser evitada depois que o publicitário Duda Mendonça quase foi preso no escândalo do mensalão. Mônica sustenta que, se a campanha de Dilma Rousseff tivesse caixa dois, “todas teriam”, e precisariam ser investigadas, já que as despesas da petista e de Aécio Neves, por exemplo, foram parecidas.

3. A mulher de João Santana afirma também que dificilmente uma campanha presidencial gastaria com marketing mais do que os cerca de R$ 90 milhões que ela e o marido cobraram de Dilma. Não haveria “onde” despejar tantos recursos. Mônica foi interrogada por cinco investigadores.

(Ex-Blog) Os depoimentos de João Santana e Mônica Moura são considerados um desastre pelo PT. Os depoimentos dos militantes, parlamentares ou não, seguem uma linha de não entregar nada. Aliás, é a primeira vez na Lava-Jato que não-militantes integrados ao PT prestam depoimento. Até a Odebrecht estaria indignada com esses depoimentos. Da mesma maneira, no Mensalão com o outro marqueteiro, Duda Mendonça.

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DILMA FOGE DA FESTA DO PT!

Dilma deveria terminar sua missão no Chile amanhã. Depois de árduos e constrangedores esforços do Itamaraty, a missão foi prorrogada até sábado (sem agenda oficial…), de maneira a sua chegada ao Brasil impedi-la de participar do ato PT, a que comparecerá Lula. Que vergonha – e a nosso custo…

25 de fevereiro de 2016

LULA E FHC NO CENTRO DO PALCO POLÍTICO! DESDOBRAMENTOS!

1. Dick Morris, em seu livro –O Novo Príncipe- no capítulo que trata da corrupção de políticos, lembra que a primeira matéria publicada pela imprensa apenas abre a série delas que virá depois.  Assim tem sido com Lula, o apartamento e o sítio. Agora é a vez de FHC, com seu caso extraconjugal e as transferências de recursos. Pelos estudos de Dick Morris, no caso, a série apenas foi aberta.

2. Dick Morris afirma que problemas de comportamento em políticos (caso FHC) são minimizados com o tempo. Nos jovens atinge pouco e entre os idosos atinge muito. Diferente dos problemas que envolvem dinheiro, que sem explicação são fatais.

3. O caso de Lula é uma situação mal operada e mal mesclada. Com suas palestras, tinha dinheiro de sobra para comprar o imóvel e o sítio. Mas preferiu o facilitário de amigos e empresas. Com isso, seu caso ficou na fronteira da percepção das pessoas como de desvios ou troca de favores, o que dá no mesmo.

4. Por falar em facilitário, FHC escorregou também, com a empresa do cunhado de sua amiga. Dizem os políticos experientes que quando um político tem que se explicar, perde. As pessoas comuns não entendem direito as questões –legais- de remessas ao exterior.

5. A repercussão geral sobre a política desses dois casos é desastrosa. Afinal, são os dois –destacados- e principais líderes políticos brasileiros. A reação geral é que tendo se chegado a eles é porque não tem jeito, tem que mudar tudo. A história política ensina.    

6. A Itália, tão citada pelo Juiz Moro, na operação Mãos Limpas, que é uma referência dele, mostra que a hegemonia da Democracia Cristã –e a própria- foi desintegrada, assim como a posição de tercius do PS. O PCI, habilmente, numa conjuntura de esfacelamento do campo soviético, mudou de nome e tornou-se social-democrata/social-liberal. E governou por períodos, teve presidente, e governa hoje.

7. A direita liberal/conservadora/empresarial, com Berlusconi, ascendeu e governou por um longo ciclo, até Berlusconi fazer parte das denúncias comportamentais –com seu harém e festas- e desvios de dinheiro. Mas seu ciclo de liderança durou 17 anos, de 1994 a 2011.

8. Usando a Itália como referência –a partir da operação Mãos Limpas do Juiz Moro- pode-se imaginar que há um vácuo aberto na política brasileira, para Marina por um lado e para Bolsonaro, agora no Partido Social Cristão (PSC), por outro. Álvaro Dias e Ciro Gomes farejaram este vácuo, mudaram de partido e vão explorar essa situação.

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ALGUNS DESTAQUES DA PESQUISA NACIONAL MDA/CNT DE 18-21/02!

1. Tem acompanhado ou tomado conhecimento da operação Lava-Jato? SIM 88,6%.

2. Dilma é culpada da corrupção? SIM 67,8% / NÃO 24,5%.

3. Lula é culpado da corrupção? SIM 70,3% / NÃO 22,4%. // Lula pode ser investigado? SIM 75,7% NÃO 18,7%.

4. A favor do impeachment de Dilma: SIM 55,6% – NÃO 40,3%.

5. Dilma está sabendo lidar com a crise econômica? NÃO 79,3% – SIM 16,8%.

6. Causa da Crise Política: Corrupção 62,1%.

7. Você está empregado? SIM 55,7% / NÃO e procuro emprego: 14,6% / NÃO e não procuro emprego (inclui aposentado, estudante, dona de casa, além dos que desistiram) 25,6%. // Conhece alguém que ficou desempregado? SIM 82,6%.

8. Essa crise vai levar ainda quanto tempo? 3 anos e mais 64% / até 1 ano 7,4% / 1 a 2 anos 24%.

9. Conhece pessoas que contraíram Dengue, Zika ou Chikungunya? SIM 55,6% / NÃO 44,3%. // Tem medo de contrair alguma doença transmitida pelo aedes? SIM 88,7%.

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QUANTOS DELEGADOS TRUMP PRECISA PARA GANHAR A CONVENÇÃO?

1. Até 14 de junho, eleitores terão de indicar os delegados para representá-los nas convenções de cada partido. Para ser apontado candidato, um republicano precisa conquistar 1.237 dos 2.472 delegados disponíveis para o partido. No momento, Trump conta com 67 delegados, contra 22 de Ted Cruz e 9 de Rubio.

2. Clinton e Sanders. Delegados. Hillary Clinton tem 502 delegados; e Bernie Sanders 70, de acordo com os últimos levantamentos da Associated Press. 2.383 delegados são necessários para conseguir a nomeação como candidato do Partido Democrata.

3. Vários analistas, incluindo Mel Robbins, da CNN, consideram que a corrida republicana acabou. Nunca o candidato que venceu as primárias de New Hampshire e South Carolina deixou de se tornar o indicado.

4. Segundo Robbins e matéria da rádio pública NPR, a elite dos Republicanos ainda espera que, com a desistência de Jeb Bush, Marco Rubio possa atrair os votos anti-Trump. Diversos superPACs (comitês que angariam fundos a favor ou contra um candidato, mas que não podem ter vínculos diretos e injetaram mais de USD 600 milhões na eleição de 2012) estão voltando as baterias contra Trump, a favor de Rubio, apontando o que é considerado sua maior fraqueza, o temperamento, mas, até agora, sem sucesso algum.

24 de fevereiro de 2016

A ONDA AZUL COBRE A AMÉRICA DO SUL! A ONDA VERMELHA DESAPARECE!

1. O costumeiro georreferenciamento do voto nos quadros que a imprensa apresenta vai mostrando nos últimos dois anos uma progressiva redução da mancha vermelha, que simboliza as forças políticas do centro para a esquerda, e uma enorme expansão da mancha azul, do centro para a direita.

2. Esse processo se inicia uns anos antes, com o aumento da rejeição dos governos da mancha vermelha. E se acentua mês a mês. Com o novo ciclo de eleições, as altas taxas de rejeição se transformam em mudanças nos governos. Apesar da enorme máquina peronista de Cristina Kirchner e sua resistência à rejeição, as eleições presidenciais surpreenderam as pesquisas no primeiro turno e mostraram a ascensão de uma frente de centro/centro-direita. No segundo turno, a vitória de Macri se deu sem sustos. A mancha azul ocupou quase todo o país.

3. As eleições parlamentares na Venezuela, em dezembro de 2015, apesar de todas as manipulações e prisões perpetradas pelo chavismo, representado pelo pior populismo, o de Maduro, confirmou de forma aplastante o que diziam as pesquisas. A mancha azul ocupou todo o país e a oposição venceu com a maioria constitucional de pouco mais de 2/3 dos parlamentares. O quadro político se inverteu e o governo aprovou lei delegada antes da posse do novo parlamento e –em seguida- passou a agir de forma obstrutiva lastreado por confirmações da Corte Suprema de lá.

4. Evo Morales, apoiado nas pesquisas que lhe davam maioria nacional, chamou a um plebiscito para alterar a Constituição e lhe abrir espaço para mais um mandato presidencial, o quarto, em direção a 2025. Um e outro escândalo de corrupção foram divulgados e Evo Morales censurou os responsáveis, lavando as suas mãos, no conhecido método lulista. E mais perto da eleição surgiu o caso de sua ex-namorada contratada por uma empresa chinesa por milhões. Mas o SIM e o NÃO foram convergindo e chegaram ao plebiscito empatados. Cumprida a tendência, o resultado foi a vitória do NÃO e a rejeição ao quarto mandato. A mancha azul ocupou quase toda a Bolívia, exceção significativa da província de La Paz, fronteira com Peru e Chile. A onda azul cresceu geometricamente em direção ao leste, à fronteira com o Brasil, onde a vitória do NÃO em Santa Cruz e Pando foi acachapante.

5. Agora, em abril, vêm as eleições presidenciais no Peru. A rejeição ao presidente Humala –militar chavista, mas acomodado na campanha pela propaganda petista estilo 2002- atingiu recordes próximos aos números de Dilma. O quadro das candidaturas presidenciais está pulverizado. Lidera a filha de Fujimori. Ascendeu Julio Gusman, economista que já foi do BID, ministro da fazenda e coordenador de gabinete. Criou um partido –Todos pelo Peru- e ocupa o segundo lugar uns 10 pontos abaixo dos 30 pontos de Keiko Fujimori, com um discurso genérico. Humala sequer se arriscou a ter candidato. Independente do resultado, a mancha azul ocupará todo o país.

6. Finalmente, o Brasil, que vive um “ciclo eleitoral” de impeachment com rejeição recorde –talvez- em toda a história política da América do Sul. Dilma respira com a ajuda das máquinas, mas a cada visita do noticiário fica mais difícil sobreviver. A mancha vermelha desapareceu do mapa, e o que se pergunta apenas é: Qual será a cor da mancha que substituirá a mancha vermelha em curto ou médio prazos: a azul de Aécio/Alckmin, a verde de Marina, a roxa de Ciro, a amarela de Alvaro Dias, a rosa de Cristóvam Buarque…? Um segundo turno garantido.

7. Na ausência de lideranças substantivas, o único certo é que a mancha vermelha desparecerá nesse ciclo político. Que a imprevisibilidade de hoje abra caminho para o progresso amanhã.

23 de fevereiro de 2016

NOTAS POLÍTICO-PRÉ-ELEITORAIS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO!

1. A avaliação do governador Pezão está abaixo da de Dilma, que continua na mesma. O ótimo+bom de Pezão está na faixa dos 5% e o ruim+péssimo na faixa dos 70%. Com isso, o saldo negativo de Paes (ruim+péssimo – ótimo+bom) aumentou para mais de 10 pontos.

2. As Olimpíadas não produzirão impacto positivo nas avaliações. Agora o prefeito informou ao COI que o Metrô não ficará pronto até lá e ofereceu um plano B rodoviário. Dilma e Pezão têm os graves problemas deles e desfocam as Olimpíadas.

3. Se o senador Crivella tivesse que desenhar um cenário favorável a ele, o atual seria ainda mais favorável. E a mídia pró-Crivella ainda não engoliu as agressões de Pezão na campanha e continua lançando fogo pela boca.

4. Secretário de Transportes foge do desgaste do governo estadual e se coloca à disposição do PSDB para prefeito. Vai à Brasília conversar, pois aqui não tem conversa. Aécio apoia lá e não ajuda aqui. Isso prejudica a pré-campanha. O caso FHC desbota seu manto consensual e seu sucesso nos restaurantes elegantes. E ele mora no Rio.

5. O PT não sabe o que vai fazer. Lula e Dilma exigem apoio ao PMDB. Mas sem ter o vice e sem aparecer sua marca na TV do PMDB, corre o risco de não fazer nem os 4 vereadores que fez da outra vez. O PMDB, com a caneta na mão, já atraiu 4 vereadores para a legenda. E pode atrair mais. Porém, tende a repetir uma chapa de vereadores coligada por dentro. Sendo assim, dos 17 –próprios- atuais –que podem ser mais- não vai conseguir eleger 10.

6. O PMDB conviverá com a dúvida sobre a candidatura a prefeito até o prazo limite, apesar das repetidas afirmações que nada muda.

7. Os problemas financeiros do Estado e o desgaste político de Pezão estão se transformando num atrito entre os 3 poderes: executivo, legislativo e judiciário. O fogo amigo e aberto numa longa entrevista semana passada, continuará nessa semana.

8. Apoio a Freixo continua atuando fortemente através das redes sociais, tendo o PMDB como alvo. Mas se o adversário for Crivella? Com Crivella no páreo, os espaços que teve em 2012 para crescer fora de seu público, nos opositores ao prefeito, serão muito menores. Romário perdeu o PSB e suas contas e nomeações ganharam enorme destaque na imprensa popular. Deve se conformar com seu longo mandato de senador e não correr riscos.

9. Molon continua esperando o colo de Marina para ser embalado e ter algum pretensão a se aproximar com chances de ir ao segundo turno. Indio ganhou o apoio do presidente de seu PSD e perdeu lastro na prefeitura e com isso capilaridade. Ambos estão fora das polêmicas da pré-campanha, tão importantes para formar imagem. Vide primárias nos EUA.

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A INDEPENDÊNCIA DOS PODERES!

(Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro –  Globo, 21) 1.  Os jornais noticiam um embate entre os poderes Executivo e Judiciário, parecendo dar eco à defesa do governador, que considera privilégio e insensibilidade os questionamentos do Judiciário em receber na data estabelecida pelo governo do estado. No entanto, a discussão não está ligada à data de pagamento, mas sim a repasses pertencentes a cada um dos poderes e às suas autonomias previstas na Constituição Federal.

2. De fato, o artigo 168 da Constituição determina o repasse de valores para o Judiciário, Ministério Público e Defensoria até o dia 20 de cada mês e a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) estabelece os limites de repasses (nos estados, o valor arrecadado deve ser dividido da seguinte forma: 49% para o Poder Executivo, 6% para o Poder Judiciário, 2% para o Ministério Público, 3% para o Poder Legislativo, incluindo o Tribunal de Contas).

3. Em outras palavras, o Poder Executivo tem a chave do cofre, mas não é o dono de todo o valor que está dentro dele. Assim, não pode se apropriar de parcela que não lhe pertence.  Lembre-se de que os limites da LRF funcionam como teto. Ou seja, não podem os chefes dos poderes e instituições gastar mais do que o percentual estabelecido, sob pena de responderem pessoalmente pelos gastos e de terem de se adequar aos limites, inclusive com a demissão de servidores.

4. No caso do Judiciário, o limite de 6% da arrecadação deve ser suficiente para dar conta de uma instituição funcionando em 92 municípios, que teve, em 2015, 1.977.763 sentenças proferidas e mais 4.391.231 ações em andamento. De outro lado, em tempos de crise, todos os poderes sofrem com a necessária adequação aos estreitos limites da LRF, ainda que a queda da arrecadação esteja relacionada à atuação do Poder Executivo.

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“LAVA JATO” DIZ QUE PRESIDENTE DO PERU TAMBÉM RECEBEU PROPINA!

(Jornal Nacional – TVG, 22) 1. O delegado aponta ainda que a Odebrecht pagou propina para políticos de outros países. Diz que a análise de e-mails mostra com “robustez probatória” o pagamento de vantagem indevida a um ex-secretário de transportes da Argentina e ao presidente do Peru, Ollanta Humala.

2. E conclui que “o pagamento a agentes públicos de outros países e ao PT revela práticas criminais até então não descobertas, que certamente envolverão novas investigações sobre novos sistemas ilícitos e agentes corruptores”.

22 de fevereiro de 2016

FUNDOS DE PENSÃO DAS ESTATAIS: LULA PEDIU, TANCREDO NEGOU E PT VOTOU CONTRA TANCREDO!

1. Na saída da reunião, em 1985, entre Tancredo Neves –presidente eleito- e Lula, presidente do PT, a imprensa reuniu todas as câmeras e gravadores à espera da decisão do PT. Afinal, o PT se somaria à frente democrática pela eleição de Tancredo no Congresso ou não?

2. Finalmente, Lula saiu e, cercado pela imprensa, deu as explicações. Disse que pediu 2 coisas a Tancredo: o aumento do salário mínimo e o controle dos Fundos de Pensão das Empresas Estatais. A primeira era apenas fogo de artifício, com uma inflação daquele tamanho. Mas a segunda era para valer. A Veja destacou com foto as declarações de Lula e o que havia pedido a Tancredo Neves pelo –para- o PT.

3. Afinal, o PT treinou no exterior por anos o presidente do sindicato dos bancários de S. Paulo, Luis Gushiken. Na Constituinte, coube a Gushiken a liderança das teses do PT que envolviam os Fundos de Pensão das Estatais. Com Lula eleito em 2002, coube a Gushiken o comando desses Fundos de Pensão, independente de onde estivesse, câmara, ministério e presidente de entidade para-estatal. Gushiken faleceu em 2013.

4. O Globo, neste domingo (21), traz ampla matéria sobre a manipulação daqueles Fundos com imensos prejuízos que somam uns R$ 30 bilhões de reais e sublinha o papel destacado de Gushiken. Esse sempre foi o projeto de poder do PT e se Tancredo Neves tivesse aceito, o PT teria dado a ele os seus votos. Esse era o preço!

5.1. (GLOBO, 21) Quando chegou ao Planalto, em 2003, Lula estava decidido a ampliar esse canal de influência sobre o setor privado, pela via da multiplicação da presença dos fundos de pensão estatais e do BNDES no quadro societário das empresas. Havia um projeto, desenhado desde os primórdios do PT e da Central Única dos Trabalhadores, por iniciativa de Luiz Gushiken, então presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

5.2. Ajudou a escrever o primeiro estatuto, presidiu o PT, elegeu-se deputado federal três vezes e se tornou um dos mais influentes assessores de Lula. Foram os negócios nada ortodoxos entre fundos estatais e empresas privadas durante o governo Collor, em 1991, que levaram Gushiken e dois diretores do sindicato paulistano, Ricardo Berzoini e Sérgio Rosa, a abrir o debate dentro do PT sobre o potencial político dos fundos de pensão — até então percebidos como meros instrumentos governamentais de cooptação de sindicalistas.

5.3. No ano seguinte, a cúpula político-sindical do PT elegeu bancários para diretorias da Previ e da Funcef, derrotando a velha guarda da Confederação dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito. O grupo avançou com a eleição de Berzoini à presidência do sindicato paulistano, com Sérgio Rosa e João Vaccari Neto na diretoria. Meses depois, esse trio teve a ideia de entrar no ramo imobiliário com apoio financeiro dos fundos de previdência: nascia a Bancoop, cooperativa habitacional, hoje alvo de múltiplos processos por suposto desvio de dinheiro para campanhas do PT e calote em mais de dois mil clientes.   Gushiken decidiu não disputar o quarto mandato de deputado federal pelo PT, em 1998. Berzoini ficou com a vaga. Elegeu-se, mas fez questão de continuar na direção da Bancoop até a campanha presidencial de Lula, em 2002.

5.4. Na sede da CUT, Gushiken instalou um curso para formação de sindicalistas em Previdência Complementar. Sinalizava o rumo nas apostilas: “No Brasil, o fundo de pensão como fonte de poder ou como potente agente de negociação nunca foi objeto de discussão nos sindicatos (…) Existe a possibilidade, não remota, de que este monumental volume de recursos, oriundos do sacrifício de milhões de trabalhadores, venha a se transformar num gigantesco pesadelo para estes mesmos trabalhadores”.

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GUERRA NA SÍRIA: 240 MIL MORTOS!

1. A guerra na Síria deixou mais de 240 mil mortos, incluindo 12 mil crianças, de acordo com um novo balanço do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). A cifra corresponde a um aumento de mais de 10 mil mortos em quase dois meses, segundo esta ONG com sede na Grã-Bretanha, que conta com uma vasta rede de fontes na Síria e que estabelece cuidadosamente o balanço de mortos desde o início da guerra.

2. Segundo seus cálculos, o número de mortos entre os civis é, até a data, de “71.781, incluindo 11.964 crianças”. A população síria atual é de 23 257 387 habitantes.