23 de outubro de 2017

EX-BLOG ENTREVISTA CESAR MAIA: LIBERALISMO E LIBERALISMO!
1. Ex-Blog: Em reuniões, você tem repetido que os políticos que defendem o liberalismo são, na verdade, de dois tipos de políticos liberais. Poderia explicar?
CM: Eu me dei conta disso na votação da privatização da telefonia. Na hora da votação, o deputado Fernando Gabeira –agrupado entre os deputados ditos de esquerda- foi ao microfone e disse que votaria a favor da privatização.
2. Ex-Blog: Qual a justificativa?
CM: Ele disse que estava votando a favor do cidadão que, com o sistema estatizado, não se tinha acesso aos serviços que poderia ter. E realmente ocorreu assim. Os números enormes e o alcance da telefonia celular, dos smartphones, demonstram isso. Todos passaram a ter contato direto e amplo. Serviços pessoais e residenciais criaram verdadeiras “empresas pessoais”.
3. Ex-Blog: O que distinguiria os dois tipos de liberalismo que você tem citado?
CM: Melhor seria dizer duas visões de liberalismo. Numa delas, que é a que normalmente se difunde, o foco é a empresa. Esse tipo de liberalismo critica o controle estatal e defende a privatização de olho na liberdade empresarial, e na competitividade. De uma forma simples, se poderia dizer que o cidadão é visto como consequência da liberdade empresarial e, dessa forma, da competitividade.
4. Ex-Blog: Isso está errado?
CM: Depende. Mas, de qualquer forma, é uma visão vertical, vale dizer, da empresa em cima e do cidadão embaixo como consequência.
5. Ex-Blog: E o outro tipo de liberalismo que você cita?
CM: É o que tem o cidadão como foco, as necessidades do cidadão e o acesso a serviços de melhor qualidade e mais baratos. Com a mesma renda salarial, se isso ocorre, há um evidente aumento da renda salarial do cidadão.
6. Ex-Blog: O que muda com esse foco alternativo no cidadão?
CM: Muda, a começar, pela escala de prioridades. A visão liberal tradicional é em geral fiscalista, ou seja, olha para as privatizações como forma de reduzir o gasto público e de se garantir maior acesso a investimentos.
7. Ex-Blog: Isso está errado?
CM: Não se trata de estar errado ou certo, mas de se ter o foco concentrado na atividade empresarial estatal, pública ou privada. De ser esta a prioridade.
8. Ex-Blog: E o foco alternativo no cidadão?
CM: Nesse caso, a análise parte dos serviços que deveriam atender aos cidadãos. Telefonia, como citei, é um exemplo que se tornou óbvio após a privatização. Os serviços aeroportuários é outro exemplo. A qualidade das rodovias é outro. Os planos de saúde, liberando a saúde pública para os que mais precisam, deveria ter sido outro. O transporte público. Isso chega a questão ambiental, a urbanização, etc.
9. Ex-Blog: Mas em certos casos de privatização os serviços não têm melhorado para os cidadãos.
CM: É verdade, e isso acontece porque os governos muitas vezes não entendem que ao priorizar e ter como foco o cidadão, a privatização deve ter como consequência a melhoria e amplitude, seus controles, as normativas e a fiscalização sobre esses serviços. O governo, ao não ser o gerador dos serviços quando o foco é o cidadão, deve se qualificar e ampliar suas responsabilidades fiscalizadoras e normatizadoras.

20 de outubro de 2017

XADREZ DEMOCRÁTICO!

(Revista Piauí, 18.10.2017) 1. Cesar Maia foi assertivo na última frase antes de encerrar a entrevista: “Não acredito que Rodrigo Maia assuma a Presidência da República, e torço para que isso não aconteça.”

2. Minutos antes, reprovara, com a mesma veemência, uma eventual candidatura do prefeito tucano de São Paulo, João Doria, à Presidência da República pelo seu partido. “Se ele se filiar, está bom, é prefeito de São Paulo. Agora, se lançar candidato a presidente pelo DEM, um partido que tem tradição de políticos seniores, essa hipótese, por parte do partido, nunca existiu.” Entre os apresentadores de televisão aventados como candidatos ao Planalto em 2018, ele já tem um preferido: Luciano Huck, um “nome mais forte” do que o do prefeito paulistano.

3. Eram quatro da tarde de terça-feira, 17 de outubro. Pela manhã, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, definiu que o Senado adotasse o voto aberto para decidir se manteria o afastamento de Aécio Neves A sessão que selaria o destino imediato do senador tucano estava marcada para o fim do dia.“Vamos ver como termina o dia”, disse-me Cesar Maia.

4. Aconteceu a Cesar Maia o que ocorre quando um filho de figura pública se torna também protagonista. Hoje, Cesar é o pai de Rodrigo. “Somos pessoas completamente diferentes. Eu sou um tecnocrata, ele é um diplomata, um homem com capacidade de liderança e de mediação”, afirmou. São por essas características que, segundo o pai, Rodrigo Maia não deve “queimar etapas” e se tornar presidente agora. “A trajetória do Rodrigo gera para ele uma responsabilidade institucional de disputar novamente a eleição para deputado federal em 2018 e continuar comandando a Câmara dos Deputados. Não sei como será a Câmara depois da próxima eleição, mas com o perfil de hoje, poucos terão condições de comandá-la como o Rodrigo”, disse Cesar.

5. “Vou falar um negócio para você”, disse-me Cesar Maia, quando lhe perguntei sobre a crise entre Rodrigo Maia e Michel Temer. “Acredite se quiser: não há crise alguma. O que houve foi uma resposta do Rodrigo ao que esse advogado falou. Eu lhe garanto que, se fosse o advogado anterior [Antônio Cláudio Mariz, responsável pela defesa de Temer na primeira denúncia], não teria falado isso em hipótese alguma”, justificou Cesar. Às rusgas por causa da divulgação das acusações de Funaro soma-se uma batalha partidária para atrair parlamentares. Rodrigo Maia acusa o PMDB de cooptar deputados e senadores do PSB que negociavam filiação ao DEM.

6. “Não há chance de a segunda denúncia ser aceita pelo plenário da Câmara dos Deputados. O que pode acontecer é, devido ao desgaste cumulativo do governo, a votação ser um pouco mais apertada. Mas não a ponto de afastá-lo do cargo. Isso pode, sim, ter consequências em votações importantes para o governo, como a reforma da Previdência.”

7. “Não tenho dúvidas de que Huck é mais forte do que o Doria como candidato a presidente. Doria tem lustro, mas Huck é um apresentador de programa popular. A penetração de seu nome é mais forte do que a de Doria.” Cesar Maia diz desconhecer que tenha havido convite formal a Huck – mas não descarta que isso possa acontecer. “Houve encontro dele com lideranças, porém nada definido. Mas pode ser que, neste exato momento, as coisas mudem. Estamos no Brasil.”

8. Falando antes de o Senado rejeitar o afastamento de Aécio Neves de seu mandato, Cesar Maia disse que havia sido criado um “problema sério” para a imagem da Casa e do senador mineiro. Para o ex-prefeito, Aécio deveria ter “pedido afastamento” logo que as primeiras denúncias surgiram. “Houve falta de decoro parlamentar nos diálogos de Aécio com Joesley Batista.” “Agora como vai ficar para o Senado, não sei. O que sei é que o PSDB está dividido, estraçalhado.”

19 de outubro de 2017

LULA PODE SER CANDIDATO A PRESIDENTE? PODE ASSUMIR?
1. A probabilidade da segunda instância do TFR do Paraná manter a condenação de Lula -a mais ou a menos- é dada como certa. Isso leva a uma conclusão simplista: pela lei da ficha limpa, Lula não poderia ser candidato. Mas ainda não seria assim.
2. Em primeiro lugar, depende da data do julgamento ocorrer antes da data limite para as inscrições dos candidatos. Esta data depende desse primeiro julgamento na segunda instância.
3. Se não houver unanimidade entre os três Desembargadores, o julgamento irá a um colegiado maior com mais dois Desembargadores. E outra vez dependerá da data deste segundo julgamento ocorrer antes da data limite da inscrição.
4. Havendo unanimidade, Lula poderá recorrer, seja em busca de uma liminar no STJ ou através de um recurso no TSE, com alegações relativas a legislação eleitoral. Para a defesa de Lula tão ou mais importante que o mérito, é o prazo. O objetivo seria retardar os julgamentos até depois do segundo turno da eleição.
5. Mas não havendo unanimidade no primeiro colegiado de três desembargadores, passará a correr um novo prazo para o recurso, no segundo colegiado, que poderia ultrapassar a data limite para inscrição da candidatura.
6. Portanto, supondo que numa ou noutra hipótese a inscrição eleitoral ocorrer dentro da data limite, a defesa de Lula recorrerá em busca de uma liminar no STF e no TSE. Para a defesa de Lula, os atos dos recursos até os julgamentos terão efeitos suspensivos.
7. Supondo que a defesa de Lula consiga uma liminar. Se for assim, Lula concorreria e se aguardaria uma decisão final.
8. Supondo que os pedidos das duas liminares -ou de uma delas- não sejam julgadas até a data do segundo turno, a defesa de Lula considerará a não decisão como efeito suspensivo.
9. Se Lula vencer no segundo turno, ainda haveria um terceiro turno. O MPF recorrerá contra a diplomação, pedindo que seja suspensa. Se houver a decisão suspendendo a diplomação, a eleição ainda não estará resolvida.
10. Dependerá de um julgamento no TSE, autorizando a diplomação do segundo colocado. Ou mesmo da finalização do julgamento no STJ, ou mesmo de um recurso final ao STF.
11. Dependendo dos prazos observados e da sequência deles, se poderá chegar na data da posse do próximo presidente sem se saber quem será o presidente eleito. Ou havendo qualquer decisão em relação a diplomação, virá o inevitável recurso do outro candidato, gerando uma insegurança jurídica e política, até na formação do novo governo e da validade das medidas adotadas junto à posse do novo presidente.
12. O que a defesa de Lula puder fazer para retardar qualquer decisão definitiva, fará. E isso para a defesa de Lula será mais importante que o mérito. E a insegurança além de jurídica e política, será econômica.

18 de outubro de 2017

BRASIL: A DIREITA CONSERVADORA TENDE A IR PARA O SEGUNDO TURNO NA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL DE 2018!
1. A presença permanente do deputado Jair Bolsonaro em segundo lugar nas pesquisas pré-eleitorais realizadas por todos os institutos de pesquisa, não deve ser vista de forma personalista em função da imagem e posicionamentos do deputado. É provável que se as pesquisas incluíssem o nome de um General -destacado nas redes e na imprensa por suas declarações conservadoras-, haveria uma troca com Bolsonaro, que perderia alguns pontos nas intenções de voto.
2. Pesquisa recente do Instituto Paulo Guimarães, perguntando se os eleitores preferiam um presidente civil ou militar, 33% responderam que preferiam um Presidente Militar. Em outra pergunta, se para o Brasil seria melhor a Democracia ou um Regime Autoritário, 21,6% responderam que preferiam um Regime Autoritário. O Instituto Datafolha, em pesquisa de outubro, mostra que a direita + centro-direita somam 40% da preferência dos eleitores. E ao elencar opiniões sobre temas, 29% são a favor do cidadão possuir uma arma legalizada, 46% a favor da pena de morte, 83% a favor da proibição de drogas e 26% de desencorajar homossexualismo.
3. O instituto Pew de pesquisas, dos Estados Unidos, em pesquisa recente, em 38 países, perguntou sobre apoio ou simpatia por governos militares ou não democráticos. Folha de S. Paulo, 17/10: “Segundo a pesquisa, 23% dos entrevistados no Brasil dizem não gostar da democracia representativa e apoiam ao menos uma das três formas de governo: tecnocrático, militar ou com um ‘líder forte’. Nos 38 países, a média é de 13%, com 23% que dizem descartar formas de governo “não democráticas”.
4. Quando a pergunta é feita especificamente sobre um governo militar, 38% dizem que a opção seria boa no Brasil, contra 55% que se opõem. Em todos os países, a média é de 24% de apoio a esse tipo de governo”.
5. Cruzando essas e outras pesquisas com pesquisas recentes políticas e eleitorais no Brasil, verifica-se que uma, se não a mais importante, resultante de opinião da crise política, econômica e corrupção política, é reforçar o apoio às ideias não democráticas e retomar a memória positiva do regime militar no Brasil.
6. Importante destacar que quando se faz referência às ideias ditas de Direita, as que ganham maior apoio são as conservadoras e não as liberais. A criminalização da política em função dos escândalos, reforça essa tendência.
7. As consequências eleitorais, se as eleições fossem hoje, são claras. Um candidato com ideias conservadoras de direita iria para o segundo turno. E mais ainda. Se Lula conseguir ultrapassar seus problemas jurídicos e se candidatar a presidente, ou se seu apoio aberto e colado a um candidato que seja sua “imagem e semelhança”, a probabilidade –hoje- é que no segundo turno teríamos um candidato conservador e de direita e Lula ou seu clone.
8. E agregue-se o efeito que o crescimento dos votos brancos e nulos e da abstenção terá sobre a decisão do eleitor em 2018. É provável que o voto conservador de direita tenha maior estabilidade e se beneficie dessa tendência. Dessa forma, os candidatos de centro, centro-esquerda ou centro direita, e especialmente os liberais, estariam –hoje- fora do segundo turno.
9. Mas ainda há muita água a passar nesse rio da opinião pública política. E que esse processo não corra espontaneamente, mas que seja impressionado pela opinião das pessoas, das redes e da imprensa. Espera-se!

17 de outubro de 2017

COMUNICAÇÃO POLÍTICO-ELEITORAL! SUCESSO COM UM NOVO DISCURSO: INVERTIDO!
1. A atual e poderosa governadora de Tóquio Yuriko Koike, a mais popular política do Japão , introduziu em sua comunicação popular, em seus discursos e publicidade, um discurso invertido.
2. Não assume compromissos expansivos -como é o tradicional, o normal- do tipo construirei tantas estradas, tantas escolas, tantos hospitais, ou abrirei tantas vagas nas creches ou nas escolas ou na universidades, ou coisas no estilo.
3. Ela faz um discurso afirmando seus compromissos que poderíamos chamar, talvez, de sustentabilidade.
4. Sua comunicação faz um enorme sucesso e aponta apoio amplo para seu grupo nas eleições do próximo dia 22 em que ela, mesmo não sendo candidata, pode provocar uma pressão sobre o parlamento para elevá-la a primeiro-ministro.
5. Suas opiniões sobre economia ela chama de yurikonomics, usando seu próprio nome.
6. Seus compromissos gerais ou seus pontos ou prioridades, num futuro governo, para as eleições do dia 22, Yuriko Koike lançou dizendo o que paradoxalmente -não quer e fará. OS 12 ZEROS onde mostra sua “enorme habilidade no manejo de imagens e símbolos”, como afirmam os analistas, conformam seu programa.
7. Segue seu programa de 12 ZEROS, que é facilmente adaptável em 2018 para o Brasil e para qualquer um de seus Estados e candidatos.
Leia e pense:
Zero energia nuclear;
Zero impunidade para corporações;
Zero doação empresarial para políticos;
Zero fila nas creches;
Zero fumo passivo;
Zero superlotação em transporte coletivo;
Zero abandono de animais domésticos;
Zero desperdício de comida;
Zero violação de direitos trabalhistas;
Zero idosos ou deficientes sem acesso ao transporte público;
Zero fios e cabos aéreos pendurados em poste;
Zero febre do feno (rinite alérgica).

16 de outubro de 2017

COMO O ELEITOR VOTA! 2018 NÃO SERÁ DIFERENTE! OS BINÔMIOS POLÍTICOS!
1. Existem 2 vetores políticos que atraem os votos dos eleitores. E as alternativas dos eleitores entre eles formam uma combinação de 4 hipóteses.
2. Esses vetores políticos são: Conservadores e Liberais. Conservadores na Economia ou intervencionistas. Liberais na Economia, com um intervencionismo mínimo. Conservadores nos Valores, que se poderia resumir como Valores Cristãos. Liberais nos Valores em relação a vida (aborto), em relação à família, e em relação ao comportamento.
3. Pesquisas nos últimos anos procuram entender as tendências políticas não mais na clássica disjuntiva direita/esquerda, ou mesmo nas alternativas partidárias. Para isso, fazem perguntas sobre economia, estado, comportamento, família, sexo, etc., aos eleitores.
4. E, em seguida, agrupam os eleitores nas 4 hipóteses citadas. 1) Liberais na Economia, Liberais nos valores; 2) Liberais na economia, conservadores nos valores; 3) Conservadores na Economia, liberais nos valores; 4) Conservadores na economia, conservadores nos valores.
5. A Direita tanto pode afirmar-se liberal como conservadora na economia. Mas sempre se afirma como conservadora nos valores. A Esquerda será sempre conservadora na economia e liberal nos valores. Raramente se encontra uma representação política liberal na economia e liberal nos valores. Esta última hipótese é de baixa atratividade eleitoral, pois confunde os eleitores.
6. Quanto mais claras as opções políticas nestas hipóteses e alternativas, mais fácil o eleitor identificará sua representação. Usando as pesquisas recentes e a movimentação dos pré-candidatos, se vê que Lula é claramente conservador na economia e liberal nos valores. Bolsonaro, sempre conservador nos valores, recentemente fez uma opção por ser liberal na economia em sua viagem aos Estados Unidos. Com isso, sua candidatura passa a ter uma imagem mais nítida.
7. O PSDB, seja com Alckmin como com Dória, afirma-se conservador nos valores. Na economia, com ambos, afirma-se liberal, embora de forma mais nítida com Dória. Marina, enquanto personagem, flutua na economia entre afirmações liberais e conservadoras e, da mesma forma, em relação aos valores. Isso já ficou claro em 2014 e fica muito mais claro hoje. Dessa forma, será difícil aglutinar maiorias.
8. O PDT afirma-se sempre como conservador na economia. Mas, nos valores, será muito difícil ter unidade com Ciro, o que dificultará a identificação com maiorias de opinião eleitorais. Alvaro Dias mistura, em suas posições, opiniões liberais e conservadoras tanto em economia como nos valores. Dessa forma, muito dificilmente marcará uma identidade e tenderá a flutuar num patamar muito baixo.
9. Tentar ser as duas coisas ao mesmo tempo, para conseguir votos, é o caminho para confundir e perder votos. É claro que somente em campanha se poderá identificar o binômio de cada candidato. Essas são hipóteses em função das posições que divulgam e que a mídia clássica e social multiplica.
10. Há que esperar. Mas serão os binômios descritos acima e a identidade relativa dos candidatos em relação a eles que informarão a competitividade dos candidatos, esses ou outros que surjam.

11 de outubro de 2017

RELATÓRIO DO PROGRAMA DA CONVENÇÃO NACIONAL DA JUVENTUDE DA CDU, REALIZADO EM DRESDEN, CAPITAL DA SAXÔNIA (ANTIGA ALEMANHA ORIENTAL)!
Bruno Kazuhiro, presidente da Juventude Democratas Brasil (primeira semana de outubro-2017)
1. Abertura à tarde com participação do Primeiro-Ministro da Saxônia (Governador), Sr. Stanislaw Tilich (CDU).
– Alemanha tem muitos vizinhos, mas na Saxônia focamos na República Tcheca e na Polônia, que fazem fronteira conosco.
– A democracia cristã era muito forte na Europa no passado. Foi perdendo espaço em países como Itália e Holanda. Mas nos mantemos fortes na Alemanha. Nesses países a direita mais radical ganhou nosso espaço, como o Forza Itália por exemplo. Não podemos deixar que isso ocorra aqui com a AFD,(Alternativa de extrema direita). Temos que seguir nos reinventando.
– A Saxônia é o estado que está melhor econômica e socialmente dentre os antigos da Alemanha Oriental. – O crescimento da AFD vem do medo. Medo de perder os empregos, dos refugiados, da globalização, da mudança, da competição no mercado com produtos da Ásia, etc.
– Estamos disputando espaços com carros asiáticos. Nossa indústria automobilística é o coração da Alemanha. – O sucesso alemão atual não pode ser visto como eterno. É preciso cuidar, manter, planejar, diminuir a insegurança que faz crescer a AFD.
– Como cristão também me pergunto: Que mundo é esse onde o sucesso só é medido pelo dinheiro? Todos só querem riqueza, esquecendo solidariedade, comunidade, esforço individual, etc.
– Jovens não foram tanto com AFD. Foram mais adultos, preocupados em perder o que têm, o emprego, a aposentadoria. Antes do nazismo a Saxônia era uma potência industrial. Após duas ditaduras, nazista e comunista, temos só subsidiárias de empresas de outros estados ou países. Decidem nosso futuro fora daqui. O povo não gosta disso.
– A CDU e Merkel falaram tanto de Brexit, Grécia, UE, que deixaram populismo crescer em casa. AFD vem disso. Vivemos num mundo complexo onde um jornalista vive fazendo tudo em seu iPad mas critica a queda na venda do jornal impresso.
2. Visita à Assembleia Legislativa da Saxônia. Matthias RöBler (Presidente da Assembleia estadual)
– Temos muita relação na Saxônia com República Tcheca, Hungria, Polônia, Eslováquia e Áustria. Há muito pouco desemprego na Alemanha e mesmo assim AFD teve muitos votos. O fenômeno populista europeu chegou aqui. A CSU enxerga com bons olhos uma democracia mais direta nos municípios como forma de dar protagonismo ao eleitor, mas a CDU não é tão favorável.
– Permitimos o crescimento da AFD quando abrimos fronteiras para mais de 1 milhão de refugiados. Sejamos francos, isso afetou principalmente as regiões mais pobres e rurais da Alemanha, onde as pessoas temem o desemprego. Serão as negociações mais difíceis da história recente em relação à coalizão. O SPD escolheu pensar nele ao invés da estabilidade do país e recusa repetir parceria. Nos resta a opção dos liberais e os verdes, mas ainda temos que nos entender com a CSU com quem também temos divergências. A CSU hoje é mais conservadora e a CDU mais de centro.
– Os verdes pedem que abandonemos os motores de combustão, mas isso arruinaria nossa indústria automobilística hoje. Como governar com eles? Um governo de minoria nunca ocorreu na Alemanha. Talvez ocorra agora com CDU + FDP.
– Não vejo a AFD se aliando a outro partido, mas no futuro quem sabe? AFD vive na crítica. Não oferece soluções. Se não resolver nada, não vai sobreviver por muito tempo.
– Dos mais de 1 milhão de refugiados, 800 mil são homens jovens do Iraque, da Síria e do Norte da África. Estatísticas criminais altas. Muitos não possuem documentos. 60% vêm por questões financeiras e não por perseguição política e religiosa como alegam para pedir asilo.
3. Visita a uma fábrica da Volkswagen focada na produção de carros elétricos. Visita à Prefeitura de Dresden. Detlef Sittel (Vice-prefeito de Dresden)
– Dresden está revitalizando prédios históricos, realizando obras contra enchentes do Rio Elba, investindo na divulgação como destino turístico, principalmente nas artes como atrativo cultural.
Dresden e Leipzig são as únicas cidades hoje na Saxônia onde a população cresce.
– Grandes eventos e mercados de Natal nos exigem esforço de segurança, prevenção de acidentes, patrulha policial, grupo antiterrorismo etc, normalmente com policiais à paisana, para não gerar sensação de insegurança.
– Temos mais problemas de criminalidade com refugiados do Norte da África do que do Oriente Médio. Muitos crimes são entre eles mesmos ou atuação no tráfico de drogas, principalmente entre aqueles que percebem que não conseguirão a cidadania alemã e assim vêem que não têm muito a perder.
4. Jantar com Deputado estadual da Turíngia, Stefan Gruhner, ex-presidente da Juventude em seu estado
– AFD, na minha opinião, teve 50% de seus votos sendo de protesto. O caso dos imigrantes, da abertura para sua entrada, sem dúvida enfraqueceu Merkel. Vale citar que ela não abriu as fronteiras, apenas não as fechou quando imigrantes começaram a se dirigir para a Alemanha depois de entrar na UE por outros países. Isso foi mal comunicado. – O tema da imigração estava claramente na pauta, na cabeça das pessoas, mas Merkel preferiu não citar muito, não se explicar. Acho que foi um erro. Perguntaram a ela onde estava o erro que causou crescimento da AFD. Ela respondeu que não via erro nenhum e que a CDU fez o melhor possível em tudo. Creio ter sido um equívoco. Deveria reconhecer erros e prometer corrigir.
– As pessoas não veem mais diferença entre SPD e CDU. Quem queria mudança votou AFD. O crescimento do FDP também tirou votos da CDU. CDU fez uma campanha boa, com bons projetos, mas de certa forma contrariando parte de sua base de eleitores.
– Uma coalizão com SPD seria ruim pois AFD lideraria a oposição. Mas ao mesmo tempo será difícil unir CDU, CSU, FDP e, principalmente, os Verdes. – O voto da Alemanha Oriental não migrar ideologicamente de esquerda para direita. Ele apenas segue sendo anti-establishment. Viam o partido A Esquerda (Die Linke) como anti-establishment e votavam com ele. Dessa vez o AFD representou a antipolitica, o protesto, o voto do descontente. Creio que isso inflou a votação da AFD.
5. Hartmut Vorjohann (Secretário de Educação e Juventude de Dresden)
– População em Dresden cresce ao contrário da maioria da Alemanha. Estamos tendo que construir e reformar escolas que haviam sido desativadas nos anos 90 quando população caía. A prefeitura paga os professores da Educação Infantil mas não os professores do ensino médio e fundamental, embora seja responsável pela estrutura das escolas em ambos os casos. Queremos reduzir o número de crianças por turma.
– Temos hoje problemas com crianças imigrantes que não falam a língua alemã. – O desemprego cai mas se concentra em certas áreas, normalmente com mão de obra pouco qualificada.
6. Professor Werner Patzelt (Cientista Político, Especialista em Partidos e Eleições) –
– Será mesmo inexplicável que tantos votem na extrema direita, ainda mais na Alemanha Oriental? Os que ficaram surpresos tinham premissas desconectadas da sociedade e da realidade pois a coalizão CDU-SPD colocou os insatisfeitos nos braços dos partidos menores, que eram a única oposição.
– A elite política acha que o protesto contra migrações é cruel, feito por pessoas sem coração, que é estupidez, atraso. Dizer isso apenas joga os eleitores mais a favor da AFD, os eleitores que são contra a ideia de um país multicultural. Merkel comunicou mal e pareceu ser mais a favor da imigração do que era. De, se dissesse ser contra, estaria dando razão ao AFD. Ficou encurralada.
– A CDU era de centro-direita e assim se apresentava. Caminhou para o centro, passou a dizer ser o centro. Tomou espaço da esquerda e achou que votos de direita viriam por falta de opção. A AFD entrou nessa brecha, embora estratégia tenha funcionado para enfraquecer muito o SPD.
– A elite alemã é majoritariamente da antiga Alemanha Ocidental mesmo nas cidades orientais. As pessoas do Oeste chegam transferidos por empresas, fundações, etc. Há um sentimento de ser melhor que o lado oriental, que seria menos educado, menos cosmopolita, menos desenvolvido. O lado oriental sente isso e se vê diminuído. Assim aumenta o voto de protesto nessa região. Eles estão mais insatisfeitos.
– Populismo possui 5 características básicas: Superficialidade demagógica, criticando sem soluções; Figura personalista como líder carismático; Ataque a uma suposta elite e promessa de defender os oprimidos; Discurso de defesa de um suposto “desejo do povo” se intitulando aquele que luta por esse desejo; Crise de representatividade política que abre brecha para os outros quatro elementos.
– AFD tem duas grandes correntes: Ser o novo partido conservador de direita, sem tanto extremismo, querendo governar um dia; ou ser o movimento de todos os que queiram, sejam radicais ou não, pensem como pensarem, populista. A primeira corrente começou mais influente mas foi perdendo espaço para a segunda que hoje lidera. Isso gera rachas e comportamento parlamentar do partido dependerá se os radicais se moderarão ou não no cotidiano do parlamento. – AFD tem relações com a Rússia mas não há nenhum indício de interferência dos russos nas eleições.
7. Terminam as palestras apresentadas pela Fundação Adenauer aos visitantes internacionais e começa a Convenção Nacional da Juventude da CDU.
8. Paul Ziemiak (Presidente Nacional da União Jovem, Juventude da CDU) – Precisamos debater a questão dos imigrantes, não adianta se esconder. É um tema que está sendo debatido e cobrado pela sociedade e temos que fazer cumprir a Lei, aceitando os que são refugiados políticos de verdade, mas quanto aos que não forem, têm que ser mandados de volta, mesmo que seja após um prazo definido claramente.
– Defendemos o debate sobre um novo governo onde colocamos nossas posições sem concessões excessivas para formar a coalizão. Precisamos de parceiros que pensem como nós e desejamos que essa conferência tenha isso em mente: que a Juventude deseja um acordo de coalizão que respeite os valores da CDU.
9. Jens Spahn (Vice Ministro Nacional de Finanças, ex-Membro da Juventude da CDU) – Olhar Erdogan, olhar Putin, nos mostra o quão sortudos somos de ter Merkel, porém, perdemos muitos votos, desabamos em alguns estados e temos que reconhecer e mudar isso. Não podemos ignorar.
– Dizem que acabou o tempo dos partidos populares, que temos que aceitar isso, que a direita populista cresceu na Europa toda e assim será. Não concordo. A CDU deve seguir agregando todos e não queremos ter um partido radical à nossa direita no Parlamento, temos que ocupar ese espacio.
– A União é justamente a diversidade, o conjunto de diferentes ideias que se unem em prol do país, mas deixemos bem clara nossa diferença para a esquerda: temos orgulho da Alemanha, de nossos valores, não queremos a destruição de nossa cultura nacional. A nossa Juventude deve falar das questões difíceis. O partido não fala. Acham que perdemos votos por quê?
– Temos nossas obrigações humanitárias mas a migração e a integração só funcionam com o aceite da população. – Temos que dizer ao eleitor que entendemos o recado e vamos corrigir. Nossos parceiros de coalizão terão que entender que também precisam fazer isso para dar satisfação aos seus eleitores. Somos abertos, somos liberais, mas não somos idiotas.
10. Ruben Schuster (Secretário de Relações Internacionais da Juventude CDU)
– Temos um forte trabalho internacional. A nível europeu com a Juventude do PPE (YEPP) e mundial com a Juventude da IDU (IYDU). Isso é fundamental, por exemplo, quando nossos jovens se elegem nas cidades, nos estados, e possuem essa experiência internacional. Mais de 100 convidados internacionais vieram para nossa convenção, isso mostra a relevância da nossa Juventude.
– Ganhamos a eleição e perdemos ao mesmo tempo. Queremos ser protagonistas na discussão dos novos rumos do nosso partido, pois somos a ala partidária mais ativa de todas.
11. Chanceler Angela Merkel
– Nosso papel é lutar por segurança garantida para todos. Temos que definir qual o tipo de integração que os imigrantes terão, mas sempre respeitando a Lei. Qualquer pessoa que desrespeitar a nossa lei, seja imigrante ou não, será punido. Tenho que elogiar as iniciativas do presidente francês Macron.
– A AFD aponta problemas mas só a CDU e a CSU sabem resolver os problemas. O mundo hoje é muito complexo, nenhum país pode resolver tudo sozinho. Parabéns à Juventude pelo congresso, tenham certeza de que o partido está vendo e valorizando. Prometemos defender os valores da CDU e da CSU na coalizão.
– Nós não queremos fronteiras fáceis de romper, queremos fronteiras que nos protejam, mas têm que ser as fronteiras europeias, não adianta ser apenas nas fronteiras da Alemanha.
– Se não tratei devidamente da questão dos imigrantes na campanha, lhes peço desculpas. A juventude deve nos ajudar a trazer mais jovens e a explicar a eles da necessidade de se capacitar, se digitalizar. Jovens têm o direito de questionar a Chanceler sobre temas políticos e alguns o fazem de forma contundente.
Perguntas:
P- Somos o único partido popular, do povo. Isso é mérito seu Chanceler, agradecemos a você. Mas não aprovamos seu ministério, pessoas ultrapassadas que estavam com a senhora na sua coletiva após a eleição. O discurso de que não se sabe o que poderíamos ter feito diferente foi péssimo, um erro.
P- A senhora concorda que tivemos uma derrota nas eleições? Concorda em sermos de centro-direita ao invés de começar a defender tudo? Está de acordo com a resolução de nossa Juventude de não ser concedida cidadania alemã a quem a Lei não permite?
P- Queremos mensagens claras no acordo de coalizão. Estávamos reticentes quanto a esta coalizão, mas a senhora nos deu esperança de que possa funcionar. Mas temos que marcar nossos valores.
P- Como a senhora pretende melhorar a comunicação do governo?
Respostas:
– Não fiquei satisfeita com o resultado, não pensem isso. Eu quis dizer que lutamos ao máximo para atingir nosso objetivo e eu não poderia naquela coletiva desvalorizar uma vitória, os nossos eleitores ou parecer que estava chocada.
– Uma frase foi tirada fora do contexto, mas terei que viver com isso. Quero mostrar força pensando exatamente nas conversas da coalizão, por isso mesmo comemorei a vitória.
– Eu defendo os nossos ministros, eles fizeram um grande trabalho, mas prometo renovar a equipe do nosso governo gradualmente.
– Quero dizer a vocês que política não é apenas tirar selfies como alguns dos nossos adversários fazem, política demanda trabalho, competência e dedicação.
– Queremos sim que não haja um partido à direita da CDU/CSU, mas não podemos atingir isso traindo nossos valores. Somos democratas cristãos, liberais-conservadores.
12. Alexander Dobrindt (Ministro do Transporte e Infraestrutura)
– Nosso papel é ocupar o espaço do centro e da direita democrática, não deixemos os votos para outros, não deixemos os eleitores acharem que não há espaço para eles em nosso partido. CDU e CSU vão conversar e analisar a agenda para negociação de coalizão com os demais partidos.
– As migrações sem dúvida serão um tema central da negociação. As pessoas vêm para Alemanha atrás de uma vida melhor, eu entendo isso e simpatizo. Muito embora nosso espírito humanitário seja sem limites, a possibilidade de integração, o sistema social e a empregabilidade não são ilimitados.
– Não quero só falar de migração a cada momento, quero ter tempo também de falar sobre melhorar a vida dos alemães, sobre inovação e desenvolvimento sustentável. Não tenhamos medo da automação, da digitalização, deixemos a baboseira de esquerda de lado, temos que aprender a competir no mercado cada vez mais tecnológico.
13. Thomas de Maiziere (Ministro do Interior)
– Nunca se questionou tanto a qualidade dos serviços que são de responsabilidade do Estado como atualmente. Tudo está cada vez mais complexo e a política também. Os alemães estão com medo do futuro porque estão felizes com aquilo que possuem no presente.
14. Annegret Karrenbauer (Governadora do Sarre)
– É nosso papel defender a Europa, defender o Euro. Nós sabemos bem o que aconteceu quando focamos em nossas diferenças. Não queremos que nossos filhos passem pelo que nós passamos com os efeitos do nazismo e do comunismo.
– A esquerda pensa primeiro no partido e depois no país. Por isso não querem repetir a coalizão. Vão perder a eleição novamente em 2021. Willy Brandt estaria envergonhado do SPD de hoje.
– O SPD estar mal não pode ser suficiente pra nós. Nós temos que mirar sempre 40% dos votos, 50%. Somos o partido popular. Nossa tarefa é essa, defendendo nossas raízes e ocupando o Centro.
– Temos que avançar ainda em diversos setores. Na área digital por exemplo, não podemos ter a Estônia como nosso exemplo e apenas seguir. Temos que fazer melhor.
– Após 27 anos, nós não deveríamos mais distinguir entre Alemanha Ocidental e Oriental. Os nossos problemas têm que ser tratados como coletivos. Não podemos na Alemanha Ocidental achar que o AFD é um problema da Alemanha Oriental.
– O papel da Juventude da CDU é tirar a CDU da zona de conforto. Melhor que nossa Juventude questione do que sermos surpreendidos nas urnas por termos perdido contato com a sociedade.
15. Entrega de prêmios para os jovens da CDU que mais atuaram no Twitter e no Facebook em prol da Juventude nos últimos anos. Convite ao palco dos jovens que trabalharam na organização do evento. Encerramento com hino nacional alemão.

10 de outubro de 2017

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DA PREFEITURA DO RIO ENTRE JANEIRO-AGOSTO DE 2017!
Resultado NOMINAL comparado entre 2017 e 2016 – Diário Oficial 28/09/2017- Páginas 27 e 26.
A. RECEITAS!
1. Receitas Tributárias: R$ 6,781 bilhões x R$ 6,864 bilhões. Menos -1,2%.
2. IPTU: R$ 2,020 bilhões x R$ 1,854 bilhão. Mais + 8,9%
3. ISS: R$ 3,323 bilhões x R$ 3,714 bilhões. Menos – 10,5%.
4. ITBI: R$ 362,5 milhões x R$ 358,4 milhões. Mais + 1,1%.
5. FPM: R$ 155,5 milhões x R$ 138,1 milhões. Mais + 12,6%.
6. ICMS: R$ 1,188 bilhão x R$ 1,211 bilhão. Menos – 1,9%.
7. IPVA: R$ 597,2 milhões x R$ 584,3 milhões. Mais + 2,2%.
8. Dívida Ativa: R$ 162,8 milhões x R$ 209,4 milhões. Menos – 22,2%.
9. Operações de Crédito: R$ 114,9 milhões x R$ 1,386 bilhão. Menos – 91,7%. OBS.: Operações de Crédito minimizadas em 2017 e maximizadas em 2016 em função dos Jogos Olímpicos.
B. DESPESAS!
1. Pessoal e Encargos. R$ 9,502 bilhões x R$ 9,074 bilhões. Mais + 4,7%.
2. Serviço da Dívida. R$ 663,9 milhões x R$ 492,8 milhões. Mais + 34,7%.
3. Investimentos: R$ 198,8 milhões x R$ 2,601 bilhões. Menos – 92,3%. OBS.: Investimentos minimizados em 2017 e maximizados em 2016 em função dos Jogos Olímpicos.
4. Aposentados. R$ 2,338 bilhões x R$ 2,164 bilhões. Mais + 8%.
5. Pensões. R$ 407,1 milhões x R$ 388,6 milhões. Mais + 4,7%.
C. Resultado Primário: + R$ 207,5 milhões x – R$ 1,162 bilhão. Ganho financeiro em UM ANO: R$ 1,369 bilhão.
D. Disponibilidade de Caixa em 31/08/2017: + R$ 2,097 bilhão.
E. Dívida Consolidada. Em 31/12/2016: R$ 14,264 bilhões. Em 31/08/2017: R$ 14,066 bilhões. Menos – 1,4%.

09 de outubro de 2017

PARTIDOS POLÍTICOS: PREFERÊNCIA E IMAGEM! (IG – SETEMBRO – DUAS MIL ENTREVISTAS)
1. Qual o Partido Político de sua preferência?
Nenhum + Não Respondeu: 73,2%.
PT: 15,6%
PSDB: 3%.
PMDB: 2,4%.
PSOL: 1,5%.
DEM: 0,7%.
PV: 0,7%
Outros: 2,9%.
2. Imagem POSITIVA X (NEGATIVA).
PT: 30,9% X (61,2%)
PSDB: 12,3% X (73,7%).
PMDB: 11,3% X (74,7%)
PSB: 11,1% X (60,5%)
PP: 11% X (61,4%).
PSD: 7,1% X (63,2%.
DEM: 6,9% X (64,2%).
3. Para superar a crise é melhor:
Presidente Civil: 55,2%.
Presidente Militar: 33%.
Tanto faz: 7,3%
Não sabe: 4,5%.
3.1. Melhor Presidente Militar:
Entre os homens: 39,8%
Entre as mulheres: 26,9%.
Mais de 60 anos: 38,3%.
Até ensino fundamental incompleto: 37,9%.
Sem Religião: 34,7% / Católica: 35,2% / Evangélica: 32,6%.
4. Para o Brasil é melhor:
Democracia: 72,1%
Regime Autoritário: 21,6%.
Tanto faz: 3,1%.
Não sabe: 3,2%.
4.1. Melhor Regime Autoritário:
Até Ensino fundamental: 29,9%.
Até 1 Salário Mínimo: 26,5%.
5. Você acha que para o Brasil o regime militar:
Foi Melhor: 32%.
Foi Pior: 47,5%.
Igual: 7,2%.
Não sabe: 13,3%.
5.1. Regime Militar foi melhor:
Homens: 38%.
Mais de 60 anos: 42,3%.
Até Ensino fundamental: 41,2% (Pior 35,3%).
6. Perfil religioso dos entrevistados:
Católicos 42,8%
Evangélicos 25,5%
Não tem Religião: 20,5% (A resposta se refere a não estar em nenhuma igreja e não a acreditar ou não em Deus).
Espírita: 5,1%
Outra: 5,4%
Não informou: 0,7%.

06 de outubro de 2017

VÍDEO VIEWERS 2017!
1. 86% dos entrevistados assistem vídeos na internet. / 99% de quem assiste a vídeos na web usa o YouTube. Crescimento de 32 pontos em relação a 2014.
2. 56% afirmam passar mais horas vendo conteúdo em vídeo na web do que assistindo à TV/ Brasileiro assiste, em média, a 38 h de conteúdo áudio visual por semana. TV 22,4 h e Vídeo Online 15,4 h (quase dobrou em relação a 2014).
3. 83% assistem a vídeos na internet para ver conteúdos que não estão disponíveis na TV.
4. Hoje, no Brasil, temos cerca de 150 milhões de brasileiros conectados. 72% da população total/ A penetração dos smartphones chega a 68%.
5. 7 em cada 10 brasileiros têm um smartphone. / 57% preferem assistir a vídeos online no smartphone.
6. 86% acessam a internet enquanto a TV está ligada / 25% já possuem uma SmartTV.
7. Preferência para assistir conteúdos em vídeo de seu interesse: 42% YouTube, 20% WhatsApp, 15% NetFlix, 8% Facebook, 7% TV Paga, 6% TV Aberta, 1% Instagram.
8. 52% acessam YouTube quando querem assistir algo que realmente gosta/ 65% para aprender alguma coisa / 50% porque ele mostra o que faz sucesso.
9. 7 entre 10 brasileiros dizem que o YouTube reflete a diversidade ao seu redor, onde qualquer pessoa pode ter uma voz.
10. A comunicação ganha um novo fluxo onde a cultura de massa começa a ser substituída pela cultura de pessoas.

05 de outubro de 2017

EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DO GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – 2017 – ATÉ 31 DE AGOSTO!
Comparação nominal com 2016.
1. Os dados foram publicados no Diário Oficial do Estado do Rio em 26 de setembro. Os números das receitas são efetivos. Mas os números das despesas dependem dos atrasos do governo e, portanto, a comparação com 2016 pode não ser efetiva. São despesas liquidadas, portanto, prontas para serem pagas. Mas não necessariamente são despesas totalmente devidas.
2. Dívida Consolidada : 31/12/2016: R$ 108,103 bilhões. 31/08/2017: R$ 113,04 bilhões. A Dívida cresceu 4,5%, mas o IPCA no ano cresceu 1,62%. Portanto, houve crescimento real da dívida pública.
A) RECEITAS: 2017 X 2016!
3. Receitas Tributárias: R$ 21,270 bilhões x R$ 20,636 bilhões. Mais 3%. IPCA próximo a 3% no acumulado comparado.
4. ICMS: R$ 12,724 bilhões X R$ 12,49 bilhões. Mais 1,9%.
5. IPVA: R$ 1,066 bilhão X R$ 1,039 bilhão. Mais 2,6%.
6. ITCD: R$ 452 milhões X R$ 789 milhões. Menos 42,7%. Por isso o governador quer aumentar, agora, a alíquota do ITCD.
7. FPE: R$ 895,9 milhões X R$ 801,3 milhões. Mais 11,8%.
8. Dívida Ativa: R$ 81,4 milhões X R$ 164,4 milhões. Menos 50%. As anistias e remissões parciais anteriores esvaziaram o fluxo.
9. Operações de crédito: R$ 81,9 milhões X R$ 976,14 milhões. Menos 91% em função da incapacidade de endividamento.
10. Alienação de Bens: R$ 20,76 milhões X R$ 33,28 milhões. Menos 37%.
B) DESPESAS: 2017 X 2016!
11. Pessoal e Encargos. R$ 23,884 bilhões X R$ 12,555 bilhões. Mais 90%. Atrasos anteriores.
12. Serviço da Divida: R$ 1,549 bilhão X R$ 2,784 bilhões. Menos 44%. Oscilação por inadimplências.
13. Investimentos. R$ 248,5 milhões X R$ 1,90 bilhão. Menos 87%. Incapacidade financeira para investir.
14. RESULTADO PRIMÁRIO: R$ 1,794 bilhão X (-R$ 1,392 bilhão). Melhoria fiscal.
15. Pessoal Civil. Aposentadorias. R$ 7,127 bilhões X R$ 7,249 bilhões. Menos 0,1%.
16. Pessoal Civil. Pensões. R$ 5,320 bilhões X R$ 5,210 bilhões. Mais 2,1%.
17. Pessoal Militar. Aposentadorias. R$ 2,544 bilhões X R$ 2,216 bilhões. Mais 14,8%. Recuperação.
18. Pessoal Militar Pensões. R$ 666,2 milhões X R$ 315,4 milhões. Mais 111%. Atrasados.
19. Resultado Previdenciário. (- R$ 5,821 bilhões) X (-R$ 8,681 bilhões). Menos 32%. Atrasados anteriores.

04 de outubro de 2017

“SEM UMA AMPLA COALIZÃO DE CENTRO, CONVÉM NOS PREPARARMOS PARA LONGO PERÍODO DE SOFRIMENTO”!
(Bolívar Lamounier – Estado de S. Paulo, 30) 1. Que esperar de 2018? Uma eleição esfarelada, sem um candidato “natural”, uma liderança com estatura suficiente para diluir o ambiente raivoso e “contra todos” que ora predomina e apontar uma estrada mais larga para os próximos anos? Um segundo turno polarizado, com os suspeitos de sempre cumprindo os enredos de sempre, um se fazendo passar por “esquerda” e o outro por “direita”, ambos incapazes de perceber a perda de significado desses termos no mundo atual? Não nos iludamos, por enquanto, o que se delineia é a clássica tragicomédia latino-americana.
2. A questão em jogo, evidentemente, é se seremos ou não capazes de formar um governo capaz de atrair grandes investimentos e estruturar um novo ciclo de crescimento. A grande incógnita é se Lula poderá ou não concorrer, mas será elástica, como sempre, a oferta de populistas irresponsáveis, dispostos a dizer qualquer coisa. Alguns desses chegam mesmo a acreditar que representam o “bem”, um compromisso com o desenvolvimento e com políticas sociais sensatas. Acreditam que os grandes investimentos de que necessitamos virão de um jeito ou de outro, nem que seja pela bela cor de nossos olhos. Não compreendem que nenhum megainvestidor, pessoa física ou jurídica, é tatu a ponto de colocar seus recursos num país que não lhe oferece garantias sérias.
3. Uma novidade, como sabemos, é João Doria, mas é difícil crer que ele se disponha a deixar a Prefeitura antes da metade do mandato para disputar a vez com o governador Geraldo Alckmin. Este tem experiência e potencial, mas depende vitalmente de uma transformação do clima político. Não tem perfil de radical. Poderá ser um candidato adequado se as camadas médias se desvestirem da presente atitude raivosa, antipolítica, e demandarem um programa consistente, com proposições efetivas para a retomada do crescimento. Sobre Marina Silva (que possivelmente terá Joaquim Barbosa como vice) não tenho grandes expectativas. Confesso certo ceticismo quanto à sua capacidade de empolgar o eleitorado.
4. Outra novidade é o deputado Jair Bolsonaro. Até o momento, o que me foi dado depreender é que combinará proposições econômicas na velha linha intervencionista, a mesma a que Dilma Rousseff recorreu para levar o País ao desastre, com o discurso da segurança pública – “lei e ordem”, na conhecida expressão norte-americana. Que esse discurso ressoa, não há dúvida. A segurança é uma das preocupações dos cidadãos e aqueles que subestimavam a proporção atingida pelo narcotráfico pôde apreciar ao vivo e em cores os tiroteios na Rocinha. Mas ressonância não necessariamente se traduz em votos. Para que isso ocorra a sociedade precisa acreditar que a tendência ascendente da violência pode ser revertida num prazo relativamente curto e que esse candidato em particular – aqui falo de Bolsonaro – seja capaz de operar tal milagre. Acreditar nisso é mais difícil que acreditar em duendes e no saci-pererê.
5. Ou seja, fórmulas para retardar ou afugentar investimentos nós temos em abundância. Se não formos capazes de desarmar os espíritos e construir uma grande coalizão de centro, convém nos prepararmos para um longo período de sofrimento. Crescendo alguma coisa entre 2% e 3% ao ano, levaremos mais de 20 anos para atingir a renda por habitante dos países mais pobres da Europa. Nessa hipótese, em duas décadas não teremos um só Polinices, mas milhões deles, servindo de pasto para hienas e abutres.

03 de outubro de 2017

EX-BLOG ENTREVISTA CESAR MAIA!
1. Ex-Blog: Como você relaciona a situação atual do Rio de Janeiro com o quadro eleitoral de 2018 para governador?
Cesar Maia: Ainda estamos longe das eleições, esse quadro e até o campo das candidaturas é incerto.
2. Ex-Blog: Mas certamente a questão da segurança pública será um tema central, especialmente depois do impacto da “Rocinha”.
CM: Não creio que o impacto da “Rocinha” produza um efeito “general”, ou seja que se traduzirá numa vantagem para os candidatos com perfil associado à questão militar ou policial.
3. Ex-Blog: Por quê?
CM: Depois do desastre político-administrativo dos últimos anos no Rio, o eleitor do Rio de Janeiro, mais que qualquer outro, aprendeu e sabe que as promessas e os discursos como simples imagem publicitária não construirão uma base de credibilidade. Nos últimos anos construíram um desastre.
4. Ex-Blog: Sendo assim, o que construirá essa base de credibilidade?
CM: Uma gestão capaz de contar com os recursos necessários para lastrear as promessas. Algo mais ou menos assim: prioridade número 1, os recursos que serão conquistados assim e dessa maneira. Explicando muito didaticamente.
5. Ex-Blog: E então?
CM: Com os recursos bem definidos, se poderá quantificar as promessas. Se nessa conjuntura, e pelo impacto “Rocinha”, a segurança pública ganha destaque, os compromissos relativos devem vir sustentados pelos recursos que serão aplicados e estarão disponíveis. E, naturalmente, uma remuneração digna para os servidores. E lembrar que o sistema é de Justiça e Segurança e, portanto, deve incluir o sistema judiciário propriamente e o Ministério Público.
6. Ex-Blog: E esse raciocínio vale também para as demais funções e responsabilidades de governo?
CM: Certamente. Com a depressão governamental ocorrida e com o abandono da infraestrutura junto às funções básicas de governo como Educação e Saúde, ganham destaque também os investimentos em infraestrutura, transportes e meio ambiente.
7. Ex-Blog: E a questão dos servidores, incluindo a previdência?
CM: A lógica é a mesma. Até porque qualquer função de governo inclui os servidores responsáveis pelas ações relativas. Prometer metas sem demonstrar que os servidores estarão motivados, com remuneração digna, seria como imaginar um corpo sem seus membros. Seria pura demagogia.
8. Ex-Blog: Como você vê, hoje, o quadro eleitoral para 2018 no Rio de Janeiro?
CM: Pense nas peças de um grande quebra-cabeça espalhadas numa mesa. De nada adianta separar algumas, com seus nomes, por mais ilustres ou populares, sem encadeá-las para se poder mensurar a competitividade de cada grupo. Hoje ainda é impossível. Creio que na virada do ano as peças começarão a ser arrumadas.
9. Ex-Blog: Qual o maior erro que um candidato ou partido pode cometer desde hoje?
CM: É pensar-se como candidato na frente de um espelho e achar que ele se basta a si mesmo. Neruda dizia num poema: Ninguém termina em si mesmo.

02 de outubro de 2017

ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA E REFORMA POLÍTICO-ELEITORAL!
1. (Folha de S. Paulo, 16) O crime de organização criminosa é, contudo, mais complexo de ser identificado do ponto de vista jurídico; no caso do mensalão, por 6 votos a 5, o Supremo Tribunal Federal considerou que acusação do gênero (então denominada formação de quadrilha) não se aplicava ao petista José Dirceu e figuras a ele associadas.
2. (Ex-Blog) O sistema eleitoral brasileiro apoiado no voto proporcional aberto e nas doações empresariais explicam grande parte dos problemas e escândalos que ganharam as manchetes dos noticiários. Em 2016, as doações empresariais foram proibidas e, junto às prisões de grandes empresários, resolveram boa parte dos problemas. Certamente os empresários que poderão doar em campanhas futuras como pessoas físicas estarão inibidos.
3. Naturalmente, o interesse prioritário das empresas por doações –por dentro ou por fora- era direcionado aos partidos que controlavam os governos. Com um parlamento pulverizado como o brasileiro, uma federação continental com Estados funcionando como distritos eleitorais, a formação de maiorias parlamentares em nível federal teria que passar pela coordenação e indicações dos partidos no poder central.
4. As investigações realizadas -e em investigação- se concentraram, por maior facilidade de provas, nos últimos 10 anos. Se esse processo tivesse começado nos anos anteriores a 2008, o foco estaria nos governos FHC, Collor e Sarney e seus partidos.
5. A coordenação e a orientação para as doações eleitorais –por dentro e por fora- teriam que estar centradas, principalmente, nos partidos controladores do poder federal. Dessa forma, supõe-se que reuniões que decidissem essas indicações teriam que fazer sentar na mesa e nos gabinetes do presidente dos partidos e da República um entorno de confiança para as definições sobre as doações orgânicas.
6. Pela necessidade de se ter controle dos parlamentos (maiorias…) num sistema de voto proporcional aberto e eleições de governadores e senadores, a grande parte das doações nas regiões teria que vir orientada pelo poder central de forma a ordenar esse processo.
7. Na medida em que essas orientações requeriam reuniões coordenadas pelos presidentes da República e dos partidos majoritários, a hipótese imaginada era que na cabeceira da mesa ou na poltrona individual central se sentassem os presidentes dos partidos ou da República.
8. Com essa imagem –imaginada-, os investigadores e acusadores, enquadram esse processo como formação de quadrilha antes e agora como organização criminosa. E como –na lógica do crime organizado- não pode haver quadrilha ou organização criminosa sem chefe, a imagem apontava para os presidentes dos partidos e da República.
9. As delações conhecidas apontam na mesma direção: as imagens são as mesmas. Um suposto interlocutor teria que terminar informando a estas reuniões e personagens.
10. Esse processo deveria ser desdobrado em dois vetores. A corrupção teria que ser individual, não poderia ser tratada em reuniões formais. Nessas reuniões –imaginadas ou efetivas- só se poderia tratar de assuntos de natureza política e eleitoral.
11. Na medida em que se misturou tudo numa panela só e se confundiu eventuais reuniões orgânicas em gabinetes presidenciais –partidários ou governamentais- com reuniões criminosas, o leque aberto terminará dificultando muito que o foco e as condenações cheguem onde deveriam chegar.
12. E as provas ficarão basicamente circunscritas a depósitos em contas pessoais –aqui e alhures- e dinheiro em espécie escondido. Vídeos e grampos pessoais como as ações policiais de “inteligência” por infiltração no crime organizado, nas máfias. Ou por silogismos.

29 de setembro de 2017

ELEIÇÕES NA ALEMANHA E NA FRANÇA EM 24/09/2017! NOTAS!
1. ALEMANHA:
1.1. Os resultados -amplamente divulgados e comentados- mostraram a vitória de CDU de Merkel com 33% dos deputados. Ficou 4 pontos aquém do que previa. Em geral, os analistas apresentaram esse resultado como queda da centro-direita. Mas não foi exatamente assim. Os Liberais do FDP -parceiros tradicionais do CDU na formação de maioria parlamentar- retornaram ao parlamento. A soma das cadeiras do CDU/CSU e FDP superou o resultado do CDU/CSU de 2013.
1.2. Queda mesmo -no quadro político/ideológico- foi dos socialistas (SPD), que mergulharam para 20%, de seu piso tradicional de 30%. Dessa forma, o SPD seguiu a trajetória de declínio dos socialdemocratas europeus. Os Verdes e a Esquerda ficaram no patamar dos 10%, um pouco acima dos resultados que vêm tendo.
1.3. A ascensão do AfP -nacionalistas de direita- foi avaliada por muitos como um reaparecimento da direita alemã (nazi) dos anos 20/30. Para isso, destacam uma ou outra declaração e cartazes de seus militantes. Este é um equívoco. É um ascenso que tem ocorrido em toda a Europa -um populismo que oscila entre o nacionalismo e a antipolítica. Assim foi e está sendo no Reino Unido, Espanha, França, Norte da Europa, Itália, Grécia, Hungria, Polônia…, e agora Alemanha.
1.4. Importante sublinhar que o nacionalismo e a antipolítica na Alemanha, atingindo um patamar dos 13% ficam bem abaixo do que MV5 e Marine Le Pen e Podemos atingiram na Itália, na França e na Espanha, assim como os nacionalistas britânicos nas eleições europeias, onde o voto é proporcional. Ou seja, o Alternativa alemão é parte de uma tendência política europeia e por razões semelhantes.
2. FRANÇA:
2.1. Renovação de quase 50% do Senado francês, que possui 348 assentos no total. Foram renovados 171. Eleição indireta, onde 76.000 conselheiros municipais e regionais votam. Como partido de Macron é novo, tem poucos conselheiros / eleitores, mas atingiram uma votação muito aquém do que supunham, após ter atraído senadores.
2.2. Republicanos de Sarkozy sobem de 141 para 149. Socialistas: Caem de 86 para 76. / União Centrista: Sobe de 42 para 48. / República em Marcha (Macron): Elegeu 24. Tinha 29 (senadores migrados de outros partidos, pois na última eleição partido não existia). Partido Comunista: Cai de 18 para 12. RDSE (esquerda): Cai de 16 para 11. Outros: Caiem de 14 para 9.
2.3. Senado a partir de 02/10/17: Republicanos 149 / Socialista 76 / União Centrista (próxima a Macron) 48 / Em Marcha 24 / Comunista 12 / RDSE 11 / Outros 9.

28 de setembro de 2017

PREFEITURA DO RIO APRESENTA O PL 267/2017, ALTERANDO ALÍQUOTAS DO ISS!
1. Na prática, o PL apenas cria algumas novas hipóteses de cobrança do ISS, como: Hospedagem e Armazenamento de dados online, criação de jogos e programas para tablet e celular, serviços de áudio e vídeo online (Netflix e similares), aplicação de tatuagem e piercings, atividades florestais, vigilância de mercadorias e rebanhos de animais, acabamento de objetos, guincho e guindaste, traslado de corpos cadavéricos, aluguel de jazigos. Para serviços como o Netflix, estabelece alíquota de 2%.
2. A partir da nova legislação federal, trata como imposto devido ao Município do Rio, sempre que o tomador for domiciliado aqui: planos de saúde, planos veterinários, corretagem de leasing e franquias, administração de fundos, consórcios, cartões, etc.
3. Detalha transportes municipais como sendo transportes coletivos rodoviários, metroviários, ferroviários e aquaviários de passageiros e ressalta que, de acordo com a Lei Federal, estes serviços são EXCEÇÃO à alíquota mínima e podem então ter alíquota abaixo do mínimo de 2%. Ou seja, pode continuar como é hoje caso Prefeitura não mude e esse projeto 267 não mexe em alíquota desse setor.
4. A redução da alíquota do ISS em serviços no setor de petróleo (de 5% para 2%) estabelece uma guerra fiscal com Macaé, por exemplo.
5. A tabulação em seguida comparando a situação atual com a previsão nesse projeto de lei 267/2017 permite uma avaliação mais ampla dos efeitos do projeto de lei.Acompanhe.

27 de setembro de 2017

A CLÁUSULA DE BARREIRA APROVADA PELA CÂMARA DE DEPUTADOS E AS PROJEÇÕES PARA OS PARTIDOS POLÍTICOS!
1. Há anos que o jornalista Fernando Rodrigues (UOL, DRIVE, PODER 360) vem acompanhando estatisticamente a política brasileira, incluindo as pesquisas divulgadas, avaliando e analisando tendências e alternativas.
2. Se foi assim sempre, nos últimos meses, com o debate sobre reforma político-eleitoral, suas criticas às diversas hipóteses, em base às estatísticas político-eleitorais, certamente influenciaram as decisões dos deputados federais (leia “O Mito do Sistema Político Perfeito: Congresso busca algo que não existe”).
3. No capítulo “A cláusula de desempenho e o STF”, Fernando Rodrigues aplica a hipótese de cláusula de barreira de 2% às eleições para deputados federais, desde 2002. Com isso, se pode avaliar tendências e probabilidades com a aplicação da cláusula de barreira na eleição de 2018, que será de 1,5%.
4. Mesmo com a aprovação de cláusula de 1,5% em nível nacional e 1% em 9 estados, essas tabulações já feitas permitem projetar hipóteses.
5. Em 2014, seis partidos alcançaram entre 1% e 2,5% dos votos válidos e estão na fronteira da guilhotina da barreira. São eles: PSC 2,55%, PROS 2,19%, PV 2,03%, PPS 1,98%, PCdoB 1,94%, e PSOL 1,78%.
6. Olhando para as eleições anteriores e até as municipais, PROS, PV e PPS têm tendência declinante. PSC indefinida, especialmente com a saída do deputado Bolsonaro. PCdoB tem tendência estacionária e PSOL tendência ascendente.
7. PV e PPS têm suas tendências agravadas em função da barreira de 1,5% em 9 estados. PROS, com a perda de apoio no Nordeste, da mesma maneira. PCdoB cresce com a cláusula nos 9 estados. Em 2014 ultrapassou a barreira dos 2% em 12 estados. O PSOL, por sua votação em alguns centros urbanos, tende a superar a barreira nacional, mas precisa crescer em estados para atingir a meta em 9 deles. Em 2014 passou da barreira de 2% apenas em 6 estados.
8. Os partidos que tendem estar firmes acima da cláusula de barreira geral e em 9 estados são: PMDB , PT, PSDB, PP, PSB, PSD, PR, PRB, DEM, PTB, PDT e abaixo dos 3% o SD. Há partidos novos e com nomes novos, como o NOVO, o Patriota confiando na puxada do deputado Bolsonaro, e Podemos que confia na puxada do senador Alvaro Dias.
9. Mas sobre tudo isso há um forte fator de imprevisibilidade. Olhando as 4 últimas eleições, é clara a tendência de crescimento do NÃO VOTO (abstenção, brancos e nulos). A eleição mês passado no Amazonas confirmou essa tendência, com quase 50%. Lembre-se que a cláusula de barreira se aplica sobre votos válidos.
10. Se confirmada essa tendência. o que é provável, não há como antecipar os partidos que terão ganhos ou perdas. Seria importante que as pesquisas em 2018 usassem um método aplicado em países onde o voto é voluntário. Ou seja, uma pergunta preliminar se pretende votar ou se abster, anular ou votar em branco. Isso exigirá uma abordagem mais calma e, portanto, pesquisas com menos perguntas.
11. Pesquisas assim não inibem as pesquisas tradicionais em outra pergunta. Há muito tempo até as eleições. A crise política e a recuperação econômica desenharão o quadro e o ambiente em que os eleitores decidirão seus votos.

26 de setembro de 2017

AS UPPs, OS EQUÍVOCOS E O RETORNO DO CONFRONTO ARMADO PELO CONTROLE DO TRÁFICO DE DROGAS NAS COMUNIDADES! CAPÍTULO 2!
Segunda Parte. Análise feita pelo Ex-Blog em 6 de março de 2014 !
RIO: POR QUE OS TRAFICANTES ATACAM AS UPPs?
1. A cada dia crescem os ataques de gangues de traficantes às UPPs. Crescem e se tornam mais ousados, chegando aos escritórios das UPPs e a seus comandantes. Quais as razões? Afinal, no mínimo, aumentou muito a proporção dos moradores sem o temor de antes e com sensação de alívio. O secretário de segurança tenta explicar essa dinâmica pela ausência de serviços públicos e sociais. Uma desculpa para quem quer, simplesmente, transferir responsabilidades.
2. Por mais equivocada que sejam as ações de pessoas e abjeta que sejam as ações de grupos criminais organizados, elas se movem por racionalidade econômica. Ou seja: as decisões de todos os tipos, imaginam que dentro das possibilidades dos atores, isso gera ganhos para quem o faz.
3. Qual é a atividade fulcral dos traficantes? Claro, ganho financeiro com o comércio de drogas. Isso justifica a compra de armamentos caros e pesados, a manutenção de um grupo e os riscos de ocupação e manutenção de comunidades. Essa ocupação é a única forma de funcionar em grupo/gangue e garantir o seu negócio com drogas. Isso independe que após a recepção delas, as vendas sejam no local, como já foi anos atrás.
4. Para eles, o importante é contar com estas bases que, pelo valor do ponto, produz disputas bélicas entre facções. Quando a polícia ocupa uma comunidade e implanta uma UPP sem tiro e com aviso prévio, os traficantes –em princípio- se deslocam para outras comunidades.
5. Mas por que retornam implantando o terror contra os policiais das UPPs, se a hipótese de recuperarem plenamente suas ex-bases é mínima? Claro, irão se convencendo disso progressivamente, mas…
6. A evidência nos traz a resposta: porque a venda de drogas permaneceu nas comunidades. A ideia de vários ‘policiólogos’ é que a venda de drogas que ocorre no cotidiano do ‘asfalto’ não tem por que não ocorrer também no cotidiano das comunidades, pois são partes integrantes da cidade tanto quanto os bairros.
7. A diferença é que a metodologia que os traficantes implantaram de bases de pontos de venda de drogas não é possível reproduzir no asfalto. Por isso a disputa por novas bases em outras comunidades aumenta. Vide o crescimento de mais de 30% da taxa de homicídios nos municípios metropolitanos do Rio em 2013.
8. E se a venda de drogas permanece nas comunidades UPPs é porque eles continuam presentes lá sem a ostensividade anterior, mas pelas mesmas razões. Quando a decisão das UPPs foi tomada, os policiais experimentados sabiam disso. A solução é recuar? Não, a solução é avançar e retirar a venda de drogas das UPPs e, com isso, desmontar a racionalidade econômica dos traficantes.
9. E a polícia –a partir de seu sistema de informações- ir preventivamente dando cobertura no entorno das comunidades mais atrativas para os traficantes que se deslocam. É um processo de prazo longo até que o tráfico de drogas busque seu espalhamento sem o uso de bases, como ocorre nos países do norte. O que coloca em risco as UPPs é a polícia entrar, ocupar, e tentar conviver com a venda de drogas.

25 de setembro de 2017

AS UPPs, OS EQUÍVOCOS E O RETORNO DO CONFRONTO ARMADO PELO CONTROLE DO TRÁFICO DE DROGAS NAS COMUNIDADES!
Primeira Parte. Análise feita pelo Ex-Blog em 28 de maio de 2013!
A “GPAEZAÇÃO” DAS UPPs! UM ERRO CONCEITUAL!
1. Os acontecimentos em algumas UPPs -com destaque no caso do Complexo do Alemão, onde o tráfico de drogas expõe as suas garras/armas- mostra, em seus desdobramentos, o mesmo erro de concepção das GPAEs, estabelecidas a partir da comunidade do Pavão-Pavãozinho em 1999.
2. A concepção do GPAE era a ocupação pela Polícia da comunidade, deixando o varejo de drogas à vontade. A tese era que isso evitaria o confronto pelas bocas de fumo e, dessa forma, a redução dos homicídios. E como a venda de drogas ocorre no “asfalto”, não seria diferente nas “favelas”. Com o tempo esse processo desintegrou, além de reforçar corrupção –tráfico-polícia.
3. As UPPs entram como uma alternativa às tentativas anteriores, numa ocupação com força sobre-dimensionada de forma a evitar o confronto. Como anunciaram os jornais: Traficantes saem sem trocar um tiro. Surge uma expectativa positiva e diferenciada. Mas, com o tempo, a ideia –implícita- do GPAE retornou. O término da circulação explícita com armas acomodou a venda cada vez mais ostensiva de drogas, internamente ou no entorno tangente.
4. Surgem duas linhas de defesa dessa dinâmica. A primeira repete a anterior: compra e venda de drogas se dá em qualquer lugar, favela ou asfalto. Na segunda, o ponto central é a “ocupação social” e, outra vez, a venda de drogas não é o problema.
5. Trágico erro, como se está vendo. A venda de drogas numa comunidade, por grupo de fornecedores habituais e conhecidos, gera uma hierarquia financeira e poder. Volta a promiscuidade com a polícia. E a população percebe que há dois polos de poder: a polícia como poder, ocupando o comando dos serviços públicos e não apenas da segurança; e o tráfico, onde está o poder econômico personalizado.
6. Com o tempo, seria –como está sendo- inevitável a desintegração progressiva de UPPs, especialmente nos pontos de maior significado da venda de drogas.
7. O erro central é que no asfalto não há uma relação territorial restrita entre consumidor e grupo-fornecedor. O consumidor pode buscar o fornecedor em qualquer lugar, mesmo que tenha o seu costumeiro. E as pessoas –não consumidores- que moram nos bairros não têm por que se dar conta do poder dos fornecedores, sequer sabem quem são. Nas favelas é inevitável a “liberdade” para a venda de drogas, se dando num território definido, definida uma relação de poder –vertical- com os moradores e –horizontal- com os policiais.
8. A “GPAEzação” das UPPs é a morte lenta dessas, pelas razões apresentadas. Uma pena que um programa que cria tantas expectativas se desfaça por um erro conceitual tão previsível. Não há alternativa para as UPPs, fora de excluir as armas e ao mesmo tempo o tráfico de drogas.

22 de setembro de 2017

A MÁFIA ITALIANA E A COCAÍNA NA AMÉRICA LATINA: FATOS NOVOS!
1. A detenção, no domingo passado, de Rocco Morabito – um dos cinco criminosos mais buscados pela polícia italiana e foragido há mais de 23 anos – voltou a jogar luz sobre os interesses da máfia calabresa “Ndrangheta” na América Latina, incluindo o Brasil.
2. Rocco Morabito, de 51 anos, foi preso em um hotel em Montevidéu, no Uruguai. Ele é primo de Giuseppe Morabito – chefe histórico da ‘ndrina’ (o nome dado aos clãs mafiosos da Calábria) de Africo Nuovo, um povoado a poucos quilômetros de Reggio Calabria, cidade do extremo-sul da Itália considerada capital da ‘Ndrangheta.
3. Investigadores creem que Rocco se instalou no Uruguai há mais de 13 anos, burlando a Justiça italiana – da qual fugia desde 1994 – graças a uma identidade falsa: em seus documentos aparecia como Francisco Capeletto Souza, cidadão brasileiro.
4. “O Cone Sul e, em particular, o Paraguai e a Bolívia, se tornaram pontos cruciais para o tráfico mundial de cocaína, tanto que já pode ser chamado de ‘Narcosur'”, explica Cecilia Anesi, jornalista do projeto Investigative Reporting Project Italy (IRPI), uma organização que investiga a atuação da máfia no mundo há anos.
5. “Sabemos há algum tempo que a cocaína vem da Bolívia, Colômbia, Peru e Paraguai, e de lá se move por terra até o porto de Santos, e, pelas rotas fluviais, até os portos de Montevidéu e, em menor medida, Buenos Aires”, afirma Anesi. Isso poderia explicar tanto a presença de Morabito no Uruguai como a prisão na capital peruana de Lima de outro chefe da organização, Pasquale Bifulco, há três anos.
6. “Os traficantes da ‘Ndrangheta são tão poderosos que podem tratar diretamente sobre as rotas de cocaína com o Primeiro Comando da Capital (PCC) no Brasil, um dos cartéis mais importantes da América do Sul”, acrescenta Anesi, apontando que outro chefe da Máfia, Nicola Assisi, estaria alojado há algum tempo no Brasil. Anesi, em reportagem publicada em outubro de 2016 ao lado do jornalista Giulio Rubino, mostrou que Nicola Assisi, um dos principais fornecedores e mediadores da ‘Ndrangheta, age ativa e quase invisivelmente no Brasil.
7. As comunicações com fornecedores são feitas de forma segura no país, onde acredita-se atuar também a esposa de Assisi, como tesoureira, e seu filho, Patrick Assisi. Não se sabe qual é a aparência de Nicola hoje. Em maio, um dos filhos de Nicola, Pasquale Assisi, foi preso na cidade italiana de Turim. Antes da detenção, autoridades acreditavam que Pasquale também estava escondido no Brasil com a família.
8. Além de negociar com o PCC, sobretudo no comércio de cocaína, acredita-se que os Assisi usam o Brasil também para lavagem de dinheiro. A apuração de Anesi e Rubino indica que Patrick criou formalmente uma pequena empresa, a Poli Pat 9, em Ferraz de Vasconcelos – cidade da Grande São Paulo considerada centro de lavagem de dinheiro do PCC.
9. A importância que tem assumido o Paraguai nos negócios da ‘Ndrangheta também passa pelo Brasil. O país vizinho tem se tornado parte importante da rota da cocaína com destino à Europa, nas quais agem pequenos clãs familiares paraguaios na organização dos carregamentos. Tal operação é feita, no entanto, sob o controle do PCC brasileiro.
10. A ‘Onorata Società’, como é conhecida entre seus afiliados, tem sua origem na Calábria, uma região do sul da Itália e uma das zonas mais pobres do país. Devido a suas origens rurais, que remontam ao século 18, a ‘Ndrangheta foi considerada por muito tempo uma organização de menor importância em comparação com o máfia siciliana Cosa Nostra, ou a Camorra, da Campânia. No entanto, precisamente por seu caráter silencioso, pelo controle minucioso do território – conseguido também por meio do uso feroz da violência contra adversários e traidores – e pela estrutura na qual os laços familiares são muito importantes, a ‘Ndrangheta conseguiu conquistar o tráfico mundial de cocaína e negociar rotas e preços diretamente com os cartéis mais importantes da América Latina.
11. Segundo um informe do Eurispes, um prestigiado instituto italiano de estudos políticos, econômicos e sociais, em 2008 o volume de negócios da ‘Ndrangheta chegava aos 44 bilhões de euros (cerca de R$ 163 bilhões) – quantia que corresponde a 2,9% do PIB italiano. Aproximadamente 62% dessa receita viria do tráfico de drogas, uma vez que essa máfia controla cerca de 40% dos envios de cocaína em escala mundial e é a principal importadora de droga na Europa.
12. As outras atividades mais lucrativas do grupo são a construção e as licitações públicas, as extorsões, o tráfico de armas e a prostituição. Sua estratégia de “colonização” internacional permitiu à máfia, em pouco tempo, levar seus tentáculos aos cinco continentes, e sua presença na Alemanha, Espanha, Canadá, Austrália e América do Sul é cada vez mais forte.
13. “Se você quer deter um mafioso, não duvide: procure-o em um porto”, diz Enzo Ciconte, professor de história das máfias nas universidades italianas de Pavia e Roma Tre e especialista na ‘Ndrangheta. “Os portos são o pilar fundamental de qualquer comércio e, por isso, do tráfico de ilícitos”, acrescenta Ciconte, que foi consultor da comissão anti-máfia do parlamento italiano.
14. Na operação no Uruguai que prendeu Rocco Morabito, foram apreendidas grandes quantidades de dinheiro vivo, cheques, cartões de crédito, débito, e também 13 celulares. “Conhecendo a importância das estruturas familiares dos mafiosos da Calábria, não me estranharia se fossem encontrados outros membros na mesma zona. Estes celulares podem ser uma mina de ouro para os investigadores”, conclui Ciconte.