AS UPPs, OS EQUÍVOCOS E O RETORNO DO CONFRONTO ARMADO PELO CONTROLE DO TRÁFICO DE DROGAS NAS COMUNIDADES!
Primeira Parte. Análise feita pelo Ex-Blog em 28 de maio de 2013!
A “GPAEZAÇÃO” DAS UPPs! UM ERRO CONCEITUAL!
1. Os acontecimentos em algumas UPPs -com destaque no caso do Complexo do Alemão, onde o tráfico de drogas expõe as suas garras/armas- mostra, em seus desdobramentos, o mesmo erro de concepção das GPAEs, estabelecidas a partir da comunidade do Pavão-Pavãozinho em 1999.
2. A concepção do GPAE era a ocupação pela Polícia da comunidade, deixando o varejo de drogas à vontade. A tese era que isso evitaria o confronto pelas bocas de fumo e, dessa forma, a redução dos homicídios. E como a venda de drogas ocorre no “asfalto”, não seria diferente nas “favelas”. Com o tempo esse processo desintegrou, além de reforçar corrupção –tráfico-polícia.
3. As UPPs entram como uma alternativa às tentativas anteriores, numa ocupação com força sobre-dimensionada de forma a evitar o confronto. Como anunciaram os jornais: Traficantes saem sem trocar um tiro. Surge uma expectativa positiva e diferenciada. Mas, com o tempo, a ideia –implícita- do GPAE retornou. O término da circulação explícita com armas acomodou a venda cada vez mais ostensiva de drogas, internamente ou no entorno tangente.
4. Surgem duas linhas de defesa dessa dinâmica. A primeira repete a anterior: compra e venda de drogas se dá em qualquer lugar, favela ou asfalto. Na segunda, o ponto central é a “ocupação social” e, outra vez, a venda de drogas não é o problema.
5. Trágico erro, como se está vendo. A venda de drogas numa comunidade, por grupo de fornecedores habituais e conhecidos, gera uma hierarquia financeira e poder. Volta a promiscuidade com a polícia. E a população percebe que há dois polos de poder: a polícia como poder, ocupando o comando dos serviços públicos e não apenas da segurança; e o tráfico, onde está o poder econômico personalizado.
6. Com o tempo, seria –como está sendo- inevitável a desintegração progressiva de UPPs, especialmente nos pontos de maior significado da venda de drogas.
7. O erro central é que no asfalto não há uma relação territorial restrita entre consumidor e grupo-fornecedor. O consumidor pode buscar o fornecedor em qualquer lugar, mesmo que tenha o seu costumeiro. E as pessoas –não consumidores- que moram nos bairros não têm por que se dar conta do poder dos fornecedores, sequer sabem quem são. Nas favelas é inevitável a “liberdade” para a venda de drogas, se dando num território definido, definida uma relação de poder –vertical- com os moradores e –horizontal- com os policiais.
8. A “GPAEzação” das UPPs é a morte lenta dessas, pelas razões apresentadas. Uma pena que um programa que cria tantas expectativas se desfaça por um erro conceitual tão previsível. Não há alternativa para as UPPs, fora de excluir as armas e ao mesmo tempo o tráfico de drogas.