17 de janeiro de 2017

A “MICROECONOMIA” E A “MACROECONOMIA” DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO!

1. É comum os prefeitos eleitos de grandes cidades afirmarem que não são prefeitos da prefeitura mas de todo o município que os elegeu. Ou seja, que todos os problemas que afetam os moradores de uma cidade devem estar no foco do prefeito, mesmo que sejam de responsabilidade constitucional do Governo Federal ou do Governo Estadual. Retórica? Em geral, sim.

2. Afinal de contas, a percepção dos cidadãos sobre seu bem estar e de suas famílias não é recortável. Os governos, por razões políticas, transferem responsabilidades em função de suas obrigações constitucionais, mas, para o cidadão, isso não importa muito. É verdade que as avaliações dos governos nos três níveis de responsabilidade, numa cidade, não têm por que coincidir, mas inescapavelmente uma influencia a outra.

3. Quando a responsabilidade de um nível de governo sobre um problema torna-se evidente, naturalmente a avaliação dessa instância se descola das demais. Apenas se descola. Exemplo atual, os atrasos de pagamentos dos servidores no nível do governo estadual. Os servidores estaduais se encarregam de focalizar o governo certo. Mas isto não salva totalmente o prefeito.

4. Neste momento em que os prefeitos se despediram, suas comunicações de final de governo e mesmo os discursos de despedida, procuraram mostrar tudo o que fizeram em relação às suas responsabilidades constitucionais, lavando as mãos sobre outras questões, como segurança, etc.

5. Mas na campanha eleitoral os candidatos a prefeito não fazem essa distinção. Apresentam planos e projetos de como a prefeitura pode atuar na área de segurança.

6. Para facilitar a compreensão, chamemos de “Microeconomia de um município” tudo o que se refere as atribuições e obrigações da própria prefeitura. E chamemos de “Macroeconomia” todos os problemas –como crescimento, emprego, segurança, etc.- que conformam o ambiente do conjunto da cidade onde as pessoas vivem.  

7. A eleição municipal de 2016 na cidade do Rio de Janeiro deixou isso muito claro. O ambiente, ou seja, a Macroeconomia da cidade, como definimos aqui, não permitiu que nenhum candidato –no primeiro turno- alcançasse 25% dos votos emitidos. Para ser mais preciso: 22%. Isso sem levar em conta a abstenção, pois nesse caso passaria pouco dos 15%.

8. Já a Microeconomia, como definimos aqui, mostra que por mais que o prefeito possa ter feito, por mais que sua publicidade tenha mostrado, por mais que a imprensa tenha coberto a prefeitura e elogiado, seu candidato ficou nos 12%. Pode-se alegar que a imagem do candidato depois da divulgação do conflito com a esposa explicaria isso. Mas as avaliações diretas do prefeito, comparando ótimo+bom com ruim+péssimo, na melhor hipótese, mostravam um empate.

9. Se não fosse assim, as pesquisas contratadas pelo prefeito sobre sua avaliação teriam sido divulgadas. Para os que simpatizam com o prefeito que saiu, poder-se-ia dizer que a Macroeconomia da cidade prevaleceu –e muito- sobre a Microeconomia, ou seja, a gestão e realizações específicas e próprias da prefeitura.

10. Essa lição deve ser absorvida pelos novos prefeitos. Não basta cuidar de sua Microeconomia. A Macroeconomia de sua cidade se passar por uma crise intensa, termina afetando a sua avaliação política. Se for assim, é melhor ajudar no que for possível o governador e o presidente –em nível municipal- e ter a certeza de que se as avaliações desses melhorarem, a avaliação da Microeconomia se beneficiará e, portanto, o prefeito.