PRIMEIROS DIAS DOS PREFEITOS DO RIO E S.PAULO: EX-BLOG ENTREVISTA CESAR MAIA!
1. Ex-Blog- Como avalia estes primeiros dias dos prefeitos Crivella do Rio e Dória de S. Paulo? CM- Faria duas observações. A primeira é um cacoete de quase todos os governantes eleitos. Do pós-eleição até a posse se vive um ciclo de felicidade e euforia. Uma vez empossado, nos primeiros dias, o prefeito repete atos, promessas, gestos e imagens que fazia após a eleição.
2. Ex-Blog- E a segunda? CM- Tenho experiência própria com isso. Na época ficou conhecida como factoides. A intensa cobertura da imprensa nos 3 primeiros meses do novo prefeito, estimula-os a exceder em cenários e imagens que fazem a festa dos fotógrafos e cinegrafistas. As capas dos jornais destacam. Os noticiários locais na TV expõem. O prefeito e sua equipe de comunicação vibram.
3. Ex-Blog- E qual o problema? CM- São 3. Um de curto prazo que é a vulgarização da imagem do prefeito. Outro, que parece que não trabalha em seu gabinete pois não sai da rua. E, finalmente, outro mais de médio prazo: cria expectativas além do que pode realizar e, como consequência, vem um desgaste em sua popularidade.
4. Ex-Blog- Com sua experiência e problemas que enfrentou em 1993, o que acha que é o comportamento mais adequado? CM- Jacques Seguelá o publicitário e assessor de imagem do presidente francês François Mitterrand, orientou-o a oscilar entre aparecer e mergulhar. Usava o sol como referência e lembrava que uma exposição demasiada ao sol produz queimaduras de segundo e terceiro graus, ou seja, pode afetar e muito a popularidade.
5. Ex-Blog- Então é uma questão de imagem? CM- Mais que isso. O que nos ensinam os livros e a experiência é que durante a campanha os candidatos assumem compromissos para um período de governo de 4 anos, mas comunicam como se fossem fazer tudo aquilo rapidamente. E daí vem um desgaste, como se o prefeito já eleito tivesse mentido.
6. Ex-Blog- E como o prefeito deve enfrentar isso? CM- O ideal seria um comportamento inverso ao que se faz naturalmente. Rebaixar as expectativas de curto prazo, maximizando a comunicação dos problemas herdados e das medidas iniciais que deve adotar em função disso e que são fundamentais para a execução de seu programa.
7. Ex-Blog- E se o prefeito eleito for sucessor de outro de seu partido ou for reeleito? CM- No primeiro caso terá que mostrar que sendo outro governo, terá que realizar o programa progressivamente ou que a conjuntura mudou, se isso tiver ocorrido. O segundo caso depende se ele foi reeleito mantendo reservas ou não. Em caso negativo terá que usar a conjuntura como justificativa para ajustar sua curva fiscal e então realizar seu programa.