22 de dezembro de 2016

CIDADE DE S.PAULO É CADA VEZ MAIS O EPICENTRO DAS TURBULÊNCIAS NACIONAIS NESTE CICLO! E DEPOIS?

1. Dois tipos de conflitos sociais e políticos têm estremecido o país. O primeiro pela grave crise dos Estados e que se espalha nacionalmente. Embora atinja o conjunto da população dos Estados, o conflito emerge com a resistência dos servidores estaduais aos pacotes apresentados.

2. O segundo que embora com temas nacionais como a estabilidade presidencial, o teto dos gastos, a lei do ensino médio, a reforma previdenciária, medidas econômicas, e a reforma trabalhista, cada vez mais se concentra na cidade de S.Paulo. Em geral, as mobilizações reais -nas ruas- e virtuais –nas redes- têm perdido densidade, tornando-se mais e mais ralas.

3. Mas há uma exceção: a Cidade de S.Paulo. Nesta, as reações, resistências e as mobilizações permanecem intensas. A combatividade, o confronto e as provocações não perderam força. Muito pelo contrário e mais ainda se levarmos em conta a continuidade das mesmas.

4. Os exemplos podem ser percebidos todas as semanas. Agora mesmo na diplomação dos Vereadores e do Prefeito na Cidade de S.Paulo, vereadores diplomados e seus apoiadores nas galerias trouxeram das ruas as palavras de ordem contra o Presidente. No Rio, apenas um Vereador –assim mesmo sem entusiasmo pessoal- se lembrou do Presidente e com rigorosamente nenhum apoio das galerias.

5. É verdade que S.Paulo concentra a mais expressiva base dos movimentos sociais de trabalhadores, de servidores, de artistas, de intelectuais, de estudantes, de professores… Mas há uma razão além dessas. A ocupação direta e indireta da máquina federal ocorreu muito mais que proporcionalmente, incorporando os atores econômicos, sociais, políticos e culturais de S.Paulo.

6. Nisso se encontram trabalhos contratados de professores, técnicos e de intelectuais, subsídios culturais, ONGs contratadas, ocupação de diretorias de empresas estatais por lideranças sindicais e, claro, a ocupação direta da máquina pública em cargos comissionados. Todos pagos generosamente.

7. Em S.Paulo estão as principais máquinas partidárias e sindicais daqueles que serviram e se serviram do governo e hoje se encontram na oposição. É provável que tenham guardado reservas para enfrentar um período de carência sem os empregos, favores, contratos e benesses anteriores, enquanto circulavam dentro e no entorno do governo –posteriormente- impedido.

8. Imaginam que o desgaste do atual governo possa antecipar as eleições ou fortalecê-los para 2018, assustados com o que passou em 2016. Ou que elevar a temperatura e jogar tudo no desgaste do governo atual possa abrir caminhos para eles.

9. Independente da efetividade de suas expectativas ou ilusões, o problema político está paradoxalmente onde a reação e resistência são mais fortes. Ou seja, a concentração muito mais que proporcional de suas forças, mobilizações e confrontos em S.Paulo, sem repercussão significativa nas demais capitais ou grandes cidades termina num processo de afunilamento dos protestos.

10. Com isso, fica muito mais fácil ao governo federal e ao governo estadual local identificar esses pontos e personagens e, com isso, atuar de forma a desmobilizá-los.

11. Mas há uma razão maior para a reversão desse quadro concentrado em S.Paulo. A recuperação econômica que virá no segundo semestre será alavancada por S.Paulo, exatamente pelo sua muito maior expressão econômica. A curva do desemprego e a abertura de espaços nas diversas atividades terá –inicialmente- ou se preferir, a partir de S.Paulo, a reversão de expectativas.

12. E se a resistência se dá mais que proporcionalmente em S.Paulo, hoje, amanhã será em S.Paulo que esse processo e essa dinâmica serão revertidos serão invertidos, perdendo força e intensidade.