23 de junho de 2015

DE QUE FORMA A “JANELA” SERÁ USADA PELOS DEPUTADOS, VEREADORES E PARTIDOS?

1. A Câmara de Deputados –em primeira votação- aprovou a emenda constitucional que cria, durante 30 dias depois de sancionada, uma “janela” para que deputados federais, deputados estaduais e vereadores possam trocar de partido. O texto exclui a possibilidade de que os deputados federais que mudarem de partido tenham portabilidade, ou seja, levem consigo proporcionalmente o tempo de TV e o fundo partidário.

2. A decisão foi tomada por uma maioria apertada: precisando de 308 votos, obteve 317.  Portanto, a segunda votação na Câmara de Deputados ainda não tem resultado assegurado. O fato de excluir a portabilidade evita o mercado de transferências como ocorria anos atrás. Se for assim, afinal o que vai induzir a troca de partidos?

3. Num quadro parlamentar inorgânico não será o perfil ideológico dos partidos e dos políticos. Em alguns casos –e dependendo do perfil do parlamentar- sua mobilidade será restrita seja por decisão dele, que busca a transferência, seja pela negativa do partido que o receberia.

4. A razão básica das transferências nada terá a ver com a Câmara de Deputados. A motivação será regional. Trocar de partido dependerá da maior probabilidade eleitoral que teria –em 2016 e 2018- no partido para o qual quer mudar. Uma moeda de troca pode ser o compromisso em ser candidato a prefeito nesse novo partido em 2016, ou governador ou senador (duas vagas) em 2018.

5. A decisão pura e simples de levar seu mandato de deputado ou vereador para outro partido será avaliada nos dois polos: por quem quer mudar de partido, avaliando sua viabilidade eleitoral no partido que quer entrar; e do outro lado o interesse ou a resistência do partido que deseja. É claro que se a transferência criar alto risco para os que já fazem parte da legenda, estes impedirão a transferência para seus partidos.

6. Portanto, a “janela” será usada em função das situações locais: aumentar a eleitorabilidade de quem vai sem diminuir a eleitorabilidade dos que já estão na legenda. Por melhor que sejam as ofertas dos governos, a decisão dependerá dos riscos eleitorais nos dois polos. A primeira projeção é que será menos volumosa em nível federal do que se imagina.

7. Todos os potenciais interessados já começam a fazer suas avaliações. Ocorrendo alguma fusão nesse intervalo, cria-se uma situação nova nesses partidos que pode estimular transferências, nos dois sentidos.

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NOTAS BRASILEIRAS!

1. Datafolha. 43% não sabem –nem de ouvir falar- quem é Joaquim Levy/ 35% não sabem quem é Eduardo Cunha/ 28% não sabem quem é Michel Temer/ 26% não sabem quem é Renan Calheiros./  31% deram nota ZERO a Dilma.

2. (Folha de SP, 23) Lula: PT entrou “na roda gigante da política”. “A gente só pensa em cargo, só pensa em emprego, só pensa em ser eleito, ninguém trabalha mais de graça.”

3. (Ancelmo – Globo, 23) Queda nos impostos em obras viárias –23%, obras de arte especiais –22%, outras de engenharia civil -18%.

4. (Jornal Nacional, 22) Quando a gente fala de empregos no Brasil o setor que mais sentiu a pancada da crise, até agora, foi o comércio: quase 160 mil vagas desapareceram de janeiro até maio.

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REAÇÕES DO MERCADO EM RELAÇÃO À ODEBRECHT!

(Estado de SP, 23) 1. A prisão do principal executivo e dono da Odebrecht na sexta-feira já se reflete nos negócios com os papéis da dívida externa da empresa. A média diária do volume de negócios com os bônus da Odebrecht está cinco vezes maior do que vinha registrando nos 15 dias anteriores à prisão de Marcelo Odebrecht. Além disso, os papéis chegaram a cair 9,5% ontem no pico de baixa do dia.

2. Dados repassados por operadores do mercado de renda fixa mostram que os negócios com bônus da Odebrecht somaram ontem US$ 14 milhões contra uma média de US$ 2,7 milhões que vinha sendo registrada. Isso significa que cresceu em cinco vezes as compras e vendas do papel. Já os títulos da Andrade Gutierrez ficaram praticamente estáveis ontem, depois de terem perdido 15% do valor na sexta-feira.

3. Os volumes acima da média e a queda dos papéis expressam a preocupação dos investidores com os desdobramentos da prisão de Odebrecht.