16 de março de 2015

PREÇOS E CÂMBIO: MINISTRO LEVY ADOTA “POLÍTICAS”  DE ALTO RISCO!

1. Tanto a dinâmica política quanto a dinâmica econômica têm altas taxas de imprevisibilidade quando seus indicadores flutuam fora das margens de segurança. Quando estes indicadores mostram um movimento sustentável, caracterizam uma tendência. Isso vale tanto para tendências positivas como negativas.

2. Fica cada dia mais claro que o avanço da inflação e o crescimento do câmbio são a parte fulcral da política econômica de curto prazo do ministro Joaquim Levy. A inflação crescente cumpre duas funções favoráveis à política econômica do governo.

3. Primeiro porque corrige os preços relativos, reprimidos nos últimos anos como arma política (a popularidade dos presidentes) e como arma econômica (‘controle’ do índice de preços). Segundo porque funciona como tributação disfarçada, aumentando as receitas tributárias do governo e reduzindo as despesas reais não financeiras do governo (como os salários e os contratos nominais dos governos).

4. A disparada do dólar em relação ao real, da mesma forma, cumpre funções favoráveis ao governo. Valoriza em reais as reservas em dólar. Ajuda a corrigir os problemas da balança corrente, seja pela maior competitividade das exportações, pela substituição de importações, como por menor pressão nos serviços (turismo…). Produz também distorções previsíveis como aumento da inflação (favorável) e o aumento do custo do serviço das dívidas públicas e privadas em dólar (desfavorável pelos riscos de inadimplência).

5. Enquanto se debate as medidas fiscais e previdenciárias anunciadas pelo ministro Levy, que certamente são parte integrante de sua política fiscal, aquilo que é mais significativo na política econômica não explícita dele flutua fora do parlamento, ao sabor do riso quase irônico do ministro nas reuniões que participa, conforme as fotos publicadas.

6. Essa política econômica –digamos- outsider em relação à inflação e ao câmbio desliza tranquilamente. Mas incorpora um enorme risco, pois afeta a expectativa das pessoas e das empresas, que sentem seus efeitos e reagem sem levar em conta o raciocínio sofisticado do papel que cumprem em curto prazo.

7. Analistas dizem que o câmbio cresce pela insegurança que têm as pessoas e empresas nessa conjuntura de crise política e econômica. Ou seja, o crescimento do câmbio seria efeito disso. Essa é uma análise equivocada como ponto de partida. O câmbio cresce induzido pelo próprio governo. Mas não o é como derivada segunda, como segundo momento.

8. Num quadro de crises, econômica e política, as curvas ascendentes da inflação e do câmbio –induzidas pelo governo- são percebidas pelas pessoas como descontrole e agravamento dessas crises. E –sendo assim- elas tomam decisões defensivas que só fazem agravar a crise.

9. Bem que o ministro às vezes inclui em suas falas alguns ruídos que permitem entender assim, especialmente os relacionados aos preços reprimidos e a perda de competitividade das exportações. Mas isso não permite que as pessoas percebam e concluam que inflação e câmbio –crescendo- são ajustes feitos pelo próprio.

10. Um risco muito grande. A perda de controle percebida erradamente pode se transformar em perda de controle efetiva, saindo das rédeas do ministro.

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FUNDO DE PARTICIPAÇÃO DOS MUNICIPIOS (FPM) CRESCE ACIMA DA INFLAÇÃO!

(François E. J. de Bremaeker) Encontram-se disponíveis noObservatório de Informações Municipais as estimativas do FPM para o trimestre de março, abril e maio de 2015. A previsão para março é abaixo daquela estimada no mês passado pelo Tesouro Nacional, mas 10,82% acima do repasse de março de 2014. O repasse de fevereiro de 2015 foi 48% maior que a previsão de março. Em abril o repasse estimado é 12% superior ao estimado para março. Em comparação com abril de 2014 deverá ficar 8,75% maior. Em maio a estimativa do Tesouro Nacional foi bastante generosa. Esperamos que se concretize, mas, é bom ficar prevenido e não esperar por milagres. A estimativa para maio é 40% maior que aquela projetada para abril! E 14,25% maior que o repasse de maio de 2014. Os cenários da economia não são tão favoráveis assim. Por isso: precaução.

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LÍBANO JUNTA FORÇAS ANTÍPODAS PARA COMBATER O ESTADO ISLÂMICO EM SEU TERRITÓRIO!

(El País, 06) 1. Líbano vai para a ofensiva para deter a entrada do Estado Islâmico. O Exército, apoiado pelo Hezbollah, milicianos cristãos e paramilitares, vai para a ofensiva para deter o avanço do Estado Islâmico nas montanhas. Milicianos libaneses do Partido Nacional Socialista Sírio (SSNP, em inglês) se cumprimentam com a satisfação de ter vencido uma batalha. Sua posição, próxima ao povoado cristão de Raas Baalek, a 13 quilômetros da fronteira nordeste entre o Líbano e a Síria, ao lado das montanhas onde dezenas de jihadistas do Estado islâmico (EI) e da Frente Nusra (filial da Al Qaeda na Síria). Há apenas 24 horas, aconteciam intensos tiroteios, estremecendo as aldeias vizinhas, agora vazias. Depois de se defender e repelir três ataques em cidades fronteiriças (Ersal, Britel e Kaa), o Exército libanês foi para a ofensiva pela primeira vez contra os jihadistas.

2. Nesta operação incomum, as tropas libanesas tiveram sucesso em arrebatar o grupo fundamentalista de suas posições, a mais de 2.000 metros de altura, ganhando o domínio sobre outras posições inimigas. A batalha atual já não é feita com tiros a escassas centenas de metros de distância, mas com armas pesadas entre as colinas. Os jihadistas dispararam morteiros em direção aos picos opostos, causando a mesma reação da artilharia libanesa. Nuvens de fumaça seguem apontando os locais de impacto entre as falésias. “Fumaça negra, mau sinal. Devem ter pegado um veículo do exército”, diz um miliciano enquanto passa um binóculo para seu companheiro e liga seu walkie-talkie para contatar outras posições.

3. Milícias e paramilitares leigos, cristãos e xiitas em conjunto com tropas regulares coordenando entre si e criando uma frente comum para frear o avanço jihadista até Raas Baalbek. Uma frente que existe há um mês, e que já deixou oito soldados mortos e 26 feridos. Na frente, mais de 1.200 soldados das Forças Armadas Libanesas (LAF, em inglês) definem a estratégia para recuperar seu território. Na retaguarda, coordenados, mas não misturados, estão às frentes do braço armado xiita do Hezbollah e dos leigos do SSNP. Os primeiros monitoram os movimentos dos jihadistas e dão suporte através do lançamento de foguetes. Os homens do SSNP também monitoram e abrem acesso para eventuais retiradas de feridos ou chegada de reforços. A máxima de que o inimigo do meu inimigo é meu amigo reina esmaecendo, por enquanto, as desavenças religiosas e políticas entre os incontáveis partidos libaneses. Vizinhos cristãos afirmam que o Hezbollah fornece munição para aqueles que querem participar da defesa. De maioria xiita, em Bekaa surgem vários povoados sunitas, mas também cristãos.