(Blog de Mauricio David, Economista) 1. Em 1979 um grupo de intelectuais brasileiros que retornavam do exílio juntou-se em um projeto, liderado pelo sociólogo Luiz Gonzaga de Souza Lima, para criar a primeira instituição acadêmica brasileira voltada para o estudo das Relações Internacionais, então uma disciplina nascente na universidade brasileira. Surgia então o IRI-Instituto de Relações Internacionais, da PUC/RJ, do qual tive a honra de ser um dos fundadores ao lado do prof. Souza Lima e de uma plêiade de acadêmicos. Já naquela ocasião, era grande a pressão americana para que o Brasil assumisse parte das responsabilidades financeiras do Banco Mundial e do FMI, sob a alegação de que o Brasil já era um país “industrializado” (criou-se até uma terminologia nova – NICs, Newly Industrializing Countries).
2. O governo brasileiro – e principalmente o Itamaraty – se opuseram fortemente, alegando que seria um “ardil” dos países desenvolvidos. 35 anos depois, para alegria dos Estados Unidos, do Japão e da União Europeia, a “velha” proposição do início dos anos 80 vê a luz com a iniciativa do Banco dos BRICS e do Fundo complementar ao FMI, a ser assumido pelos países do Sul (entre os quais, o Brasil). Os americanos estarão muito contentes, pois é tudo o que vinham pedindo… No entanto, aqui do lado do Sul, há gente que solta foguetes, acreditando ingenuamente que se trata de uma iniciativa para romper a hegemonia dos países centrais. Precisamos estudar mais o que se passa no espaço geoeconômico e geopolítico globais, para não nos deixarmos iludir tão facilmente…”