OS PROTESTOS, A COPA, AS RUAS REAIS E VIRTUAIS!
1. Os protestos durante a Copa ocorreram, mas em proporção muito menor do que muitos imaginavam. Este Ex-Blog postou o resumo de um relatório dos órgãos de inteligência que, antes da Copa, previam um quadro tranquilo enquanto o Brasil vencesse. Brasil foi até a semifinal, confirmando a previsão. E a derrota de 7×1 reconstruiu a mobilização e os protestos com ampla participação da imprensa, mas ainda fora das ruas.
2. Muitas vezes este Ex-Blog repetiu uma ideia do professor Manuel Castells, estudioso das redes sociais, que, no auge das ocupações mundo afora, lembrava que há dois tipos de manifestações de rua: as ruas reais e as ruas virtuais. E que se a ocupação das ruas reais é cíclica, a ocupação das ruas virtuais -via redes sociais- é permanente.
3. Antes da Copa, durante a Copa e especialmente pós-7×1, as ruas virtuais estiveram extremamente ativas. Qualquer levantamento feito por agências especializadas mostra que os temas das ruas reais continuam circulando intensamente nas redes virtuais. E, durante os jogos, as críticas vinham em tempo real, com o humor, charges…
4. Quem pensa que as ruas virtuais estão distraídas, se engana redondamente. Os abusos da carona de Dilma na Copa e mais ainda quando tentou tirar o corpo fora no 7×1. Nas redes foram coladas as declarações dela no final da Copa das Confederações, quando afirmou que “Meu Padrão é o Padrão Felipão”.
5. Depois dos 7×1, Dilma falou que queria mudar tudo no futebol brasileiro e nesse arrastão veio o Felipão, que nas vitórias era o seu padrão. As pesquisas estão vindo esta semana e devem mostrar que nenhum candidato se deu bem com a Copa e, provavelmente, pelo menos uma perdeu: a Dilma.
6. Como este Ex-Blog tem comentado: as redes sociais multiplicam positivamente e negativamente ideias e fatos. Mas quanto a nomes, as redes podem multiplicar negativamente, mas raramente de forma positiva. Que os políticos se lembrem disso e que entrem nas redes no campo das ideias e não se arrisquem “panfletando” seus nomes e números, pois podem voltar como bumerangue, tirando votos e gerando desgaste por oportunismo virtual.
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LEI PELÉ REDUZIU MUITO O ESTÍMULO DOS CLUBES EM FORMAR JOGADORES!
(Samuel Pessôa, formado em física e doutor em economia pela USP, é pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV – Folha de SP, 13) 1. A capacidade do futebol brasileiro de gerar talentos reduziu-se muito. Penso que a Lei Pelé reduziu muito o estímulo dos clubes em formar jogadores. O fim da Lei de Passe faz com que o ganho que um clube tem em formar um jogador fora de série seja muito menor que no passado. A Lei do Passe funcionava da mesma forma que uma patente. O custo de desenvolver uma nova tecnologia é muito elevado. Se o custo de imitação for muito baixo, ninguém irá investir em pesquisa e desenvolvimento. A patente garante poder de monopólio por alguns anos, suficientes para que a empresa recupere o investimento.
2. No futebol a Lei do Passe funcionava como esse monopólio. No caso da formação de jogadores de futebol, o desenvolvimento da tecnologia está associado ao processo de “achar” o craque e de desenvolver sua potencialidade. Achar o craque é mais difícil do que parece. O problema é que o craque não sabe que é craque, o olheiro não sabe e o técnico da escolinha não sabe. É impossível saber. Ser craque significa a pessoa ter um conjunto de características. Se uma delas falha, não temos mais o craque.
3. O talento é importante, mas não é a única característica. É necessário, por exemplo, ter uma rápida capacidade de recuperação. Candidatos a craque, como Pedrinho, ex-Vasco e Palmeiras, não se desenvolvem, pois se contundem com frequência e têm recuperação muito lenta. Simplesmente não conseguem desenvolver o potencial, pois estão o tempo todo de molho. Ou seja, em uma escolinha de um clube de futebol há vários candidatos a Neymar que não vingam. E simplesmente não temos uma tecnologia que diga quem vingará e quem não vingará.
4. O clube tem que investir em centenas de candidatos a Neymar para produzir um Neymar. Assim, quando acha um Neymar, tem que ser remunerado não somente pelo custo de formação do Neymar mas também pelo custo de formação da centena que não vingou. Esse é o problema. A Lei do Passe, com todos os seus problemas, era uma forma de abordar essa questão. Precisamos encontrar um substituto para a Lei do Passe. Aparentemente a legislação atual não estimula suficientemente o esforço de formação.
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1. O Governo norte-americano manifestou sua preocupação pela violência generalizada na Líbia e advertiu sobre os riscos de um “conflito generalizado”. Reafirmou seu apoio a uma “transição democrática” naquele país e exortou a “constituição de um novo parlamento o mais rápido possível”. Observou ainda que “o futuro da Líbia não será assegurado pela força das armas, mas sim pelo acordo político e pelo diálogo nacional”.
2. Desde a queda de Gadafi em 2011, a Líbia vive um clima de permanente violência diante da impossibilidade de os diferentes governos de transição imporem o império da lei e debelarem as distintas facções étnicas com seus exércitos particulares.