(Rafael Rojas, Historiador – El Pais, 08) 1. Um dos professores que participaram do seminário de 20 de Abril de 1959 foi a filósofa alemã Hannah Arendt. A exposição que Arendt apresentou no seminário foi o ponto de partida para a sua obra “On Revolution” (1963).
2. Em seu livro, Arendt argumenta que a ligação histórica entre a revolução e a guerra, dois fenômenos, em sua opinião, radicalmente diferentes, havia distorcido os objetivos básicos da tradição revolucionária moderna, que eram a liberdade e a felicidade. A vantagem que, em sua opinião, mantinha a revolução de 1776 nos Estados Unidos sobre a francesa e a russa era que, ao abordar a “questão social” da igualdade através do direito constitucional, tinha alcançado aqueles objetivos históricos.
3. O jacobinismo e o bolchevismo, no entanto, produziam uma desconexão entre a justiça social e a lei – o que Ferenc Feher conceituou como “revolução congelada” – que incentivava o despotismo e desperdiçava o legado moral ou o “tesouro perdido” da revolução. A filósofa só se referiu à América Latina uma vez em seu ensaio e o fez para colocar a experiência das revoluções do Terceiro Mundo, no século XX, mais na tradição francesa e russa do que na tradição norte-americana.
4. Em outros momentos de seu livro, Arendt falou das “ditaduras de partido único” e dos regimes burocráticos da União Soviética e da Europa Oriental, como novas formas de tirania.