EX-BLOG ENTREVISTA PSICÓLOGA SOBRE PAIXÃO, O EMPODERAMENTO DA TORCIDA BRASILEIRA E A POLÍTICA!
1. Ex-Blog: O assunto desses dias com amplo destaque no noticiário, é sobre um certo descontrole emocional dos jogadores da seleção brasileira. É assim? Psicóloga-AM: Esse é apenas um primeiro impacto. Aquela excitação, com prantos ao cantarem o Hino Nacional, tira a capacidade de competir dos jogadores por uns 15 minutos, até que seu sistema nervoso se reequilibre. Ou seja, uma terça parte do primeiro tempo. Mas essa não é a questão mais importante.
2. Ex-Blog: E qual é? AM: Quando a imprensa diz que a Torcida carrega o time, é um fator positivo. A torcida grita, chora, faz caras e bocas…, tudo bem. É assim mesmo. Mas quando os jogadores gritam, choram e fazem caras e bocas, na verdade eles estão transferindo para eles o papel de torcedor. Eles passam a ser torcedores também. Uma transferência que os fragiliza e é percebida pela torcida.
3. Ex-Blog: E quais as consequências? AM: Eles deixam de ser líderes e passam a ser totens para os torcedores. O torcedor quer um craque vibrante, mas altivo e de cabeça em pé, como um general vencedor em batalhas dos séculos 18 e 19. / Ex-Blog: Isso pode afetar os resultados? AM: Eu não diria isso, a menos que a seleção sofra um gol naqueles 15 minutos iniciais e se desestabilize de vez. É um risco, mas por aquele tempo. Mas há desdobramentos imprevisíveis que podem ser políticos.
4. Ex-Blog: Políticos? AM: Disse…, podem ser. Vejamos. Lembremo-nos das manifestações a partir de junho de 2013. O sucesso das mesmas produziu um EMPODERAMENTO das pessoas que gerou uma dinâmica própria com expansão e multiplicação pelo sucesso. Quando o EMPODERAMENTO é construído por lideranças politicas, carismáticas ou não, há nesse líder um elemento de controle. Quando o EMPODERAMENTO é de gestação espontânea, a situação é muito diferente.
5. Ex-Blog: E é o que acontece hoje na Copa? AM: Claro, certamente. Não há líderes, há torcedores apaixonados jogando. Isso é grave nas duas hipóteses polares: 1) O Brasil perde e a torcida empoderada vai atacar os responsáveis, o que nas circunstâncias atuais sobra para os governos e para os políticos. 2) O Brasil vence e a torcida empoderada sem líderes se auto atribui –de forma exclusiva- a vitória e, em seguida, num ano eleitoral, volta às ruas para dizer aos jogadores/candidatos, o que eles devem fazer e até negar o processo eleitoral com um movimento de “não voto”.
6. Ex-Blog: O que é melhor? AM: O melhor é eu estar errada. Um conselho. Terminada a Copa com vitória, minimizem a presença dos craques no Brasil. E com derrota, eliminem essa presença. Os nossos craques serão os totens da reação das pessoas, seja qual for.
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JEAN-CLAUDE JUNCKER, O NOVO PRESIDENTE DA COMISSÃO EUROPEIA!
1. Por primeira vez por votação, e não por consenso, os 28 líderes dos membros da União Europeia decidiram propor Jean-Claude Juncker para a presidência da Comissão Europeia. É extensa a lista de acusações contra Jean-Claude Juncker nos jornais britânicos: o homem fala muito durante as reuniões; está sempre bebendo álcool; é antidemocrático; tem origens familiares nazistas; quer criar um exército europeu; vai remover as poucas defesas que ainda restam contra o crime organizado vindo da Romênia e da Bulgária; toma decisões secretas sobre o futuro dos bancos; nunca teve um “emprego verdadeiro”; é desonesto. O “Economist” escreve mesmo que ninguém o quer e chama-lhe “presidente acidental”.
2. Entre os argumentos contra Juncker há considerações falsas, contraditórias, ou apenas parcialmente verdadeiras. A acusação de que o pai era nazista baseia-se em que Joseph Juncker, operário luxemburguês de profissão, combatera no exército alemão durante a II Guerra Mundial. Mas, tendo o Reich ocupado o seu país, quantos jovens considerados alemães podiam recusar o alistamento? Igualmente sem sentido parece a acusação de alcoolismo. Juncker pode ser fã do seu conhaque, mas isso dificilmente o torna uma raridade entre os políticos europeus. Quanto aos relatos sobre uma ou outra cena de fúria – um tabloide conseguiu descobrir que uma vez gritou com um alto funcionário durante cinco minutos – também não bastam para distingui-lo.
3. Jean-Claude Juncker tem atualmente 59 anos. Nasceu e cresceu no Luxemburgo, estudou lá e na Bélgica, fez o curso de Direito em Estrasburgo. Registrou-se como advogado em 1980, mas nunca exerceu a profissão. Nessa altura já era membro do Partido Cristão Social Popular há seis anos e tinha iniciado a sua carreira política. Foi Secretário parlamentar, deputado e ministro do Trabalho. Em 1989, Juncker recebeu a pasta das Finanças. Em 1995 passaria a acumulá-la com a chefia do governo. Enquanto membro do executivo começara cedo a presidir a reuniões na União Europeia, a vários títulos. Teve certa proeminência no processo de formação do euro. Ao mesmo tempo, era governador no Banco Mundial e depois no FMI. E ocupou sempre mais que uma cadeira no governo, quer antes de ser primeiro-ministro quer depois.
4. Juncker só ficou gravemente embaraçado quando se descobriu que os serviços secretos do seu país andavam fazendo escutas ilegais. O escândalo também envolvia corrupção e abusos de dinheiros públicos. Junker tentou minimizar (não é surpresa que no mundo dos serviços secretos haja segredos, disse), mas acabou por se demitir.
5. Não deixa de ser irônico que a sua candidatura agora vencedora tenha sido contestada pelo Reino Unido com o argumento de que não deve ser o Parlamento Europeu, e sim os chefes de governo dos Estados, que devam escolher o presidente da Comissão Europeia. Afinal quem é que quer tomar as decisões com as portas fechadas?
6. Se Cameron realmente pretendia evitar a nomeação de Juncker e não apenas obter dividendos internos, terá cometido o erro de tornar a sua oposição demasiado pública, encostando Merkel e outros líderes à parede. Juncker aproveitou. Garantiu que não se ia ajoelhar perante os britânicos. Lembrou que era importante resistir a esse tipo de pressões. 26 dos 28 chefes de governo da UE concordaram com sua defesa.
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A DÍVIDA ARGENTINA E SUAS GRAVES REPERCUSSÕES INTERNACIONAIS!
(Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central – Folha de SP, 02) 1. Foram incluídas Cláusulas de Ação Coletiva nas novas dívidas. Estas permitem que credores que representem uma maioria qualificada (por exemplo, 75% do valor da dívida) possam alterar alguns termos do contrato, obrigando os demais a segui-los. Isto não resolve todos os problemas, mas atenua o incentivo a se tornar um credor recalcitrante.
2. A decisão das cortes americanas atua no sentido oposto. Mérito jurídico à parte, essa jurisprudência cria incentivos para que credores se recusem a participar da renegociação, pois passam a contemplar a possibilidade de receberem a totalidade da dívida, em vez de uma fração dela. Em particular, no caso de um título com emissão modesta, podem, inclusive, comprar (com desconto expressivo) uma parcela suficientemente alta dele para impedirem a formação da maioria qualificada e assim bloquearem alterações nos termos do contrato.
3. Isso aumenta o risco da repetição do problema agora observado e torna o mercado internacional de capitais mais instável. É esta a raiz do descontentamento dos EUA e do FMI. A nova jurisprudência pode tornar muito mais difícil o processo de renegociação de dívida, agravando a instabilidade financeira. É fundamental perceber que a decisão das cortes traz implicações que vão muito além do vizinho. Tornou-se ainda mais urgente achar formas de lidar com reestruturação de dívidas soberanas.