30 de junho de 2014

“UM ATO DE RESPONSABILIDADE”!  ENTREVISTA COM CESAR MAIA!

1. Ex-Blog: Sua candidatura a Senador na chapa Aezão surpreendeu muita gente. Cesar Maia: E a mim também. Até a semana passada, a minha candidatura a governador estava posta e já em processo de operacionalização, com definição de contratação de TV, serviços gráficos, etc. A aliança no Rio entre PT de Dilma e PSB de Campos surpreendeu também a todos e trouxe um fato novo.

2. Ex-Blog: E como ocorreu a decisão? CM: No sábado (21) à noite recebi um telefonema de Aécio falando desse fato novo e que levando em conta a prevalência da eleição presidencial, precisávamos agrupar as forças de apoio a ele, com concessões de ambos os lados. Marcou reunião urgente domingo pela manhã no apartamento dele.

3. Ex-Blog: Como foi essa reunião? CM: Aécio analisou o desdobramento das decisões do PT e PMDB no Rio em nível presidencial e a repercussão na imprensa que sublinhava o impacto eleitoral. E que, sendo assim, os meus argumentos em defesa de termos candidatura própria paralelamente ao Pezão deveria ser reavaliada.

4. Ex-Blog: Qual a sua reação? CM: De compreensão, mas lembrei a ele que se não tivéssemos uma candidatura majoritária, ele ficaria fora da TV regional, pois a legislação proíbe não seguir a coligação presidencial. A resposta dele foi imediata. Disse que no dia anterior, também com esta preocupação, havia consultado os líderes do PMDB e mostrado que seria necessário abrir um espaço majoritário. A única possibilidade era o Senado.

5. Ex-Blog: Como eles reagiram? CM: Aécio disse que com total compreensão. E mais, como as pesquisas mostravam um cruzamento especialmente na Capital e em Niterói entre eu e Pezão, o fortalecimento da candidatura PT-PSB, com nossa divisão, seria inevitável. Ou seja, o risco das duas candidaturas postas eliminarem as mesmas duas do segundo turno era muito grande, o que produziria o que as demais queriam, com natural efeito em nível presidencial.

6. Ex-Blog: E como a decisão foi finalizada? CM: Aécio usou uma expressão que fechou o assunto: Esse é um ATO DE RESPONSABILIDADE. Responsabilidade nacional e também estadual pelo risco de Pezão e eu juntos eliminarmos os dois do segundo turno. E arrematou dizendo que as sondagens aos dirigentes no dia anterior foram muito positivas e que ele gostaria de resolver tudo naquele mesmo domingo (22).

7. Ex-Blog: E como se deu isso? CM: Retornei a meu apartamento e meia hora depois Aécio ligou pedindo que eu retornasse.  Assim foi feito. Estavam os deputados Luiz Paulo, presidente do PSDB-RJ, e Comte Bittencourt, presidente do PPS-RJ. Aécio informou sobre a conversa que tivemos e que em meia hora chegariam Pezão, Picciani e Cabral. Assim foi.

8. Ex-Blog: Como foi essa segunda reunião? CM: Aécio resumiu o que já tínhamos conversado e o que ele havia antecipado a eles. Em seguida falaram um a um todos os demais presentes.  A questão do ATO DE RESPONSABILIDADE foi realçada por todos, tanto em nível presidencial como estadual. E que a retirada da candidatura ao Senado do PMDB era um gesto de forte simbologia e uma concessão que mostrava que a aliança seria para valer, pois eu entraria no espaço ocupado antes e agora por dois senadores.

9. Ex-Blog: E como culminou? CM: Os presidentes dos demais partidos e candidatos a vice e suplências de senado já teriam sido sondados, o que seria reforçado naquela tarde. Em seguida marcou-se uma coletiva para o dia seguinte, incorporando algum risco de reversão de algum aliado, o que não ocorreu depois de detalhadas as razões nos dias posteriores. Esse foi um gesto decisivo.

10. Ex-Blog: Como você se sente agora? CM: Creio que a tradução por Aécio de ser um Ato de Responsabilidade foi contundente e definitivo para minha consciência e coerência políticas.

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A DESINTEGRAÇÃO DA SÍRIA!

(Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da comissão independente internacional de investigação da ONU sobre a República Árabe da Síria – Folha de SP, 29) 1. Estima-se que 9,3 milhões de sírios têm necessidade de assistência humanitária urgente, com 4,25 milhões de deslocados internamente e 2,8 milhões de refugiados em países vizinhos. A expressiva maioria são mulheres e crianças.  A infraestrutura básica do país foi destroçada. Escolas foram reduzidas a escombros ou ocupadas pelas forças armadas. Hospitais foram invadidos. Bairros residenciais estão destruídos. Alimentos, água e eletricidade foram cortados para infligir sofrimento a populações civis. A guerra teve um impacto devastador sobre a economia do país.

2. A Síria está a ponto de se tornar um “Estado falido, com senhores da guerra por toda parte”, e o conflito não ficará restrito às fronteiras do país.   A guerra na Síria atingiu um ponto de inflexão que ameaça toda a região. O governo sírio e os grupos armados na oposição têm levado a violência ao paroxismo. Todos desrespeitam flagrantemente as regras dos direitos humanos. Uma impunidade generalizada campeia.

3. Combatentes e cidadãos são torturados até a morte dentro de centros de detenção, homens são decapitados e alguns crucificados em praça pública, mulheres vivem com o estigma do abuso sexual e as crianças são recrutadas pelas forças de combate.

4. A ameaça de uma guerra regional no Oriente Médio está cada vez mais próxima. O conflito armado que se alastra no Iraque terá repercussão devastadora na Síria e em outros países limítrofes.  O aspecto mais alarmante tem sido o aumento da ameaça sectária, consequência direta da dominação de grupos extremistas como o Estado Islâmico no Iraque e no Levante, o EIIL. Seus combatentes radicais atacam não somente as comunidades sunitas que não se submetem a seu controle, mas também minorias como os xiitas, alauítas, cristãos, armênios, drusos e curdos, todos considerados apóstatas ou infiéis que devem ser abatidos.

5.  Não há solução militar para o conflito. Desde o início, a única via sempre foi e continua sendo uma negociação diplomática, política, que inclua todos os países com influência na região, desde o Irã até a Arábia Saudita.