(Folha de SP, 27) 1. Crítico de arquitetura do jornal “New York Times”, Michael Kimmelman. Tive uma decepção com o Rio. Nem tudo é culpa da Olimpíada. O prefeito Paes fala coisas certas, mas para fazer áreas urbanas saudáveis, você não joga uma área nas mãos de empreiteiras para construir torres corporativas e bota um museu do Calatrava do lado. Você precisa um mix de funções, ter prédios residenciais, de escritórios, varejo, mistura de classes sociais, algo que o Brasil parece não ter muita familiaridade. Tem que ter empregos por ali, parques, espaço público. O que vi não é satisfatório. Já a Vila Olímpica faz com que a cidade cresça como um subúrbio americano sem fim, levando tudo para muito longe. Não dá para querer uma cidade densa e ficar espalhando novos bairros distantes ao mesmo tempo.
2. Cidades precisam ter um plano do que querem, que faça a cidade melhor no final. Londres tinha uma ideia, desenvolver o East End, criar um novo centro, melhorar o transporte coletivo até lá e usar os jogos, com a energia, o dinheiro, os investimentos que eles atraem, um prazo limitado, o que força as coisas acontecerem mais rapidamente. Ter um prazo é bom. O Rio teve uma oportunidade de seguir Barcelona e Londres e claramente não o soube fazer.