1. Os institutos de pesquisas oferecerem aos eleitores discos com duas alternativas principais. Numa incluem os candidatos de pequena expressão eleitoral hoje. E noutra apenas os 3 que se destacam na campanha presidencial. O senso comum seria esperar que com mais candidatos a soma dos que não marcam nenhum candidato (brancos, nulos, não sabe, não respondeu) deveria ser menor.
2. A primeira pergunta feita pelo Datafolha foi com todos os candidatos. Dilma tem 38%, Aécio+Campos têm 26% e os demais 6%. Simplificando: Dilma 38% e todos os demais 32%. Mas quando o Datafolha exclui os demais, a pesquisa acusa: Dilma 43% e Aécio+Campos têm 32%.
3. Curiosa situação: todos os demais juntos têm a mesma intenção de voto agregada (32%) em ambas as simulações. Mas Dilma cresce de 38% para 43% quando só se oferece 3 nomes. Imaginar que há uma troca perfeita entre os demais e Aécio-Campos ou Dilma é um absurdo.
4. Mas por que razão os que não marcam nenhum nome crescem de 25% para 30% com mais nomes no disco que é oferecido ao eleitor? Era de se esperar o contrário.
5. Uma explicação possível é que quando o eleitor escolhia seu candidato em papeleta, oferecer todos os nomes num disco em pesquisa era fundamental. Mas agora o eleitor vai a urna marcar um número só e não escolher um nome entre os da papeleta. Ou seja, um disco com muitos nomes confunde o eleitor. Usar só a espontânea para superar o problema seria uma distorção pelo menos até a última semana de campanha, quando a informação está difundida.
6. Mas fazer pesquisa sem incluir os nomes daqueles que têm menor intenção de voto seria também uma distorção porque estes podem crescer, influenciar a eleição ou até vencer. Por isso devem ser acompanhados. Então o que os Institutos de Pesquisa devem fazer? Manter as duas hipóteses, certamente, mas em que ordem? Primeiro a lista curta e depois a cheia ou o contrário? Ou fazer uma lista meio cheia que confunda menos, incluindo apenas uns 2 ou 3 nomes a mais e não todos os 8. E depois a totalmente cheia.
7. Isso é importante para se avaliar a tendência do voto útil quando o eleitor em campanha passar a ter uma visão clara dos que têm mais chance de se eleger. Ou como sua decisão entre votar e não votar pode influenciar o resultado. O fato é que essa pesquisa Datafolha impõe uma reflexão aos técnicos do próprio instituto e aos analistas. Afinal, o voto útil levaria Dilma em direção aos 38% ou aos 43% nesse momento?