1. A entrada do Exército na ocupação da favela da Maré no Rio é a demonstração do fracasso da segurança pública do Rio. É a declaração, explícita, feita para toda a imprensa pelo governador Cabral de que o governo do Estado não tem mais condições de manter a lei e a ordem em seu território. E 3 dias depois, Cabral renuncia, abandona seu cargo e seu fracasso, e entrega o grave problema ao Exército e a seu plácido vice-governador.
2. Todos aqueles –como este Ex-Blog- que defendem as UPPs, devem aceitar a intervenção, dada a situação de descontrole com policiais das UPPs servindo de alvo para narcotraficantes e a incapacidade do Estado declarada ao vivo pelo governador nos jornais noturnos das TVs.
3. Na capa do Globo de domingo (30), foto do general Lundgren em palestra semana passada, mostra um slide onde ele cita o art. 144 da Constituição como justificativa para agir. O artigo 144 (“A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: I – polícia federal; / II – polícia rodoviária federal; / III – polícia ferroviária federal; / IV – polícias civis; / V – polícias militares e corpos de bombeiros militares)”. Atenção! Não cita as Forças Armadas. Por isso ele complementa com os artigos 3, 4 e 5 do decreto 3.897 de 24/08/2001.
4. O decreto 3.897 foi baixado pelo presidente FHC durante o governo de Rosinha. Ou seja, as razões são as mesmas que daquele momento e 13 anos depois. Vejamos: Art. 3º Na hipótese de emprego das Forças Armadas para a garantia da lei e da ordem, objetivando a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, porque esgotados os instrumentos a isso previstos no art. 144 da Constituição, lhes incumbirá, sempre que se faça necessário, desenvolver as ações de polícia ostensiva, como as demais, de natureza preventiva ou repressiva, que se incluem na competência, constitucional e legal, das Polícias Militares, observados os termos e limites impostos, a estas últimas, pelo ordenamento jurídico. / “Art. 4º Na situação de emprego das Forças Armadas objeto do art. 3o, caso estejam disponíveis meios, conquanto insuficientes, da respectiva Polícia Militar, esta, com a anuência do Governador do Estado, atuará, parcial ou totalmente, sob o controle operacional do comando militar responsável pelas operações, sempre que assim o exijam, ou recomendem, as situações a serem enfrentadas e § 1º Tem-se como controle operacional a autoridade que é conferida, a um comandante ou chefe militar, para atribuir e coordenar missões ou tarefas específicas a serem desempenhadas por efetivos policiais que se encontrem sob esse grau de controle, em tal autoridade não se incluindo, em princípio, assuntos disciplinares e logísticos. § 2º Aplica-se às Forças Armadas, na atuação de que trata este artigo, o disposto no caput do art. 3o anterior quanto ao exercício da competência, constitucional e legal, das Polícias Militares.”
5. Ou seja, a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro passa a ficar sob o comando do Exército na área de intervenção. Realmente, área de intervenção. O Estado naquela região está sob intervenção e, nessa condição, o governador Cabral estimulador da intervenção, pede o boné e entrega o cargo. Grave! Muito Grave! Mas transformar esse triste momento de desintegração da autoridade estadual em vitória, midiatização e coreografia para as câmeras é alegórico, se não macabro.
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ENTREVISTA DE CESAR MAIA A FERNANDO RODRIGUES NA TV UOL, DIA 27/03! I – POLÍTICA E INTERNET!
1. (PT tem sindicatos, associações…) Hoje é outro tempo. Hoje nós estamos em um mundo da democracia direta eletrônica que esvaziou essa representação associativa. O grande perdedor com as redes, etc., são os sindicatos, as associações… Se os partidos parlamentares, que é o nosso caso e o de todos os outros partidos, souberem trabalhar adequadamente essa nova democracia diretíssima de rede e combinar ela com a democracia representativa pode-se recuperar representação. Acho que isso é possível. Agora tem que trabalhar bem. Eu vi no Painel da Folha, que o Aécio está contratando 9 mil militantes. Aquilo ali é antirrede social, porque as redes sociais são horizontais. Desierarquizadas. Cada indivíduo se sente empoderado. Cada vez que na rede social você tenta dizer “aquele cara é um líder de uma ideia”, esvazia. As organizações não têm força. Tem até a rejeição das redes sociais. As redes sociais são de indivíduos anônimos. Quando você tem um grupo grande de indivíduos anônimos que pensa como você, você cresce por sinergia na opinião pública. Você está dizendo uma coisa que está sendo dita nas redes e vocês se encontram nas ruas, se encontram na eleição. Então essa forçação de agências, de marketing de guerrilha, etc. e tal e internet, isso é um fracasso completo. O que ele tinha que fazer nesses últimos anos, um levantamento dos militantes, simpatizantes que já estão na rede. Colocar turista na rede não leva a lugar nenhum. Quem está na rede? Você quer vir aqui? Vamos conversar? Vamos trocar ideias? E você passar para eles. É um equívoco imaginar que as redes sociais vão eleger deputado. Os deputados não devem estar nela? Claro. Agora, se as ideias que as redes vão multiplicando coincidirem com as ideias que dão marca a você isso gera uma sinergia de opinião pública, mas não é dizendo “vote no fulano de tal”. Colocou “você, fulano de tal” é razão da ironia, da brincadeira, do não multiplicador. Espero que eles não se equivoquem.
2. 95% dos parlamentares pensam que estão nas redes e não estão nas redes: eles pegam a mala direta deles antiga, transforma em uma newsletter, de 15 em 15 dias dispara no cadastro deles. A lógica da internet é interativa e eles não têm paciência para receber contato nas redes de um cidadão anônimo que eles não dão tanto valor assim, e responder, e dizer, e explicar. Eles acham que não é importante. O importante são eles como líder e as pessoas mais embaixo. Então, eles fogem da lógica da internet. Aquelas pessoas que estão no gabinete, que tratam com a internet estão empolgadas, estão motivadas, mobilizadas, mas o político quer é fazer estatística e essas estatísticas na internet são perigosas. É geral. O deputado usa internet para tornar a mala direta barata mandando diretamente para o seu eleitor, bonita, diagramada de 15 em 15 dias. Portanto, ele não vive a internet. Não vive a interação. Não gostam de receber xingamentos e não respondem a eles, um pedido simples. Mas se o cidadão acha que isso é importante, ele tem que se envolver naquilo que chega a ele. A lógica da internet é essa. Essa lógica de pulverização, de pessoas. Imagine que você vai mandar alguma coisa para algum famoso. O famoso se sente iniciador de redes ou de opiniões. Ele não multiplica. Quem multiplica são as pessoas, os cidadãos anônimos. É nesse conjunto que você tem que entrar. Tem que acreditar nisso e tem que gostar.
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DATAFOLHA/FOLHA DE SP (30, 31/03) E OS MILITARES!
1. 62% dos brasileiros dizem acreditar que a democracia “é sempre melhor que qualquer outra forma de governo”. O dado mais eloquente é o da corrupção. Para 68%, ela está pior nos dias de hoje do que na época dos generais. Só 8% acham o contrário. No tema segurança pública, 51% acham que o Brasil é pior hoje que na ditadura. A maioria é contra a tortura sob qualquer pretexto (73%), entende que os direitos humanos devem valer para todos (64%), é a favor do voto de analfabetos (77%) e por mais participação dos cidadãos e menos tecnocracia, entre outros resultados. A tendência autoritária prevaleceu num único ponto. Para 56%, quando mais as pessoas estiverem vigiadas pelo governo, melhor.
2. Lei da Anistia: 46% defendem castigo a torturadores, 41% contra e 13% não responderam. 54% acham que militantes que fizeram atentados contra a ditadura devem ser julgado. 80% acham que todos –torturadores e militantes que fizeram atentados deveriam ser julgados. 46% acham que Lei de Anistia deve se revista. 37% contra. 17% não responderam.
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CIRCULAÇÃO FÍSICA E DIGITAL DOS JORNAIS!
(Folha de SP, 30) 1. Em fevereiro, segundo o IVC (Instituto Verificador de Circulação), a circulação média da Folha foi de 341.553 edições, das quais 117.721 eram digitais. O total representa 7,7% dos 4,4 milhões de jornais pagos diariamente no país, em média, em fevereiro. Segundo colocado, “O Globo” registrou 311 mil exemplares, dos quais 93,7 mil eram digitais. Já o “O Estado de S. Paulo” teve em média 233,8 mil edições lidas, com 58,8 mil delas digitais.
2. As assinaturas digitais da Folha equivalem a 35% da circulação total do jornal, segundo os dados finais do IVC para fevereiro. Visitantes únicos mensais. Foram 24,7 milhões os aparelhos identificados pelo Adobe Analytics (antiga Omniture), serviço de métricas digitais que contabiliza os acessos do jornal. Em média, os leitores da Folha visualizam cerca de 250 milhões de páginas por mês no site do jornal.
3. No Facebook, principal rede social presente no país, a Folha também detém a liderança entre os jornais. Conta com 3,4 milhões de seguidores, contra 2,3 milhões de “O Globo” e 1,7 milhão de “O Estado de S. Paulo”. O “Agora São Paulo”, jornal popular do mesmo grupo que edita a Folha, é o mais vendido em sua categoria. Em fevereiro, foram 112,2 mil exemplares.
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NESTE DOMINGO (30), ELEIÇÕES MUNICIPAIS NA FRANÇA E NA TURQUIA!
1. FRANÇA: UMP e aliados (centro/centro-direita) 46% / PS e aliados (Socialistas, Verdes e Esquerda) 40,5% / FN (extrema-direita de Marine Le Pen) 7%, tornando-se a terceira força do país. Em Paris o PS manteve a prefeitura por 53% a 44% da UMP.
2. TURQUIA. Apesar de todos os confrontos dos últimos meses, da repressão nas ruas e da tentativa de intervir na internet peias acusações de corrupção, o primeiro-ministro ERDOGAN e seu partido AKP (islâmico) venceram as eleições com 47% dos votos a nível nacional. O CHP socialdemocrata obteve 28%. O MHP (conservador religioso) 15%. O BDP 4%. Erdogan e seu partido AKP venceram em Istambul com 47,8% e Ankara com 44,4%.