OMISSÃO: OS NOVE PECADOS CAPITAIS NA POLÍTICA EXTERNA DE DILMA!

(Embaixador Rubens Barbosa, Presidente do Conselho de Conselho de Comércio Exterior da FIESP – Estado de S. Paulo, 25) 0. Fatos que  afetam a credibilidade do Brasil e repercutem sobre a percepção externa acerca da atuação do nosso país. Ao lado do sumiço do Brasil, cresce a marginalização do Itamaraty. O atual governo retraiu-se e evita tratar questões relevantes que o Brasil, pelo seu peso no cenário externo, não pode ignorar.  Nas votações nas Nações Unidas, além do voto afirmativo, do negativo e da abstenção, os diplomatas, sempre criativos, inventaram outra forma de permitir que os países evitem ter de se manifestar em importantes votações, mesmo estando presentes nos debates e na própria reunião decisória: a “não participação”.

1. A decisão de não enviar o ministro do Exterior a reunião sobre a Síria em Genebra. O Brasil – muito bem representado pelo secretário-geral, Eduardo dos Santos – foi incluído no encontro, restrito a um grupo limitado de países, a pedido da Rússia, que, juntamente com os EUA, o convocou para tentar discutir uma solução negociada para a crise militar que matou mais de 120 mil pessoas.

2. A ausência do Brasil na Conferência anual de Segurança realizada em Munique, fórum conhecido pela oportunidade que oferece para conversas informais sobre as crises internacionais e as negociações em curso entre diplomatas e ministros da Defesa de todo o mundo. Entre os participantes estavam o mediador da ONU na Síria, os ministros do Exterior da Rússia e do Japão e os secretários de Estado e de Defesa dos EUA.

3. A omissão do governo brasileiro no tocante ao asilo de senador boliviano. Depois de concedido o asilo pela Embaixada em La Paz, nada foi feito para que o salvo-conduto fosse concedido por Evo Morales, conforme previsto nos tratados regionais.

4. O silêncio do governo do Brasil, escondido atrás da posição do Mercosul e da Unasul, favorável ao governo de Nicolás Maduro, apesar do agravamento da atual crise política na Venezuela, com clara violação da cláusula democrática e dos direitos humanos.

5. A ausência do governo em relação aos acontecimentos na Crimeia.

6. A ausência do Brasil na negociação e na participação do Acordo sobre Serviços da Organização Mundial do Comércio (OMC), apesar de atualmente, na composição do PIB brasileiro, o setor de serviços representar quase 60%.

7. A ausência do Brasil nas discussões sobre o impacto das negociações de acordos regionais e bilaterais de última geração negociados fora da OMC.

8. A ausência de uma posição firme do Brasil no tocante à convocação da reunião presidencial do Conselho do Mercosul. Pela primeira vez em 20 anos o conselho deixou de se reunir no semestre passado e até hoje não existe data para o encontro, que deveria discutir, entre outros temas, as negociações comerciais Mercosul-União Europeia.

9. A ausência de liderança do Brasil no processo de integração sul-americana e de revitalização do Mercosul.