1. Estive em Kiev durante a atual crise e tirei fotos na Maidan e das trincheiras e instalações dos manifestantes. Um cenário já conhecido da época da revolução laranja, de 2003. Aliás tudo (menos as mortes dos manifestantes) lembra o episódio anterior. O país continua sob uma forma de democracia apenas formal. A corrupção talvez até seja maior do que a anteriormente praticada. A indústria continua sem competitividade. A UE continua fazendo acenos apenas coreográficos (não está disposta a dar os 31 bilhões solicitados porque está em dificuldades e porque não confia na utilização dos recursos pelos demandantes, todos com luxuosas datchas). Além disso, a França teme a agricultura ucraniana e a Alemanha não quer perder mais peso político (a Ucrânia tem 48 milhões de habitantes) e é tão dependente de recursos energéticos russos quanto a própria Ucrânia.
2. No passado a bela e ambiciosa Yulia pôs tudo a perder entrando em guerra declarada contra o Presidente Iustchenko (cargo que queria para si) e tomou uma série de medidas econômicas desastrosas (congelamento de preços, como os do açúcar e da gasolina, que obviamente desapareceram do mercado, da mesma forma que as “vacas gordas” em países latino-americanos). Em suma, “despilfarrou” o capital político da “revolução”, criando as condições para que o Ianukovitch fosse eleito pelas urnas em uma eleição limpa e internacionalmente reconhecida como tal.
3. Na nova versão, o Iatsenuk (atual primeiro ministro) é cria da Tymoschenko e o Klitchko corre o risco de se tornar o novo Iustchenko (que tampouco era tido como um corrupto de carteirinha). Então todos os ingredientes do banquete passado estão à mesa. Espero que a comida desta vez não faça mal.