1. Num mundo como o de hoje, de imagens e de comunicação publicitária, não basta ter apenas o conteúdo na hora de fazer oposição. Tem que ter a contundência na forma. O Aécio (Neves, pré-candidato do PSDB à presidência) faz uma comunicação muito suave. É preciso também caras e bocas. A Dilma (Rousseff, presidenta da República) é mais contundente defendendo o governo do que a oposição criticando.
2. Os economistas que cercam Aécio dizem que está tudo errado e que se isso não mudar, vamos entrar num quadro de estagnação crônica. Aécio está bem equipado. Mas ninguém entende “economês”, é preciso dizer claramente para o eleitor: “Você vai perder o seu emprego”.
3. É preciso entrar na crítica do cotidiano. Temos uma crise urbana. O Rio de Janeiro vai reajustar tarifas. São Paulo aumentou o IPTU para subsidiar as empresas de ônibus e não mexer no valor da passagem. Tudo isso tem gerado um desgaste monumental. O que a oposição não pode fazer é esperar que a máquina se aproxime dela.
4. A ideia do DEM é que é fundamental ter candidato para que ele dê votos à legenda. A prioridade do partido é eleger deputados federais. O problema é que o processo no Rio de Janeiro se pulverizou. O líder da pesquisa tem 20% (Marcelo Crivella, do PRB). Pezão tem 6%. A sensação é que qualquer um vai para o segundo turno se tiver 15%. Com os 11% de intenção de voto que tenho, posso me aproximar do segundo turno.
5. Se a oposição não se mexer, a Dilma ganha. O quadro atual estimula voto branco e nulo. Nesse sentido, acho a candidatura do Randolfe Rodrigues (pré-candidato à presidência pelo PSOL) importante, porque ele vai bater mais, pode crescer e provocar um segundo turno. Para ter visibilidade, o candidato precisa se colocar como alternativa e não fazer o discurso do “reconheço os méritos”. Quem tem que reconhecer mérito é o governo. A oposição reconhece defeitos.
6. No governo Cabral é tudo um desastre. A segurança pública, carro-chefe dele, enguiçou. O Núcleo de Pesquisas das Violências (Nupevi/UERJ) mostrou que o número de pessoas sob o comando de milícias nos últimos cinco anos triplicou, foi para 450 mil.
7. Dois terços dos deputados federais do DEM apoiam o lançamento de candidatura própria. O Aécio estava numa ansiedade atrás do PPS… O que ele queria? Uma grife para dizer que é de centro-esquerda? Perdeu tempo. Poderia ter convencido nossos deputados federais e teria um quadro mais favorável para se eleger.
8. Um jornal disse que o eleitor quer uma intervenção do Estado e o discurso da direita não é esse. É, sim. Esse não é o discurso liberal. O discurso conservador da direita é a intervenção do Estado. O candidato da direita tem que ter um discurso conservador. Na América Latina, o discurso liberal é um fiasco.
9. Se o partido vai ou não ter candidato, é outra coisa. Mas o nome que a gente tem é o do deputado federal Ronaldo Caiado.