EX-BLOG EM 19 DE AGOSTO DE 2011: REDES SOCIAIS ATROPELAM A “SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA”!
1. Um acompanhamento cuidadoso das mobilizações ocorridas nos países árabes e na Europa, que vêm sendo acunhadas de “os indignados”, mostra a completa ausência indutora de sindicatos, associações locais ou profissionais ou partidos políticos. Essas mobilizações têm como vetores indutores as redes sociais, as mídias sociais.
2. Ou seja: a chamada ‘sociedade civil organizada’ perdeu sua capacidade de mobilização e liderança, vis a vis as redes sociais. Isso vale também para os partidos políticos, que se fossilizam exclusivamente na atividade parlamentar e falam para eles mesmos e para os meios de comunicação.
3. Neste aspecto, essa é a primeira mudança profunda desde a revolução francesa, ou seja, desde mais de 200 anos. Portanto, essa mudança não deve ser tratada apenas como um fato interessante para a curiosidade dos analistas. Deve ser tratada como um fato histórico que muda as relações dentro da sociedade civil, dentro da sociedade política e entre ambas. As redes sociais superam a disjuntiva entre democracia representativa, via eleições parlamentares, e democracia direta, via sociedade civil organizada.
4. Uma democracia direta eletrônica com a característica básica de ser horizontal e não ter coordenações, lideranças e organizações estáveis. Não se consegue impor um clichê, ou um nome para um segmento em ebulição nas redes sociais. Não se pode chamar de associação, sindicato ou partido, esta ou aquela rede. Não tem forma nem sede.
5. E as associações civis e políticas que imaginarem poder usar as redes sociais como instrumentos seus, vão perder tempo. Elas têm, de certa maneira, de se dissolver nas redes, resgatando sua integridade pela unidade de suas ideias, sem a pretensão de reproduzir nas redes sociais a forma de fazer política social ou partidária à qual estão acostumados.
6. Esse é um processo que já começou e que vai desenvolver no tempo, os seus caminhos, os seus métodos. Os que pensam ser um modismo serão atropelados. Os que tiverem humildade e estudarem a sua lógica vão se antecipar aos demais nessa transição de organizações verticais rígidas para redes horizontais plásticas e automobilizáveis.
7. E de tal agilidade e rapidez, que quando se estiver fazendo um estudo de caso, outros estarão surgindo. Nenhum permanente na forma e todos permanentes no método.
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EX-BLOG EM 13/09/2011: PORTANTO, REDES SOCIAIS E INDIGNADOS EXISTEM NO BRASIL!
1. Em 19 de julho este Ex-Blog postou a seguinte nota, a seguir resumida. “Num artigo do correspondente do El País no Brasil, pergunta por que não há ‘indignados’ por aqui, fazendo referência ao que ocorre em outros países. Colunistas e analistas entraram no debate e quase todos explicaram esta hipotética passividade pela estatização dos movimentos sociais e sindicatos a partir do governo Lula. Isso, no máximo pode explicar a passividade destes grupos, da chamada sociedade civil organizada.”
2. “Uma preliminar seria perguntar se a hipotética passividade existe mesmo no Brasil. A resposta é NÃO. E há exemplos de sobra. O caso dos Bombeiros do Rio é um deles. Um típico movimento que começa e cresce pelas redes sociais, e vai as ruas e se amplia. Os institutos de pesquisa em universidades dos EUA mostram que a grande sinergia se dá quando internet e TV convergem num mesmo fato.”
3. “Não há que se imaginar que os indignados só têm expressão quando reúnem milhares de pessoas. Isso não é assim. Quando as redes sociais ativam um tema, propagam e esse finalmente chega à imprensa, ganha expressão através dessa e impacta a opinião pública, o processo é o mesmo. As redes sociais multiplicam os ‘tipping points’ ou pontos de deflagração de processos. ”
4. Alguns dias depois, este Ex-Blog postava outra nota dizendo que “As redes sociais atropelam a sociedade civil organizada. Um acompanhamento cuidadoso das mobilizações ocorridas nos países árabes e na Europa, que vem sendo acunhadas de ‘os indignados’, mostra a completa ausência indutora de sindicatos, associações locais ou profissionais ou partidos políticos. Essas mobilizações têm como vetores indutores as redes sociais, as mídias sociais.”
5. Ou seja: a chamada ‘sociedade civil organizada’ perdeu sua capacidade de mobilização e liderança, vis a vis as redes sociais. Isso vale também para os partidos políticos, que se fossilizam exclusivamente na atividade parlamentar e falam para eles mesmos e para os meios de comunicação. As mobilizações ativadas pelas redes sociais no dia 7 de setembro mostraram que aqueles analistas, jornalistas não tinham razão.
6. Com a entrada da imprensa, especialmente da TV, nas mobilizações via redes sociais no dia 7 de setembro e a convocação de novas mobilizações, se entra no Brasil no que pesquisadores nos EUA chamam de ‘marketing de grande semeadura’ com a sinergia TV-Internet.
7. Com isso, se entra no Brasil em outro patamar de mobilização via redes sociais. E, daqui para frente, esse processo será natural, com adesão e multiplicação crescentes. Ou os partidos, sindicatos, associações se ajustam aos tempos e sem pretensões hegemônicas -pois as redes sociais são horizontais- ou se tornarão irrelevantes -politicamente.
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“BLACK BLOC” ATACA NAS MANIFESTAÇÕES DO RIO, ONTEM!
(Folha de SP, 12) 1.No Rio, no centro, um grupo de adeptos do “black bloc” de cerca de 250 pessoas, vestidas de preto e com o rosto oculto por panos ou máscaras, atirou paus, pedras e coquetéis molotov contra PMs. Os artefatos estavam escondidos sob bancas de jornais. Os policiais responderam com spray de pimenta e bombas de gás lacrimogêneo.
2. Em uma página em uma rede social, os simpatizantes do “black bloc” eram orientados a levar bandeiras pretas para que pudessem se encontrar “no meio daquele mar vermelho”, uma referência aos símbolos das centrais sindicais. Outro grupo, com cerca de 500 pessoas –entre eles alguns simpatizantes do “black bloc”–, se dirigiu ao Palácio Guanabara, em Laranjeiras, zona sul, sede do governo estadual.
3. Gritavam “Cabral, renuncia!” e outras palavras de ordem contra o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB). Por volta das 20h, tentaram invadir o palácio. Foram reprimidos com mais bombas de gás lacrimogêneo e com jatos d’água.
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BRASIL: A BOLHA ESPECULATIVA VAI ESTOURAR EM ALGUM MOMENTO ENTRE 2013 – 2015!
(Do artigo ‘Besouros e Borboletas’, do economista Francisco Lopes – Valor Econômico – quinta-feira, 15 de junho de 2011) 1. Bolhas especulativas são fenômenos complexos que não entendemos bem, mas com certeza sabemos que sempre evoluem para o colapso. Nosso palpite é que essa nossa bolha de acumulação de reservas vai estourar em algum momento entre 2013 e 2015.
2. É impossível saber o momento exato e a sequência exata dos eventos na ruptura, apenas sabemos que ela se tornará mais provável quando o mercado de câmbio transitar da atual posição de excesso permanente de oferta para uma posição de equilíbrio ou de excesso de demanda. Isto inevitavelmente vai resultar da deterioração continuada do déficit no balanço de pagamentos em transações correntes.
3. Na ruptura, os primeiros a sair tipicamente são os especuladores profissionais. O especulador sabe que nosso regime de livre flutuação na prática tem sido um regime de flutuação amortecida assimétrica. A maior volatilidade do câmbio torna menos favorável a relação risco-retorno e induz o especulador a reduzir sua posição vendida na moeda brasileira.
4. Esse ajuste é muito facilitado pela dimensão do nosso mercado de derivativos de dólar, que é inusitadamente grande para uma economia emergente. A grande liquidez desse mercado torna muito fácil travar qualquer posição vendida em dólar, e isso vale tanto para os especuladores profissionais como para qualquer empresa ou investidor.
5. Como em todo colapso de bolha, o movimento pode ser iniciado por um pequeno grupo de profissionais, mas depois se alastra rapidamente e ganha amplitude e intensidade. O resultado é uma forte e rápida depreciação da taxa de câmbio.
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UMA MURALHA PARA A INTERNET? CONSEQUÊNCIAS DA HOSPEDAGEM DE DADOS NO BRASIL!
(Mônica Steffen Guise Rosina e Alexandre Pacheco da Silva, professores FGV – Folha de SP, 11) 1. O governo federal parece sentir a necessidade de apresentar uma resposta de impacto. A sugestão é que todos os dados de brasileiros passem a ser forçosamente hospedados no Brasil. Quais são as consequências desta pauta? A internet, por ser uma rede estruturalmente descentralizada, é internacional em sua essência. Não há um núcleo central capaz de organizar e dar sentido ao tráfego de dados.
2. Pelo contrário, a fragmentação e a fluidez da rede dão o tom do profícuo universo de inovações que nasce e se desenvolve desta arquitetura. Hoje os dados do usuário brasileiro trafegam livremente por diversas partes do globo, o que facilita oferta de serviços e agilidade no tráfego. Redes sociais, sistemas de compartilhamento de vídeos, fotos e acesso a aplicativos são apenas alguns exemplos de serviços que são disponibilizados ao usuário brasileiro, mesmo que seus desenvolvedores não se situem aqui.
3. Forçar a hospedagem de dados no país traz consequências a novos negócios. De um lado, impõe uma barreira comercial àqueles que desejam ofertar serviços via internet. De outro, restringe o acesso de cidadãos brasileiros a uma gama de inovações que hoje são disponibilizadas em tempo real. Além disso, concretizar a hospedagem de dados no Brasil implica uma infraestrutura tecnicamente complexa, com potenciais perdas de agilidade no tráfego e custosa aos cofres públicos.
4. Por fim, podemos nos questionar quais seriam os destinos de movimentos como a Primavera Árabe…, se o modelo de arquitetura da internet fosse centralizada, aos moldes de países como China e Vietnã. Sob o argumento de defesa da soberania nacional, não estaríamos trocando uma realidade com altos riscos de sermos monitorados por potências mundiais com tecnologias de rastreamento de ponta, por outra em que o monitoramento é feito pelo governo brasileiro, gestor de uma internet mais lenta e com menor oferta de serviços?
5. Em última instância, queremos construir uma muralha para a internet no Brasil?
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TV PAGA NOS EUA: CONCENTRAÇÃO E INTERNET!
(Folha de SP, 11) 1. Alguns números ajudam a explicar por que a TV paga americana abraça a concentração. No caso da TV paga, as operadoras controlam também o serviço de acesso à internet. Meses atrás, John Malone proclamou que “o produto mais importante, o que prende mais, é a internet de alta velocidade”. Daí o projeto de comprar a Time Warner Cable, cuja receita por assinante de internet subiu de US$ 39 mensais (R$ 88) para US$ 43 (R$ 97) em um ano, segundo a Barrington Research.
2. Enquanto isso, o serviço de TV paga, propriamente, começa a cair. O motivo é a migração para serviços mais baratos de vídeo, como Netflix e Hulu, que só requerem acesso à internet. Segundo a Leichtman Research, as 13 maiores operadoras americanas de TV paga perderam 80 mil assinantes em um ano.