23 de maio de 2013

O AUMENTO DA VIOLÊNCIA NO LEBLON E O CINISMO DO GOVERNO DO ESTADO DO RIO!

1. Não precisa ser um ‘expert’ em segurança pública para saber a diferença entre vitimização e registros policiais. As pessoas sabem que tipo de delito sofreram e que devem registrar. Por exemplo, roubo de veículos, roubo de residências, roubo de cargas… O registro está vinculado à gravidade do ato ou a expectativas de recuperação ou ressarcimento (seguro), ou necessidade de comprovante por furto/roubo de documento…, e vinculado ao custo de acompanhar uma investigação e um inquérito, seja pelo tempo ou advogado.

2. As pesquisas de vitimização captam os delitos contra as pessoas na sua integralidade, independentemente de terem ou não sido registrados na delegacia. Quem vai registrar na delegacia um roubo/furto de relógio, ou um roubo de tênis, ou um roubo de celular comum (apenas se faz o bloqueio se for conta e se não for, nem isso), ou dinheiro em espécie, ou… Mesmo nos casos de estupro, pesquisas diretas mostram que o temor ao estuprador evita muitas vezes o registro.

3. Se falarmos em maior e menor proporção entre registros e vitimizações, de longe, roubos/furtos têm a menor correlação. Uns 10 registros para cada 100 casos ou mais.  Os registros de roubos e furtos podem ser uma indicação de tendência, quando analisados numa série de anos. Vejamos o caso da AISP-23 (Leblon, Ipanema, Lagoa…). Em 2006, de janeiro a março, foram 1721 registros de roubos/furtos. Em 2007 foram 2280. Em 2008 foram 2246. Em 2009 foram 2436. Em 2010 foram 2220. Em 2011 foram 2878. Em 2012 foram 2664. Em 2013 foram 2303.

4. É evidente que não há qualquer tendência de redução dos registros. Ao contrário. E quanto mais longa a referência, mais sinais de crescimento, aplicando uma equação de extrapolação.

5. O governador pessoalmente se sentir afetado pela matéria do Globo e telefonar pedindo retratação em matéria no dia seguinte é cinismo. Claro que o governo estadual tem feito pesquisas de vitimização. Basta recortar a AISP-23. E claro que sabe que a percepção dos moradores do Leblon, Ipanema, Lagoa…, corresponde a vitimização dos mesmos, independente de registros.

* * *

ENGENHÃO: RELATÓRIOS COMPLETOS DA ENTREGA PLENA DO ESTÁDIO!

1. Relatório Final.

2. Relatório do Calculista.

3. Manual de Manutenção e Inspeção.

* * *

PARADOXOS CABRALINOS-EIKEANOS!

(Artur Xexéo – Globo, 22) O Eike Batista prometeu despoluir a Lagoa Rodrigo de Freitas, e não aconteceu nada. Mesmo assim, o governo acredita que ele é a pessoa certa para administrar o novo Maracanã. Ele prometeu reformar o Hotel Glória e devolvê-lo à cidade cheio de esplendor, e acabou se metendo numa obra de igreja. Mesmo assim, o governo acha que ele é a pessoa certa para “revitalizar” a Marina da Glória, embora a marina não esteja precisando de revitalização alguma. Estava por trás da ideia de se alugar o metrô, providencialmente derrubada pelo governador. No fundo, no fundo, a única obra que Eike Batista concluiu no Rio foi a demolição do Teatro Glória.

* * *

A CRISE NO DEGASE! 

(Dário Almeida, Agente do Degase-RJ) 1. Há um aumento em ”espiral” na apreensão de adolescentes que cometem Atos Infracionais, sem, contudo haver uma contrapartida no aumento de vagas e do “staff”.

2. Desde 1940 não se criam vagas para atendimento em regime de internação a adolescentes em conflitos com a Lei; que as vagas existentes na déc. de 40 eram só para atendimento do Distrito Federal;

3. Lembrar a fusão dos estados do Rio com o da Guanabara. Já em 1974 desativaram a Escola XV em Quintino e a unidade de internação para adolescentes de Dois Rios na Ilha Grande, onde se concentravam os oriundos do antigo Estado do Rio. Mesmo transformando a antiga Penitenciária Muniz Sodré em Educandário Santo Expedito no Complexo de Bangu e a lavanderia do DESIPE em CAI Belford Roxo, em 1998, mantem-se a média da década de 40 do DF. Mesmo sendo criadas novas unidades de internação pelo interior do estado, ainda está longe do necessário!

4. Há um aumento de adolescentes em conflito com a Lei. As unidades do DEGASE estão explodindo no número de internos.  A média de adolescentes internados, nos últimos anos, está alta.  E continua a aumentar as apreensões para medidas socioeducativas. Mas se olharmos para o tempo médio de internação, constataremos uma diminuição, preocupante, alarmante.

5. Não há tempo para sócio-educar ninguém. Do jeito que entra sai. Para onde? Terminam retornando ao Degase com “mais energia”.  O executivo brinca com o DEGASE. Nos últimos 18 anos chegamos a 18 secretários diferentes. No momento estamos na Sec. de Educação a qual não estamos funcionalmente integrados porque somos Segurança Publica. E não estamos integrados na Segurança Publica porque somos Educação.

6. A infração não acrescenta nada a medida socioeducativa, ou, o que é muito comum, é agraciado com a extinção da medida, como o ocorrido com o adolescente que cegou um agente na escola João Luiz Alves semana passada.  Sentindo-nos acuados, ameaçados e, claro, desmotivados.