9 de abril de 2013

EX-BLOG ENTREVISTA CESAR MAIA SOBRE MARGARETH THATCHER!

1.Ex-Blog: Quando você era secretário de fazenda,(1983-1986) mantinha em seu gabinete um quadro com a foto de Margareth Thatcher. Por quê?

CM: Pela enorme admiração por quem tinha o sentido da história, decidia coerente com o que pensava e defendia, sem ficar olhando as pesquisas de opinião. Mergulhei na vida política dela e aprendi muito.

2.Ex-Blog: Com as ideias liberais dela?

CM: Apesar das ideias econômicas dela terem o maior destaque na imprensa e nos debates, eu me fixava na política. Por que ela vencia eleições sem recorrer ao palanque ou ao discurso fácil? Aprendi com ela o caminho da MICRO-POLÍTICA. Passei a ler e adotar. E levava comigo uma frase dela: ”- Sempre há um novo começo”.

3. Ex-Blog: Você a conheceu pessoalmente?

CM: Fui convidado em janeiro de 1986 pelo governo britânico a fazer um estágio no Reino Unido sobre finanças públicas e política. Era um momento de grande confronto político e sindical. O grande sindicato dos gráficos se negava a introduzir a informática. Parou os jornais. Fui convidado para ver Margareth Thatcher atuando duas vezes no parlamento. Naquela época o primeiro-ministro tinha que ir uma vez ou duas vezes por semana ao parlamento responder perguntas diretas do líder e de deputados de oposição. Eram 10 a 15 minutos, que pareciam 2 horas. O debate era sobre a greve dos gráficos. Thatcher foi impressionante: –Vocês ficam com o passado e eu fico com o futuro, dizia. E em torno desse tema debatia entregando a oposição aos serviços de arqueologia.

4. Ex-Blog: Que biografia recomendaria de Thatcher?

CM: Poderia recomendar –dela mesma- “Os anos de Downing Street”,(endereço do primeiro ministro britânico). Mas prefiro recomendar o monumental vídeo-documentário da BBC com duas parte e seus capítulos, de entrevistas com Margareth Thatcher. Apresentei trechos muitas vezes em reuniões mensais que fazia com o secretariado e em reuniões políticas. A última parte –quando seus pares forçam sua renuncia- me ajudou muito, anos depois. Na época não havia o vídeo legendado em português, e contratei a tradução/ legenda. Um político, ao ver essa entrevista, muda de patamar. Se existe uma causa para os meus seis mandatos, essa causa está aí.

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ZONA SUL DO RIO: NÃO DESTRUIR PARA FAZER DE NOVO!
(ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA)!

(Caderno Ilustríssima- Alvaro Costa e Silva –Folha de SP-07)

1. Acaba de sair um livro ideal para se ler à sombra: “A Invenção de Copacabana” da antropóloga Julia O’Donnell (Zahar, 256 págs), com o subtítulo “Culturas Urbanas e Estilos de Vida no Rio de Janeiro (1840-1940)”, trata-se de uma fina reflexão sobre o status de morar nos bairros praianos da zona sul da cidade, a partir daquele que ainda é o mais famoso deles internacionalmente.

2. Hoje, não raro, Copacabana aparece como símbolo de uma melancólica decadência que bate à porta dos seus inúmeros edifícios de arquitetura “art déco”, vitimada não pelas águas do mar, como no pesadelo bíblico do cronista, mas pelo crescimento urbano e populacional e pela especulação imobiliária.

3. Ler o livro da antropóloga Julia O’Donnell sugere que o encanto e o charme da Princesinha do Mar -com seu incrível perfil urbanístico: cem quarteirões divididos em 78 ruas, cinco avenidas, seis travessas e seis ladeiras, numa área de 7,84 quilômetros quadrados -podem ser recuperados. É só não destruir para fazer de novo, como se dá no momento em outras áreas do Rio.

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GOVERNO CABRAL PASSOU A TER DÉFICIT PRIMÁRIO EM 2012! IMAGINE NA ELEIÇÃO!!!

1. Com apoio do governo federal, a atual safra de governadores reduziu o aperto nas contas dos Estados aos menores níveis desde o ano anterior à aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que passou a vigorar em 2000. Conhecida como superávit primário, essa poupança caiu do equivalente a 0,72% do Produto Interno Bruto, em 2011, para 0,36% nos 12 meses encerrados em fevereiro. Pelo menos sete Estados -Rio de Janeiro, Pernambuco, Paraíba, Sergipe, Acre, Amapá e Roraima- e o Distrito Federal contabilizaram déficit primário no ano passado. Em outras palavras, a arrecadação de impostos e outras receitas não financeiras foi incapaz de cobrir as despesas com pessoal, ações sociais, custeio e investimentos.

2.Sob o comando do aliado Sérgio Cabral (PMDB), o Rio viveu uma reviravolta: de um superávit de R$ 2,6 bilhões, em 2011, a um déficit de R$ 0,9 bilhão no ano passado. Os investimentos subiram de R$ 4,7 bilhões para R$ 5,3 bilhões de 2011 para 2012. Bem mais volumosos, gastos com pessoal e custeio também tiveram alta, de R$ 37,6 bilhões para R$ 42 bilhões. O maior déficit do país, de R$ 1,1 bilhão, foi contabilizado em Pernambuco, onde Eduardo Campos (PSB) ensaia deixar a aliança nacional com o PT e se lançar candidato ao Planalto em 2014.

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“NUNCA ANTES NESSE PAÍS”: MINISTRO DO DESENVOLVIMENTO TORNA SECRETO FINANCIAMENTOS A CUBA E ANGOLA!
(Folha de SP-09)

1. O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) tornou secretos os documentos que tratam de financiamentos do Brasil aos governos de Cuba e de Angola. Com a decisão, o conteúdo dos papéis só poderá ser conhecido a partir de 2027. O BNDES desembolsou, no ano passado, US$ 875 milhões em operações de financiamento à exportação de bens e serviços de empresas brasileiras para Cuba e Angola. O país africano desbancou a Argentina e passou a ser o maior destino destes recursos.

2. O ministério disse ter baixado o sigilo sobre os papéis porque eles envolvem informações “estratégicas”, documentos “apenas custodiados pelo ministério” e dados “cobertos por sigilo comercial”. Os atos foram assinados por Pimentel em junho de 2012, um mês após a entrada em vigor da Lei de Acesso à Informação. Só no ano passado, o BNDES financiou operações para 15 países, no valor total de US$ 2,17 bilhões, mas apenas os casos de Cuba e Angola receberam os carimbos de “secreto” no ministério.

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JAPÃO: ABE.NOMICS! OU UM HIPER-KEYNESIANISMO!

(Clovis Rossi-Folha de SP-07)

1. Desde que assumiu em dezembro passado, o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, lançou um agressivo pacote de medidas econômicas batizado de “Abenomics”, alusão à “Reaganomics”, como foi chamada a política do então presidente Ronald Reagan. Não sei se vai ou não funcionar. Nem creio que alguém realmente saiba. Mas algumas coisas merecem ser sublinhadas como coincidências, com os devidos cuidados. Primeiro, a famosa questão da independência do Banco Central.

2. No Japão, Abe não teve nenhum pudor em anunciar “mudança de regime”, ao instalar Haruiko Kuroda como presidente do BoJ (Banco do Japão), em fevereiro, com a missão explícita de levar a inflação a 2%. Mais: Kuroda acaba de anunciar que vai inundar o mercado com um tsunami de dinheiro como uma das maneiras de atingir a meta de elevar a inflação. O ponto é que quando um país rico e civilizado põe o seu BC a serviço das metas do governo ninguém rasga as roupas.

3. Segundo ponto: a “Abenomics” prevê um pacote de estímulo à economia de 20,2 trilhões de ienes (cerca de R$ 436 bilhões), metade dos quais virá do governo. Se não é uma maciça intervenção na economia, não sei mais o que é intervenção. Sobre o Japão, Greg Ip, da “Economist”, diz ao Council on Foreign Relations que o Japão está fazendo “um gigantesco experimento em política monetária” e acrescenta, prudentemente: “Vamos ver se realmente funciona”.