23/07/2012
Por LUCIANA NUNES LEAL /RIO, Jornal Estado de SP.
Sócio e gerente da Drogaria Mundial, em Marechal Hermes (zona oeste), Orlando da Silva Cruz estranha quando recebe de Cesar Maia (DEM), três vezes prefeito do Rio, um santinho de candidato a vereador. “Eu ainda não estava informado sobre as eleições”, se desculpa. Maia aproveita e pede também votos para o filho, Rodrigo, que disputa a prefeitura.
Até os poucos assessores que o acompanham têm de se policiar para não confundir os cargos. Maia ganhou duas eleições para deputado e três para prefeito. Perdeu uma para governador e outra para senador. Aos 67 anos, estreia no papel por onde muitos políticos começam.
Mas é um candidato vip. Calcula gastar R$ 500 mil na campanha, embora tenha registrado na Justiça Eleitoral teto de R$ 1,5 milhão. E vai dominar o horário eleitoral gratuito na TV, nos dias dedicados à eleição proporcional. Ocupará um minuto – os 20 segundos restantes serão divididos pelos demais candidatos a vereador.
“Vão dizer: ‘Só aparece o Cesar Maia na TV’. Vamos responder: ‘Isso está combinado há muito tempo’. Quando foi decidida minha candidatura para puxar voto, eu disse que precisava de tempo na TV”, defende-se Maia. A expectativa do DEM é que ele tenha pelo menos 150 mil votos e que ajude a dobrar a bancada de quatro para oito vereadores. O partido retomaria o número de eleitos em 2008.
Na campanha de rua, Maia prefere a companhia de poucos cabos eleitorais – líderes comunitários, servidores aposentados e funcionários lotados em gabinetes de vereadores do DEM. As caminhadas são curtas. Carro de som, nem pensar. Em outra caminhada na quarta-feira, com Rodrigo, o primeiro pedido foi para suspender os fogos de artifício.
Estilos. Pouco barulho não significa discrição. Maia faz lembrar os tempos de prefeito criador de “factoides”, que pedia sorvete no açougue e ia à praia de jaqueta. Ao lado do filho, usou o chapéu de gari, cumprimentou um manequim na porta de uma loja. “Meu pai quer que eu faça como ele, mas cada um tem seu estilo”, comenta Rodrigo.
Os Maias sabem da dificuldade de enfrentar o prefeito Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição em aliança de 20 partidos. O primeiro desafio é tornar a candidatura de Rodrigo conhecida. “Ele é uma nova geração entrando”, pondera o ex-prefeito.
“Gosto mais do Rodrigo que do senhor”, diz uma moça em Bangu. O pai abre um sorriso quando cruza com servidores municipais que o chamam de “meu ex-patrão” e finge que não ouve as críticas.
Chamou atenção, no registro eleitoral, o não patrimônio de Cesar Maia. Ele distribuiu todos os bens entre os parentes. Se for eleito, diz que não deixará a Secretaria Internacional do DEM, que lhe rende R$ 16,5 mil mensais.
Alguns eleitores o estimulam a se candidatar a governador em 2014. “Vai depender da votação para vereador”, responde.