RELATÓRIO: LIDERAZGO POLÍTICO EN AMÉRICA LATINA REALIZADO PELA FUNDAÇÃO KONRAD ADENAUER, DE MONTEVIDÉU, NA GUATEMALA, NO PERÍODO ENTRE 11 E 17 DE AGOSTO.
Jefferson Figueiredo- Presidente JDEM Carioca.
1. Panorama Político 2020 – 2024 na Guatemala – José Carlos Sanabria – (ASIES) Associação de Investigação e Estudos Sociais da Guatemala
– A Guatemala é um sistema presidencialista. Nas eleições o vencedor precisa ter mais de 50% ou haverá o segundo turno;
– Em geral, cada eleição presidencial tem em torno de 15 candidatos participantes, mas o eleitor em geral concentra os seus votos. 80% dos votos se concentraram em 3 forças políticas;
– Antes da reforma eleitoral o partido poderia comprar quanto tempo na mídia poderia pagar. O resultado é que tinham 60% dos espaços nos meios de comunicação concentrados em um candidato;
– Com a reforma mudou-se para financiamento público. 20% do tempo comprado é dividido entre todos os partidos e os demais por deputados eleitos;
– Alejandro Giammattei foi eleito pelo voto anti Sandra Torres (ex-primeira dama do país) por 58% da população. Ela era a mais conhecida, mas tinha muita rejeição. Durante a gestão do marido, participava das reuniões ministeriais e decidia políticas públicas.
2. A imigração na América Central como fenômeno econômico e social – Jahir Dabroy – Especialista em Migração – (ASIES) Associação de Investigação e Estudos Sociais da Guatemala
– 700 pessoas migram de maneira ilegal por semana da Guatemala. 94% desses migrantes vão para os EUA;
– Obama foi o presidente que mais deportou imigrantes até a chegada de Trump;
– Na Guatemala a migração por causa da segurança é interna. Já a migração externa é em direção aos EUA;
– A deportação dos EUA só é realizada após uma entrevista do consulado. A maior parte dessas entrevistas são telefônicas e tem duração de um 1 minuto em média;
– A questão psicológica dos deportados é muito grave. Em geral vivem em famílias onde alguns já viajaram e tem que viver com a sensação de fracasso entre a comunidade e a família;
– Eles preferem ser chamados de retornados e não deportados e sofrem preconceito junto a companhia aéreas: imigrante sempre será imigrante. Vai seguir tentando;
– A maioria das pessoas que voltam para o país deportados pensam em tentar novamente.
3. Comunicação Política no século 21 – Hector Muñoz – Consultor de campanhas políticas, México
– O século 20 se encerrou com uma grande utopia, já o século 21 se iniciou com uma grande distopia;
– A política no século 21 começou no dia 11 de setembro de 2001. No pós 11 de setembro nasceu uma consciência de fragilidade no mundo e uma consciência do global;
– No século 21 a marca ideológica já não separa os cidadãos. O que marca são as bandeiras que as pessoas defendem, como animais e meio ambiente. Não mais partido ou ideologia;
– Os políticos que tem mente do século 20, tem resultados do século 20. Os políticos que tem mente e se comunicam como o século 21, tem melhores resultados;
– Se é candidato e as pessoas não te conhecem e não conhecem sua história, as pessoas sempre vão pensar que você vai roubar. Sua história tem que ter valores que vão corroborar com suas ideias e suas propostas;
– Os valores são a pedra angular que sustentam os políticos no século 21;
– Os jovens do século 21 nasceram para ser “Glocais”. O termo se refere a ações locais com a resultados globais, como exemplo meio ambiente;
– A população procura novas soluções para antigos problemas. Isso vale para os políticos e a comunicação política;
– Inovação é uma mudança que gera valor.
4. O centro político no cenário mundial – Carlos Castillo – Diretor Editorial e de Cooperação Institucional – Fundação Rafael Preciado Hernández, México
– Deixemos de olhar o que funcionou no século 20 porque não funciona mais hoje.
– Quando o populismo nos obriga a dizer sim ou não sobre problemas complexos, caímos na sua estratégia;
– Todos os sistemas que herdamos estão em crise. Nos últimos 10 anos, em todo ano ocorreu uma crise diferente;
– Não ganhamos quando estamos tentando lutar nos extremos porque nossos valores são democráticos;
– Como reconstruir o centro: no centro cabe a pluralidade e a diversidade, o centro foge dos extremos, não é papel do centro responder aos extremos com radicalismo, o centro cabe o diálogo, dissenso e o comum. O centro tem que ser aberto, propositivo e crítico;
– O político precisa recuperar sua humanidade, só a humanidade gera dor e é vista pela população;
– A política tem que resolver 3 problemas: pobreza, saúde e segurança;
– Os partidos tem que responder aos desafios do século 21. Tem que enfrentar os desafios da pluralidade: feminismo, jovens, pobreza e comunidade;
– Gerações dos partidos: Fundadores, Consolidadores, Empoderadores e Regeneradores. Hoje precisamos dos regeneradores;
– As gerações duram 15 anos, portanto as mudanças políticas nos países ocorrem em média a cada 15 anos;
5 – Novas Ferramentas de Comunicação Digital – Cesar Navarrete – Profissionais de Campanha e Comunicação – ProCam – México
– A comunicação política não é diferente da comunicação interpessoal;
– A comunicação é feita por todos os atores políticos: governo, partidos, instituições e pessoas;
– O primeiro é preciso definir o que precisamos comunicar, depois repetir essa mensagem em todas as manifestações políticas;
– Mensagem política é o que preciso dizer para que as pessoas votem pelo candidato. Esta deve ser a razão pela qual o eleitor vota ou deveria reconhecer como a melhor gestão;
– Quando se faz uma pesquisa de opinião, o mais importante é descobrir o que a população está pensando e não quantos pontos tem na pesquisa. Com isso é possível fazer ajustes e melhorar a posição;
– O político não pode falar de muitas coisas. Tem que ser poucas e as que importam para a população;
– É preciso falar a linguagem do seu eleitor. O programa de rádio que aborda a política no México que possui maior audiência tem seu slogan da seguinte forma: “Aqui falamos do que as pessoas falam, como as pessoas falam.”;
– As pessoas não falam dos temas dos políticos ou das votações. Falam do que impacta;
– Não estamos vendo a realidade como os eleitores. É preciso estudar e pesquisar para que estes possam ser alcançados;
– A única coisa que não se pode na comunicação política é a mentira. A verdade sempre vem aparece;
– É muito importe o que diz, porém é mais importante de como lembram de você;
– Todos os caminhos devem conduzir a mensagem principal. Para isso deve sempre repeti-la;
– Menos é mais. Fale como a população e use o storytelling. Toda a cultura, civilização foi transmitida por histórias;
– É preciso ser criativo, mas isso não pode custar o resultado da mensagem. A criatividade mata a mensagem se não for bem aproveitada;
– O mal dos políticos é a generalização. Na ansiedade de comunicar para mais, acabamos dizendo muitas vezes: Nunca, sempre, ninguém…;
– A atual geração está muito propícia a assistir vídeos;
6- Jovens líderes na América Latina e Alemanha. Intercâmbio de experiências – Dommink Martin – Presidente da Junge Union (Juventude da CDU) do distrito de Nordwürttemberg e vereador pelo município de Lauda Königshofen
– A Junge Union é a maior rede de jovens da Europa. Tem mais de 110 mil membros. No mundo só perde pra Juventude Comunista na China e da Juventude Russa;
– A rede da Junge Union é maior do que os verdes ou os liberais;
– Na Junge Union temos o lema 50% política / 50% recreação;
– É mais difícil ter mulheres candidatas quando não tem nenhuma mulher no grupo. As mulheres na JU querem ser eleitas por seus feitos, não por cota.
7- Liderança jovem a nível Internacional – O exemplo da União Democrata Internacional de Jovens (YIDU) e do Partido Popular Europeu – Yannink Bury – Presidente da Comissão de Relações Internacionais da Junge Union (Juventude da CDU)
– India, China e Turquia impõe seus valores e querem transformar o nosso sistema político;
– A IYDU quer incluir mais os partidos da América Latina no seu grupo;
– A Europa foi muito negligente sobre as ações da China nos últimos anos. Principalmente na África. Agora a China atua muito na economia europeia;
– Os EUA seguem sendo o país mais importante, pelo tamanho do país e pelas instituições que ele representa;
– É preciso gerar consciência sobre o que a China faz, seus, valores e objetivos no mundo;
– Trump tenta enfraquecer as instituições internacionais para poder negociar separadamente com os países e obter mais benefícios;
– A atividade econômica alemã está diminuindo pela guerra comercial entre EUA e China;
– A União Europeia está negociando unida e focada em realizar um comércio livre onde todos tenham benefícios. O acordo Mercosul – UE é o primeiro passo nesse sentido;
– Existe na Alemanha um consórcio chinês de comunicação que ganhou uma licitação e hoje tem acesso a diversos dados do país;
– Os venezuelanos são a segunda maior nacionalidade de migrantes para Europa depois dos Sírios;
– “Se não fizermos um acordo intra blocos com o Mercosul, com qual outro bloco vamos fazer? Se não fizermos um acordo com o Mercosul, não vamos estar preparados para a nova situação geopolítica mundial.”
8 – Negociação Política – Liderança pela estratégia – Humberto Aguilar Coronado – Ex- Senador e Deputado – Diretor da Fundação Rafael Preciado Hernández, México
– Não há nada mais valorizado pelo adversário político que a palavra. Quando se chega um acordo, tem que mantê-lo até o final. Os políticos só querem negociar com aqueles que tem palavra;
– Os extremos impossibilitam o entendimento entre os atores políticos, assim como entre governantes e governados;
– A legitimidade, a autenticidade e a legalidade são fundamentais para a política;
– A negociação é para a política o que a lógica é para a administração pública;
– A lei precisa ser entendível para todos;
– Os políticos precisam se respeitar, para que sejam respeitados. A negociação tem que ser, descente, transparente e necessária para alcançar o bem da sociedade;
– O político respeitável, é aquele que possui uma sólida formação, uma sólida criatividade e palavra. Isso vale muito mais do que o político que sai aos meios de comunicação sobre qualquer coisa;
– A negociação política só funciona na democracia. Quando se trata de um sistema autoritário, não há possível negociação;
– Se você ofendeu alguém em uma posição de poder, no futuro, esta pessoa com toda a certeza não terá a mesma consideração por você. É preciso pensar e medir as palavras, as ações e as atitudes;
– O rumo da política nunca é linear. É preciso buscar sempre alternativas para quando necessário, recuar, avançar e mudar a direção.
9- A rota do Spot de televisão – Cesar Navarrete – Profissionais de Campanha e Comunicação – ProCam – México
– Não há receitas para um bom spot, ele não é para você. É para o seu público;
– A televisão não é mais uma referência de divulgação para os jovens;
– Etapas da campanha: Posicionamento: Biografia do candidato – Proposta: Tenho que mostrar que fiz, que sou capaz – Contraste: Mostrar o que não sou – Pedido de voto
– “Se você não consome campanha, não fará uma boa campanha. É preciso pesquisar sobre outras campanhas, inclusive de outros países;”
– “É preciso escrever. A estratégia precisa estar escrita. Sempre faça um guia;”
– O cenário tem que ser parte da narrativa. Tudo tem que ajudar a comunicar;
– O rádio deve ser comunicado de maneira diferente. Não pode ser o mesmo modelo com a televisão;
– Tenha muito cuidado com a iluminação. Ao meio dia para gravar é péssimo. O melhor é sempre de manhã ou tarde. A melhor luz é a natural; Um áudio e um vídeo mal gravado não se recuperam;
– Um spot mal feito, em geral, custa o mesmo de um bem feito. É preciso planejar;
– O efeitos visuais não pode ser abusados. Efeitos são apenas para reforçar a imagem;
– A luta de um líder é pela confiança. A melhor maneira de chegar a isso é pela autenticidade;
– Porque personagens outsiders se transformam em pessoas que as pessoas confiam? Porque projetam autenticidade. É humano;
– O político tem que ser fotografado fazendo o que faz. Não se pode vender o que o político não é.
– “Se é político, sua vida privada já não existe mais.”
– Quando líderes autênticos comunicam, eles são vitoriosos. Sua vida é sua principal plataforma;
10 – Cooperação Internaciona dos Partidos Políticos – Exemplo da ODCA – Juan Carlos Latorre – Presidente da ODCA
– Realizou uma palestra abordando a estrutura da ODCA, seus congressos e publicações.
11- Conferência – Transferência de liderança política para as redes. Yannink Bury – Presidente da Comissão de Relações Internacionais da Junge Union (Juventude da CDU) e Dommink Martin – Presidente da Junge Union (Juventude da CDU) do distrito de Nordwürttemberg e vereador pelo município de Lauda Königshofen
– Não temos nenhum município na JU que não tenha seu próprio Facebook;
– Já não fazemos mais as coisas pelo correio, só pela internet. Tudo se faz pelo Whatsapp hoje em dia;
– Já não é mais suficiente darmos nossas posições 3 dias depois do fato. Ninguém mais lê jornal como antes;
– Cada cidade e cada município tem o seu diretório que tem a obrigação de ouvir a população;
– Realizamos lives e eventos digitais onde podemos conversar com a população;
– É importante que o partido tenha representante em todas as cidades. Ele se torna um porta-voz das ideias e sempre está vendo o tema;
– Para as pessoas hoje não é mais suficiente dizer onde está o órgão que vai resolver e esperar dois meses para tal. Hoje a população quer ter acesso direto ao político que vai realmente e rapidamente ao problema;
– Antes o prefeito era respeitado na Alemanha. Hoje tem 80 milhões de treinadores a prefeito. Todos acham que podem fazer melhor do que o mesmo;