FÓRUM DA JUVENTUDE DA UNIÃO DEMOCRATA INTERNACIONAL – RABAT, MARROCOS – 10 A 13/04/2019.
Relatório de Bruno Kazuhiro
Juventude Democratas
Presidente Nacional
Dia 1 (10/04)
Jantar de Recepção, com presença do Secretário Nacional de Investimentos, Othmane El Ferdaous
Palavras de boas-vindas de Majid Fassi Fihri, anfitrião do evento no Marrocos e Presidente da Juventude da União Democratas Internacional (J-IDU ou IYDU em inglês).
Palestra de Othmane El Ferdaous:
– Para se ter uma noção de como o Marrocos é diverso, a seleção marroquina de futebol é a mais tradicional do mundo. 61% dos jogadores nasceram em outros países ou seus pais.
– A maior companhia estrangeira empregadora em Marrocos hoje não é francesa nem espanhola como se poderia pensar. É uma montadora japonesa.
– A África tem a média mais jovem de idade do mundo. A economia mundial precisa integrar a África.
– A cada 3 dias as crianças africanas ganham mais 1 dia de expectativa de vida.
– A transição gradual e estável para a democracia ajudou o Marrocos a crescer continuamente.
– O problema da África é fazer avançar sua integração e reduzir a fragmentação enorme. São dezenas de países com a maior distância no mundo entre as suas maiores cidades e a maior duração de voos entre as metrópoles.
– O PIB africano inteiro é igual ao PIB da Alemanha.
– A África é o continente com mais zonas de livre comércio regional. São 16.
– 80 países hoje pedem visto para visitantes vindos de países africanos. É muito.
– Marrocos é o segundo maior investidor em outros países africanos sendo forte em áreas como bancos, farmacêuticas, agricultura, etc.
– 39 das 500 maiores empresas do mundo abriram o seu escritório da África/Oriente Médio em Casablanca. Hoje Casablanca compete com Dubai e Johanesburgo.
– Apenas 8 milhas separam Marrocos da Espanha. Temos que explorar mais esse potencial.
– O novo porto de Tânger tem capacidade igual aos de Los Angeles e Yokohama.
– Hoje o Marrocos tem mais exportação, poupança e investimentos do que os vizinhos.
– O risco de terrorismo é mínimo no país, sendo igual ao da Noruega ou de Portugal.
– O rating mundial de risco de Marrocos é mais próximo da economia espanhola do que da economia do Egito
– Tanto para europeus ou africanos ou islâmicos o Marrocos é mais ou menos próximo a eles mas não é exatamente a mesma coisa que eles. Somos um país multicultural.
– Dirham marroquino é moeda estável nas últimas duas décadas.
– O aumento do salário chinês está gerando novas fábricas em Marrocos. 400 mil empregos desde 2014. Queremos avançar na indústria e aproveitar esse espaço.
– O envelhecimento da população europeia está gerando falta de mão-de-obra. Queremos atrair as fábricas para Marrocos ao invés de enviar marroquinos para Europa.
– Valor agregado dos produtos marroquinos subiu 31% na última década.
– Marrocos é o segundo maior produtor de carros da África, atrás apenas da África do Sul. Produzimos peças para aviões Boeing, Airbus, Embraer e Bombardier.
– Painéis de captação de energia solar colocados no deserto marroquino têm somados o tamanho da superfície de Paris. 30% da energia já é renovável. Queremos chegar a 50% em 2030.
– O rei, por ser uma liderança estável, facilita o planejamento do país a longo prazo.
– Fábrica chinesa de carros elétricos BYD está produzindo no Marrocos as baterias para seus carros. BYD tem 17000 funcionários apenas em pesquisa.
– Pergunto sobre como está a integração africana. Resposta: Existem conversas atualmente sobre um acordo de livre comércio africano e já foi assinado um acordo preliminar por todos os países do continente menos Nigéria e Eritréia. Os acordos regionais dentro do continente serão fundamentais para que haja mais profundidade já que acordos que envolvem toda a África acabam prejudicados por interesses conflitantes.
– O Marrocos teve sempre os Estados Unidos e o Reino Unido como modelos de democracia mas hoje vemos o Partido Conservador colocando a si mesmo à frente da nação com o Brexit e os Estados Unidos se isolando dos outros países.
– O Banco Mundial previu que entre 2005 e 2015 o Marrocos cresceria 30% e Argélia também, mas disse que se os países fossem integrados cresceriam 100% cada um. Temos que avançar nisso, não podemos mais desperdiçar dinheiro. Temos hoje uma relação ruim, como se fosse a relação de Colômbia e Venezuela.
Dia 2 (11/4)
Cerimônia de Abertura no Congresso Nacional do Marrocos
Secretária-Geral da Juventude IDU, Charlotte Kude (Reino Unido), dá as boas-vindas.
Abertura com Majid Fassi Fihri, Presidente da Juventude IDU, e Nizar Baraka, Secretário-Geral do partido Istiqlal (Independência), anfitrião do evento.
Majid Fassi Fihri:
– É a primeira vez que a juventude da IDU é presidida por um africano.
– A visita do Papa a Marrocos mostrou o nosso esforço pela cooperação e pela tolerância, sem extremismos. Marrocos também está atento ao mundo, que precisa ser mais tolerante, diverso e sustentável. Somos um país pacifista.
– Somos hoje referência na África sobre os temas ambientais e o combate ao aquecimento global.
Nizar Baraka:
– 80% da migração africana ocorrem entre os próprios países africanos.
– Temos que nos preparar para enfrentar esse desafio em 4 áreas: a) a segurança contra a migração clandestina feita com más intenções, como tráfico de pessoas; b) a defesa dos direitos humanos (recebemos milhares de migrantes subsaariana, para os quais fornecemos documentos para trabalhar); c) a luta contra o extremismo (incentivamos e treinamos os Imãs, professores do Islã, para transmitir tolerância aos fiéis); d) cooperação com o mundo árabe e africano para o crescimento econômico e institucional.
– A Royal Air Maroc, companhia aérea marroquina, foi a única empresa aérea que manteve a conexão dos africanos com os outros continentes durante a crise do ebola, respeitando a África.
– Empresas marroquinas trabalham para minimizar o impacto das mudanças climáticas na agricultura de toda a África.
Painel sobre Energia com Anne Vassara (Embaixadora da Finlândia no Marrocos), Said Mouline (Agência Marroquina de Eficácia Climática) e David Golwy (pesquisador da Universidade Sorbonne)
Anne Vassara:
– A descentralização da geração de energia é inevitável. Iremos da energia constante de uma fonte para a intermitente de várias fontes. Mudaremos do combustível fóssil para o baixo carbono.
– A biomassa é uma alternativa dominante nos dias atuais com relação às energias renováveis.
– Na Finlândia o consumidor final já pode decidir qual energia está comprando, de qual origem. A energia limpa é um pouco mais cara, mas muitos preferem.
– Há uma redução do desperdício nas usinas e uso do lixo para gerar energia.
Said Mouline:
– 600 milhões de Africanos não têm eletricidade hoje.
– Todos os países têm algum potencial de energia renovável. As energias não renováveis geraram guerras.
– O recurso renovável normalmente não se pode estocar. Se não se usa, ele se perde.
– Uma das maiores instalações solares do mundo está no interior do Marrocos e ainda há um grande campo eólico em Tânger.
– A África tem o maior potencial hidrelétrico do mundo.
David Golwy:
– A escassez também é uma oportunidade às vezes. No interior de Marrocos alguns vilarejos produzem sua própria energia por falta de conexão com as grandes cidades. Mas falta solidariedade para repartir essa energia com os mais idosos que não podem trabalhar.
– Paleoinovação: Conceito de formas de inovação que buscam gastar menos energia a partir de recursos que já existem, como usar a luz solar para iluminar os cômodos da casa e economizar energia.
Visita Guiada pelo Parlamento marroquino e almoço no local
– Parlamento marroquino é bicameral e tem dois períodos de quatro meses de sessões plenárias no ano, na primavera e no outono.
– O rei abre cada período com os membros das duas casas presentes.
– O prédio do parlamento era a Corte de Justiça, depois foi a Faculdade de Ciências e por fim foi adaptado para o Parlamento.
– O Parlamento possui comissões temáticas como no Brasil.
– Os plenários foram desenhados com apoio de Oscar Niemeyer, com inspiração nos plenários do Congresso Brasileiro, um com cúpula côncava e outra convexa. Os marroquinos conheceram Niemeyer na construção da embaixada marroquina em Brasília.
Painel sobre Migração com Abdelkrim Benatiq (Ministro da Migração) e Abdelfattah Ezzine (pesquisador da Universidade Mohamed V)
Abdelkrim Benatiq:
– As migrações pelas mudanças climáticas são cada vez mais comuns. A desertificação por exemplo causa muitas migrações.
– O Mediterrâneo vê hoje muitas imigrações do norte da África para a Europa, especialmente saindo da Líbia.
– O Marrocos já teve muita gente se dirigindo à França, mas atualmente é o Marrocos que recebe pessoas de outros países africanos.
– Temos a obrigação de combater o tráfico de pessoas. Quadrilhas transportam mulheres e crianças. É hoje um setor de grande faturamento para o crime organizado.
Abdelfattah Ezzine:
– Hoje a migração não é só de corpos, mas também de cérebros.
– A migração é colocada como um problema e não como uma realidade social.
– O debate da migração gira em torno dos interesses dos Estados Unidos e da Europa, mas países como México, Brasil e Austrália foram criados pela imigração.
– Esperamos que a imigração deixe de ser uma situação onde quem migra está em risco. Por isso a educação e a tolerância são fundamentais.
– Não podemos só debater qual mundo deixaremos para a juventude, mas também qual juventude vamos deixar para o mundo.
Jantar típico marroquino com apresentação de dança e comida marroquina
Dia 3 (12/4)
Visita à Universidade Internacional de Rabat
– 30% dos alunos da Universidade Internacional de Rabat possuem bolsas de estudo sociais ou de mérito acadêmico.
– São atualmente 4000 alunos.
– O foco é se tornar uma universidade de referência para africanos de diferentes países e gerar intercâmbios com a Europa e os Estados Unidos.
– As obras foram iniciadas em 2010, com apoio do rei.
– As instalações têm certificado de eficiência ambiental, painéis de energia solar, equipamentos modernos de laboratório e ginásios de prática de esporte.
– A instituição é uma sociedade de economia mista com o governo marroquino como maior acionista. Isso permite que os salários pagos estejam no nível do mercado internacional e hoje a universidade reúne professores de origem marroquina que foram lecionar em grandes universidades do mundo e agora retornam para trabalhar em seu país.
– Já são mais de 300 patentes produzidas na universidade, sendo 20% destas patentes internacionais.
Almoço oferecido pela Universidade Internacional de Rabat
Visita à área do Palácio Real do Marrocos e conversa com Primeiro-Ministro Saadeddine Othmani.
– O primeiro-ministro conversou por 40 minutos em reunião reservada com a executiva da Juventude IDU.
– Estivemos com ele eu como tesoureiro, o presidente Majid (Marrocos), a secretária Charlotte (Reino Unido) e alguns dos vice-presidentes.
– Conversamos sobre o desenvolvimento econômico do Marrocos atualmente, as relações exteriores entre o país, a África, a Europa e o resto do mundo e o pesado investimento do Marrocos em energias renováveis.
– Primeiro-ministro marroquino mencionou que esteve no Brasil em janeiro na cerimônia de posse do presidente.
– Após a conversa reservada, o Sr Othmani foi ao saguão do palácio e cumprimentou todos os participantes do evento e tirou uma foto com o grupo.
Jantar oferecido pelo anfitrião, presidente da Juventude IDU Majid Fassi Fihri, em sua residência
Dia 4 (13/4)
Reunião da Executiva da Juventude IDU
– Ficou definido que será feito um evento conjunto com a juventude da UPLA no final de agosto, na Bolívia, repetindo o sucesso de eventos conjuntos realizados nos últimos anos.
– Debatida a iniciativa do Partido Conservador britânico de oferecer patrocínio para um projeto de mentoria onde jovens da Juventude IDU poderão se reunir por Skype com políticos dos partidos da IDU e receber apoio para comparecer a seminários com ajuda da Westminster Foundation.
– Será aberta uma nova conta bancária da Juventude IDU para retomar a coleta de doações e contribuições após a reunificação da instituição realizada no final de 2017. Essa conta será aberta na Alemanha, onde fica o escritório da IDU, ou no Canadá, onde está o presidente da IDU.
Saída dos Participantes