CAMPUS: FAZER E COMUNICAR, HACER Y COMUNICAR! A POLÍTICA EM NÍVEL LOCAL!
Colônia do Sacramento, Uruguai. Promovido pela Fundação Konrad Adenauer do Uruguai. Representante do Democratas Antônio Mariano, presidente Juventude do Rio, 9 e 10 / 11.
1. Estratégias para o desenvolvimento sustentável dos municípios (Philipp Lerch, diretor da Academia Comunal da Fundação Konrad Adenauer, Alemanha)
– Konrad Adenauer dizia que a política municipal é a arte da verdadeira política e da democracia.
– Dos 80 milhões de habitantes na Alemanha, calcula-se que 100 mil tem mandato, mas 15 milhões trabalham, de alguma forma, na política municipal, principalmente como voluntários.
– As comunas, os municípios, devem funcionar como famílias. Pensamento da CDU no pós guerra.
– Político consegue ser pior do que um vendedor de seguros: ninguém gosta e ninguém confia nele.
– Quanto maior o nível de governo, menor o contato com a população, por isso é de suma importância o contato diário com o cidadão.
– Comunidade é conectividade, identidade, cultura de um local, o que une a todos.
– Quanto menos entendemos o mundo e quanto mais rápido muda a política, mais as pessoas não se sentirão em casa e rejeitarão as mudanças.
– Mozart: escutar, copiar, emular, criar boas notas. Igual deve ser na política, devemos observar as boas práticas de outros lugares e não ficar tentando inventar a roda.
– Sustentabilidade se transformou em um conceito transversal, saindo apenas do conceito de meio ambiente e da ecologia, passando para todos os setores. Devemos fazer uma política sustentável.
– Um desafio atual, em todo o mundo, é conseguir encontrar bons quadros que queiram trabalhar para além da sua profissão e da sua família e que se dediquem à política local, a mais importante e mais esquecida.
2. Eficiência local e participação cidadã (Philipp Lerch, diretor da Academia Comunal da Fundação Konrad Adenauer, Alemanha)
– “Quando alguém tem de construir um barco, você não deve ensinar a conseguir madeira, ou a fazer os planos unicamente para a construção, mas sim a entender e a amar o mar.”
– Nenhum administrador poderá cumprir suas promessas, se não tiver total consciência de quais são seus recursos humanos.
– É preciso criar diversas redes que nunca trabalharam em conjunto antes. Pq não juntar a equipe de meio ambiente com a equipe de jovens? Constante aprendizado, onde todos aprendem com todos.
– Apesar dos compromissos de uma administração municipal, é de suma importância a criação de um núcleo de servidores que estejam dedicados a novos projetos para a cidade.
– O governo só vai dar certo, se houve um canal de diálogo constantemente aberto com a sociedade.
3. Eficiência local e participação cidadã (Christoph Jansen, vereador em Bonn, Alemanha)
– “Aqui vocês tem uma língua comum para ajudar na integração, então aproveitem! Quem dera ter uma língua única para toda a Europa…”
– Há muito mais transparência do que há 20 anos e isso é uma tendência contínua. Assim sendo, temos uma cidadão cada vez mais responsável e que deve ser incluído nas tomadas de decisões do Estado.
– Precisamos de mais participação cidadã, afim de evitar o avanço do populismo, seja de esquerda ou de direita. Os partidos de extremos estão conseguindo mobilizar mais os eleitores que antes optavam pelo centro, por conta da desilusão com a política.
– Modernizar o conceito do humanismo e buscar o consenso em temas conflitantes.
– É imperativo que todos os estratos sociais participem o máximo possível e da maneira mais igualitária possível. A equidade de gênero é algo urgente e necessário, por exemplo. Jovens também devem ser incentivados, são o futuro – ideal se pudessem participar diretamente nos partidos.
4. Estratégias para uma gestão municipal pró ativa (Andrés Abt, prefeito do Município CH, Montevidéu, Uruguai)
– Montevidéu é dividida em 7 municípios menores (A, B, CH, D, E, F, G) e o Partido Nacional utiliza o governo no CH como laboratório para tentar se eleger em Montevidéu. Em 183 anos, governou a capital apenas uma vez.
– Equipe multidisciplinar composta por técnicos, vizinhos e militantes do partido, para montar um plano de governo possível de ser aplicado.
– A gestão aponta para mudanças de filosofia, com a inclusão e participação da população. Mudança na relação da sociedade com o governo.
– Convênios para capacitação de voluntários que trabalham em atividades sociais do município.
– Saúde e educação não são de responsabilidade dos municípios. Logo, sobra mais orçamento para outras áreas.
5. Desafios atuais das agendas de governos municipais na América Latina (Doménica Tabacchi, vice prefeita, Guayaquil, Equador)
– O modelo de governo de Guayaquil busca a parceria com a iniciativa privada.
– Apenas 15% do orçamento é para gastos administrativos, inclusive salários, ou seja, 85% volta para a população em investimentos e serviços.
6. Desafios da nova gestão local e municipais em contexto de centralismo autoritário (Elías Sayegh, prefeito, El Hatillo, Venezuela)
– Há quatro anos o orçamento do município era de 7 milhões de dólares ao ano. Agora mal chega a 80 mil dólares anuais. Na Venezuela os municípios são responsáveis pela saúde primária e pela polícia.
– O governo central não tem emitido os títulos de propriedade para os imóveis, logo, o município vem assumindo essa função.
– A descentralização promovida pela prefeitura, vem procurando gerar o mínimo de motor na economia e, por incrível que pareça, existem investidores abrindo empresas. Para gerar mão de obra, a prefeitura promove cursos de capacitação técnica e arranja emprego para estas pessoas.
– Envio de relatório semanal para a população do município com todas as ações e fatos da Prefeitura naquele período. Dividido em seis áreas, inclusive segurança, mostrando quais delitos foram cometidos, onde, por quem, etc.
7. Desafios da nova gestão urbana e política local (Diego Valenzuela, prefeito, 3 de fevereiro, Argentina)
– A descentralização de poder e de dinheiro é uma tendência global.
– O governo nacional procurar fazer trabalhos na ponta, sem diálogo com a comunidade local. Resultado: conflitos e dinheiro mal investido.
– Um projeto pode ser lindo, mas irá realmente causar impacto para melhorar a qualidade de vida da população? Essa é a pergunta que sempre deve ser feita, para não jogarmos dinheiro fora.
– Planejamento urbano de modo a fortalecer a convivência e o consumo dentro do próprio bairro.
– No mínimo 50% da agenda é feita na rua e sempre procurando equilibrar regiões da cidade e setores da sociedade.
– Urbanismo também é direito: importante ter um advogado que entenda do assunto, para o planejamento não esbarrar em questões legais.
– Como é do mesmo partido de Macri, procura estar na rua o máximo possível, conversando com os vizinhos, de modo a mostrar o seu trabalho e não vincular a crise nacional ao seu governo.
8. As redes sociais no governo municipal (Martín Yeza, prefeito, Pinamar, Argentina)
– Um governo democrático requer uma comunicação democrática.
– Não há tema na comunicação política que não haja sustentação, desde que a matéria-prima seja de qualidade.
– Durante a transição, passou a contar curiosidades por meio das redes sociais e com isso conseguiu mídia gratuita nacional e até internacional.
– Apesar das profundas mudanças realizadas na gestão (inclusive cortando o salário em mais da metade), a aprovação era a mesma da rejeição. Pinamar tem um histórico de prefeitos que não terminam o mandato e, por isso, a população tinha o receio de que fosse acontecer o mesmo com ele.
– O principal problema do político é o ego, o que faz com que respondamos ao adversário. Não é a ele que devemos satisfação, mas sim ao eleitor. Somente a eles devemos responder.
– Não aceitem as regras dos outros, o líder é você e neste momento, uma pequena dose de soberba é necessária e saudável. Caso contrário, você ficará eternamente refém de quem não lhe apoia.
– Liderar significa saber bancar e aceitar os insultos. Mas também é representar a melhor visão de futuro possível para uma sociedade.
– Não é possível liderar sem saber qual é o conteúdo da mensagem que você quer transmitir. Além de tudo, seja breve.
– A Prefeitura quintuplicou a frota de veículos e mesmo assim, consegue gastar 20% menos de gasolina, comparado ao início do mandato. Se bem comunicado, a população vai entender que antes havia corrupção, não é algo que precisa ser dito explicitamente, de modo não a gerar desgaste para a sua imagem.
9. O bom governo local: a cooperação a nível municipal (Christoph Jansen, vereador em Bonn, Alemanha)
– Bonn é um exemplo de como foi feita a transição no início dos anos 1990. Deixou de ser a capital, mas passou a congregar organismos internacionais, como a ONU.
– O fator internacional é um grande atrativo para a cidade, que leva o desenvolvimento, não só com o turismo, mas também a trabalho. Intenso trabalho de cooperação internacional.
– Parcerias nas áreas de energia e reciclagem, prevenção a enchentes e intercâmbio cultural com La Paz, no Peru e intercâmbio entre temas de juventude e culturais e turismo sustentável com Buchara, no Uzbequistão, por exemplo. Parcerias parecidas com cidades na África, China, Mongólia, Ucrânia, etc.
– Cooperações multilaterais, além das bilaterais.
– Para alcançar as metas globais de desenvolvimento sustentável, propostas pela ONU, é indispensável a participação das Prefeituras, do poder local.