13 de julho de 2018

DIPLOMADO EM COMUNICAÇÃO POLÍTICA! SEGUNDA PARTE!

Universidade de Montevideo e Fundação Konrad Adenauer – Relatório de Antônio Mariano, presidente da Juventude Democratas – Rio de Janeiro.

4. Comunicação de Crise (Luciano Elizalde)

–       Comunicação de crise é ter uma boa equipe bem preparada tanto academicamente, como profissionalmente. Estão a todo instante treinando situações e conjunturas de crise, de modo a não perderem tempo na hora de reagir.

–       Crise é algo que foge ao nosso controle, em um momento inesperado, fora de qualquer manual.

–       É um momento aberto, sem previsão de fim e sempre imprevisível e improvável. É a hora buscar consenso para baixar a incerteza causada pela abertura.

–       Início do planejamento de uma crise: definição conjunta do problema, entender as características da organização e calcular expectativas e resultados. A partir daí, recrutar uma equipe, delegar funções dentro desta equipe, representar as situações complexas e unificar critérios e linhas de discurso.

–       A não unificação de critérios aporta a crise e você está sempre dentro, participando e vivendo a crise, nunca do lado de fora.

–       Apesar da crise ser um momento de descontrole e do imprevisível, é importante que cada organização tenha seu próprio protocolo de gerenciamento de crise.

–       Tempo da crise: 1) das redes (imediato e contínuo – necessidade de monitoramento constante e pressão mudando a cada instante), 2) da imprensa (rápida, mas não imediata – monitoramento constante, atenção permanente, necessidade de respostas prontas e estrutura temporal) e  3) justiça (bem mais lento – resultados legais).

–       Crise afetou a reputação ou a imagem? São duas coisas totalmente diferentes.

–       O motor e catalisador da crise é a imprensa.

–       O jornalismo sempre vai desconfiar da comunicação política e institucional, porque é seu trabalho fazer isso e buscar outras fontes e visões sobre a questão apresentada. Se nos irritamos com isso, é porque não entendemos o verdadeiro papel do jornalismo.

–       O melhor respaldo é o que é tomado como fonte posteriormente. E para a comunicação de crise é preciso muito respaldo.

–       Comunicação é tudo aquilo que pode mudar decisões. É um processo de negociação de longo prazo e por isso é difícil de prever. Na comunicação tentamos condicionar as decisões que serão tomadas.

–       A crise é produzida por um desequilíbrio nas relações de poder. O desequilíbrio se ativa por conta do dissenso público e/ou privado de certos jogadores e observadores.

–       Crise de julgamento. Situação social em que se julga e como resultado deste processo, muda a posição relativa do poder.

–       Crise de necessidade: Como uma experiência de necessidade não satisfeita sobre um recurso controlado por um certo jogador.

–       Crise de percepção. Como resultado da modificação da reputação e da imagem de certos jogadores.

–       Tempo: ter cenários para contar com mais tempo. Emoções e estresse: treinar-se para atuar “com distanciamento” temporal. Ações: controlar as soluções e opções. Poder: manter e fortalecer as relações de poder.

–       ANTES: 1) sem história: diagnóstico, cenários, treinamentos e protocolos; 2) com “história”: diagnóstico, fincar pé em cenários, treinamentos e protocolos.

–       DURANTE: 1) início: “enforcar-se” ou “re-enforcarse” em uma estratégica; 2) meio: gerenciar a crise cuidando de não produzir outras crises; 3) final: manter a estratégia.

5.  Media Training (Patricia Schroeder)

–       Entender o sistema de meio, compreender os critérios de “noticiabilidade” e preparar a mensagem.

–       Os meios de comunicação são empresas sujeitas às leis do mercado. Competem com outros meios e devem buscar a rentabilidade, subsistir e desenvolver-se.

–       Nos meios existem conflitos internos: a área administrativa se preocupa com custos e rentabilidade; a área comercial também se interesse pelos aspectos empresariais e; a edição/produção quer saber das notícias.

–       Critérios de “noticiabilidade”: novidade, originalidade, imprevisibilidade, ineditismo, evolução futura dos acontecimentos, proximidade geográfica, magnitude pela quantidade de pessoas, hierarquia dos personagens.

–        Elementos para um estratégia com os meios de comunicação: definir quem é o responsável final pelo tema, é necessário unificar o discursos (ter um porta voz), sustentar a verdade na transparência e com ideias força, conhecer e diferenciar os públicos, a informação interna deve fluir, é preciso desenhar um mapa de meios.

–       Como se preparar para a entrevista: preparar o tema com três mensagens, pensar e ensaiar as perguntas mais difíceis, escute-se e veja-se, praticar antes, preparar perguntas obvias e previsíveis (o que houve? Quem era o responsável? O que se espera para o futuro?).

–       O jornalista é apenas um intermediário, quem realmente importa é o público que irá receber a sua mensagem.

6. Comunicação de Governo (Mario Riorda)

–       Comunicação de governo (CG) é a mais a largo prazo de todos os tipos de comunicação política que existe. Transcende qualquer período.

–       Comunicação de riscos é feita para mudar hábitos e pode ser trabalhada junto com a comunicação de governo. Ex: qualquer campanha de prevenção feita por um governo, é uma comunicação de risco.

–       CG é criar legitimidade e isso demanda muito tempo.

–       Cada vez que aparece um fato político, necessariamente aparece um fato comunicacional.

–       Não existe separação entre a comunicação e a política, quem não sabe de um, não pode fazer um bom trabalho para o outro.

–       “Hiper personalização” é o conceito onde as pessoas ficam na frente das instituições. Exemplo disso é que partidos e coligações já não ganham mais campanhas eleitorais, mas sim os líderes, as pessoas.

–       No governo, o controle da estratégia da comunicação é muito menor do que na comunicação eleitoral.

–       As médias de avaliação dos governos na América Latina tem sido de 35% e de 60% de reprovação, salvo algumas exceções específicas.

–       Ira, bronca e ódio são três sentimentos que resumem perfeitamente o sentimento da população com relação aos políticos e governos.

–       A política é um grande caldeirão de elementos misturados e, por isso, não há apenas um erro que demonstre a descrença nela, mas é possível apontar dois principais: 1) a gestão das expectativas da população, os governos acham que as decisões são binárias, entre SIM ou NÃO, esquecendo que as pessoas querem muito mais do que isso e; 2) as crises e os ciclos econômicos dos últimos anos, que sempre afetam qualquer governo.

–       Segundo Latino barômetro, os problemas de 20 anos atrás são exatamente os mesmos: falta de trabalho, pobreza estrutural e corrupção (esta última cada vez mais evidente).

–       Ter estilo de governo é importante, mas quando ele se sobrepõe a fazer a verdadeira política, o bom governo acaba.

–       O conceito de múltiplas agendas é algo que veio para ficar. Por exemplo: na mesma manhã, na Argentina, foi aprovada a despenalização do aborto pela Câmara dos Deputados, houve o início da Copa do Mundo e, por fim, a corrida bancaria mais importante dos últimos anos. Ou seja, não existe mais a ideia de que um agenda vai se sobrepor a outra na mídia e – muito menos – nas redes sociais.

–       A média de mudança das manchetes dos principais jornais do mundo é maior do que os trending topics do Twitter.

–       A “hiper personalização” é um fenômeno internacional e que vem sendo mais presente nos governos parlamentares da Europa. Não é algo exclusivo da América Latina.

–       O único país da América Latina que não rompeu com o seu sistema partidário foi o Uruguai.

–       Em análise realizada nas 63 áreas com mais de um milhão de habitantes na América Latina (exceto Cuba e Haiti), verificou-se que 35% das equipes cuidavam apenas da comunicação do governo local, enquanto 62,5% cuidavam tanto da comunicação governamental como do próprio prefeito. “Simbiose”.

–       Uma área de comunicação no mesmo nível que outras pastas (p. Ex. Secretaria de comunicação de uma Prefeitura/Governo) é bom porque gera um mesmo nível de hierarquia e de importância para o setor. Por outro lado, é péssimo porque não gera transversalidade do tema entre as demais pastas. Chamado “governo analógico”.

–       No “governo digital”, a área responsável pela comunicação é independente, das demais áreas, respondendo apenas ao governante. Isso garante transversalidade em todo o governo.