26 de março de 2018

“EXECUÇÕES” E “EXECUÇÕES”!

1. Acompanhando as imagens relativas ao movimento dos carros desde o local onde a vereadora Marielle participava de uma reunião na Lapa até as imagens da execução já consumada, formou-se -desde o início- um consenso: tratou-se de uma “execução”.

2. Mas as “execuções” não são homogêneas a ponto de permitir deduções relativas às responsabilidades e objetivos. No México, os cartéis desenvolveram o uso dos “sicários”, assassinos especializados que são contratados.

3. Este processo gerou “sicários” internos aos cartéis, assim como “sicários” terceirizados à disposição de quem os contratar, sejam organizações ou pessoas. Os “sicários” são usados dentro dos cartéis, facções, gangues, grupos, para eliminar concorrentes e redefinir o controle dos mesmos.

4. Assim, também, os “sicários” são usados para eliminar cabeças dos cartéis, grupos, facções, gangues, grupos, concorrentes. O mercado de “sicários” inclui crimes passionais e crimes intra e inter empresariais. Os casos são muitos e estão à disposição para estudo. Livros, filmes e documentários têm tratado de inúmeros casos e muitos e muitos anos.

5. Ocorrem até na repressão ao crime organizado quando forças policiais estimulam e até contratam “sicários” para eliminar as cabeças de um certo cartel ou facção. As séries na Netflix mostram casos diversos, especialmente na Colômbia, além do México.

6. A diversidade do uso -interno ou terceirizado- de “sicários” é de tal amplitude que a simples afirmação que um assassinato se enquadra na categoria “execução” não é suficiente para se deduzir autoria ou razões.

7. Um ex-delegado, comentarista do RJTV (TVG), afirmou que no caso da Vereadora, houve uma “execução”, pois o atirador era um profissional pela escolha da arma e da escolha do local. Ou seja: foi uma “execução”. Mas com isso não se avançou muito.

8. Ou de outra forma: era “um sicário”. Uma primeira conclusão óbvia pela atuação da Vereadora é que foi uma “execução” externa. Mas, com isso, não se avança suficientemente, pois tanto pode ser um “sicário” interno de uma organização, um “sicário” terceirizado profissional, e suas amplas variantes.

9. Esclarecer as razões e o comando da “execução” da Vereadora é fundamental, já que se pode ir mais longe do que se imagina. Mas como disse o Secretário de Segurança no final da semana passada: “Não podemos confundir celeridade com precipitação”.

10. Ou seja, a “execução” abre um quadro complexo de investigação e deve levar ao conhecimento efetivo de autoria direta ou indireta e razões, sem gerar quaisquer dúvidas.