10/07/2012 – Brasil Econômico
Cesar Maia faz aposta em segundo turno no Rio
Rio e candidato a vereador pelo DEM, Cesar Maia volta às campanhas depois de um afastamento de cerca de três anos da vida pública apostando em reais probabilidades de o atual prefeito, Eduardo Paes (PMDB), não conseguir se reeleger com tanta facilidade e ter que enfrentar um de seus adversários políticos no segundo turno, ainda que hoje apareça como favorito. Em entrevista ao BRASIL ECONÔMICO, Maia preferiu não colocar abertamente que o confronto em um possível segundo turno aconteça com seu filho, Rodrigo Maia (DEM), que tem Clarissa Garotinho (PR) como vice.
Mas, como bom economista, Cesar Maia não deixa de fazer as contas. “No Rio, dificilmenteum candidato à prefeitura passa de 30% dos votos. Acho que ele (Paes) vai nessa direção. Qualquer coisa nesse patamar indica segundo turno. Ele tem que pensar em ganhar no primeiro turno com 45%. E nós vamos empurrar para cima os nossos, que significa empurrá-lo para baixo. Vai depender da campanha, mas a probabilidade é que ele
não bata 40%”, disse.
Ao fazer uma análise do atual governo, Cesar Maia aponta contradições na gestão e na posição política de Paes que, acredita ele, o eleitor perceberá durante a campanha. Para ele, o tempo de campanha na TV pode até prejudicar Paes, assim como sua relação com Sérgio Cabral (PMDB), governador do Rio de Janeiro, por conta da proximidade com Fernando Cavendish, dono da Delta Construções, empresa envolvida
nos escândalos do contraventor Carlinhos Cachoeira.
“Ter 16 minutos de televisão nem sempre é bom. Aqui no Rio já derrotou candidatos. Tem que ter estrutura, para não ser enfadonho. Dos 16 minutos que o Paes tem, eu quero ver a cara do Cabral aparecer ali. Se aparecer, ele vai perder a eleição. Ele vai querer mostrar a Dilma, o Lula, mas vai ter que botar o Cabral, porque senão acaba o discurso do alinhamento”, salientou.
Cesar Maia fez ainda um raio-x dos principais oponentes ao cargo do atual prefeito. Paraele, Otávio Leite (PSDB), “é um candidato temático”, que tem como plataforma o turismo e a questão dos deficientes. Já Marcelo Freixo (PSOL) reforça o voto “politicamente correto” com a presença de artistas como Chico Buarque e Caetano Veloso emsua campanha, posição que antes pertencia à Fernando Gabeira (PV). “Ele (Freixo) reforça o voto politicamente correto, que para a gente é importante, porque ele vai em busca de um voto que se não fosse para ele, poderia não ser nosso. Mas ele não é o Gabeira. Ele comunica mal. Além disso, o tema da milícias não pertence ao seu eleitorado”, critica.
Sobre a candidatura de Rodrigo Maia e Clarissa Garotinho, Cesar Maia é realista e admite que a rejeição ao seu nome por parte do eleitorado carioca, somada ao mesmo efeito negativo produzido pelo ex-governador Anthony Garotinho, pode garantir votos mas ajuda a afastar eleitores.
Sua aposta é que a campanha pode corrigir estas “distorções” e apontar como é a influência tanto para um lado, como para o outro. “A proporção de eleitores que votaria em qualquer candidato que o César Maia indicasse é igual a do Cabral: 15%. A do Garotinho é de 10%.Acampanha eleitoral é que vai dizer como isso contamina, para um lado e para o outro”, disse, ressaltando que tanto Clarissa como Rodrigo têm estilo próprio. “Não há porque eles construírem a carreira deles só olhando para trás.
Eles têm que construir seu próprio perfil, o que é o ideal.” Segundo Maia, o objetivo de seu partido com sua eleição à câmara dos vereadores é montar uma bancada forte, com pelo
menos oito vereadores. “O voto do vereador é espalhado, entre outras razões, porque as pessoas votam no vereador como prestador de serviço. O partido deseja que eu faça uns 200 mil votos para a gente eleger uns oito vereadores.”
Ele diz também que sua campanha será baseada em apresentar contrapontos. “O Eduardo (Paes) corta o direito dos servidores, eu defendo os servidores. Ele confunde lei e ordem com repressão. O terceiro ponto é a privatização da educação e da saúde. E mais um quarto vetor é a especulação imobiliária. E eu venho criticando a especulação imobiliária.