30 de maio de 2017

A CRISE, AS RUAS E…, AS RUAS!

1. A principal característica das gigantescas mobilizações nas ruas, em 2013, foi a proibição da presença de símbolos partidários, bandeiras, carros de som e políticos. Alguns políticos que se aventuraram a aparecer discretamente, mesmo que por um tempo mínimo, para tirar fotografia para suas redes, receberam uma enorme vaia. Era proibido políticos subirem no carro de som e fazerem discurso. Quem tentou, desceu rapidinho debaixo de vaias.

2. Em seguida, seminários, palestras e opiniões de analistas, intelectuais e políticos procuraram caracterizar aquelas massas mobilizadas como fascistas de classe média. Naquele momento, sem se darem conta, estavam dividindo as ruas, ou melhor, estavam construindo duas ruas: a rua dos sindicatos e partidos políticos ditos de esquerda e a rua da antipolítica e das redes sociais.

3. Dias atrás, após a divulgação e a enorme repercussão das delações dos donos e executivos da JBS, veio como desdobramento a convocação pelos partidos ditos de esquerda e centrais sindicais para um protesto nas principais cidades do país, com as palavras de ordem Diretas Já e Fora Temer.  As mobilizações foram pífias e as 2 maiores mal atraíram de 5 a 10 mil pessoas.

4. Em seguida, foi convocada -outra vez pelos partidos ditos de esquerda e centrais sindicais, CUT na frente- uma manifestação em Brasília para atrair pessoas de todo o Brasil, diretamente ou com aluguel de centenas de ônibus. As palavras de ordem eram as mesmas: Diretas Já e Fora Temer.

5. Deputados e Senadores ditos de esquerda tentaram obstruir e fechar as sessões na Câmara de Deputados e no Senado. Não conseguiram. Avaliações sérias e impessoais mostraram que, nas ruas, conseguiram mobilizar 35 mil pessoas, se tanto.

6. E, para piorar, grupos radicais assaltaram ministérios num quebra-quebra que não foi impedido pelos líderes da manifestação e até produziram exaltação e apoio. Naquele momento, o presidente Temer, em edição extra do Diário Oficial, convocou o Exército para impedir a violência e as depredações.

7. Com a presença do Exército, o quebra-quebra foi interrompido num passe de mágica. Voltou tudo à normalidade. No outro dia, a mídia abriu seus espaços para análises dos fatos, por juristas, intelectuais e políticos. Formou-se -na mídia- um consenso que a convocação do exército era uma medida de exceção, fazendo coro com os manifestantes e parlamentares exaltados da véspera.

8. Os institutos de pesquisa que fizeram aferições, sem fechar pesquisa completa, se surpreenderam ao ver que uma enorme maioria das pessoas aprovou a convocação do Exército. Um dos analistas desses institutos disse que não havia por que se surpreender, pois todas as pesquisas de avaliação das instituições davam sempre o Exército e a Igreja em primeiro lugar. E completou lembrando que as pesquisas sobre o próximo presidente mostram isso claramente.

9. Da mesma forma, levantamentos feitos nas redes sociais, nos dias seguintes, apontaram na mesma direção. Ou seja, um enorme apoio à presença do Exército inibindo a violência na manifestação de Brasília. Os polos que têm estimulado manifestações nas ruas através das redes sociais mantiveram-se calados. A razão de fundo era e é não engrossar o caldo de partidos ditos de esquerda e centrais sindicais.

10. E parafrasearam nas redes: “Essa não é a nossa rua”. E se gabaram: “Eles (partidos ditos de esquerda e centrais sindicais) não têm mais força de mobilização, não colocam nas ruas nem 5% do que colocamos”.

11. E, nessa lógica, mantiveram a mobilização nas ruas virtuais, nas redes, esperando o melhor momento para convocar para as ruas reais e mostrar que a voz do Povo já é outra.

12. Agora é aguardar e acompanhar.