29 de outubro de 2014

DILMA VENCEU COM UMA CAMPANHA…, DEFENSIVA!

1. É pura ilusão de ótica imaginar e afirmar que Dilma fez uma campanha agressiva.  Não é verdade.  Vamos usar uma linguagem de guerra. Um país em guerra com outro define seus bastiões fundamentais e, em torno deles, concentra suas forças físicas e equipamentos para defendê-las.

2. Uma campanha agressiva se dá quando um país tenta avançar sobre os espaços ocupados por seu adversário.  Isso em nenhum momento ocorreu nesta campanha eleitoral.

3. Desde bem antes da campanha que todas as pesquisas mostravam com todas as letras e números que Dilma dependia de dois espaços fundamentais.  Perder parte deles -por menor que fosse- seria a morte eleitoral, seria a derrota.

4. Pode-se buscar as pesquisas de um ano antes da eleição, de seis meses antes, de três meses antes e qualquer pesquisa durante a campanha e se tem o mesmo resultado.  Dilma tinha sempre dois bastiões: os mais pobres e o Nordeste. E em boa medida há um significativo cruzamento entre os dois.

5. Para manter esses dois fortes guarnecidos, valia tudo. Para isso -em primeiro lugar- concentrou sua presença no Nordeste e centrou sua comunicação num suposto anti-nordestinismo do Sul maravilha. A polarização aí é claramente defensiva. Não quer ganhar nada, mas manter o que tem.

6. Em segundo lugar, reintroduziu o velho e surrado discurso dos pobres contra os ricos.  E repetia à exaustão os riscos que os pobres correriam se ela perdesse: o bolsa-família, o emprego, minha casa-minha vida, pro-uni…, foram as baterias antiaéreas que usou.  E sua tática defensiva funcionou.

7. Os excessos verbais e publicitários tinham só esses objetivos, evidentemente defensivos.  A defesa de seu forte nordestino funcionou bem. Manteve a proporção de votos de 2010 em 2014.

8. E o binário pobres x ricos funcionou, mas parcialmente. Afinal, se é verdade que houve uma ascensão social de milhões de pessoas, a receptividade daquele binário tinha que ser menor.  Mas funcionou parcialmente.

9. O exército de Aécio entrou pelo norte, pelo centro-oeste, pelo sul, por S.Paulo, pelo Rio. Só não entrou pelo bastião mais importante de Aécio: Minas. Aí caberia colocar suas baterias defensivas (agressivas): cuidado, porque querem acabar com Minas. Não fez e entrou no jogo de que fez um bom governo ou não.

* * *

NOS VOTOS, PARANÁ = MARANHÃO E S.PAULO = BAHIA+PERNAMBUCO+CEARÁ!

(Monica Bergamo – Folha de SP, 28) 1. Na contabilidade regional, a frente de quase 7 milhões de votos obtida por Aécio Neves no Estado de São Paulo foi compensada pela vantagem de Dilma Rousseff nos três maiores Estados do Nordeste: Bahia (2,9 milhões), Pernambuco (1,9 milhão) e Ceará (2,4 milhões), que somaram 7,3 milhões a mais para a petista.

2. Já a vitória do tucano no Paraná, com uma dianteira de 1,3 milhão de votos, foi neutralizada por uma votação esmagadora da petista no Maranhão, onde proporcionalmente Dilma teve sua maior votação (78,76%), uma vantagem de 1,8 milhão.

* * *

NÃO ERA HORA DE O BELTRAME LARGAR A SECRETARIA DE SEGURANÇA!

1. A imprensa anuncia que o secretário de segurança do Rio, Mariano Beltrame, está de saída da secretaria de segurança. Informação dada logo após a vitória eleitoral do governador Pezão, que durante toda a campanha fez aberta e enfaticamente a defesa das UPPs, carro-chefe de Beltrame que deram a ele destaque e criaram expectativa.  Deveria fazer com calma uma transição discreta, com o novo titular primeiro atuando –discretamente- em uma função de assessoria entre o governador eleito e o secretário que sai.

2. Não seria a melhor hora para ele se retirar. Primeiro porque o governador Pezão precisa de um tempo de carência para entrar no tema com profundidade. Logo após a eleição –cria uma instabilidade nas polícias- até que se tenha a designação do novo titular e seus primeiros movimentos, coisa que dura até uns 3 meses após a designação.

3. Em segundo lugar, porque a conjuntura relativa à violência e aos delitos é a pior dos últimos 3 anos, pelo menos. Isso se pode avaliar pela estatística oficial do ISP sobre ROUBOS. Lembre-se: “Se um ladrão toma algo que pertence à outra pessoa sem estabelecer contato com ela, comete furto. Se houver contato com a vítima, violência ou ameaça, é roubo”. São os roubos que mais criam sensação de insegurança e de pânico nas pessoas.

4. Os últimos dados oficiais do ISP, acumulados até agosto de 2014, comparados com os acumulados até agosto de 2013, mostram um quadro preocupante:   2013 até agosto: 39.495 roubos. 2014 até agosto: 52.523 roubos. Crescimento de 33%. Lembre-se que são roubos registrados nas delegacias, já que a maioria não se registra (roubos nas ruas de algo de valor menor ou que não tem vinculação com seguro ou origem…).

5. É hora de se fazer uma transição tranquila, calma e discreta.