BUSCAR VOTOS SIM, MAS NÃO SE ESQUECER DE EVITAR PERDAS!
1. Os candidatos a presidente estão abertamente em campanha. A tática deles é semelhante: agressividade na busca de votos e na desqualificação dos adversários. É uma espécie de estratégia do óbvio. Mas isso não basta e muitas vezes o saldo é negativo entre o que ganha e o que perde no imaginário do eleitor.
2. Nesse sentido, os candidatos procuram atingir os pontos fracos dos adversários, mas se esquecem de obstruir perdas que poderão vir pela memória de seus pontos frágeis.
3. Dilma tem falado para seus principais eleitores, os que têm níveis de renda e instrução menores. Tem até falado procurando reduzir suas perdas junto ao empresariado. A cada dia novos índices mostram a insegurança deles com a candidatura dela. Eduardo Campos –na carona de Marina- afirma valores cristãos. Busca mitigar as perdas que teve com o “marinaço” sobre o deputado Caiado no agronegócio. Aqui só se for para o segundo turno com Dilma, igualmente afetada pelo setor, mas precisa fazer uma lista muito mais ampla de seus pontos frágeis. Por exemplo, o caso dos royalties do petróleo para o Rio e Espírito Santo e tantos outros e o que Marina tira de votos, além do que traz.
4. Aécio tem priorizado amplamente os ataques a Dilma e as afirmações de algumas de suas prioridades. Tem grande favoritismo entre os empresários. Seus economistas-assessores sinalizam medidas. Mas não basta. Precisa listar os pontos frágeis da memória do último governo FHC/PSDB. Seus assessores devem fazê-lo racionalmente por pontos de risco e, simultaneamente, através de pesquisas buscando elementos de memória. E depois comparar as duas listas.
5. Um fato que pode atingi-lo e está na lista racional e não está na memória tem que gerar uma comunicação atenta e preventiva. Afinal, os adversários, em campanha, se encarregarão de avivar a memória do eleitor.
6. Eleição é um jogo estratégico que envolve muito mais que os candidatos: envolve a imprensa, envolve centenas de perfis de eleitores, envolve a conjuntura, envolve as viroses virtuais… E quase sempre a atenção de todos esses atores aponta aos pontos negativos, principalmente.
* * *
ENSINA A POLITOLOGIA: QUEM DEFINE A –AGENDA- GANHA A ELEIÇÃO!
(Eliane Catanhêde – Folha de SP, 25) 1. As oposições parecem não perceber ou não dar bola, mas o governo e o PT estão ganhando a batalha mais importante a esta altura da eleição: são eles que determinam como vai ser a guerra. Aécio e Eduardo Campos vinham bem quando o debate (ou o “terreno”) era Petrobras, crise ética, crescimento baixo, inflação alta, o preço do tomate. Mas Dilma, que patinava, deu uma guinada e puxou tucanos e pessebistas para o campo social. Este é o forte do PT e de Lula e a única área que salva o discurso de Dilma.
2. Com a CPI da Petrobras no Senado enterrada e a CPI mista natimorta, lá se foram vários cartuchos da oposição. E os novos anúncios do governo –aumento do Bolsa Família, correção da tabela do IR, investimentos em saneamento básico– reforçaram a munição de Dilma. O anúncio do medo e dos fantasmas fez a liga. As menores faixas de renda querem Bolsas; as classes médias querem emprego, renda e status; as mais remuneradas querem privilégios; as ricas querem ficar mais ricas. E todas querem segurança etc. Mas há mensagens que perpassam todas elas.
3. Exemplo? A fofoca de que os tucanos privatizariam a Petrobras. Isso não atingia diretamente o interesse de quase nenhum eleitor e de nenhuma faixa de renda e de escolaridade, mas fez um corte transversal por todas. A campanha de Dilma planta agora o medo da “volta ao passado” e a “inclusão social versus medidas impopulares e elitistas”, para colher depois nos programas, nos debates e, claro, nos votos.
* * *
(Folha de SP, 27) 1. Crítico de arquitetura do jornal “New York Times”, Michael Kimmelman. Tive uma decepção com o Rio. Nem tudo é culpa da Olimpíada. O prefeito Paes fala coisas certas, mas para fazer áreas urbanas saudáveis, você não joga uma área nas mãos de empreiteiras para construir torres corporativas e bota um museu do Calatrava do lado. Você precisa um mix de funções, ter prédios residenciais, de escritórios, varejo, mistura de classes sociais, algo que o Brasil parece não ter muita familiaridade. Tem que ter empregos por ali, parques, espaço público. O que vi não é satisfatório. Já a Vila Olímpica faz com que a cidade cresça como um subúrbio americano sem fim, levando tudo para muito longe. Não dá para querer uma cidade densa e ficar espalhando novos bairros distantes ao mesmo tempo.
2. Cidades precisam ter um plano do que querem, que faça a cidade melhor no final. Londres tinha uma ideia, desenvolver o East End, criar um novo centro, melhorar o transporte coletivo até lá e usar os jogos, com a energia, o dinheiro, os investimentos que eles atraem, um prazo limitado, o que força as coisas acontecerem mais rapidamente. Ter um prazo é bom. O Rio teve uma oportunidade de seguir Barcelona e Londres e claramente não o soube fazer.