28 de fevereiro de 2014

FINALMENTE OS DADOS OFICIAIS DA SECRETARIA DE SEGURANÇA DE CABRAL CONFIRMAM A EXPLOSÃO DE DELITOS E VIOLÊNCIA EM 2013 NO RIO DE JANEIRO!

(Globo, 28) 1. Dados do ISP apontam para aumento da violência em 2013. Homicídios subiram 16,66% no estado. Na capital, crescimento foi de 9,70%. Os roubos a pedestres cresceram em 22,63% no ano, enquanto que roubos a estabelecimentos comerciais dispararam: 32,91%. No ano de 2013 houve aumento da violência no Rio.

2. Dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) revelam que de janeiro a dezembro do ano passado houve um aumento de 16,7% dos casos de homicídios no estado (4.081 contra 4.761 ocorrências); e de 9,70% na capital (1.206 contra 1.323). Em novembro, a alta chegou a ser de 28% no estado (416 assassinatos) e de 32,92% na capital, onde esse crime subiu de 82 para 109 ocorrências. Já em dezembro passado, o índice no estado subiu menos, 16,5%; enquanto que na capital se manteve estável: foram registradas 115 mortes, uma a menos do que no mesmo mês de 2012.

3. Os casos de latrocínio (roubo seguido de morte) também subiram 2,8%, saindo de 142 ocorrências em 2012, para 146, em 2013. O desempenho da segurança foi ainda pior nos índices de crimes contra o patrimônio. O ano de 2013 fechou com alta de 22,63% nos casos de roubos a transeuntes, chegando a um total de 60.777 casos de janeiro a dezembro, sendo que nos dois últimos meses do ano, o índice subiu 42,7%, concentrando 11.078 dos casos registrados no ano.

4. Também aumentaram em 27,09% os casos de roubos a veículos, que saltaram de 22.064 para 28.043. Os roubos a estabelecimentos comerciais registraram o maior aumento: 32,91% dos casos, saltando de 5.213 ocorrências para 6.929. Também aumentaram os registros de roubos de celulares em 25,56%, saindo de 4.362 ocorrências em 2012 para 5.477 casos entre janeiro e dezembro de 2013. Os roubos a residência subiram 12,94%, com um total de 1.492 registros em todo estado no ano passado. Houve pequena redução do índice de roubos de carga, 3,28%, caindo de 3.656 registros em 2012 para 3.536, no ano passado.

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PARTIDOS POLÍTICOS E GOVERNOS DE ESPECIALISTAS!

(Josep M. Colomer, professor de Pesquisa do CSIC – El País, 24) 1. Na medida em que a decisão sobre muitas políticas públicas tem sido passada para as mãos de organizações internacionais e de organismos formados por especialistas não eleitos, e enquanto os pacotes partidários ideológicos perderam a eficácia, os partidos foram ficando quase que exclusivamente como máquinas para a seleção de cargos públicos. Quando esta seleção de pessoal político é endogâmica, a publicidade das batalhas pelos cargos dentro dos partidos só reforça ainda mais sua imagem de impotência política e de alienar os cidadãos que acompanham isso através da mídia.

2. A alternativa tem sido um governo de especialistas, de profissionais competentes, embora nem sempre a humildade seja sua virtude mais visível. Tantos os Estados como a União Europeia e a maioria das instituições globais, ainda que em paralelo às suas credenciais democráticas, dependem fortemente de organismos independentes de especialistas não eleitos para receber conselhos, tomar decisões e executar, supervisionar e avaliar as políticas públicas sobre as questões mais importantes.

3. Não existe uma explicação muito clara de por que os partidos e os governantes da maioria dos Estados aceitaram ceder poderes a organizações internacionais e outras instituições formadas por especialistas não eleitos. Uma hipótese plausível é que eles fazem isso, em seu próprio interesse de sobrevivência, para reduzir a agenda de temas sob seus cuidados. É fato que a maior complexidade técnica dos assuntos públicos e o âmbito cada vez maior dos intercâmbios humanos, supera a capacidade dos governos estatais de exercer certas formas tradicionais de controle.

4. Os partidos políticos no governo podem ter percebido que corriam um alto risco se fossem politicamente responsáveis por processos e decisões que ocorrem fora do seu alcance. Colocando a culpa – por exemplo, da crise econômica – na União Europeia ou no Fundo Monetário Internacional, os partidos e os governos partidários não ficam tão mal quanto se tivessem plena responsabilidade, e devido a isso aceitam que essa responsabilidade seja transferida para essas organizações e para outras entidades independentes. Dessa forma, os políticos que concorrem a cargos públicos nas eleições, escolhem repassar determinados temas para outras jurisdições apenas para poderem se concentrar em questões que acreditam controlar melhor.

5. Grande parte da história do progresso na concepção e aplicação de políticas públicas nas últimas décadas envolve a transferência de áreas de decisão cada vez mais amplas de políticos a especialistas. Neste processo, as convulsões internas dos partidos, assim como os peixes, mostram a grande agonia que sofrem fora da água a que estavam acostumados.

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A ESQUERDA E AS RUAS! DE ESTILINGUE A VIDRAÇA!

(BBC, 25) 1. Segundo analistas, a forma como a esquerda reagiu ao poder das manifestações, em algumas vezes com repúdio e noutras com desconcerto, reflete uma certa dificuldade para admitir que a mobilização popular pode ser usada contra ela. “Eles pensaram que as ruas lhes pertencia, que as demandas das ruas são feitas ao poder e esse poder normalmente é ‘reacionário’, ‘de direita’ ou ‘fascista'”, disse à BBC Mundo Margarita López Maya, historiadora venezuelana especializada em protestos populares.  “Agora são um grande desafio porque, estando a esquerda no poder, os protestos continuam ocorrendo.”

2. Dilma afirmou na semana passada que seu governo prepara um projeto de lei para “coibir toda a forma de violência em manifestações” e que, no Mundial deste ano, poderia posicionar as Forças Armadas nas ruas em casos de atos de vandalismo. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou que, em seu país, há um plano de golpe de Estado por trás dos protestos – que foram iniciados por estudantes e logo ganharam apoio social e político.

3. “Os governos estão encapsulados em suas próprias estruturas, e os canais de comunicação com as necessidades populares funcionam em uma só direção: de cima para baixo”, disse Dieterich à BBC Mundo. “Eles não conseguem captar o que querem os movimentos sociais e dos cidadãos”, acrescentou. “Isso obriga os cidadãos a levar o protesto para a rua ou a assumir formas de dissidência mais fortes.”

4. Romero diz que a esquerda acumulou experiência com partidos e sindicatos, mas agora tem um desafio com as demandas de movimentos sociais, muitas vezes sem uma estrutura ou ideologia concreta por trás. Mas algumas pessoas enxergam uma contradição entre a pregação clássica da esquerda a favor da mobilização de rua e das guerrilhas de outrora e sua atitude quando no poder diante dos protestos, com manobras violenta ou para desestabilizá-los. “Eles reprimem e falam contra os protestos e assumem facilmente um vocabulário que antes era usado pela direita”, disse o brasileiro Marcelo Coutinho, professor de Relações Internacionais e especialista em América Latina.

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COMENTÁRIOS DE UM DIPLOMATA DE ÓRGÃO INTERNACIONAL SOBRE A UCRÂNIA! ESCRITO EM 27/02!

1. Estive em Kiev durante a atual crise e tirei fotos na Maidan e das trincheiras e instalações dos manifestantes. Um cenário já conhecido da época da revolução laranja, de 2003. Aliás tudo (menos as mortes dos manifestantes) lembra o episódio anterior. O país continua sob uma forma de democracia apenas formal. A corrupção talvez até seja maior do que a anteriormente praticada. A indústria continua sem competitividade. A UE continua fazendo acenos apenas coreográficos (não está disposta a dar os 31 bilhões solicitados porque está em dificuldades e porque não confia na utilização dos recursos pelos demandantes, todos com luxuosas datchas). Além disso, a França teme a agricultura ucraniana e a Alemanha não quer perder mais peso político (a Ucrânia tem 48 milhões de habitantes) e é tão dependente de recursos energéticos russos quanto a própria Ucrânia.

2. No passado a bela e ambiciosa Yulia pôs tudo a perder entrando em guerra declarada contra o Presidente Iustchenko (cargo que queria para si) e tomou uma série de medidas econômicas desastrosas (congelamento de preços, como os do açúcar e da gasolina, que obviamente desapareceram do mercado, da mesma forma que as “vacas gordas” em países latino-americanos). Em suma, “despilfarrou” o capital político da “revolução”, criando as condições  para que o Ianukovitch fosse eleito pelas urnas em uma eleição limpa e internacionalmente reconhecida como tal.

3. Na nova versão, o Iatsenuk (atual primeiro ministro) é cria da Tymoschenko e o Klitchko corre o risco de se tornar o novo Iustchenko (que tampouco era tido como um corrupto de carteirinha). Então todos os ingredientes do banquete passado estão à mesa. Espero que a comida desta vez não faça mal.