A AVALIAÇÃO QUE PSDB FAZ DA POLÍTICA ECONÔMICA É POLITICAMENTE EQUIVOCADA!
1. É quase uma rotina os analistas econômicos elogiarem medidas ortodoxas adotadas por um novo ministro da fazenda. Há sempre dois equívocos. O primeiro é pensar a economia como o âmbito das ações adotadas pela equipe econômica em nível fiscal, financeiro e cambial. O governo pode muito, mas não pode tanto. De uma forma simplista, se o peso do governo é de 50%, o peso do não-governo são outros 50%. Se levarmos em conta medidas dos governos adotadas na lógica do setor privado, veremos que a influência do setor privado é bem maior que esses 50%.
2. O segundo equívoco é não levar em conta os fatores políticos e sociais. Os desdobramentos da política econômica estão dentro de um Jogo Estratégico, que depende da ação e reação de múltiplos fatores e não só econômicos. Em uns anos atrás os Prêmio Nobel de economia enfatizaram os fatores psicológicos. Se medidas ortodoxas mexem convergentemente com as expectativas dos que concordam com elas –analistas, empresários, órgãos internacionais, associações de empresários, etc.-, por outro lado mexem divergentemente com aqueles que acham que serão perdedores com elas.
3. As principais lideranças do PSDB têm reiterado nas últimas semanas que as medidas adotadas pelo novo ministro da fazenda são as que o PSDB no governo adotaria e que essas medidas demonstram que o candidato presidencial do PSDB tinha razão. A imprensa multiplica essas afirmações. Até parte do PT faz coro: Será que ganhamos a eleição para aplicar as medidas que o PSDB adotaria?
4. Esse é um grave erro político do PSDB. Em primeiro lugar porque este tipo de discurso enfraquece a própria oposição, pois se estaria –hoje- governando como o PSDB. Em segundo lugar porque economia e a sociedade não se resumem a política econômica. Terceiro porque o Jogo Estratégico –ou seja a ação/reação dos atores políticos, econômicos, sociais, culturais…- e suas reações psicológicas não garantem que o vetor chamado de fundamentos macroeconômico seja suficiente. E, claro, além disso, as circunstâncias como as crises hídrica e de energia elétrica, quadro internacional…
5. O que a oposição deve afirmar é que o conjunto da economia do país, as forças políticas e sociais, as circunstâncias e a debilidade política do governo e das forças que o compõem são garantia que pontos de política econômica adotados e aparentemente corretos, apenas aprofundarão os problemas pela ansiedade com que são adotados e por ignorarem o complexo de influências. Nem sempre o princípio de Maquiavel, que “maldades se fazem de uma vez e bondades aos pouquinhos”, funciona.
6. A oposição deveria desenhar um quadro de conflitos e avaliar. Por exemplo: quanto o governo economiza com o corte futuro das pensões das viúvas X o multiplicador das reações. O vetor resultante –no mínimo- exigirá um volume maior de medidas recessivas. Outro exemplo: a redução do déficit fiscal X a perda de autoridade política e social do governo.
7. O PSDB em vez de se achar vitorioso com as medidas que estão sendo adotadas, deveria afirmar as consequências negativas delas num quadro geral –econômico, político, social e cultural- do país. Vários economistas do PSDB –como gestores da política econômica- deveriam se lembrar do Plano Cruzado. Brizola, com uma visão mais ampla do quadro político, social, cultural e mesmo que superficial do econômico acabou capitalizando politicamente as críticas e projeções.
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PRODUTIVIDADE BRASILEIRA É 25% DA PRODUTIVIDADE NORTE-AMERICANA!
(Pedro Cavalcanti Ferreira – Folha de SP, 25) 1. Um trabalhador brasileiro produz, em média, somente um quarto do que produz um trabalhador americano. De um ponto de vista meramente contábil, essa diferença de produtividade pode ser explicada por três fatores: 1) nossos trabalhadores são menos educados e menos qualificados (isto é, possuem um menor “capital humano”); 2) esses trabalhadores têm a seu dispor menos máquinas, equipamentos, estruturas e infraestrutura (isto é, possuem menos “capital físico”); e 3) a ineficiência da economia é tal que trabalhadores com mesmo capital humano e físico que trabalhadores em países avançados produzem menos que estes últimos (isto é, a eficiência produtiva –a “produtividade total dos fatores”, no jargão dos economistas– é baixa).
2. A importância relativa de cada um desses fatores varia de país para país. No caso brasileiro, deficiências de capital humano e ineficiência produtiva são dominantes, com peso maior para essa última. Somos pouco produtivos principalmente porque nossa mão de obra é pouco educada (e a qualidade da educação é sofrível) e nossa economia sofre de altíssima ineficiência. Baixa eficiência está associada a fatores institucionais e excesso de distorções, como má regulação e burocracia, barreiras comerciais e à adoção de tecnologias estrangeiras, estrutura tributária distorciva e trabalhosa e intervenções discricionárias do governo nos mercados e preços. Esses fatores, em nosso caso, fazem com que o ambiente de negócios brasileiro esteja entre os piores.