PREFEITO DO RIO: E DEPOIS DA ELEIÇÃO?
1. Não é exagero afirmar que, na história, em nenhuma eleição no espaço do atual município do Rio de Janeiro ocorreram tantas agressões pessoais quanto nesta de 2016. Ocorreu uma avant première em 2014, na eleição para governador, quando a campanha de Pezão, alegando risco de derrota, produziu uma avalanche de acusações contra a IURD e Crivella.
2. Como era de se esperar, a resposta foi imediata após a eleição, com fortes denúncias televisivas contra líderes do partido de Pezão. A coincidência, com a crise pós-eleitoral em nível estadual, deu a “resposta” num efeito que se tornou demolidor.
3. Agora, em 2016, após definidos os contendores para o segundo turno, esperava-se que o duelo ocorresse através das questões relativas aos valores da família e da vida. Ambos os lados, prevenidos, amaciaram as críticas e mostraram-se até um tanto liberais.
4. A surpreendente abertura do segundo turno com ampla vantagem de Crivella deu partida a um tiroteio com ferocidade crescente e do qual nunca houve similar. Tendo como ponto de apoio as diferenças ideológicas quanto aos valores, as agressões foram se ampliando e diversificando, num crescendo nunca visto.
5. As agressões passaram a ser cada vez mais pessoais, potencializando os fatos com interpretações “livres”, na direção da certeza de um enorme desastre no caso de vitória de um ou de outro.
6. A imprensa, em grande medida, se posicionou de um lado ou de outro e as redes sociais, com os excessos conhecidos, se encarregaram de pintar os duelos com todas as cores e com a intensidade, a capilaridade e a frequência conhecidas.
7. O resultado pode ser antecipado. Não o nome do vencedor, mas a certeza de que, como nunca, seja quem vencer, se terá um impasse permanente entre os vencedores no governo e os perdedores na oposição.
8. Este previsível confronto terá atores de bases conhecidas: as corporações sócio-sindicais de um lado e as corporações religiosas de outro. E espaços sub-regionais também conhecidos, ao Sul, ao Meio-Norte, ao Centro e a Oeste, que concentram as preferencias georreferenciadas.
9. O palco dos conflitos pós-eleitorais no caso de vitória de Crivella será o Centro da Cidade. E no caso de vitória de Freixo será espalhado nos corredores de transportes e serviços públicos.
10. Agora não há mais como remediar: quem viver verá.